Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 25
Capítulo 25 - Nenúfares


Notas iniciais do capítulo

Olá
Acho que esse capítulo vai acabar com algumas dúvidas e trazer outras.
Tenham uma boa leitura.



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Era estranho andar por aquele caminho de pedras, quase pude sentir-me como Dorothy, aquela casa não parecia ser da Anne que é um tanto pessimista e que ignorava tudo a sua volta.

Pressionei a campainha ao lado da porta e esperei, vi uma leve movimentação pelo vidro da porta. Esperava que fosse Anne, mas poderia ser alguém de sua família, não sabia se ela tinha uma família grande com irmãos e uma vó, se tinha um animal de estimação... Como poderiam ser seus pais? Não conseguia imaginar essas coisas.

A porta se abriu. Anne estava lá boquiaberta, estática, mas em questão de segundos voltou a mover-se e a primeira coisa que fez foi tentar fechar a porta na minha cara, mas antes que ela o fizesse segurei a porta e empurrei um pouco. Anne era pequena e fraca se comparada a mim, facilmente consegui manter a porta aberta e adentrar a casa.

Em quanto ela estava parada a certa distancia com olhos arregalados e uma postura defensiva de quem estava pronta para jogar qualquer coisa em mim, ou até me esquartejar. E eu estava tão hipnotizado pela sala que não me preocupava com a possibilidade de ser atacado. Ela era organizada e cheia de enfeites: nas paredes, no pequeno armário vintage, na pequena mesa de centro... Em todo lugar havia alguma coisa colorida, livros e cheguei a ver alguns discos de vinil.

Aquela sala era um mundo novo, cheio de cores nos pequenos quadros nas paredes.

Aproximei-me do armário que tinha um ar vintage, nele haviam quadrinhos com fotos de uma menina sorridente de cabelos longos, em cada foto usava um penteado diferente e na maioria delas segurava um gato acinzentado. Ela parecia muito feliz, não parecia nada com a Anne que eu via todos os dias, que vivia tão mecanicamente.

_Saia Sebastian!_ Ela falou autoritária, indo até a porta e fazendo sinal para que eu saísse.

_Vim ver se você está bem._ Falei como se ela não estivesse me mandando embora e como se eu não tivesse entrado a força na casa.

_Estou bem, já pode ir_ Ela disse ainda segurando a porta, então a observei melhor: estava usando uma calça de moletom cinza que era um pouco larga e uma regata azul clara, era estranho como as cores não divergiam, ficavam perfeitas nela, mesmo eu tendo uma leve irritação ao ver pessoas que visivelmente não praticam esportes ou qualquer exercício físico usando roupas esportivas, sei que esse é um dos menores problemas para que alguém fique irritado, mas não consigo evitar.

_Por que se incomoda tanto?_ Perguntei.

_Você me segue e agora invadiu minha casa, o que vem depois? Vai cortar uma mecha do meu cabelo para guardar de recordação? E ainda espera que eu não me incomode?_ Ela perguntou sarcástica, e não pude deixar de sorrir vendo seu rosto franzido de raiva.

_Então é algo pessoal... Achei que tratasse todas as visitas assim._ Falei olhando cada detalhe da sala.

_Como conseguiu descobrir onde moro?_ Perguntou cruzando os braços.

Parei de olhar todos aqueles objetos e virei-me em sua direção.

_Nunca revelarei minhas fontes.

Anne deu um suspiro pesado, parecia já não saber o que fazer. Ela era do tipo que detestava que alguém invadisse seu espaço, e nesse caso o alguém sou eu, e eu estava ali; no centro da sua bela sala, acabando com a imagem do ambiente.

Fui em direção do que achei ser a cozinha, era pequena, não muito luxuosa, mas ainda assim tinha um toque de requinte e muita personalidade, diferente da cozinha de minha casa, que foi decorada por um decorador famoso por decorar a casa dos famosos.

Anne parecia ter desistido de impedir-me de andar por sua residência.

_Sua mãe deve ser bem excêntrica._ Comentei observando os utensílios de cozinha com estampas coloridas.

_Não analise minha mãe._ Anne falou dando-me um olhar cortante._ Aliás, com sabe que minha mãe que decorou tudo? Poderia ter sido meu pai.

_Seu pai seria bem feminino e cuidadoso com alguns detalhes e os aromatizantes de flor de lis são mais comuns entre as mulheres._ Respondi subindo uma escada, e ela ainda andava atrás de mim.

Parei em frente a uma porta de uma madeira grossa e bem polida.

_Não, esse é o quarto da minha mãe._ Ela falou quase como um aviso, se eu tocasse naquela maçaneta poderia não sair daquela casa.
Fui para a porta seguinte e abri antes que Anne me impedisse e entrei no quarto, não imaginava como seria seu quarto, não tinha nem ideia, não sabia como seriam as cores de suas paredes e se haveria um criado mudo ou não...

Agora eu estava ali e usufruía de cada detalhe até que vi o quadro na parede atrás da cabeceira da cama. Era uma cópia de Nenúfares, uma cópia mal feita, mas que passava tanta delicadeza, e os tons que não eram iguais aos da tela original, transmitiam um pouco de leveza que contrastava com as pinceladas mais fortes.

Anne deve ter percebido meu olhar fixo na tela e falou:

_Minha mãe fez quando estava gravida de mim.

Sua voz tinha um pouco de carinho, talvez contentamento.

_Você já viu o original?_ Perguntei ainda distraído.

_Sim, Nenúfares de Claude Monet, minha mãe gosta muito dessa tela, eu gosto mais da flor._ Ela falou com um pequeno sorriso nos lábios, parecia que olhar para aquele quadro a fazia esquecer-se de tudo, esquecer que eu era seu empecilho.

_A pintura ficou boa, mesmo não retratando fielmente o original.

_Acho que ela não quis fazer uma cópia perfeita.


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Notas finais do capítulo

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