Susan, a filha de um Vingador escrita por Lia Araujo


Capítulo 82
Adeus Sam


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu quase parei no hospital escrevendo essa capitulo :'(

Espero que gostem

Boa leitura



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POV Susan

Nesse últimos três meses a situação da tia Sam, não é das melhores. A doença se agravou de tal maneira que sequer poderíamos prever. Mesmo o Jhon vindo cinco vezes por dia para retardar os efeitos do tumor, não mostrava muita diferença. As dores de cabeça dela são constantes, movimentos involuntários ocorrem com certa frequência, todos nós ficamos torcendo para que não se inicie convulsões.

Desde o inicio do tratamento, toda a alimentação da tia Sam foi alterada. Tudo que ela fosse comer tinha que ser grelhado, no caso do peixe sem a pele. Legumes e verduras cozido no vapor. Seguindo fielmente as ordens medicas para que ela fique viva o maior tempo possível. Nico vem me visitar diariamente, para me dar apoio e saber como a tia Sam está, ele não demonstra, mas sei que tem algo o preocupando e toda vez que pergunto ele desconversa

A Barbara teve que ir resolver alguns problemas pessoais e eu estou cuidado da tia Sam esta tarde. Nesse momento estou preparando um lanche leve para a tia Sam, já que ela não almoçou direito. Coloquei a comida sobre a bandeja e fui para o quarto da tia Sam. Entrei sem fazer barulho, me aproximei da cama e coloquei a bandeja sobre o criado mudo

– Susan - ela falou com um pouco de dificuldade, mas devido as sessões com os poderes do Jhon ela ainda consegue falar de maneira compreensiva, eu a olhei e vi que um grosso filete de sangue escorria do nariz dela

– Droga - murmurei virando seu rosto com cuidado e limpei o sangue

Senti um cheiro incomodando o ambiente e retirei o cobertor da minha tia. Vi que a frauda geriátrica que ela havia, conta das circunstâncias, sido obrigada a usar estava cheia. Mudei a posição do corpo dela com cuidado para não machuca-la, tirei a frauda e fui em direção ao banheiro, jogando a frauda no lixo, lavei as mãos e peguei papel higiênico para limpa-la e retornei ao quarto. Comecei a limpar com cuidado

– Tá tudo bem - ela formou a frase com dificuldade - É só o novo, remédio se preparando pro tumor

– Não se esforça - digo transmitindo tranquilidade - Está sentindo alguma dor?

– Não - ela respondeu calma - Isso é o fim, Su. Só vai piorar daqui pra frente

– Você vai ficar bem - digo com a voz confiante, mas por dentro a tristeza começa a me consumir

Ela olhou para mim e sorriu, balançando a cabeça negativamente, ela moveu a mão direita para de baixo do travesseiro e retirou um envelope de cor levemente encardida, vi que o envelope havia escrito "Para Susan" com a caligrafia que nunca havia visto antes

– O que é isso? - perguntei confusa

– A minha hora de ir está próxima, meu amor - ela diz sorrindo e automaticamente sinto meus olhos arderem e começo a lacrimejar - Essa é a carta que a sua mãe deixou para você

– Minha mãe? - perguntei olhando o envelope em minhas mãos

– Nessa carta ela conta quem é o seu pai - ela falou me olhando - Eu preciso que me faça um favor, Su

Sabia exatamente o que ela iria pedir, por isso apenas neguei com a cabeça e me levantei. Coloquei o envelope no criado mudo e peguei o medicamento, coloquei no suco dela.

– Já ouvi o suficiente por um dia - digo e coloco a bandeja ao seu lado na cama - Preciso fazer uma ligação e já volto. E a senhora, trate de se alimentar

Sai do quarto dela antes que ela tentasse dizer mais alguma coisa, fui para a sala e me sentei no sofá, sentindo as lagrimas descerem, coloquei meu rosto entre minhas mãos na tentativa falha de reprimir os soluços. Meu corpo inteiro tremia, não podia deixar a minha tia morrer. Eu não tenho mais ninguém, ela se sacrificou tanto por mim nos últimos 16 anos. Sei que é egoismo da minha parte, mas não consigo deixa-la partir. Ouço passos se aproximando e olho na direção da pessoa e vejo o Nico com um olhar sereno se aproximando, ele se sentou do meu lado. Tudo que eu fiz foi abraça-lo tentando controlar o choro

– Calma, vai ficar tudo bem - ele repetia alisando o meu cabelo e isso foi me acalmando aos poucos

– Eu não consigo deixa-la ir - falei secando as lagrimas

– Su, você já parou para pensar como ela se sente? - eu neguei com a cabeça - Ouça o que ela tem a dizer

– Eu... eu não consigo - digo me encostando no sofá

– Tenta, vai ser melhor - finalmente olhei para ele e vi que ele realmente parecia cansado, como se não dormisse há muito tempo

– O que está acontecendo com você? - perguntei e ele desviou o olhar e se levantou - Nico me responde

– Não posso - ele falou apoiando as mão sobre a bancada - Pelo menos, não agora. Conversa com a Sam

– Vou tentar - sussurro e me levanto, indo em direção ao quarto

Subi a escada, andei pelo corredor parando em frente a porta do quarto dela, respirei fundo passei a mão no rosto na tentativa de me livrar das marcas do choro. Abri a porta e entrei sem fazer barulho para assusta-la. Ela estava sentada, terminando de tomar o suco.

– Pelo menos comeu metade do lanche - disse quando ela colocou o copo na bandeja

– Foi tudo que consegui - ela disse enquanto eu colocava a bandeja no criado mudo

– Posso falar com a senhora? - perguntei receosa, mas ela sorriu e assentiu - Antes de ter saído do seu quarto, você me disse que queria que eu fizesse um favor, qual era?

– Que me liberte - ela disse e senti meus olhos arderem, mas não me permitir chora na frente dela - Essa doença não está apenas me matando, está destruindo você também. Não aguento mais ver você sofrendo por minha causa, minha princesa. É difícil para todos nós, mas eu não aguento mais viver assim... e apenas você pode me libertar desse sofrimento

– O que quer que eu faça? - pergunto com a voz embargada

– Pare de me dar os medicamentos, eu sei que chegou a minha hora e já estou pronta para isso - disse tão calma, mas a ideia de perde-la tomou conta do meu corpo.

Quando dei por mim já estava soluçando e ela me abraçou

– Vai ficar tudo bem, minha pequena! - ela sussurrava enquanto eu chorava, ela me puxou com cuidado para deitar com ela

Me deitei de costas para ela, mas sem soltar a sua mão e ela me abraçava

– Me promete um coisa? - ela perguntou, mas não conseguia falar devido ao choro e tudo que fiz foi assentir - Quando eu partir, promete encontrar o seu pai e falar toda a verdade para ele?

– Prometo - foi tudo que conseguir dizer

– Ele vai cuidar de você - ela sussurrou me fazendo carinho, depois de um tempo acabei cedendo ao cansaço e acabei dormindo ali com a minha tia.

Não sei por quanto tempo apaguei, mas quando acordei vi que a tia Sam estava dormindo, me levantei com cuidado para não acorda-la e sai indo em direção a sala. Cheguei a escada e vi o Nico conversando alguma coisa com o Jhon, mas eles conversavam tão baixo que não consegui ouvir nada e quando me viram pararam de conversa, desci a escada e mesmo que me machucasse, eu sabia exatamente o que eu precisava fazer

POV Nico

Jhon indicou discretamente o topo da escada e soube que era a Susan que estava ali, me virei e a vi descendo a escada vindo em nossa direção

– Oi Jhon! - ela disse abraçando-o

– Oi, como você tá? - ele pergunta desfazendo o abraço

– Estou levando - ela respondeu olhando-o

– E a Sam? - ele perguntou

– Dormindo, pode subir, ela sequer vai perceber a sua entrada - ela disse e ele assentiu

– Já volto - Jhon falou andando em direção a escada, depois que ele subiu eu falei

– Conversou com ela? - perguntei, ela assentiu e secou a lagrima que escorreu - O que ela disse?

– Ela quer morrer - ela falou com a voz embargada e eu a abracei, por um tempo - Preciso de um favor seu

– O que? - perguntei, faria tudo para ajuda-la

– Manda a minha tia para o submundo - ela falou e eu arregalei os olhos

– O que? - perguntei me afastando dela - Você quer que eu mate a sua tia?

– Você não vai mata-la, Nico - ela falou e se sentou - Será basicamente o que fez com Dédalo

– Mas ele estava fugindo da morte - explico calmo - O tempo dele já havia passado a muito tempo, por isso pude manda-lo

– A situação é quase a mesma - ela me olhou - Eu e o Jhon ficamos adiando a morte dela, era pra ela ter morrido há um mês e meio. Mas meu egoismo não me permitiu deixa-la partir

Ver a Susan chorando daquela forma, ver a dor nos olhos dela, me machucavam mais que bronze celestial... sei que essa decisão foi difícil. Suspirei e me sentei ao seu lado, a abracei novamente e ela retribuiu sem hesitar

– Quando o Jhon descer, eu vou fazer o que me pediu - ela assentiu

– Obrigada - ela murmurou, desfiz o abraço e sequei as lagrimas dela

– E quanto ao corpo? - ela precisava saber - Quando eu manda-la ao submundo o corpo vai sumir. O que vai fazer?

– Digo que ela escolheu ser cremada - ela diz se encostando no sofá e eu simplesmente assenti

Jhon descer as escadas e a Susan levantou se aproximando dele.

– A tia Marta tá em casa? - ela perguntou e o Jhon assentiu - Diz para ela vim se despedir da tia Sam

– Como assim? - Jhon perguntou surpreso

– A gente já adiou tempo demais, nem ela e nem eu aguentamos mais isso - a Su diz e ele pareceu entender, tanto que olhou para mim e eu assenti

– Vou chamar a minha mãe - ele falou e foi em direção a porta, saindo logo em seguida

A Susan se sentou na poltrona, olhando um ponto qualquer do chão em silêncio. Mesmo quando o Jhon entrou com a mãe, ela não se moveu. Não sei dizer se ela viu ou não a entrada deles, mas ela estava presa em pensamentos. E pela primeira vez vi seus olhos vazios, não demonstravam nada, não tinham o brilho que sempre teve. Eu preciso tirar ela desses pensamentos ou eles irão domina-la, e se isso acontecer os resultados não serão bons, principalmente por ela ter a benção de Hades.

– Susan? - chamei e ela não me olhou

– Porque sempre perco as pessoas que são importantes para mim? - ela perguntou mais para ela do que pra mim - Primeiro a minha mãe, a minha tia, já perdi você

Me levantei, andei até e ela e me ajoelhei a sua frente

– Olha pra mim - digo virando o rosto na minha direção com cuidado - Você nunca vai me perder, entendeu? Eu vou estar com você sempre

Ela deu um sorriso triste e voltou a olhar em outra direção

– Eles já estão descendo - ela falou baixo e olhei na direção da escada e vi o Jhon e a mãe dele descendo. A Marta secava as lagrimas

– Susan - a Marta falou e a Susan a olhou - Eu dei um medicamento e ela voltou a dormir

– Obrigada, tia! - a Susan falou se levantando - Avisa a Barbara que a tia Sam já foi levada, tá bem?

– Eu aviso, não se preocupe - ela disse e a Su me olhou

– Vamos? - ela perguntou me olhando e eu assenti, começamos a subir a escada.

Ela abriu a porta do quarto com cuidado para não acordar a tia, mesmo que ela esteja a base de medicamentos. Ela entrou primeiro e eu a segui. percebi que ela não desvia o olhar da tia, percebi que algumas lagrimas escorriam pelo rosto, mas ela não as deteve

– Eu só vou me despedir - Susan sussurrou olhando a tia

– Eu vou esperar lá fora - digo e quando ia me virar ouvi a Su dizer

– Fica, tá tudo bem - ela falou se aproximando da cama sentando ao lado da tia

– Me perdoa! Me perdoa pelos problemas que te causei, pelas preocupações que eu te trouxe. Me perdoa por não ter sido a sobrinha que a senhora merecia ter tido. Me perdoa por ter prolongado seu sofrimento, sei que eu estava sendo egoísta em não deixa-la partir - ela falou e as lagrimas desciam com mais força - Muito obrigada por tudo que fez por mim, nunca vou esquecer o exemplo que você foi e espero um dia ser metade da mulher que você é. Eu te amo!

Ela se debruçou e deu um beijo na testa da tia, se levantou secando as lagrimas e ficou parada olhando a tia

– Você precisa sair - digo e ela me olha

– Como assim? - ela pergunta confusa - Pelo que eu soube você fez isso na frente de todos

– A situação é diferente - digo olhando-a - Não vou conseguir fazer isso na sua frente

– Está bem - ela olhou a tia mais uma vez e caminhou em direção a saída

Depois que ela saiu tranquei a porta e ergui a minha espada na direção da Sam.

– Samantha Agostini, seu tempo nesse mundo já terminou a certo tempo. Está na hora de seguir o curso natural e partir. Eu, Nico, filho de Hades permito que parta

Mesmo com ela dormindo vi um pequeno sorriso de alivio se formar em seu rosto e aos poucos seu corpo foi ficando transparente até não existir mais. Fui em direção a porta destranquei e vi a Susan encostada na parede do corredor e quando ela percebeu minha presença

– Termino - ela assentiu chorando

– Eu sei, senti a alma dela chegar ao submundo - ela soluçou e eu me aproximei dela abraçando-a

– Calma, eu tô aqui, vai ficar tudo bem - falei e ela retribuiu o abraço

Como eu queria assumir essa tristeza dela, não suporto vê-la dessa forma. Mas não posso deixa-la sozinha, porque nesse momento ela é um rosa de vidro e não posso permitir que ela se quebre.


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Notas finais do capítulo

Quase parei no hospital por desidratação, chorei muito! Quero daber a opinião de vocês, ok?

Acompanhem, favoritem e recomendem. Principalmente comentem ok?

Devem está se perguntando, porque o cap foi liberado fora do horário. Bom... nossa querida a autora Natália Romanova Stark havia agendado o capitulo pro dia 01/01/2015 porque achou que era quinta e me deu o acesso a conta dela para editar a data de postagem, mas eu esqueci e tive que liberar o capitulo agora. Ela vai me matar quando souber kkkkkkkkk
Beijos galera, fiquem com Deus!