- Charlotte, sua professora chegou – Marly me acordava trazendo uma noticia, que embora esperada, me deixou surpresa.

- Tenho que fazer uma coisa antes... Pode distraí-la? – ela não falou nada, considerei aquilo um sim (quem cala, consente) – se eu não voltar em 30 min. Vai atrás de mim... no porão.

- Charlotte, o que você vai fazer?

- Ne sais pás - (eu não sei) – falei levantando da cama - au revoir - (tchau)

Fui até o porão, decidida a viver tudo aquilo de novo.

Andei olhando atenciosamente pra cada parede daquele lugar, na esperança de encontrar uma espécie de portal que me levasse a Terre d’amitié, mas não encontrei nada.

Eu precisava de algo que provasse a existência de tudo aquilo.

- Existe, eu sei que Terre d’amitié existe! – falei pra mim mesma e ao abrir os olhos estava diante daquele mar exuberante, daquele gramado verde, em uma tarde desconhecida.

Olhei para trás e não havia vestígios da casa.

- Pierre! – gritei.

- Charlotte?

- Não, Papai Noel.

- Quem é esse?

- Esquece! Quero voltar pra casa. Não gosto de ficar aqui!

- Se não gosta daqui, por que voltou?

- Não sei, algo nesse lugar me atrai.

- Je (eu)

- Claro que não, por você eu não voltaria aqui nunca mais – eu sabia que era mentira, o jeito dele me deixava... encantada. – É que... eu não sei se você e esse lugar são mesmo reais.

- Não sou um fantasma. – ignorei a lerdeza e continuei.

- É difícil de explicar. Quando eu “sai” daqui, eu estava em casa... dormindo. Quem me garante que isso não é um sonho?

- Charlotte, é preciso crer para ver, não ver para crer.

- Quer que eu acredite em você e nesse lugar para poder vê-los?

- Você já acredita.

- E se eu não acreditar?

-Nunca mais voltara aqui.

- Eu vou acreditar... para sempre.

- Ótimo

- Mas viver aqui não é tão simples assim, existem regras... e um comandante. É como um jogo. Você faz tudo certo para chegar ao premio final.

- Que tipo de jogo é esse?

- De sobrevivência – de repente um calafrio percorreu todo o meu corpo, e Pierre não parecia mais meu amigo

- Quais são as regras?

- Nunca conte nada a ninguém, acredite acima de tudo e ...

- Não vou conseguir esconder isso

- Regras são regras, siga-as.

- Não vou conseguir esconder a existência de Terre d’amitié.