Outsiders escrita por Rafaela


Capítulo 2
Capítulo 2




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Quando Alex olhou para Nana ao abrir seus olhos, ele enxergava seu reflexo antes de ser dependente de tabaco. Apesar de estar em meados dos dezoito anos, ele parecia ter vinte e dois, talvez fosse essa vantagem de ter seus pulmões deteriorados.

Ele se lembrou da primeira vez em que deu seu primeiro trago ao sentir o gosto da saliva dela, tudo ao seu redor era algo puro, desde seu perfume de lírios silvestres as alças dos seus vestidos.

– Por que você pediu segredo? – ela perguntou, com sobrancelhas curvadas.

– Bem, porque eu quis – ele respondeu.

– Já que não quer responder, quero um em troca.

– Um segredo?

– Sim – Ela assentiu.

– Meu nome é Alex.

Ok, o nome dele poderia ser um mistério, mas ela queria saber algo que pudesse de algum jeito mostrar um pouco do que ele era. Ela estava cansada de beijar desconhecidos, não queria mais nenhuma espécie de fuga como sempre fez e sim um porto seguro. Mas ele não era o tipo de porto seguro, por que deveria responder?

– Ajudou muito – ela ironizou.

– Mas esse é o meu segredo, por onde eu passo, não costumo deixar meu nome.

– Esse lugar vai ser por onde você passará sempre.

O contato visual se consolidou, mas Matheus atrapalhou.

– Acho que precisamos de voluntários! – ele exclamou, batendo as palmas da mão num tom alto.

– É... – ela sibilou, olhando para seus sapatos.

– Alex, por que você não tenta?

– Prefiro meu cigarro.

– E você, Nana? Por que não tenta?

– Eu to bem – Sorriu.

Depois, ela se sentou na mesma cadeira onde estava há minutos antes do incidente. Sua cabeça bombardeava para que acompanhasse os passos do garoto e lhe perguntasse de onde ele surgiu e o que ele fazia aqui. Mas a única coisa que ela fez foi umedecer seus lábios secos e assistir sua amiga Teresa cair aos beijos com seu irmão.

Ela olhava de relance para Alex, mas ele acabava não retribuindo seus olhares. Quando seus olhos passaram a se encontrar, ele achava sua garrafa de cerveja mais interessante que ela, mas ela continuava a olhar para ele.

– Você conhece ela? – ele perguntou para o rapaz ao lado, Isaac, apontando sua garrafa em direção a ela, como se ela ainda estivesse vendada. Mas ela percebeu, e pensou que era um sinal para que chegasse mais perto.

– Parece que é Mariana alguma coisa, eu não me lembro, mas acho que é Zimmer.

– Hum – Ele bebeu mais um gole de álcool.

– Está interessado nela?

– Quero mais uma garota para deixar algumas de minhas marcas.

Ela caminhava a sua direção de cabeça erguida, mas com olhos escondidos nos dele, se encontrando a todo pequeno percurso. Nana parou a sua frente, ele pegou da mesa uma garrafa de Bulleit.

– O que você quer? Acho que ninguém te chamou aqui.

Ela não sabia o que fazer, apenas agiu normalmente.

– Você poderia me emprestar um isqueiro e um cigarro.

– Desde quando você fuma?

– Desde... – gaguejou. – Desde os meus doze.

Mas ela nunca tinha se quer experimentado nada para os seus pulmões pararem de funcionar gradativamente. Colocou seus cabelos atrás da orelha, fingiu que estava confiante de si, mas quando ficava ao lado dele, sempre se sentia ainda mais inferior.

– Aqui – Ela ofereceu ambas as coisas, e sorriu. – Só não se afogue.

– Relaxa! Eu sei o que eu estou fazendo.

Ela se apoiou no vidro, tentou acendê-lo, mas não sabia nem como funcionavam os isqueiros. Ele só se acendeu quando Isaac ofereceu para que a ajudasse.

– Agora, é só apertar.

– Ah, obrigada, nunca usei um isqueiro desses.

Alex sorriu.

– Você não devia deixar que ela fizesse isso.

– A escolha foi dela.

– Ela só fez isso para se aproximar de você, poxa! – Ele assentiu, olhando para a garota que tossia. – Ajuda ela.

– Ok, já to indo.

Ele saiu do seu lugar, ficou na mesma posição que ela.

– Normalmente as pessoas te influenciam para a primeira tragada, só quero dizer que eu estou livre dessa - Parecia que ela já tinha pegado o jeito, conseguia segurar à fumaça por mais tempo.

Ela riu, e respondeu:

– Você não me influenciou a nada, mas eu me senti influenciada pela sua presença.

– Legal.

Ela olhou para ele, viu seu semblante sério e seu sorriso se alastrando por seu rosto mais uma vez. Teresa apareceu por trás, olhou para ela e percebeu que a figura inocente de Nana logo ia se esvaindo.

– Se seu pai descobrir isso, você ta fodida! – Ela sorriu, aquela espécie de sorriso bêbado e insano.

Teresa era a melhor amiga de infância de Mariana, tinha cabelos compridos e um olhar profundo, era linda, o reflexo do que todas as garotas queriam ser nos dias de hoje. Quando Nana a avistou de canto, ficou impressionada pelo fato de não parecer reconhecê-la, mas chegou a conclusão de ter sido apenas uma impressão.

– Ele nem pode.

– Quem é o pai dela?

– Doutor Álvaro Reiser.

– Bem, tomar refrigerante por cima ajuda – ela disse.

– Quero sair daqui – Nana disse.

– Por quê?

– Porque eu acabei de levar um coice desse cara, e deixei que ele continuasse do meu lado.

– Hábitos normais de um rebelde sem causa – Teresa sibilou.

– Essa afirmação está correta.


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