Outsiders escrita por Rafaela
Ninguém pode mudá-lo nem moldá-lo, tudo relacionado a ele é como um iceberg em choque a navios e náufragos. Podem lhe perguntar sobre o cigarro acendido hoje de manhã, ou os litros de álcool no seu estômago, não existem porquês de suas ações.
– Acenda-me – dizia a uma stripper num clube qualquer.
Quando ela o viu, quase lhe caiu aos seus pés deixou que suas roupas fossem despidas mais rapidamente. Tudo que era seu e de seu pertence caía, até as presilhas de seu longo cabelo loiro.
– Você me lembra ela – Tragou seu cigarro Camel. – Como é seu nome?
– Vênus.
Ele sorriu. Talvez fosse o tal corpo magro igual ao dela, ou os lindos cabelos que foram cortados. Mas as bebidas sempre lhe resultavam em lembranças sobre a garota, e quando sóbrio, só pensava em Tess.
Deixou o dinheiro aos seus pés, saiu de mansinho com um copo de uísque que deixou no balcão em seguida. Pensava em colocar os pés nos pedais de sua motocicleta e ir para lugar nenhum. Mas olhou o celular, viu que tinham mensagens de sua então namorada.
Acelerou, foi para a casa dela. Deu de cara com os pais dela e os cumprimentou.
– Boa noite, Senhor e Senhora Franco.
– Boa noite, Alex, Teresa está em seu quarto – a mãe dela sorriu falando.
– Grato.
Subiu as escadas pensando em encontrá-la sorridente, tendo coisas boas a se dizer. Mas enganou-se, encontrou-lhe na cama, jogada as traças, fumando cigarros e com rosto todo borrado.
– O que houve? – perguntou, de cabeça baixa.
– Sinto seu cheiro daqui, Alex – Chorava ainda mais. – Sinto o cheiro dela.
– Dela quem? – Ela estava bravo, queria saber do que ela falava, talvez estivesse bêbado demais para se lembrar.
– Eu sou uma corna, trouxa e incapaz de me desvincular disso tudo – falava alto, os soluços não se evidenciavam tanto, mas eram soluços da alma.
– Do que você está falando?
Ela se levantou, curvou as sobrancelhas escuras.
– Você me traiu com ela.
– Que ‘ela’?
– Pronunciar o nome dela é errado em minha casa, creio que você saiba quem é.
– Você se refere à Nana? Qual é – Ele fez negativa com a cabeça. – Foi um beijo, cara.
– Suas almas podiam muito bem estar conectadas, você poderiam estar bem juntos hoje, você poderia fazer sexo casual com ela as minhas custas, você poderia – Tampou a sua boca com o indicador, ela sorriu. – Você acha que me convence com esse gesto? Alex, eu sei que você a ama.
– Eu penso nela sim, mas penso quando estou bêbado e quero esquecer você por um espaço de tempo, você compõe meus pensamentos.
– Sem frases de efeito, por favor.
– Teresa, eu amo você. Eu te dou todo o meu amor, é tudo que eu faço.
– Seu amor não é, um pouco, pouco demais?
– Não – eu disse. – Se você pudesse ver, você me amaria também.
– Mas eu te amo, e é por demais!
– Por que estamos travando essa discussão ridícula?
– Ceticismo – disse tão suavemente.
– Por que tanto quer questionar-me sobre amores, dores e flores?
– Porque eu não tenho certeza de que o amor é o que sinto.
– O que você sente?
– Eu te sinto, sinto agonia em estar longe de você, sinto mais do que deveria – Teresa limpou seus olhos – sinto que você é um desejo de motivação divina, que estar ao seu lado é o certo, e longe é algo indiscutivelmente radical.
– Isso é amor.
– Eu estou obcecada por você, não é.
Ele sorriu, sorriu do jeito que ela gosta e lindamente sentiu sua coluna arrepiar-se.
– Isso é o que sinto – Ia se aproximando, apertando o coração dela, batia mais rápido. Ele a abraçou, envolveu-a como se segurasse uma estrela. – Você é o meu final feliz.
– Não sou capaz de mudar caras, acho que deveríamos terminar até que você decida.
– Mas eu já decidi! Eu quero você.
Teresa estava mal, não sabia se chorava ou se ficava brava. Alex não sabia esconder que tinha quedas por garotas ingênuas – que já foram no caso.
– Eu juro que não sei o que faço com você, estou surpreendida. A nossa aventura de amor mudou, você tem bebido muito, resulta em meu esquecimento. Eu não consigo te esquecer de jeito maneira nenhuma.
– Deveríamos sair para a rua, queria te mostrar algo.
– As lojas já fecharam.
– Tudo bem, eu sei que você não quer nada. Quer ficar na foca sem motivos.
– Sofrimento é tudo.
– Autodestruição também.
– Quero morrer – Revirou os olhos, colocou as mãos na dele – você é o que me mantêm viva e acesa.
– Você é mais problemática do que imaginei.
– NÃO! Estou brincando, era só para você ficar mais tempo comigo.
– Você acha que deveríamos, sabe...
– Não quero, vamos ver filmes?
– Qual filme?
– O meu.
– No caso, seu filme é?
– Closer, perto demais.
– E eu sou quem?
– O rapaz que come todas e no final fica com a Julia Roberts.
– Você é Julia?
– Não, sou Natalia Portman, a corna.
– Você não foi chifrada, foi um beijo.
– Você deve pretender em sermos só amantes, com a bebida – ela dizia.
– Eu te amo, porra! – esbravejou ele. – Quer prova maior?
– Que prova?
– Eu larguei de todas por uma só, e por um beijo, você está toda assim?
– Eu não sei o que faço, a culpa é minha. Quando éramos sozinhos éramos mais nossos do que de ninguém.
– Você tinha menos preocupações, você não tinha medo de me perder, era mais segura.
– Eu sempre fui insegura! – berrou.
– Você sempre foi o que todas queriam ser.
– A diva que todos queriam copiar e no fim, era a Senhorita Nada.
Ela soltou algumas gotas pelos olhos.
– Você é meu tudo, você é a figura que associo como minha garota. Mas queria saber o que está acontecendo com minha garota, e pelo o que ela está passando. Me diga! Por favor, me diga!
– Nada.
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