P.O.V Elizabeth
No meio do caminho ele parou o carro para colocar uma venda em mim, mas tudo que eu pude ver era florestas, foi estranho porque nem o rosto do homem eu consegui ver, ele falava de algumas coisas mas eu não conseguia entender direito, percebi que depois de um tempo ele parou o carro de novo e então algo atingiu minha cabeça e eu perdi a consciência e essa foi a última coisa que eu vi, notei, ou algo parecido até eu acordar agora.
Fui recuperando minha consciência aos poucos. E quando consegui enxergar claramente, percebi que estava em um quarto cheio de fotos, eu olhava para todos os lados e via fotos de garotas andando, conversando com pessoas, ou até mesmo machucadas, e depois elas mortas, aquilo deveria ser o que ele faz com as garotas que ele mata, aqueles eram os estágios.
Olhei para frente e vi então a minha parede, ela parecia ser a maior ou algo parecido, tinha todas as fotos minhas, todas de verdade, não só apenas aquelas que ele havia me mandado, olhei para tudo aquilo um tanto abismada, você pode até conhecer um pouco do limite do ser humano, mas você nunca vai saber tudo e isso pode até lhe assustar. Quando tentei mexer minhas mãos ou algo parecido percebi que estava acorrentada, bufei, estava na cara, quando consegui mexer minhas mãos e colocar a mão no rosto percebi que minha testa estava sangrando, provavelmente com alguma arma ou algum cano que ele teria me batido quando estava no carro para perder a consciência, cara esperto pensei comigo.
Eu não tinha nenhuma fita na boca e aquilo era estranho, pensei que ele iria me deixar calada ou algo assim.
Algo me tirou atenção dessa pequena analise que eu fazia sobre esse tal stalker, e quando me virei para o lado, vi uma menina sentada em outra parede, as fotos eram as delas, e ela estava sentada no chão assim como eu. Ela chorava e tentava falar por meio daquela fita que tinha na boca, ela estava em uma situação horrível, toda machucada, cheia de hematomas, sangrando demais. Senti pena, ela não tinha mais de 16 anos. Muito nova para tudo aquilo, não que uma pessoa tenha que viver isso, mas... Ele só quer assustá-las porque são mais novas, eu acho que os adultos - por mais que sejam do jeito que são - são mais fortes e por isso que ele não quer.
Uma coisa que eu prestei atenção era que todas as vítimas eram loiras e ele mudou seu conceito, sua vontade, eu era a única morena dali, e aquilo ficaria cada vez estranho, por que ele iria tanto me querer aqui?
A garota começou a chorar mais e eu apenas a olhei.
– Hey, olhe para mim - Eu falei e ela continuava chorando. - Olhe para mim - Falei de novo e ela me olhou. - Vai terminar tudo bem, estão procurando por você - Tentei deixar ela mais calma e ela apenas chorou mais um pouco. - Eu estava com o FBI, eles vão achar você - Eu falei sussurrando um pouco, Deus sabe lá se o homem está ouvindo. E então ouvi pisadas fortes do lado de fora e a menina me olhou assustada, eu apenas a olhei e fiz um sinal para ela ficar quieta depois de muito esforço com todas aquelas correntes e logo a porta se abriu.
Eu vi pela primeira vez o homem, ele era um cara magro até demais, com cabelo preto, branco, e segurava uma caixa - provavelmente cheia de ferramentas.
– Bom que está acordada, luz do dia - Ele falou e entrou sorrindo. Ele era muito estranho, eu tinha que admitir.

****

– Então - Ele falou entrando e colocando suas ferramentas um pouco abaixo do meu pé e começou a mexer na caixa. - Estava esperando você acordar - Ele falou sorrindo, e percebi que tudo aquilo era um pequeno joguinho dele, ele me achava mais esperta que as outras então eu resolvi jogar até ele se perder no seu próprio jogo.
– Ah, é? - Eu perguntei olhando para ele e depois para menina. - E para que, posso saber? - Eu perguntei.
– Oras, olhe tudo o que eu fiz por você - Ele falou.
– E o que diabos você fez por mim? - Perguntei semi cerrando os olhos.
– Olhe tudo isso, Effy, Lize, minha pequena, isso tudo é para você - Ele respondeu sorrindo como se eu tivesse feito alguma pergunta boba, e percebi que ele havia me chamado de "Effy", a última pessoa que falou isso foi... Meu pai, mas ele não está mais perto de mim desde meus sei lá, eu era muito pequena quando ele foi embora, eu não faço a menor ideia de quem aquele cara seria mas ele me conhece muito antes do que St.Louis, ou da estrada, ele me conhece muitos anos que eu morei no Kansas e não apenas quando eu havia ido embora.

– Eu não vejo nada em especial aqui - Falei dando de ombros.
– Como assim nada especial? - Ele perguntou chegando perto de mim, se agachando e me olhando com os olhos quase pulando da sua órbita. - Olhe o que eu fiz por você, elas parecem a Michelle quando pequena, não lembram? Eu fiz tudo, está tudo certo - Ele falou. Michelle era o nome da minha mãe, eu disfarcei todo aquele meu interesse pela história para ele não notar que eu não fazia ideia do que ele estava falando. Eu fiquei calada e ele se levantou para pegar a menina, e tirou a fita dela, ela começou a chorar, eu apenas a olhei como se estivesse falando para ela calar a boca, era tudo aquilo que ele queria, um showzinho de drama e choros, era aquilo que ele se alimentava.
Ele voltou e pegou uma pequena faca e passou pela perna dela, colocando um pouco forte para começar a sangrar e depois a menina começou a gritar, eu precisava fazer algo.
– Você é tão patético - Eu falei e ele parou olhando para mim. - Isso foi um pé na bunda? Porque se foi, você pode parar agora, isso é ridículo - Eu completei e ele se levantou olhando para mim, e chegou perto de mim e segurou forte meu rosto, eu apenas o olhei. E falei como se estivesse soletrando. - PA-TÉ-TI-CO.

E ele apenas me puxou bem para perto dele, e depois me deu uma longa olhada em mim, ele me jogou e eu bati a cabeça na parede, eu apenas dei um sorriso um tanto irônico para ele e ele saiu batendo a porta, pelo menos a garota estava salva pensei comigo mesma. A menina me olhou como se eu fosse uma louca e talvez eu fosse mesmo, mas era aquela loucura que faria nós ficarmos vivas.