P.O.V Lize

Assim que entramos com os paparazzis todos controlados, a garotinha veio me abraçar, consegui apenas falar um “hey”, e ela me abraçou mais forte. E ela pediu para eu me abaixar e eu me abaixei na frente dela, e ela se inclinou para falar algo em meu ouvido.

– Ache ele! – Ela implorou, eu a olhei, e sorri, ou pelo menos tentei, era uma situação complicada, não podia prometer nada. A única coisa que pude fazer fora meu sorriso amarelo, foi concordar com a cabeça, e então me levantei para falar com a mãe. Ou pelo menos escutar o que Hotch e JJ falavam.

A menina foi se sentar perto da mãe que lançou um sorriso para mim, e eu fui para a janela novamente ficar observando o movimento e tentar pensar. Nessa situação toda, eu só consigo me lembrar da sujeira que era quando eu era menor, da sujeira das pessoas, do mundo. Era algo devastador, essas crianças nunca precisariam presenciar esse tipo de coisa se não fosse por esse maldito suspeito que as pegou por algum motivo especifico, não acho que irei entender a cabeça dessas pessoas, convivi anos e anos com pessoas dessa maneira, o meu pai por exemplo, toda aquela sujeira e podridão do mundo. Era complicado de explicar, tentei focar agora no motivo do suspeito, um lugar importante enquanto Garcia pesquisava sobre o cara, era complicado demais apenas adivinhar as pessoas.

Senti algumas mãos nas minhas costas, e quando saí desses meus devaneios vi JJ do meu lado, ela sorria.

– Você está bem? – Ela perguntou olhando para a janela.

– Estou tentando pensar – Eu respondi e ela riu.

– E por que a janela? – Ela perguntou olhando para mim e eu continuei com meu olhar na janela, no lado de fora especificamente, cheio de policiais e jornalistas querendo consumir mais daquela história.

– A mãe observava aqui – Eu respondi. – Estou tentando pensar – Disse novamente e ela concordou.

– Escuta... Sobre aquela conversa de manhã lá em casa...

– Eu entendi, JJ. Deixe para lá – A cortei.

– Não, você pensou que eu estava julgando você – Ela disse.

– Não julgando, protegendo seu amigo o que é totalmente normal – Eu falei mesmo não sabendo o que estou falando.

– Não, estou protegendo você!- Ela falou. A olhei confusa.

– Eu? Por que me protegendo? Eu sou o perigo, ele devia ficar longe – Falei sarcástica e continuei a olhar para a janela.

– Não, não dessa vez... Eu te conheço, Lize. Nunca agiu assim na sua vida e eu sei muito bem como foi – Ela falou, o que é pior é que ela não sabe, ela sabe de muito pouco, nem ½ da minha vida ela sabe,

– Eu não acho que saiba – Eu murmurei.

– Eu quero você com ele! Só não quero que se machuque – Ela falou e eu me virei para ela.

– JJ, você não quer que eu o machuque porque sabe como eu sou, sabe o jeito que eu quebro o coração de todos, isso que você não quer que eu faça – Eu retruquei e ele me olhou e sorriu. Por que diabos ela estava sorrindo?

– Você gosta dele de volta, pensei que nunca iria viver para ver isso. Alguém quebrou esse gelo aí dentro? Esse medo? – Ela perguntou, não era perguntas malvadas, ela parecia feliz por eu gostar de alguém, mas não gosto.

– Você sabe que apenas não é assim – Eu falei e ela sorriu.

– Vamos ver – Ela retrucou e me deu um beijo na testa. – Sua mãe ligou – Ela falou do nada. Eu fiquei calada e voltei minha atenção para a janela. – Lize, ela precisa falar com você – Ela falou.

– O que ela precisa é de dinheiro, JJ – Eu cansei daquilo. – De dinheiro para alimentar as drogas, o luxo, os homens todos que apenas transa com ela por dinheiro depois – Eu respondi irritada. JJ me olhou um tanto chocada. – Eu sinto muito, não quis...

– Tudo bem, tudo bem – Ela falou ainda chocada. Ela não sabia de verdade como era minha vida, nunca pedi desculpas, mas JJ era tão inocente na minha vida, era triste de verdade saber que tudo havia sido tão... Difícil. Vou manter ela longe dessa verdade.

JJ voltou para com a mãe, e não percebi o tempo passar, só percebi quando Hotch me chamou para irmos. Minha mente voava tentando imaginar como estava a mãe e o garotinho naquele horário.

Acenei para a mãe, a garotinha correu para me dar um abraço. Tive que envolver ela de volta. Me pareceu ridículo se eu não fizesse isso.

Logo fomos para a delegacia porque parecia que Garcia havia descoberto coisas sobre o suspeito que talvez nos guiasse onde ele estaria com essas crianças. Chegamos lá rapidamente, na verdade não era tão longe da casa da garotinha para a delegacia.

Assim que chegamos lá estava tudo uma bagunça, todos já estavam na sala resolvendo tudo, fiquei calada o tempo todo e claro que o suspeito estava no meio da floresta que tinha no local, nossa, tão clichê pensei comigo mesma. Muito clichê para falar a verdade. Mas tentei não me importar e vi o receio de JJ que não gostava de florestas.

Segundo Garcia o cara havia perdido o filho e a mulher num tipo de assalto e o garoto morreu estrangulado, mas havia sinais de abuso sexual na mulher dele que morreu afogada no lago que tinha perto da casa. O garotinho que ele matou era aparentemente o filho bastardo da mulher, o que eu entendia completamente porque ele provavelmente deve ter feito algo errado.

Spencer olhava para mim quando tentava falar das suas explicações e via que ele ficava nervoso então resolvi não prestar atenção para não deixar ele dessa maneira. Ele explicou onde ficava, e todos olharam para JJ que apenas praguejava baixo, eu ri daquilo tudo e me levantei. Hotch me levou para o canto e disse que queria conversar.

– O quê? – Perguntei.

– Não demos treinamento para você – Ele disse e eu lembrei que estávamos indo numa missão resgatar crianças, aquilo soava tão ridículo na minha cabeça.

– E? – Perguntei.

– Apenas fique atrás e tente parecer que sabe de algo – Ele falou rindo.

– Então você vai me dar uma arma? – Eu perguntei feliz, não sei porquê, mas aquela história de andar com uma arma deve ser muito bom.

– Não – Ele falou e riu.

– Babaca – Praguejei baixo e ele riu levantando as mãos. E eu concordei para irmos reportar tudo à policia e dividirmos grupos.

Ficamos eu e Spencer na sala sozinhos, por algum motivo eu sempre me atrapalhava e ele também e todos deixavam a gente sozinhos. Acho que eles me tiram de idiota, só pode.

– Você e Hotch só vivem de segredos agora não é? – Ele ironizou e eu o olhei. Tentei não sorrir, tentei bastante. – E ainda por cima está sorrindo – Ele debochou ainda mais.

– Você está com ciúmes – Apontei para ele e sorri e ele apenas se atrapalhou e deixou todos os papéis cair no chão e como sendo idiota eu apenas me abaixei para pegá-los. – Você é um homem muito desastrado – Eu falei e ele riu debochado e quando conseguimos pegar os papeis nos levantamos na mesma hora, que maldito destino que fez o meu corpo se chocar contra o de Spencer que ficou paralisado olhando para o meu rosto, era uma situação estranha e eu resolvi quebrar. – Mas não se preocupe, Sr. Ciumento, não gosto de homens velhos igual a Hotch – Eu falei e ele riu, nos afastamos para arrumar toda essa bagunça. Ele ria de vez em quando da minha bagunça maior, eu apenas pedia para ele calar a boca brincando, claro e ele apenas ria e ria.

Hotch veio nos avisar para nos prepararmos e eu apenas concordei e Spencer saiu junto a mim.