P.O.V Elizabeth Stonem

Acordei com alguém abraçado comigo na minha parte de trás, de repente não lembrava mais de nada e as coisas começaram a vim mais claras e quando olhei para o lado e vi Spencer, sorri de um jeito bobo e logo me repreendi por ter feito isso, o que eu sou? Uma adolescente boba de 15 anos? Aliás, eu nunca fui uma adolescente bobinha que se apaixonava, eu nunca me apaixonei na realidade, acho isso uma grande besteira e mentira, é só uma desculpa para duas pessoas transarem.

Tirei devagar a mão de Spencer que estava na minha cintura, e me levantei de leve para ele não acordar também, ele parecia tão sereno dormindo.

Apaguei todos aqueles pensamentos de mim e fui tomar meu banho, tive que trocar de roupa no banheiro mesmo. Geralmente eu passo um longo tempo no banho, mas dessa vez eu não demorei tanto assim e assim que eu saí JJ começou a gritar lá de cima e eu sabia que ela iria subir até meu quarto para me acordar, eu apenas dei de ombros e comecei a arrumar minha bolsa para ir pra o BAU, e então ela chegou lá em cima gritando meu nome e Spencer acordou sonolento mas quando percebeu que a porta abriu e era JJ, ele deu um pulo, certificou se estava com roupa, o que foi engraçado e olhou para ela com uma cara como se dissesse não fui eu. Eu estava de costas para a situação, mas via pelo espelho o que acontecia.

– JJ, não é o que você está pensando – Ele falou gaguejando.

– Quer dizer que você não caiu no sono quando estava assistindo “Doctor Who”, Spencer? – Ela brincou com ele, eu geralmente sei que JJ vem me checar de noite como faz com o pequeno Henry, ela às vezes age como uma mãe para mim, ou melhor, uma irmã mais velha, alguém que me deu algo que nunca tive quando pequena e tudo aquilo me faz me lembrar de fato minha irmã, oh, Lize, o quão você foi egoísta?

– Exatamente isso o que aconteceu – Ele falou aliviado, e eu e JJ começamos a rir.

– Café da manhã está pronto, Lize. E ah, você tem que ir para o BAU – Ela falou na porta de novo.

– Eu estou sabendo – Falei e ela apenas deu de ombros e desceu. Terminei de arrumar minha bolsa e percebi que Spencer ainda estava sentado na cama. - Você está bem? – Perguntei.

– Ela não acha que fizemos...

– Nah, ela sabe que você não iria fazer isso – Falei piscando para ele, e peguei minha bolsa para descer. – Okay, você tem 15 minutos para se arrumar e descer para saímos – Eu falei descendo e fechando a porta. Assim que eu desci vi Henry e ele venho para o meu colo logo me dando um beijo, e Will veio falar comigo e deixar Henry na escola mas antes ele me dava um beijo desajeitado na testa. Aquilo tudo era muito estranho, eles todos carinhosos, esses tipos de coisas que eu nunca tive na vida. Eu apenas tentava aceitar, mesmo sendo difícil esse contato que essas pessoas tem, uma família de fato.

Eles logo saíram para seus afazeres e eu fui me sentar na mesa só para tomar um café, ou algo assim.

– Onde está Spencer? – Perguntou JJ curiosa.

– Se arrumando, eu acho – Falei dando de ombros.

– Espero que saiba o que está fazendo com ele – Ela falou cuidadosa.

– Não vou arruiná-lo, JJ – Eu falei.

– Mas com certeza vai quebrar alguns corações – Ela falou do nada.

– Qual seu ponto? – Retruquei logo, nem tudo são rosas e eu sabia que isso estava por vir.

– Ele gosta de você – Ela mandou na lata, aquilo era uma pequena surpresa, não que os homens não gostassem de mim, eles tinham interesse mas era diferente com Spencer, os outros eu não me importava mas Spencer... Era apenas complicado, tentei dar de ombros mas saiu algo desajeitado. – E você dele, pode não parecer, mas é – Ela falou.

– Não seja ridícula, JJ. Eu não gosto de ninguém – Eu falei e ela riu sarcástica.

– Ah, deve ser por isso que os dois dormem agarrados, vamos lá, Lize, você já foi melhor em esconder – Ela falou.

– Você está defendendo seu amigo, okay, eu entendo, não vou me meter okay? Vou dar o fora logo, prometo – Falei na hora que eu fui me levantar.

– Estou preocupada com você – Ela falou mais alto e eu me virei para ela e foi minha vez de rir sarcástica.

– Oh, sério? E por que está me julgando tanto? – Eu falei irônica.

– Ninguém quebra seu coração, certo? Talvez ele faça isso, você não tem ideia do quanto eu quero que dê certo, mas apenas abra os olhos Lize, faça o que seu coração mandar e não haja de acordo com o seu cérebro e seu instinto de sobrevivência sobre os tais sentimentos, eu quero que você sinta de fato, e você não vai embora – Ela falou se levantando e me dando um beijo e falando que está me esperando lá fora.

Não sei porque mas aquela conversa mexeu comigo de uma forma que eu não sei explicar, JJ acha que me conhece mas não sabe da metade e eu prefiro deixar assim, imagine... Se ela souber de tudo que eu passei desde pequena, meu pai, toda aquela sujeira, ela iria... Mudar comigo, ela iria ser diferente e não pensar igual.

Mas de fato, ninguém quebra o meu coração. E prefiro ser cuidadosa para não deixar ninguém mais entrar, mas Spencer... Ele era simplesmente diferente, ele era carinhoso, era enigmático, um nerd, um gênio, fala sem pensar, um cara envergonhado, era tantas coisas que eu nem sei dizer, ele não sabe como agir, como sentir perto de mim e aquilo me fazia rir, isso, ele me fazia rir, e aquilo era algo bem inédito para falar a verdade.

Mas se eu falei algo para mim inteligente, era que eu de fato não era e nem seria clichê em nenhuma parte da minha vida, e isso, eu me recuso a fazer.

– Hey – Falou Spencer bem descendo as escadas.

– Hey – Eu falei. – Café? – Eu ofereci e ele aceitou e ficou me olhando, eu desviei o olhar e tentei sorrir. – JJ está impaciente lá na frente- Falei e ele concordou lembrando de JJ e bebericou um pouco do seu café e deixou na pia de lavar louça e eu disse que mais tarde eu iria lavar. E então seguimos para o carro, e então Spencer foi atrás e eu na frente mas parecia que ele estava na frente porque JJ e ele não calavam a boca sobre casos, e sobre o BAU, senti meu celular começar a vibrar e quando peguei vi que era minha mãe, olhei para os lados da estrada e pedi para JJ parar.

– Por quê? – Ela me perguntou, eu levantei o celular para que ela pudesse ver. – Tem que ser agora? – Ela perguntou.

– JJ, por favor – Eu pedi. E ela parou e eu atendi o celular.

– O quê? – Perguntei logo.

– Onde você está? – Ela perguntou.

– Eu te disse já, o que diabos aconteceu? – Eu perguntei e vi alguém resmungando na linha, um homem, e ela falava: Já vai.

– Filha, preciso de dinheiro – Ela pediu, como todas as malditas vezes. Desliguei o celular irritada e fui para o carro mas fingi que estava tudo bem, o caminho para o BAU foi bem rápido e quando chegamos logo subimos e fomos para a sala da equipe inteira, Hotch já estava lá com o resto da equipe e eles se sentaram em seus lugares. E eu fiquei em pé apenas observando e Hotch se virou para mim e começou a falar.

– Lize, chamei você aqui para te propor algo – Ele falou, eu apenas fiz uma cara para ele prosseguir. – Eu mandei Garcia fazer uma pesquisa sobre você e ela disse que fez faculdade por um ano, e eu fiz um acordo com uma faculdade para você estudar e fazer um estágio no BAU e quando se formar, se quiser, seguir sua carreira como profiler – ele falou de uma vez, era muito a processar e então eu fiz uma cara um tanto surpresa, imaginei qualquer coisa menos aquilo.

– Wow, isso é... Muito para processar – Falei e vi os olhares de todos em cima de mim, eu apenas tentei sorrir. – Hãn... Eu... – Eu gaguejava e olhei para JJ que meio que falava por olhar para eu aceitar e vi os olhares ali esperando que eu dissesse sim e foi o que eu fiz, pensei bastante sobre aquilo, dinheiro, minha mãe precisava disso. Eu chutei o balde, tanto faz agora. – Vamos nessa – Falei e então ele começou a me dar tarefas e então eu tentei sorrir quando estava cheia de papéis para preencher planilhas dos psicopatas e sociopatas que surgiam ali.