Despedindo-se de Peter Pan escrita por Evangeline


Capítulo 11
XI - Hora de Dormir




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/555694/chapter/11

Dias Atuais

– Porquê parou? - Perguntou-me Luana, fissurada em minhas palavras. - Justo na hora que Peter ia beijar a Wendy! - Reclamou.

Eu ri de canto e me levantei da poltrona, indo cobrir a menina que não se cansava de histórias.

– E o que tem demais nisso, menina? O Peter não é um garoto para beijá-la, é só um menino tímido.- Peguntei rindo sozinha.

– É um beijo, Vó Georgia! - Exclamou a mais nova, Hianca. - Todo mundo gosta de ouvir histórias sobre beijos! - Explicou me fazendo rir mais um pouco. Minha risada já não era doce e melodiosa, era rouca e cansada.

Mas eu sabia que, para meus pequeninos, era aconchegante e farta, tal a do meu avô para mim.

– Fale por você! - Disse o pequeno Lucius, debaixo do lençol, irritado com a história melosa.

– Ora, não está gostando? - Perguntei e ele saiu debaixo do lençol mostrando o cabelo preto e curto, todo bagunçado, e a cara de sono.

– Eu gosto dos piratas! - Ele disse, fazendo-me rir mais uma vez.

Eu cobri um por um. Fazia chuva em Londres naquela época, e apesar dos aquecedores modernos, eu queria sentir meus pequenos mais quentinhos e aconchegados.

Saí do quarto devagar e apaguei o abajur para deixá-los dormir, já ia fechando a porta quando Luana ergueu a cabeça.

– Vó Georgia. - Sussurrou, me chamando.

– Sim. - Eu sussurrei de volta, como se fôsse algo extremamente secreto.

– Amanhã continua? - Perguntou quase como um pedido desesperado.

– Claro. - Eu falei sorrindo.

Fechei a porta e caminhei vagamente pelo amplo corredor, até encontrar Jane encostada à porta do meu quarto, me esperando.

– Mamãe, não devia deixá-los dormir tão tarde. - Censurou-me com a expressão dura.

– Ora, não seja tão rígida, Jane. - Eu depositei um beijo na testa dela e abri a porta, prestes a entrar em meu quarto. - Hoje é sábado, e você também adorava essa história. - Eu disse, abraçando-a para voltar-me aos aposentos.

Fechei a porta atrás de mim e sentei-me na escrivaninha, tirando um livro velho e cor de ébano da gaveta. Eu o abri onde havia parado, e comecei a lê-lo mais uma vez. Devia ser a minha milésima vez nos últimos vinte e cinco anos, mas aquelas palavras nunca iriam me cansar.

Na noite seguinte...

Luana puxava-me pelo braço, já tomada banho e cheirosa como eu adorava ver aquela pequenina.

– Venha vovó, já estamos prontos! - Dizia, ansiosa para a hora de dormir.

– Lu! Sua vó ainda não jantou! - Reclamou Jane, dura como sempre era com as crianças.

– Ah, não tem problema. Vamos, mas só um pouquinho! - Eu censurei com o indicador, com falsa rigidez, e piscando para Luana que me puxava sem cansar.

– Lucius já tomou banho? - Perguntei entrando no quarto e encontrando o menino de cabelos secos na cama.

– Sim Vó Georgia. - Ele disse, quase convincente.

– Então eu acho que sua mãe vai ter que esconder o secador. - Observei. - Porque o senhor está usando sem pedir! - Falei, vendo as meninas rirem.

– Vamos Lucius, banho. - Falou Jane, aparecendo na porta e entrando no quarto.

Era um quarto comum, com três camas para as três crianças. Enquanto o menino corria para o banheiro, Jane se acomodou no tapete, em meio a várias almofadas.

– Vai ficar para ouvir? - Perguntei enquanto as meninas conversavam com a voz alta.

– Você tem razão. Eu sempre gostei dessa história. - Ela disse com um sorriso acolhedor. Era minha filha, apesar de toda a rigidez.

Quando Lucius voltou do banho, eu me sentei na minha boa e velha poltrona, e comecei a contar à minha família, as histórias sobre Peter Pan e os meninos perdidos.

E quando a luz era apagada, e eu voltava ao quarto, eu voltava a ler sobre Peter Pan e Esmeralda Thatcher.

"O tempo se passava enquanto Mary ficava cada dia mais ocupada com a universidade. Ela era apaixonada por aquele curso, e passou a me ensinar coisas mais complexas no ramo das palavras. Seus olhos brilhavam a cada pergunta que eu fazia sobre a matéria, e aos poucos a menina antissocial da mansão Thatcher se mostrou uma incrível mulher, independente e linda, que trazia sorrisos por onde passava.

Eu decidi estudar.

Passei dois anos aplicando minha ficha para diversas universidades, até que uma me aceitou. Ela ficava um pouco longe, mas era o curso que eu queria, e Mary me apoiou até o fim em minha escolha.

Nós continuamos juntos pelos 4 anos de minha universidade, até que eu finalmente voltei para Londres para ficar. Juntos, alugamos um apartamento, apesar de Mary ter mantido sua casinha intacta, alugando-a para um casal de velhinhos.

Não muito tempo depois, eu e Mary passamos cerca de um ano como o casal mais feliz do mundo. A rotina era repleta de passeios interessantes, viagens, aulas exóticas, museus, além das noites em casa. Apesar das rotinas agitadas que tínhamos em nossos trabalhos, nossas noites eram dedicadas um ao outro."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que e perdoem pela demora, mas estou me esforçando para continuar. Este capítulo tem muito a ser esclarecido, e lembrem bem dele, pois é muito importante.
Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Despedindo-se de Peter Pan" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.