Despedindo-se de Peter Pan escrita por Evangeline


Capítulo 10
X - O quê trás o verão


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas no final, por favor! :*



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Os nossos encontros passavam sempre muito rápido, o que me deixava sempre insatisfeita. Estar com Peter era estar bem, e estar bem é estranhamente viciante. Nós saíamos entre uma e duas vezes por semana, para museus, parques, praças, teatros e diversos outros lugares onde pudéssemos entrar de graça.

Eu passei a observá-lo. Ele fazia questão de recolher todos os catálogos, aníncios, menus e folhetos de todos os lugares onde íamos. Me perguntava sobre as histórias por trás de rostos famosos como Shakespeare e Nero. Olhava para minhas mãos quase sempre, e desviava o olhar assim que percebia que eu estava vendo.

Quanto mais tempo eu passava saindo com Pan, mais eu queria sair de vez daquela casa e passar as 24 horas dos meus dias ao lado dele.

Num dia peculiar, no parque, Peter e eu estávamos na pequena ponte. Por baixo da mesma passava um pequeno riacho onde víamos nossos rostos refletidos.

– Adivinha o que eu vejo. - Ele falou de repente, me surpreendendo.

– Nossos reflexos? - Perguntei rindo um pouco e olhando para o Peter na água.

– Errou. - Disse olhando para mim, enquanto apoiava-se no corrimão.

– E o que você vê? - Perguntei interessada, vendo-o balançar a cabeça negativamente. - Não vai me contar? - Eu disse rindo um pouco e vendo-o dar de ombros.

Era verão, e o sol que estava se pondo deixava a pele de Peter alaranjada, e seus cabelos ainda mais belos ruivos, e suas sardas mais notáveis. O verão era a estação de Peter Pan.

Ele me deixou perto de casa, como estava se acostumando a fazer, e beijou-me a testa ao se despedir. Depois daquele dia na varanda da biblioteca, Peter nunca mais me beijou. Eu não constumava pensar muito sobre aquilo, mas me incomodava a distância estabelecida entre nós. Eu queria estar abraçada a ele, sempre e um pouco mais.

Mais uma vez o dia de visitar o hospital chegou, e eu reencontrei Ethan. Queria conseguir ler algum de meus textos para ele, mas não conseguiria. Assim como não conseguiar parar de falar sobre Peter Pan e nossos encontros. Ethan era realmente um bom ouvinte, e estava se recuperando muito bem.

– Mary... - Ele chamou num momento onde eu silenciei. - Você pode segurar a minha mão? - Pediu com a voz baixa e quase tímida. Segurei a sua mão já não tão magra quanto antes e o vi fechar os olhos.

Um longo silencio se fez, mas não era um silencio tenso, era agradável, confortável.

– Você é tudo o que eu tenho agora, Mary. - Ele confessou, um tanto triste. - Não sei o que vou fazer quando sair daqui. Não sei para onde vou. - Sua voz foi se perderdendo naquela uqe achei ter sido a maior frase que ele havia me falado.

Alisei a sua mão compreensivamente e lhe sorri.

– Vai ficar tudo bem. - Garanti-lhe vendo-o me encarar. - Eu não sou apenas um rostinho bonito, gentil e que gosta de ler. - Brinquei fazendo-o rir um pouco.

– Você pode me trazer um? - Pediu com educação.

– Um livro? Claro! - Falei. - Que tipo de livro você gosta?

Ethan tinha um sorriso bonito, um jeito terno e doce. Estar com ele era um oásis de serenidade. Debatemos sobre um bom livro que eu pudesse trazer para ele. A hora da visita se passou rápido e logo eu estava na minha bibliteca.

Caminhei até a escrivaninha do meu avô com um ar nostálgico pior que nos outros dias. O caderno havia acabado e eu precisava pegar outro. Escolhi um pequeno, capa de couro claro e folhas um pouco mais grossas que o comum.

Eu queria fazer algo especial. Deixei a primeira folha em branco e na página seguinte eu fiz questão de refazer a citação do Vô Tom.

"Uma página em branco num caderno é uma obra de arte, mas todas é desperdício."

Pulei mais uma página imaginando o que meu avô gostaria de ler.

"E diferente das flores durante a primavera

que florescem lindas e estonteantes

no agradável calor pós-verão,

eu floresci numa noite chuvosa de inverno."

As palavras que me vinham na mente eu logo escrevia, e tudo que escrevia eu relia. Não sabia se estava escrevendo para o meu avô ou para Peter Pan.

Conforme o sono chegava, minha imaginação melhorava e eu tinha menos energia para escrever. Que paradoxo desagradável me parecia. Eu queria escrever, as ideias geniais estavam na ponta da língua, mas não conseguia.

Desisti depois de pouco tempo, pegando um livro qualquer no caminho para a saída da biblioteca. Fui para o meu quarto tomar um banho quente, deitei na cama com apenas o abajur da cabeçeira aceso, e só então chequei o livro que havia pego.

"A Parisiense"

Era narrado por um homem americano que se apaixona por uma parisiense por mês. Conforme o tempo passava ele encontrava características que o fez se apaixonar, como a maneira que mordiam um croissant, ou como seguravam uma xícara de café. Depois fazia comparações, a mesma mordida do croissant era usava para morder a fronha durante o sexo, a maneira de segurar a xícara era usada para se despir.

Eu dormi no momento em que o homem encontrava uma moça inglesa. O livro estava acabando e tudo estava muito óbvio, mas pretendia terminá-lo.

No dia seguinte eu fiz algo que há muito não fazia. Caminhei no jardim lendo um livro agradável. A Primavera estava acabando, e as flores estavam no auge de sua beleza. Sentei-me na grama e li o livro até a sua última folha. Era uma boa história, contada de uma boa maneira. Mas não me fez rir ou chorar. Eu olhava para a capa, melancolicamente, talvez um pouco decepcionada.

– Não está dando certo, não é? - Ouvi a voz de Peter falar atrás de mim. Virei-me sorrindo instantaneamente.

– O quê? - Perguntei.

– Rir e chorar com um livro. - Esclareceu sentando-se ao meu lado.

Ele colocou uma mão por trás do meu corpo e apoio o outro cotovelo no joelho.

– Sabe, eu posso dar um jeito. Vou te encontrar uma história que te faça rir e chorar ao mesmo tempo. - Disse confiante de si mesmo.

– Ah é, Sr Pan? - Brinquei. - E o que faz pensar isso? - Perguntei quase como um desafio.

– Você acretida em mim, Mary Thatcher? - Perguntou segurando a minha mão e me sorrindo com aquele brilho nos olhos.

– Eu acredito em voce, Peter Pan. - Respondi, estranhamente confiante de minhas palavras.

O tempo é a única excessão para o efêmero.

O tempo passa sempre igual, mesmo que diferente em lugares diferentes.

Todos os dias têm aproximadamente vinte e quatro horas. Todas as horas tem aproximadamente sessenta minutos, cada minuto tem sessenta segundos, e assim por diante. Mas o tempo que passei com Peter Pan pareceu uma excessão muito desagradável.

O tempo ao lado de Peter foi mágico, e parecia parar. Mas quando ele ia embora, parecia ter passado anos desde que o vira a última vez.

O verão chegou sem demora e a Inglaterra parecia mais linda que nunca naquele ano. Gancho, o meu lindo ruão, eu doei para um garoto em recuperação de um acidente, um tal de Ethan. Foi o melhor presente que já dei a alguém.

Ethan recebeu alta no início do verão e cavalgava Gancho sempre que podia. Não cansava de me agradecer. Admito que o cavalo rosado me fazia falta, mas o sorriso de Ethan e a sua satisfação eram tudo o que eu podia pedir.

Decidi que entraria para a universidade naquele outono, faria pedagogia. Eu queria ensinar as pessoas, queria lidar com crianças. O mundo se movimentava novamente, e era tudo graças a Peter Pan e sua invasão.

Foi naquele verão que eu encarei os meus pais e fui contra todas as regras da alta sociedade. Eu saí de casa. Peguei todo o dinheiro de pensão que eu merecia por lei e comprei um apequena casa um bairro de classe média não muito longe da universidade onde eu escolhi estudar.

Louis apoiava-me, assim como Mark e Peter, e tudo parecia absolutamente perfeito.

Ouvi alguém bater a porta e não me demorei a abrí-la. Encarei o meu lindo ruivo dainte dos meus olhos.

– Mereço um bolo, não mereço? - Perguntou apontando a cerca que havia acabado de fazer. Peter Pan havia construío e pintado a cerca da minha casa, e esta ali suado, sem camisa e melado de tinta diante dos meus olhos.

– Merece um banho. - Eu corrigi rindo um pouco. Não demorou para que ele saísse do banheiro limpo e cheiroso, e um fato maravilhoso me invadiu a mente. Peter Pan estava tomando banho no banheiro da minha casa.

Comeu o bolo que eu fiz em minha cozinha.

– Em quê está pensando? - Ele perguntou depois de algum tempo e encarando. Eu neguei com a cabeça e ri nostálgica. Há quase um ano eu conhecia Peter Pan, e ele virou a minha vida de cabeça para baixo.

– Bem, se não quer dizer, eu tenho uma novidade. - Disse sorrindo de canto, segurando um sorriso muito maior. Seu rosto ficou docemente mais avermelhado antes que começasse a falar. - Eu não sou mais um menino perdido. - Anunciou. - Eu saí, eu escolhi o mundo real. Eu escolhi você, Mary. - Falou desviando o olhar, envergonhado. - Eu quero saber se você pode... se você quer... Se... - Ele gaguejava, tão lindo. - Se nós...

– Sim, Peter. - Eu falei calando-o. Peter me encarou surpreso e eu segurei a sua mão. - Onde está o galanteador que conheci invadindo a minha casa? - Perguntei sorrindo.

– Eu não sei. O que fez com ele Thatcher? - Perguntou sorrindo de canto, mas com um ar sério e concentrado.

– Eu não sei. O que eu fiz? - Perguntei sorrindo, até que ele se levantou. Eu também levantei, e ali na minha cozinha Peter Pan segurou as minhas duas mãos.

– Me disse para roubar algo que eu realmente queira. - Falou quase num sussurro que arrepiou-me a espinha. Estava se aproximanto do meu rosto de modo embriagante.

– E o que fez? - Perguntei no mesmo tom.

– Deixei que me roubasse, Mary. - Falou. - E nunca havia sido tão feliz antes. - Declarou.

– E porque não me beija, Pan? - Perguntei olhando fixamente para seus lábios finos, imaginando o quão macios poderiam ser. Ele sorriu de canto, os olhos concentrados em minha boca, até que finalmente me beijou.


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Notas finais do capítulo

Então pessoas... Eu acho que escrevi este capítulo para a Gengibre (que mudou de nick, mas tudo bem), mas estou realmente feliz de voltar. Não consegui escrever uma continuação para o capítulo anterior, e talvez a minha escrita esteja meio enferrujada, me perdoem.
O final está bem próximo e eu SEI que vocês não vão gostar... Então quando ele chegar, não me matem...
P.S.: Estou escrevendo sem o Office, então os erros gramaticais devem estar irritantes, fiquei com preguissa de reler tudo para corrigir! Desculpa!
P.S.2: Digam-me, devo escrever algo mais "caliente", ou vamos continuar com o mais romântico e certinho?
Beijos,
Evie.



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