Bia subiu as escadas correndo na direção do quarto das meninas. Bel seguiu para a cozinha à procura do namorado, enquanto Thiago e Binho correram para o pátio para avisar às meninas mais novas do ocorrido. E foi assim: em questão de minutos todo o Orfanto já estava sabendo do acidente de Mosca

[No quarto...]

_Como assim, Bia? O que aconteceu?_ perguntou Vivi preocupada assim que a loira contara a notícia.

_Eu também não faço a mínima ideia. A Carol acabou de ir pro hospital com o Duda e o Juca._ completou a mesma cabisbaixa.

_Uau..._ exclamou a modelo mirin refletindo sobre o ocorrido nas últimas horas. "Puft". Viviane e Betriz olharam na direção da cama da segunda, onde Mili estava. Porém a morena havia desmaido e caído no chão.

_Mili!_ gritou Bia_ Acorda por favor!_ implorou abanando o rosto da amiga.

_Vamos colocá-la na cama._ propôs Vivi e assim foi feito. As duas colocaram Mili na cama de Beatriz_ Vou buscar um pouco de água e chamar o Chico!

[No hospital...]

_Os responsáveis do Felipe?_ chamou um médico com uma prancheta na mão.

_Sou eu._ respondeu Carol se levantando acompanhada de Duda e Juca.

_Eu tenho notícias do garoto.

_Como ele está? O que aconteceu?_ perguntou a diretora preocupadissima com o menino.

_Eu serei bem direto: Felipe está em um estado de risco! Perdeu muito sangue quando foi atropelado. Creio ainda que a ambulancia demorou muito para chegar no local do acidente._ doutor Elinton pronunciou cabisbaixo_ Não podemos seguir com a cirurgia... É muito arriscado!

_Mas doutor você não pode deixá-lo morrer!

_O sangue dele é do tipo O. Não temos bolsas de sangue o suficiente, porém já informamos a nossa outra rede e eles já estão a caminho daqui._ concluiu o homem com cabelos negros sem saber o que dizer depois daquilo. Carolina apenas deu meia volta e se sentou, novamente, na cadeira da sala de espera.

_Juca, liga pro Junior e pede pra ele vir pra cá o mais rápido possível!_ pediu a moça e o moreno assim fez...

***

_Chico! Chico!_ gritou Vivi entrando desesperada na cozinha.

_O que aconteceu Vivi?_ perguntou o cozinheiro assustado.

_A Mili: Ela desmaiou!

***

As horas se passaram e eram cerca de onze da noite. Parte dos órfãos já dormiam, porém, Mili, Pata, Bia, Vivi, Thiago, Binho, Rafa, Samuca e Bel aina aguardavam notícias de Mosca. Janu também estava ali, pois havia sido informada do acidente do namorado. Apesar de não se sentir a vontade no Orfanato aceitou o convite dos órfãos.

_Já tem três horas que ninguém liga!_ exclamou Pata eufórica enviando mais uma mensagem no celular de Carol.

_O Juca não me atende e nem responde as minhas mensagens!_ completou Vivi.

_Nem o Duda._ confirmou Samuca deixando todos mais preocupados. Até que...

"Trilim- trilim"

Beatriz se apressou para pegar telefone, que estava sobre a mesa de centro da sala.

_Alô?... Oi Carol... Aham... E como ele está?... Meu Deus!... Os meninos vão voltar?... Eu sei... Sim, ele tá aqui!... Tá eu aviso!... Okay... Podem ir quantos?... Okay! Já estamos indo!... Beijos... Tchau._ ao desligar a chamada a loira parecia aliviada.

_E aí? Como o Mosca tá?_ apressou-se Thiago agitando Bia.

_Ele tá bem!_ respondeu a mesma impaciente_ A Carol pediu pra gente revezar nas visistas._ dito isto uma baderna se formou no local_ Silêncio... Silêncio... CALEM A BOCA PORRA!_ gritou a garota mais uma vez impaciente fazendo todos se calarem_ O Junior vai voltar com o Juca e o Eduardo e só podem ir mais três pessoas para a visita. A Carol avisou que o junior vai levar a gente pro hospital.

_Ótimo! E quem vai?

_Eu é claro! Sou irmã dele!_ disse Pata com autoridade_ Os outros três vocês decidem._ e assim iniciara mais uma baderna entra os órfãos.

_SILENCIO!_ gritou Bia, mais uma vez_ Vão a Pata, a Mili e a Janu!_ decidiu a menina.

_E por que elas?_ reclamou Thiago.

_Porque sim!_ respondeu a menina rudemente antes de voltar a se sentar ao lado da melhor amiga_ A Pata e a Janu devem ir, porque são irmã e namorada do Mosca! E a Mili vai porque é a única que não reclamou._ mentiu e Milena percebeu o favor que a amiga queria fazer por ela.

_Obrigada._ sussurrou a morena no ouvido da loira.

_Disponha!_ as duas riram e em seguida se abraçaram.

***

_Mosca!_ exclamou Milena ao entrar no quarto onde o garoto estava. Este estava deitado na cama forrada com lençol branco tomando soro na veiae respiraneo com a ajuda de aparelhos_Por quê? Por que isso tinha que acontecer com voce?_ as lagrimas, que antes estavam presas, tomaram conta do rosto da morena. A mesma correu até o menino e o abraçou. Todos os momentos que passaram juntos rodeavam sua cabeça_ Eu sempre neguei o que sinto por você! Tanto pra você quanto pra mim... E eu te perdi. Voce nunca vai me perdoar, eu sei. Mas eu te amo! Muito mais do que imagina. Não me deixa, por favor!_ Mosca continuou intacto sem mexer um músculo_ Eu te amo._ disse Mili o abraçando com mais força. A menina se lembrou, enyao, de seu primeiro beijo...

"Mosca limpou as lágrimas dos olhos da morena e levantou seu rosto fazendo-a o encarar. Mili olhava pra ele como se estivesse arrependida de algo que sequer fez. E lá estavam os dois: o casal mais complicado do Raio de Luz. Os olhos de Mili já estavam marejados de lágrimas outra vez. Mosca, então, a beijou. A princípio, a morena se espantou, mas, aos poucos, foi fechando os olhos. Um lágrima escorreu do olho esquerdo pelo rosto de Mili. Era seu primeiro beijo, embora não fosse necessariamente um beijo. Mosca deslizou as mãos até a cintura da garota e esta apoiou as mãos sobre o peitoral do moreno. E ficaram ali por um BOM tempo! Em um beijo que não era nem um selinho nem um "beijão'. A penas um beijo comum. Um beijo romântico, esperançoso e, principalmente, sincero. Sem ninguém para atrapalhar, sem ninguém para interromper. Apenas Milena e Felipe. Apenas Mili e Mosca."

Ao se lembrar daquilo, Mili resolveu fazer algo que nunca faria em sua vida. Levantou o rosto, antes apoiado no peito de Mosca, e selou seus lábios aos dele. Era como se o beijo pudesse livrá-la da dor e do peso que carregava nas costas há anos...

***

Era tarde. Os órfãos já estavam dormindo, com exceção de Duda, Juca, Vivi e Bia. Ambos os quatro estavam na sala. Duda jogava vídeogame contra Bia enquanto Vivi e Juca se beijavam "ferozmente " no outro sofá.

_Será que dá pra vocês se comerem em outro lugar?_ reclamou Beatriz irritada com a cena do casal.

_Deixa de ser marrenta, Bia!_ contradisse Juca saindo de cima da namorada fazendo a loira arquear a sobrancelha_ Qual é maninha?

_"Qual é" digo eu! Você acha bonito ficar comendo a sua namorada na sala de estar?

_Nós só estávamos nos beijando!_ corrigiu o moreno angustiado.

_Ah claro!_ concordou Beatriz sorrindo sarcasticamente_ Se eu não falasse nada, vocês já estariam arrancando as roupas um do outro!

_Chega!_ exclamou Vivi se levantando do sofá e seguindo na direção da escada_ Eu vou dormir. Você vem?_ perguntou se dirigindo ao namorado. Este assentiu e a seguiu.

_O Juca tá certo: você tem que deixar de ser marrenta!_ avisou Duda largando o controle remoto do vídeogame.

_Você queria que eu deixasse eles se comerem?

_Eles não estavam se comendo... só namorando. É isso o que os namorados fazem!

_Não é não!

_Como você sabe? Você já teve algum namorado?_ indagou o loiro a encarando.

_S-sim. É claro! Muitos._ mentiu Beatriz. A menina nunca engatara um relacionamento sério ou ficara com algum garoto.

_Ah é? E quem eram eles?

_O... o... Manuel do 3º B!_ inventou.

_Não tem nenhum Manuel no 3º B.

_Claro que tem!

_ Fala a verdade Bia:você é BV.

_Não sou não!_ exclamou tentando disfarçar. Infelizmente ela não conseguia olhar nos olhos do loiro e não parava de retorcer as mãos.

_Você não sabe mentir.

_Você vai me zuar, não vai?

_Claro que não! Existem muitas garotas iguais a você.

_"Iguais" como?

_Em busca do garoto perfeito!_ explicou Duda se aproximando da menina_ Alguém que faça voce se sentir especial. Que te deixe nas nuvens..._ e ele se aproximou mais e mais da loira, porém esta recuou.

_Talvez.

_E qual é o seu tipo?

_Meu tipo?_ o garoto assentiu e Bia riu sarcasticamente_ Eor que iisto te interessa?

_Eu só quero saber.

_Mas não vai!

_E por quê?

_Por que você é um menino!

_Não seja por isso!_ Duda parecia se ajeitar no sofá cruzando a perna esquerda sobre a direita_ Meu nome é EduardA, com A no final! Eu gosto de rosa e do Justin Bieber. Vamos ser Best Friends Forever?_ brincou afinando a voz, fazendo Beatriz cair na gargalhada_Eu gosto de te fazer rir._ revelou sem querer. Os dois se encaram por um tempo, até a loira jogar uma almofada nele.

_Olha EduardA, eu não gosto do Justin Bieber. Nem de rosa.

_Como não? Ele é meu ídolo! Meu marido!_ Bia parecia se divertir com a brincadeira do loiro _ Você é louca! Só pode.

_Você daria um belo de um gay, sabia?

_Tá louca?_ gritou Duda alterando o tom de sua voz.

_É brincadeira!_ disse ela se jogando no sofá_ Mas, se você fosse meninA, seria daquelas garotas bem oferecidas. Sabe, quase uma puta.

_Já deu!_ Duda estava começando a ficar vermelho.

_Tá parei!

O silêncio reinou ali. Beatriz e Eduardo continuavam a se encarar, ainda que sem dizer uma palavra sequer. Sabiam que sentiam algo um pelo outro. Só não sabiam o que era.

_Que horas são?_ perguntou ela na tentativa de quebrar o gelo.

_Onze e quarenta. Por quê?

_Meu Deus!

_O que foi?_ perguntou o loiro confuso observando a menina mudando os cabos da TV desesperadamente.

_Hoje começa a maratona de quarenta e oito horas de Big Bang The Theory._ explicou a menina trocando os canais.

_E eu posso assistir com você?

_Se você quiser...

_Legal._ Duda se sentou no sofá inquieto. Ele ficara angustiado por ter perdido sua chance de sair com Beatriz_ A gente podia deacer dois colchões e assistir e já dormir por aqui. Amanhã é sábado! Acho que a Carol não vai...

_Excelente ideia!_ concordou ela assim que encontrara o canal certo da série_ Você pega os colchões, os travesseiros e as cobertas e, eu, pego alguma coisa pra gente comer!

E assim foi feito: Duda foi até o quarto dos meninos para pegar as coisas e Bia foi para a cozinha separar algum lanche e preparar a pipoca.

***

Janu andava de um lado para o outro enquanto chorava. Mili bebia um pouco de água e Pata dormia nos bancos da sala de espera. Ao perceber como a loira estava nervosa, Mili se aproximou.

_Janu, não fica assim!_ a morena a abraçou. Janu apenas retribuiu seu abraço e começou a chorar em seu ombro.

_Ele não pode morrer, Mili! Não pode!

_Ele não vai morrer!

_Como você tem tanta certeza?

_O Mosca é forte, Janu! Ele não vai! Eu sei que não!

As duas voltaram a se abraçar. Ambas sabiam dos sentimentos que nutriam por Mosca e compartilhavam a mesma dor, o mesmo sofrimento.