Winged escrita por Princesa de Genovia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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E lá vamos nós de novo, pensou a menina.

Seu coração quase saiu pela sua boca quando escutou o barulho das hélices do helicóptero em seu encalço.

O seu plano de voar para o mais longe possível havia dado miseravelmente errado. Aquela noite nublada com névoa, sem um mísero resquício de luz, seria perfeito para despistá-los. Contudo, eles eram mais espertos do que pensava.

Os Caçadores estavam perseguindo-a a mais de um ano. Ela pensou que os deixariam tão frustrados que a esquecessem de e procurariam outro alvo, mas esse sentimento talvez o impulsionem a mostrar o quanto eram determinados a aceitar e ganhar o desafio. Se fosse um desafio.

Ela forçou suas asas a baterem mais rápido, dando uma distância “segura” para pensar em um meio de fugir dessa perseguição em alta velocidade. Ainda assim, a garota sabia que não iria voar rapidamente por muito tempo. Mesmo tendo asas fortes, grandes e potentes, não tinha energia suficiente quanto um helicóptero para durar horas ou dias no mesmo ritmo. Além disso, não comia bem à muito tempo, pois não podia se arriscar andar na luz do dia e se dedicava a abrir distância à noite. Ela não sabia o que era comida a um ano e meio e sua barriga roncava ao pensar em um grande cheese burger com batatas fritas, milkshake de morango e barras de chocolate.

A garota segurou seu estômago que rugia como um leão faminto. Precisava se concentrar em fugir, depois pensava na comida. Sua atenção devia estar totalmente focada em um meio de escapar deles. Algo que possa escondê-la momentaneamente como... a névoa! Claro, isso poderia ajudar.

Impulsionou-se para o alto e desapareceu por entre as nuvens. O barulho das hélices ainda estava perto, mas pelo menos eles não poderiam enxergá-la, certo?

Errado!

Quando ouviu um barulho de disparo, ela o0lhou para trás bem a tempo de ver uma rede de ferro voando em sua direção e só deu tempo de inclinar-se para a direita.

Seu coração estava disparado e sua respiração ofegante. A força já estava se esgotando, assim como suas ideias. Se pelo ar ela não tem chance, melhor que seja no chão.

Seu olhar esquadrinhou uma falha na floresta grande o bastante para descer. O problema seria o pequeno espaço entre as árvores que a impediria de abrir totalmente suas asas, mas ela pensaria nisso depois.

Sem pensar duas vezes, ela mergulhou com as asas fechadas junto ao corpo e as pernas esticadas como uma flecha, dando mais velocidade. O vento rugia em seus ouvidos e quase um metro acima do chão de grama, ela abriu as asas e planou com dificuldade até a floresta fechada novamente, onde se empoleirou em um galho, recuperando o ar.

O helicóptero voava em círculos cada vez maiores até ficar para trás. Ela suspirou de alívio e quase sorriu ao pensar no quão idiota foi entrar em desespero.

Então seu braço começa a arder. Ela se sobressalta e grita de dor, recolhendo o membro pra junto do corpo.

Ela foi atingida por uma flecha.

- Eu achei! – gritou um homem ao pé da árvore, apontando a arma em sua direção. – Ela está aqui!

Sem pensar duas vezes, a garota voou para longe do caçador e quase não conseguiu desviar de uma árvore por tentar arrancar a flecha de seu braço, o qual se fechou como se não houvesse sido acertada. O sangue dourado manchou sua blusa branca.

O ronco de motores chamou sua atenção e entrou pânico quando viu cinco carros com vários homens bem armados de flechas, bestas e outros brinquedos perigosos.

Ela não podia ser capturada. As histórias que ouviu sobre o que os caçadores faziam com as pessoas da sua espécie era o pior pesadelo de um pesadelo. O modo como torturavam e arrancavam suas asas passava além da imaginação de qualquer pessoa e não era possível existir alguém tão cruel quanto eles.

Tomando distância, a garota virou-se de costas e bateu as asas com sua força total, criando um vento tão forte que virou dois carros. Mesmo assim, isso não os impediu de seguir em frente e ela, de usar sua última carta na manga.

Fechou os olhos por segundos e, quando tornou a abri-los, suas pupilas, íris e córneas estavam brilhando com uma luz azul que descia em arabescos até a ponta de seus dedos das mãos e pés.

Ela mirou as palmas das mãos nas árvores grandes e um raio de luz azul derrubou-as nos outros dois carros. Por poucos segundos o quinto carro não bate e a deu mais tempo de se recuperar. Esse tipo de poder cosumia toda sua energia.

Arfando, ouve um barulho – o murmúrio constante de água correndo. Logo à frente, havia um penhasco com uma cachoeira formando um lago extenso. Com mais duas batidas de asas, a garota mergulha rente à cachoeira, mas antes que pudesse chegar na metade de sua extensão, uma rede de ferro a engloba em um abraço doloroso e cai na água.

Seu corpo afunda lentamente. Suas tentativas de tirar a rede falham e queimam sua pele que são curadas imediatamente. A sensação era de que estava presa em um saco em chamas e jogavam álcool tanto para aliviar, quanto para incentivar ainda mais o fogo. O ar lhe escapava pelos pulmões, sua visão escureceu e desmaio.

A primeira coisa que ela se lembrou depois de vomitar água foi: Estou viva! Merda.

Ela tinha lembranças de algumas coisas depois de ser capturada.

Depois que a tiraram do lago, ela se engasgou com a água em seus pulmões. A rede ainda queimava o seu corpo. Várias vozes de homens falavam aleatoriamente e não entendia quase nada.

- Não. – sussurrou a garota. – Não, por favor.

Ninguém a escutou. Parecia que estavam tendo uma discussão séria.

- Não façam isso – ela tentou novamente balançando a cabeça. – Por favor.

Uma lágrima pulou de seus olhos.

Ela já estava quase recuperando os sentidos e tentava se libertar novamente, mas um homem percebeu e socou-a no rosto, quebrando seu nariz e fazendo-a desmaiar.

Os roncos do motor a acordaram. Contudo, seus pensamentos estavam confusos e sentia uma forte dor de cabeça e no nariz. Suas mãos, pernas e asas estavam amarradas por uma corda e a rede não a cobria mais. Estava na caçamba de um carro e dois homens com arcos e flechas na mão conversavam. Seus olhos pesavam e acabou cedendo a escuridão.

Agora estava sendo carregada como um saco de batata por um corredor de paredes e piso cinza com números e palavras grandes em amarelo distribuídas no meio de cada parede. As luzes eram fortes e havia dois guardas com máscaras atrás. O homem que a carregava mancava e o balanço a fez apagar novamente.

Mais tarde, ela acordou deitada em uma cama de bruços. Suas mãos e pernas estavam fortemente amarradas e o encosto de cabeça era parecido com os de massagens, mas a impedia de levantar para olhar em volta.

O lugar parecia pequeno. O chão era de cimento com várias penas coloridas espalhadas e sangue dourado seco.

Seu estômago se revirou. A garota puxava os braços para soltá-los desesperadamente, assim como suas pernas.

- Não, não, não, não, não – repetia para si mesma.

Seus pulsos doíam com o esforço. Ela batia as asas para ajudar, porém nada arrebentava as amarras de couro.

– Socorro! Tirem-me daqui! – ela gritou. Lágrimas de desespero pingavam no chão.

Ela preferia estar morta a ter um fim como aquele. Morta... Por que eles não a mataram, afinal?

Todos os momentos em que fugia. Seria muito mais fácil para eles acertarem seu coração e a levassem.

- Ora, ora, ora – disse um homem em seu lado esquerdo. Ela só conseguia ver a ponta de seu sapato social de couro marrom. – Você está atrasada.

- Desculpe pelo atraso – ela disse. – Eu não queria vir.

O homem riu.

- Até que enfim conseguimos capturá-la. Você deu muito trabalho, sabia? Mas não tem problema, por que hoje eu vou arrancar suas lindas asinhas e moldurá-las na parede de minha lareira. Certamente ficará lindo.

- Minhas asas não são de enfeite, seu mortal nojento. – rosnou a garota.

- Mas agora são – ele riu.

Seus passos ecoavam pelo ambiente e o homem acariciava as penas com desejo.

- Eu tenho muitas asas bonitas em minha sala, sabe? Mas nenhuma é tão bonita e grande quanto as suas.

- Que sorte a minha – murmurou para si mesma revirando os olhos.

- Desde a primeira vez que a vi voando, eu me apaixonei. Não me importava quanto tempo iria demorar a consegui-las. No fim, eu sempre consigo o que quero.

- Você é maníaco mimado. Quando eu sair daqui, eu vou arrancar sua cabeça com os meus dentes!

- Uau, você é um pássaro raivoso!

- Não me chame de pássaro, mortal inútil. Você ainda não viu nada do que sou capaz. O que você acha de me soltar para te mostrar uma forma muito divertida de tirar esse seu sorriso da sua cara de babaca?

O homem gargalhou e o som a fez querer arrancar todos os dentes dele.

- Creio que isso não será possível, canarinho.

- Vai para o inferno!

- Seja mais educada ao falar comigo, Alada – ralhou o homem.

- Por favor, dirija-se para os aposentos do Diabo, mortal psicopata. – corrigiu ela com ironia. – Melhor agora?

Ele trincou os dentes.

- Chega de conversa. Agora vou poder pegar o que é meu por direito.

- As asas são minhas por direito e você não pode tirá-las de mim!

- Não só posso como vou – sussurrou o homem perto de seu ouvido. – Desde que você foi capturada pelos meus homens, você me pertence e posso fazer o que quiser.

- Vai se ferrar!

- Diga adeus a suas penas, Alada. – o homem riu.

Uma porta foi fechada com força para depois abri-la momentos depois, onde entraram mais homens.

Metais batiam em metais e passos ecoavam pelo ambiente.

- Bisturi, por favor. – pediu outro homem.

O desespero invadiu a garota.

- Não – implorou ela. – Não, por favor. Eu imploro, não façam isso. Por favor, e-eu faço qualquer coisa. Posso dar ouro e joias e fazê-los mais ricos do que são. Não cortem minhas asas, por favor! Não, não...

O instrumento cirúrgico cortou sua pele e a dor a invadiu com uma intensidade arrebatadora. Ela gritou de dor e lágrimas começaram a cair de seus olhos.

O bramido ensurdecedor ecoou pela sala. Seu corpo tremia e a carne era cortada mais fundo. Um líquido quente escorria pelas laterais de suas costas.

A tortura, no final, ficou com a melhor. Ela sentia seus batimentos cardíacos diminuindo, os sentidos ficaram confusos, a visão escurecia e não sentia nada além de dor quando fechou os olhos.


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