O mundo contra nós. escrita por Hippie Anônimo


Capítulo 7
Um problema a mais.




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Destranquei a porta devagar, mas a tal pessoa (ou zumbi) empurrou a porta com tanta força tentando entrar que me derrubou no chão, cai sentada mas fiquei tão assustada que me encolhi no chão tampando os olhos igual uma criança. Ouvi a porta se trancando de novo e uma voz afobada, respirando rápido demais.
–Breno ele enlouqueceu! Me ajuda pelo amor de Deus!
Em seguida a luz voltou. Eu abri os olhos e pude ver, era uma mulher, parecia mais velha que Breno, ela tinha cabelo azul desbotado curtinho e estava chorando muito e abraçando Breno. Nicolas estava sentado no chão, com a mochila entre as pernas, com as mãos estendidas segurando uma lanterna ainda acessa sem entender o que estava acontecendo. Emmy estava logo atrás de mim, em pé só observando com uma cara de curiosa. Breno a abraçava ainda com a lanterna e o martelo na mão, ele soltou o martelo ali mesmo fazendo um barulho ao cair no chão e em seguida desligou sua lanterna, colocando-a ao lado da pia da cozinha.
–Calma Cristina, respira. Não me assuste assim.
Ela afastou seu rosto colocando a mão na cabeça. O olho dela estava horrível, havia um hematoma muito escuro de um lado, o rosto dela estava todo arranhado.
–Puta merda, não acredito que ele fez isso! Nicolas, corre lá no meu armário e pega o Kit de Sobrevi... Quero dizer, primeiro socorros, agora!
Nicolas levantou rapidamente de uma maneira desajeitada, mas fez o que Breno pediu. Eu esqueci naquele momento o que estava acontecendo e quis ajudar aquela mulher, ela parecia horrível. Raciocinei que o marido, namorado ou seja lá quem for bateu nela por algum motivo, deveria ser eles o casal que estava discutindo quando a luz acabou.
Me aproximei da mulher, ela estava sentada no chão a frente da geladeira, inconsolável.Não sabia como ajudar. Emmy estava preocupada também e se aproximou. Nicolas entregou o kit para Breno e em seguida foi desligar o resto das luzes.
–Olha Cristina, eu vou limpar esse machucado ai, tenta se acalmar por favor.
–Desculpa Breno, todo esse desastre acontecendo e eu aqui atrapalhando você, é melhor eu ir, -Disse a mulher tentando se levantar.
Breno pegou em seu braço e a puxou de volta
–Você não vai a lugar nenhum nesse estado, e com tudo acontecendo lá fora não sou nem louco de deixar você sair assim, agora fique quieta e deixe eu fazer esse curativo? Por favor, eu preciso te ajudar...
Ela deu um sorriso sincero e começou a chorar de novo, limpando as lágrimas e concordando com a cabeça, eu estava quase chorando com tudo aquilo, não sei porque mas eu estava emocionada, como aquela sensação de quando assistimos Marley & Eu, meu pai definia como "um choro que não sai, porque seria muito bobo se alguém visse".
Ouve um momento de silêncio, ele limpou, colocou alguns curativos mas nada muito profissional, apenas o básico.
–Nossa Cristina,o que aconteceu?
–Foi o Eduardo! Ele me espancou! Ele estava andando muito nervoso desde ontem, começou a vomitar e estava febril desde hoje de manhã, ele se recusou a ir no hospital e faltou ao trabalho, eu estava passando um pano úmido nele quando a luz acabou e ele sustou, colocando a culpa em mim, tipo, como se eu tivesse culpa! E do nada ele começou a me bater! Eu não sei o que fazer Breno, eu só vim correndo até aqui porque não sabia a quem ir! -Desabafou a pobre mulher começando a chorar incontrolavelmente.
Nicolas e eu nos olhamos, estávamos com certeza pensando a mesma coisa, será que o tal de Eduardo foi infectado? Eu fiquei sem reação.
–Senhora, ele ja havia te batido antes? - Perguntei colocando a mão sobre a cabeça dela.
–Nunca sequer encostou o dedo em mim, ele odeia violência. As vezes discutimos por coisas bobas, mas ele nunca foi do tipo que bate, não mesmo.
A luz estava voltando a falhar, Breno estava em silêncio e olhando para baixo com o punho fechado, parecia que estava preparado para bater em alguém.
Nicolas levantou, fechou o zíper de sua mochila, pegou sua lanterna e o martelo que estava no chão.
–E agora Breno? O que faremos?
Ouve um silêncio, apenas dava para ouvir a respiração ofegante de Cristina, segundos depois, ouvimos dois tiros do lado de fora, Nicolas foi correndo para a janela, levantei rapidamente e fui para a janela junto dele observar a rua. O mesmo carro de polícia que havia visto mais cedo estava com as portas todas abertas, os faróis estavam acessos e não havia mais ninguém na rua.
–Breno, vamos embora, por favor! -Disse Nicolas em um tom alto.
Breno continuava na mesma posição, imóvel, como se estivesse em choque.
Nicolas voltou a cozinha com o passo pesado e bateu a mão na mesa da cozinha com muita raiva, nunca tinha visto ele daquele jeito, dando um susto em todo mundo.
–VAMOS EMBORA AGORA!
Eu estava muito assustada, eu nunca imaginei Nicolas assim.
Breno levantou com lentidão, chegou extremamente perto de Nicolas, os dois se encararam com raiva, jurava que os dois iriam se matar naquele exato momento. Breno então suspirou e disse de forma calma e clara
– Se você falar assim comigo de novo, eu juro que te torturo até a morte.
Ouve um silêncio ensurdecedor, até Cristina parou de chorar, Emmy estava quieta e só os observava.
–Vou deixa-los na casa de vocês. -Disse Breno. - E depois disso quero que vocês saiam da cidade e não me procurem mais.
Nicolas concordou com a cabeça, ainda o encarando. Eu concordei também, só queria sair daquele inferno.
–Ótimo, agora me dê esse martelo, vamos sair daqui. -Falou Breno puxando o martelo da mão de Nicolas.
–Calma, e Cristina? O que faremos com ela? -Perguntei.
–Não gente, eu estou ótima, não se preocupem. -Falou Cristina se levantando.
–Tem algum parente que mora aqui perto? Não vou deixar você com aquele doente. -Disse Breno.
–Minha mãe mora do lado do shopping onde você trabalha, você pode me deixa lá por favor? Se puder claro.
Breno olhou para mim, aposto que pensou a mesma coisa, lá estava um desastre, nunca daria para leva-la lá.
–Claro, mas primeiro vamos levar Nicolas para casa dele.
–Por mim tudo bem, qualquer coisa para sair desse inferno. -Falou Nicolas cruzando os braços.
–O que?!-Perguntei. -Você não viu o desastre que estava lá?! Me leva primeiro para a minha casa se for passar lá.
–Calma todo mundo, eu tive uma ideia. Cristina, você pode esperar aqui? Não abra a porta para ninguém. Eu preciso levar eles embora, se acontecer qualquer coisa com eles a culpa é minha, eles são menores ainda, não deveria nem tê-los trazidos. -Disse Breno mais calmo.
–Se for melhor assim, claro, sem problemas. -Concordou Cristina.
–Todos de acordo? Ótimo. Vamos embora.


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Notas finais do capítulo

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