Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai


Capítulo 2
O Misterioso Desaparecimento




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Em um armazém nas proximidades de Kyoto, um homem alto, esguio e absurdamente forte puxa uma caixa enorme atrelada a pequenas rodinhas de madeira. Apesar da expressão rasgada em seu rosto aparentar uma provável desistência da tarefa, o serviço para 3 ou 4 pessoas fortes era executado apenas pelo fortíssimo rapaz, sozinho.

Sua cara de mau, o cabelo espetado e a tira vermelha em sua testa suada lembram um antigo lutador muito habilidoso. O "Guerreiro Zanza", como era conhecido, usava o mesmo corte e adereços. O Kanji para a palavra "Mau" pintado às costas de seu kimono indica que ele não é flor que se cheire. Seu nome é Sanosuke Sagara.

As tarefas da manhã transcorriam de forma habitual, com os grupos homens grandes e fortes carregando e descarregando caixas pesadíssimas e organizando o bagunçado armazém. Próximo do horário do almoço um garotinho entra pela porta do armazém correndo e apitando: O esperado sinal de fim de expediente esvaziou todo o armazém em questão de segundos. Como que ansiosos para que o cansativo dia de trabalho terminasse, todos os outros funcionários do armazém largam seus carregamentos imediatamente. Sanosuke faz um ultimo esforço e termina de arrastar o enorme caixote que carregava. Abismado com seus colegas, olha ao redor e se vê sozinho no enorme armazém.

– Ratos! Se incomodam apenas com seus míseros salários... – Comenta consigo mesmo, agarrando uma toalha desbotada sobre uma cadeira de madeira.

– E é por isso que eles não ganham tanto quanto você.

Sanosuke vira-se para cumprimentar a seu admirador e lança um olhar de satisfação sobre o homem baixinho e quase careca, que sorri de volta como o homem rico e despreocupado que é. Seu nome é Hayo Takenshi, o dono do armazém.

– Oh... Bom dia senhor Takenshi. – cumprimenta, ainda sorrindo, Sanosuke.

– Sanosuke Sagara, o cara mais forte que eu conheço! vejo que você ainda não almoçou, não é? Boa tarde para você.

Takenshi vira-se para uma das caixas, e volta-se para Sano com um pequeno envelope. Ele o entrega ao funcionário e entra em sua sala cantarolando.

Sanosuke abre o envelope apesar de já imaginar o que a agradável surpresa contém: Dinheiro. Uma quantia considerável de dinheiro. Quando estava prester a entrar para agradecer ao empregador pelo adiantamento, lembra-se de que havia prometido a um velho amigo almoçar em sua casa no sábado, e ele já estava bem atrasado. Meteu-se armazém afora e saiu correndo em direção ao Dojo Kamiya, lar de seus adoráveis amigos Kenshin e Kaoru Himura.

5 minutos mais tarde, Sanosuke adentrava ao enorme portão do dojo, escorrendo suor e vermelho como um tomate. Na varanda lateral do prédio, pôde observar uma enorme quantidade de fumaça, parecendo um incêndio. Rapidamente pôs-se a correr novamente a fim de descobrir o que estava acontecendo. Ao contornar uma das laterais do prédio, distinguiu a figura Kaoru que golpeava a cabeça do jovem Yahiko Mioujin, já não tão jovem assim, que pedia desculpas incessantemente.

– Tá bom Kaoru! Eu já sei que a culpa foi minha. Se Kenshin não estivesse fazendo o SEU serviço, nada disso teria acontecido.

Sano voltou-se para a direita, onde seu amigo Kenshin recolhia a roupa do varal, alheio a toda aquela balburdia e fumaça. Sanosuke entendeu na hora o que havia acontecido. Kaoru, imaginou ele, havia deixado Yahiko cuidando do peixe enquanto Kenshin recolhia a roupa e o garoto aparentemente havia cremado o almoço de todos eles. Sano sorriu despreocupadamente e foi em direção a Kaoru para cumprimentá-la e a Yahiko também.

– Realmente o garoto não faz nada direito não é Kaoru? – Indagou, sorrindo.

– Socorro Sano... Essa maluca vai acabar me matando! - Bradou o jovem.

– Ah... Olá, Sano. O Yahiko destruiu nosso almoço inteiro e agora parece que não vamos ter o que comer... – Concluiu, tristonha, Kaoru.

– Pode deixar Kaoru. Vocês sempre pagaram minhas refeições e hoje é a minha vez. Vou ao mercado comprar outro peixe, talvez eu traga um pouco de tofú também.

Dizendo isso Sanosuke apartou um pouco da ira de Kaoru, que colocou Yahiko no chão e começou a limpar a sujeira que o garoto havia feito, como se nada daquilo tivesse acontecido. Quando Sano ia saindo Kenshin se aproximou do amigo e ofereceu ajuda para trazer o peixe e o tofú. Sano aceitou e os dois partiram ao mercado da cidade para comprar a comida.

– A quanto tempo não vejo você Sanosuke. – Comentou Kenshin enquanto caminhavam.

– É... Não nos vemos a muito tempo mesmo. fiquei sabendo que Kaoru está grávida. Você e Kaoru vão ter um filho não é? Isso quer dizer que...

– Sim. – Kenshin corou. – Devem fazer mais ou menos 4 meses. Pelo menos é o que diz a doutora Megumi. – Agora foi a vez de Sanosuke corar.

Kenshin percebeu que o amigo havia ficado estranho após tocar no nome de doutora Megumi e minutos de silêncio permearam os dois. Sanosuke pôs um fim a esse silêncio.

– Você já pensou em um nome para o garoto?

– Ou garota. – concluiu Kenshin. – Ainda não.

– Sei... Ser pai deve ser uma sensação inacreditável, não é?

– Deve ser. Estou muito ansioso para que meu filho nasça logo. Não sei de muita coisa sobre isso, tenho apenas uma certeza quanto ao futuro dele: ele irá estudar bastante. Talvez se torne um médico ou comerciante, ainda não sei. Sorte dele nascer em um período tão bom para o Japão. Sorte dele não ter nunca que ver ninguém morrer pelas mãos de espadachins ou de ter que lutar contra eles.

– É... Naquele tempo nunca pensaríamos em ter filhos. Essa época é perfeita.

– Sano. Me responde uma coisa... Quando é que você e a Megumi vão ter filhos?

Sanosuke corou violentamente. Abaixou o olhar durante alguns segundos, sentindo o sangue brotar-lhe à face e a respiração se tornar um pouco mais pesada, extremamente nervoso. Kenshin acomodava, tranquilo, um sorriso no canto da boca. Ele sabia que os dois se amavam, e adorava ver Sano sem ter o que dizer. Enfim Sanosuke juntou algumas palavras:

– Ora não diga besteiras Kenshin! Você só fala asneiras mesmo... Eu não tenho qualquer coisa com Megumi, e você sabe disso! Ela é uma boa médica, e eu a admiro por isso, mas filhos... Você está maluco Kenshin... Quanta besteira!

Longos 5 minutos de silêncio se passaram entre os dois amigos. Os cinco minutos mais longos da vida dos dois. Finalmente dobraram a última esquina e estavam na movimentada rua principal que hoje parecia estranhamente abandonada. Ao longe, no final da rua, os dois perceberam uma pequena multidão e dirigiram-se para lá, a fim de descobrir o que havia acontecido.

Chegando ao final da rua, mais precisamente nos portões da enorme mansão do senhor Yamatsui, um importante político da região, Sanosuke e Kenshin perceberam que a multidão se reunia ao redor de um cadáver coberto por uma toalha vermelha jogada ao chão. Na parede do muro pairava uma enorme mancha de sangue e ao verem aquele sinal estampado na parede os dois amigos sentiram seus corações acelerarem. A multidão estava atônita, um crime desse tipo não era registrado na região há anos e ninguém sabia o que pensar.

Logo os apitos da polícia armada soaram e debandaram boa parte da multidão. Uma enorme carruagem parou próxima a Kenshin, a porta se abriu e de dentro do veículo saltou um velho conhecido de Sanosuke e de Kenshin.

O homem, muito idoso e apoiando-se em uma bengala, possuía um bigode espesso e branco como a neve, assim como os cabelos. Óculos de lentes grossas ajudavam o velho senhor a enxergar melhor e assim que o viu, Kenshin não pode conter um sorriso tímido apesar da situação.

– Senhor Yamagata... – Cumprimentou o ruivo.

– Kenshin Himura... O que acontece com o tempo nessa região? Ele parece não passar. Os anos foram cruéis comigo, meu amigo, mas olhe para você... Para você, eles simplesmente não passaram. – Comentou o agora idoso Sr. Yamagata. As palavras do homem faziam perfeito sentido. Kenshin e Sanosuke pareciam realmente inalterados fisicamente, apesar do tempo que passaram sem se encontrarem. Talvez a ausência do stress vivido pelo chefe de polícia fizesse com que eles envelhecessem muito mais lentamente.

Após uma breve pausa, Yamagata sorriu para Sanosuke demonstrando também reconhecer o antigo lutador. Depois, voltou para um dos policiais e lhe ordenou que retirasse a toalha de sobre o corpo. A cena revelada deixou todos nauseados.

No chão, deitava-se Yayo Shingo, chefe da guarda pessoal de Yamatsui. Ao redor do corpo, uma enorme poça de sangue, e entre as pernas do falecido, todos seus órgãos vitais. O peito havia sido aberto por um corte de espada muito bem aplicado e que devia ter matado o alvo instantaneamente, concluiu Kenshin. A retirada dos órgãos foi apenas para "apimentar" a receita. Sobre o rosto de Yayo havia uma carta selada com uma marca desconhecida aos 3 amigos. A imagem impressa sobre o lacre de parafina aparentava ser a de uma cobra enrolada à lâmina de uma katana.

Yamagata ordenou que a carta fosse aberta. Visivelmente escritas com demasiada pressa, as palavras:

"Este é apenas mais um. Vejamos como o poderoso governo Meiji se vira sem seus figurões."

– Sem seus figurões? – Comentou Sanosuke – Yayo era apenas funcionário.

– Olha Sano, alguma coisa me diz que o bilhete não se refere a esse homem.

Kenshin mal havia terminado sua frase quando um dos soldados de Yamagata veio aos homens reunidos ao redor do cadáver. Mantendo a discrição, mas visivelmente sem saber o que fazer, o rapaz comentou em um tom que apenas os três puderam captar:

–Senhor Yamagata, os empregados da casa acabaram de confirmar. O Senhor Yamatsui desapareceu!

!!!! CONTINUA !!!!


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