As crônicas de Steve escrita por Mand Fireguy


Capítulo 5
Capítulo 5 - Memórias de Perseguição


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera. Consegui postar esse capítulo na maravilhosa quinta-feira, mantendo nossos três dias de intervalo entre cada capítulo, e espero que gostem dele, porque demorei malditos dois dias pra escrever isso daqui.
Sintam-se à vontade, bebam um chá, sirvam-se com o delicioso capítulo cinco, Memórias de Perseguição!



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Dias depois, Sarson se teletransportou de seu abrigo para a casa do humano. Por algum motivo, tivera o impulso de vê-lo novamente, mesmo sendo um risco sair de seu abrigo, onde estava seguro das tropas de Enderdragon, que buscavam mata-lo com um alto preço por sua cabeça, apenas para visitar um humano que, além de mortal como todos da sua espécie, era jovem demais até para os próprios humanos.

Materializou-se em frente à janela apenas para ver o humano fazer algo que, embora alguma parte dele já esperasse, ainda assim continuava sendo estranho: Ele manejava em suas mãos ferramentas de forja, frente a uma fornalha feita de aço, diferentemente das rudimentares de pedra, e uma bigorna de pederneira. Ele dobrava o metal sobre si com as ferramentas de forja, martelando e dobrando sobre si múltiplas vezes, reconstruindo uma lâmina de aço. Nisso, Sarson percebeu: Era a mesma lâmina que ele quebrara alguns dias atrás. O mesmo aço, ao menos, derretido outra vez na fornalha e utilizado para fazer outra espada. O brilho do aço, mesmo derretido, era estranho, mas isso foi explicado quando, quando uma nova barra de aço recém-feita se solidificou, embora ainda extremamente maleável o humano pegou-a e levou a um caldeirão vazio, então a jogou ali e mexeu até se tornar disforme, então pegou um saco estranho, com pó brilhante, e jogou uma pequena dose ali. Enquanto o pó caía sobre o aço derretido, Sarson percebeu: Era diamante macerado, reduzido a um pó fino, do tamanho de gotas de orvalho, ou até mais, minúsculo o bastante para se misturar no aço, minúsculo o bastante para retalhar o braço de uma pessoa que o enfiasse ali dentro.

O humano mexeu o aço, agora misturado com o pó de diamante, e derramou a massa disforme sobre a longa bigorna, então martelou e moldou até que ganhasse o formato da ponta da espada, e uniu, martelando outras vezes, ao resto da lâmina, então voltou a dobrar a nova liga sobre si mesma várias e várias vezes, até que quando começou a ficar mais difícil de dobrar o metal na forja, ele moldou outra vez a lâmina em seu formato normal e, quando ela estava já vermelha, mais fria, não mais o laranja do metal quase derretido, levou a lâmina até outro caldeirão, cheio com neve, e fincou-a na neve.

O metal emitiu um chiado enquanto resfriava-se rapidamente, e a maior parte da neve derreteu ou ficou semiderretida, macia além do normal. Nisso, ele levou a lâmina de volta à fornalha e acendeu as pedras de carvão embaixo, então as soprou com os foles para aumentar o fogo, girando a lâmina lentamente. Quando ela estava rubra novamente, retirou-a e levou outra vez ao caldeirão e fincou nele, emitindo o chiado outra vez, que resfriou a lâmina e aqueceu a neve, agora a derretendo por completo, só sobrando água, mas esta ainda fria, quase congelada.

O humano outra vez levou a lâmina até a fornalha especial, e novamente a aqueceu e soprou com os foles até que estivesse rubra outra vez, ao que uma terceira vez levou a lâmina até o caldeirão e temperou-a, a água desta vez ficando consideravelmente quente, e chegou a soltar algumas bolhas. Ele repetiu o processo outra vez na forja, e levou em outro caldeirão, ainda com neve até quase o topo, e com esse repetiu também três vezes o processo, e então pegou a água dos dois caldeirões, ambos mais ou menos na metade, e encheu o primeiro com o segundo, ao que refez o processo e, quando colocou a espada novamente ali, a água não transbordou apenas porque evaporou rapidamente com a temperatura.

O jovem então levou a lâmina até a forja e afiou-a com um conjunto de ferramentas especiais de forja, deixando sua borda extremamente aguçada. Nisso, o humano ergueu-a no ar para apreciar o seu próprio trabalho.

Embora o aço utilizado fosse o mesmo, a adição do pó de diamante alterara crucialmente a lâmina: Além de aumentar seu comprimento em uns cinco centímetros e a largura em dois ou três, a lâmina antes fosca e escura agora brilhava conforme era movida, com minúsculos pontos reluzentes ao longo de toda a sua superfície.

Além disso, a espada que antes era curta, com sessenta e sete centímetros de comprimento, agora com setenta e dois centímetros e um pouco mais larga e espessa, tornava-se mais ou menos do tamanho necessário para ser considerada uma espada bastarda.

Nesse ponto, alguém adentrou a sala de forja.

“Filho, sua janta já está pronta, venha comer...” Disse uma mulher humana que segurava nas mãos um copo de vidro com suco de maçã. Ao ver Sarson na janela, ela se assustou e deixou cair o copo no chão, manchando o piso de granito polido com a maçã.

“Um Enderman!” Gritou. O humano jovem se virou bem a tempo de ver Sarson, que desapareceu com um curto som de sucção.

Três dias depois, Sarson outra vez deixou seu abrigo e se teletransportou para perto da casa do humano, de onde se moveu sorrateiramente até encontrar uma janela de onde dava para vê-lo em uma biblioteca, no centro de um grupo de estantes, frente a um livro grosso e de capa dura, em um suporte de obsidiana e diamante, cujas páginas pareciam se virar sozinhas.

O humano segurava a espada consertada. Antes apenas uma lâmina refeita, agora se via que também o fora o punho: Antes de ébano, agora era da madeira carmesim das árvores da selva.

Parado com a espada flutuando no ar, envolta por uma aura verde amarelada, o humano começou a recitar palavras em uma língua diferente da própria, ao que pequenas esferas da mesma energia verde amarelada que sustentava a espada foram saindo do corpo do mesmo e indo para a arma.

A língua, diferentemente das outras linguagens faladas pelos humanos, era facilmente compreendida por Sarson, talvez justamente por ser uma linguagem de magia, e ele, um ser criado em trevas e magia.

“Aumente o corte desta lâmina, impeça que a arma seja quebrada, faça com que ela seja um tormento aos mortos que retornam ao mundo dos vivos, puna os aracnídeos, aniquile aqueles que são feitos de trevas, permita a essa espada arder em chamas com o calor da batalha, energize, molde, transforme. Encante.” Recitou. Quando a última palavra foi pronunciada, um jorro de partículas de energia mágica fluiu do humano e se enterrou no âmago da espada, completamente absorvido pela mesma.

“É com essa espada...” Murmurou o jovem, ofegante. “Que eu vou matar aquele Enderman maldito.” Completou. Nisso, se virou e olhou ao redor da biblioteca, ao que encarou Sarson através da janela, e pôs a espada em punho.

Sarson se desmaterializou com o familiar ruído de sucção.

No dia seguinte, o Enderman outra vez apareceu ao lado da porta do humano. Dessa vez, observou com cuidado e discrição para que não fosse visto espionando-os.

O humano estava novamente próximo à mulher que Sarson vira na penúltima vez, dessa vez com uma armadura de aço escuro e, na bainha atrás das costas, o punho visível saindo atrás e acima do ombro do mesmo, a espada recém-forjada.

“Tchau, mãe, vou caçar alguns monstros.” Disse o jovem.

“Tchau, Steve, se cuida, Ok? E, ah, você vai ter que se afastar de casa um pouquinho mais hoje, então tome cuidado, tudo bem?” Informou a mãe.

Steve se virou.

“Por quê?” Inquiriu ele, sem entender.

“Porque eu matei os que estavam aqui perto de casa. Não lembra que ontem eu voltei com uma sacola cheia de ossos de esqueleto e até algumas flechas?” Disse a mãe de Steve.

“Anh... Não. Mas obrigado por me lembrar. Tchau, mãe.” Disse Steve.

“Tchau, filho.” Disse a mãe de Steve.

Steve se encaminhou até a porta e a abriu e, nesse exato momento, Sarson se desmaterializou, reaparecendo em um planalto próximo.

Mas ele sabia que o humano sabia que ele o estivera observando.

Sarson se materializou sentado no alto do planalto, em uma beirada, de onde ficou observando um grupo de esqueletos que, sob ordens de um general que utilizava um capacete de diamantes para indicar sua elevada patente, faziam treinamentos de rotina enquanto alguns, com coletes de couro, faziam a patrulha daquela área que, por ficar mais próxima da entrada da selva que continha o templo que era a base deles, e agora, com as caçadas constantes, estava muito mais vulnerável, era mais bem guarnecida. Enquanto o general liderava e supervisionava os esqueletos que corriam em fila, mantendo uma distância uniforme entre cada um e atiravam em alvos a cinquenta, cem, cento e cinquenta e duzentos metros de distância, atirando nos alvos enquanto corriam e então dando a volta e voltando ao começo da fila, voltando a correr atirando, um esqueleto de armadura completa de cavaleiro – uma armadura completa de cota de malha de ferro sobre uma armadura completa de ferro, penas negras saindo do alto do capacete e um escudo de aço escuro em mãos – supervisionava os patrulheiros situados a trezentos metros dali.

Geralmente, para evitar que a patrulha ficasse desguarnecida em detrimento dos recrutas, o papel era o contrário: O general vigiava a patrulha noturna, enquanto o marechal organizava, supervisionava e ordenava o treino dos recrutas. Mas, como naquela noite aqueles duzentos cadetes estariam se formando como soldados na mesma noite, a ordem das coisas fora alterada para suprir o horário.

“Cadetes, já podem parar o treino! Agora farei a última prova de vocês, e serão ou não promovidos para o posto de soldados filhos da pátria de Skeletia!” Gritou o general.

“Skeletia!” Berraram os cadetes seu grito de guerra, e pararam o treino, formando cinco linhas de quarenta cadetes cada e esperando as ordens de seu líder.

Neste exato momento, um humano surgiu correndo pela floresta, armadura de aço envolvendo o corpo, um escudo de aço esmaltado em vermelho, com a silhueta preta da cabeça de um lobo no centro. O humano, jovem demais até mesmo para a sua espécie, sacou um arco e ergueu-o no ar, então uma flecha se materializou na corda e ele a puxou e atirou. Assim que saiu de perto do arco, a ponta da flecha irrompeu em chamas e voou em direção a um grupo de uma dezena de esqueletos, explodindo sobre eles e matando três, deixando os outros sete feridos, porém vivos. Outra flecha se materializou na corda e ele atirou contra os sete, que formavam uma linha e se posicionavam para atirar, mas Steve a soltou antes que começassem a esticar as cordas, e a segunda flecha voou e atingiu a linha, matando dois e ferindo ainda mais os cinco restantes. O Marechal ainda gritava ordens aos outros setecentos e noventa esqueletos da guarda, que logo começaram a se organizar atrás de árvores e outros pontos na base do planalto e até em alguns andares dele.

O general esquadrinhou a planície abaixo com os olhos.

“Eu pretendia fazer outra prova para vocês, cadetes. Mas parece que temos um humano se voluntariando a morrer, e ele está sendo bem eficiente contra dez esqueletos. Já, já, o marechal vai organizar o resto e ele vai deixar de ser, mas que tal vocês terminarem o serviço antes disso? Cadetes, matem o invasor!” Gritou ele, por fim.

Os cadetes entusiasmados se organizaram e desceram, os mais habilidosos posicionando-se acima, os menos habilidosos se posicionando mais abaixo no planalto, em dez fileiras de vinte, cada fileira a três metros uma da outra, de modo que os formandos poderiam atirar até reto para a frente sem medo de ferir alguém da fileira seguinte. Todos ergueram os arcos de ébano e puxaram flechas da aljava.

“Preparar!” Gritou o general, e eles retesaram as cordas com as flechas, o arco tensionado ao máximo. Lá embaixo, Steve já havia matado o décimo do grupo e guardado o arco, e agora puxava a espada, aparentemente não diferente de quando Sarson a vira ser reconstruída, e atacou enfim uma aglomeração de trezentos esqueletos armados com espadas, destruindo-os com a sua.

“Mirem com cuidado, foquem apenas no humano! Façam como ensinei a vocês! Atirem!” Ordenou o general. Os esqueletos, treinados até atingir a maestria no arco e flecha, apontaram seus arcos prevendo onde Steve estaria na fração de segundo entre o disparo da flecha e a chegada desta no mesmo.

E atiraram.

As flechas voaram, convergindo no ar até envolverem uma área de um metro, mas, nesse ponto, Steve ergueu a espada e a lâmina da arma se incendiou, lançando um jorro de chamas que fez com que as direções das flechas divergissem, além de estas pegarem fogo, atingindo três dúzias de aliados, cada um com aproximadamente cinco flechas, e matando a todos sem que uma sequer atingisse Steve, que em seguida saltou e girou, um jorro de esferas de energia esverdeada jorrando dos oponentes mortos e dele próprio para a espada, cuja chama tornou-se verde-esmeralda também, e cortou os esqueletos mais próximos, matando aproximadamente três nesse breve movimento, mas soltando um jorro de chamas verdes que incendiaram duas dúzias de esqueletos, que, por serem suscetíveis ao fogo, rapidamente se reduziram a cinzas com o fogo mágico.

Sarson apenas observava.

Outra saraivada de flechas se seguiu, e Steve ergueu a espada no ar outra vez, apenas para enviar o jorro de chamas ao alto, que lançou outra vez um vento que fez divergirem as flechas, que, agora com as chamas verdes, incendiaram e explodiram sessenta esqueletos de uma só vez. Steve apontou a espada para frente, matando mais três, então saltou e caiu sobre um grupo de quatro esqueletos que tentava recuar, matando-os com um golpe. As chamas voltaram à coloração normal outra vez, e Steve se voltou para os cento e setenta esqueletos que ainda estavam vivos, e estes chegaram a voltar o olhar para trás com seu olhar. As esferas de energia fluíram rapidamente para Steve, que outra vez as concentrou na lâmina da espada, que outra vez se tornou verde-esmeralda. Agora os esqueletos exatamente entre ele e o planalto, Steve saltou quando veio outra saraivada de flechas, e lançou um jorro que divergiu fazendo com que elas se incendiassem e explodissem na área onde estavam os esqueletos, aleijando muitos até que não estivessem mais em condições de lutar, mas matando trinta. Steve apagou a chama da espada e andou por entre os trezentos esqueletos mortos e feridos. Ninguém mais apontava uma flecha para ele, nem os esqueletos escondidos nas árvores à espera de uma chance de mirá-lo, nem os cadetes.

“Rendam-se.” Disse Steve. “Entreguem-se e permanecerão vivos.” Completou, ofegante, sua armadura arranhada pelos diversos choques de espada e até uma flecha em seu escudo, embora, surpreendentemente, ele só possuísse um pequeno corte no rosto.

Entretanto, ao desafiar o patriotismo dos esqueletos, ele cometeu um erro.

“Por Skeletia!” Gritaram os cadetes, e começaram a novamente enviar flechas sobre Steve.

“Por Skeletia!” Repetiram os setecentos da guarda que permaneciam vivos. Nisso, Steve retirou de suas costas o arco e preparou uma flecha mágica.

Sem que ele pudesse prever, entretanto, um vulto se teletransportou até ele, agarrou seu braço e se teletransportou levando-o consigo.

Steve se materializou outra vez no meio da planície, seu escudo ligeiramente amassado na mão, o arco danificado por uma flecha. Ele o jogou no chão.

“Por que você está me perseguindo?!” Gritou ele para o Enderman, Sarson, à sua frente.

Você precisa parar com isso. Pode ter conseguido matar trezentos, mas já está cansado e ferido, e quantos deles você conseguiria matar antes que se exaurisse e eles o matassem com suas flechas?

Steve ignorou a parte da preocupação do Enderman.

“Parar com o quê? Eles invadiram nossos territórios em primeiro lugar! Desde o começo, lutamos em defesa!” Respondeu Steve.

Não interessa. Tudo isso pode ser resolvido diplomaticamente. Você precisa parar de matar aqueles que são seus irmãos, Disse o Enderman novamente.

“Diplomaticamente? Eles são monstros! Irmãos? Um dia eu tive um irmão. Ele foi morto por monstros como você. Por monstros da sua espécie! E agora eu vou matar você!” Berrou Steve, e pôs a espada em punho.

As chamas se acenderam na lâmina outra vez, e ambos se posicionaram. Um raio caiu e Steve se preparou para aniquilar seu oponente.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que não tenham achado o Steve muito apelão. Sobre o poder adicional nos encantamentos, isso vem basicamente de outra alteração minha: Até mesmo os encantamentos que não possuem mais de um nível no Minecraft ganharam níveis extras aqui. Como nosso amigo Steve tem acesso a tudo isso? Vocês descobrirão ao longo de mais flashbacks no desenrolar da história. O encantamento Fire Aspect que viram, possui apenas o nível I, mas aqui eu o fiz ir até o V. A espada de Steve tem o III. O Fire do arco teve a mesma modificação. Basicamente o encantamento nível II permite que a espada/flecha não esteja sempre pegando fogo, ao que o III permite controlar a intensidade do fogo, dosando a quantidade de energia direcionada à arma. Também inventei um encantamento para a espada, o Colision, que permite colocar encantamentos que no Minecraft não podem coexistir numa mesma arma. Cada nível é mais um encantamento que pode ser posto. Aqui, foi posto o III. O Colision também existirá nas armaduras, mas a de Steve só possui o Protection III e nada mais, nada de exótico nela.
Sem cenas do próximo capítulo, porque ainda não o escrevi. :/