As crônicas de Steve escrita por Mand Fireguy


Capítulo 1
Capítulo 1 - Amnesia


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai meu primeiro capítulo, galera. Ele não tem tanta ação em relação aos próximos que virão, exceto por uma curta cena perto do final, e é bem curto: Os seguintes serão bem maiores.Espero que gostem!



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O homem recupera a consciência lentamente.

Tenta abrir os olhos ou mover a cabeça em alguma direção, mas a luz intensa ofusca sua visão à menor tentativa de abrir os olhos, e uma dor de cabeça irrompe através de seu crânio. Incapaz de se mover, ele fica parado por alguns minutos, esperando o latejar reduzir de intensidade, mantendo-se como está: Deitado de costas, sentindo a areia quente e áspera arranhando sua pele. Assim que consegue se mover, ele se põe sentado na areia, ainda torpe pela dor do que quer que tenha ocorrido antes disso, o que quer que o tenha levado a cair naquele lugar.

Assim que pensa nisso, ele tenta se lembrar de o que aconteceu. Alguma coisa logo antes de ele acordar ali naquele lugar.

Nada.

Leva uma mão à cabeça que ainda lateja um pouco. Tenta se lembrar de qualquer coisa, até mesmo alguma coisa antes do acidente.

Branco total.

Ele se levanta, a pulsação um pouco mais acelerada agora. Olha para si mesmo.

Estava deitado na areia, e suas roupas, que pareciam ter sido de couro, agora se resumem a farrapos, tão danificados é simplesmente impossível tentar remenda-las ou uni-las de alguma forma neste momento, e as únicas peças intactas são aquelas que ele usa por baixo, que, algum esboço de memória lhe diz, ele sempre usa por baixo de quaisquer vestimentas adicionais: Uma camisa de manga curta, verde azulada, e calças jeans azuis, além de tênis pretos.

O homem suspira e olha ao redor, ao mesmo tempo em que se despe dos farrapos de couro.

Ele está em uma praia, mas apesar da maré baixa o som das ondas quebrando na areia preenche seus ouvidos. A visão do sol que ainda começa a nascer seria quase bonita, não fosse o fato de que ele não se lembra de nada e não sabe onde está. Perto dele, caída em um trecho de areia molhada, está uma mochila delgada de couro, aparentemente leve. Ele vai até ela, na esperança de que revele alguma coisa do que é, talvez até do que o trouxe até ali.

O jovem se agacha e abre a mochila de couro que, de tão encharcada que já está pela água do mar, cheira a sal. No interior da mochila há não mais do que uma pedra de sílex, um pedaço de ferro para fazer fricção com a mesma, duas tochas apagadas e o mais estranho, ferramentas e um machado simples de madeira, além de uma espada de madeira que, pelo peso anormal, ele percebe ser de treino: Oca, preenchida com areia de modo a se tornar mais pesada, para acostumar quem a usa a manejar uma arma pesada, de modo que ao erguer uma espada comum, de ferro, esta lhe pareça incrivelmente leve.

Ele revira o interior da mochila para ver se há mais alguma coisa, mas, ao ver que há apenas alguns conjuntos de roupas exatamente iguais às que ele está usando neste exato momento, apenas fecha e a joga sobre as costas. Ao fazer isso, o homem surpreende-se com a falta de peso: Apesar dos vários objetos, roupas e ferramentas pesadas no interior da mochila, a mochila em suas costas está leve, leve o suficiente para que ele pudesse vir a correr com ela nas costas, e seu formato fino e delgado permite que ele mantenha a coluna reta mesmo com ela sobre o corpo.

O jovem decide ir explorar o lugar, e se afasta da costa, indo na direção do que parece ser uma floresta tropical, ou talvez até mesmo uma selva, que se ergue mais para o centro daquela terra, se ilha ou continente, ele não tem certeza, tudo o que sabe é o que vê: Árvores de até trinta metros de altura, com copas fechadas e largas que fazem sombra sobre grande parte do interior da mata. Ele adentra a mata fechada, tão fechada que enquanto caminha dentro dela, percebe que nem todo o chão que pisa é feito de grama e terra: Algumas árvores baixas possuem ramos duros, e sustentam seu peso, ao mesmo tempo em que as folhas amortecem o suficiente para que seja em determinados momentos necessário olhar para baixo para saber se está de fato pisando sobre terra e grama, ou se aquilo que sustenta seus pés são os ramos de alguma árvore estranha.

Em um dado momento enquanto caminha, ele distingue um som estranho, como de ossos secos colidindo, e movimento pelos arbustos. Ouve passos. Vira-se na direção do ruído.

“Olá?” pergunta ele.

Assim que faz a pergunta, ele ouve um chacoalhar estranho, e um arco de madeira é erguido em sua direção, a corda retesada. Ele se ajoelha e ergue as mãos vazias ao alto em um gesto de rendição.

“Quem é... Quem ousa invadir esse lugar... Ele pertence a nós há milênios... Quem ousa profanar...” Diz alguma criatura que sai dos arbustos, completamente inumana.

O que ele vê à sua frente não é um ser humano, embora, ele não duvida, talvez algum dia tenha sido um: O que paira sobre ele, o arco erguido e a corda esticada até aonde um dia deve ter estado uma orelha é um esqueleto humano. Não exatamente um cadáver, a carne apodrecida ou coisa semelhante, porém um esqueleto reanimado, um cadáver quase completamente decomposto, exceto pelos ossos, trazido de volta dos mortos.

Ele recua lentamente. O monstro segue, dando um passo para cada passo que ele dá.

“Diga quem é. Há milênios ninguém pisa nesse local e sai vivo, e é assim que deve continuar. Essa ilha não deve ser profanada por aqueles que não pertencem aos nossos, e o mundo um dia voltará a nos pertencer. Diga.” Sibila o esqueleto.

“M-meu nome...” Diz ele, recuando incapaz, não de dizer, mas de se lembrar de seu nome.

“Se não irá dizer quem é para que eu possa mata-lo com honra, então morrerá como o anônimo que se faz, humano.” A criatura se aproxima e ergue o arco, apontando na direção do peito dele. Seu crânio reluz ao sol e...

Irrompe em chamas. O monstro grita e corre avançando sobre ele, o que apenas o lança em uma área ainda mais clara. O esqueleto solta o arco e a flecha dispara errando-o por mais de um metro.

“O sol! Merda, o sol está me queimando!” Berra o esqueleto. O jovem se levanta e, antes que o esqueleto possa retornar para a sombra, se levanta e em algum instinto primitivo de se defender, em uma tentativa de evitar que o esqueleto que ameaça sua vida saia com a própria, chuta no peito que ainda não se inflamou, fazendo com que a luz do sol toque cada osso, fazendo cada mínima parte do corpo da criatura arder em chamas.

O esqueleto berra e se contorce, tenta se levantar, mas um dos braços se solta da articulação do ombro e queima até se reduzir a cinzas. Tenta se levantar sem o auxílio dos braços, mas um dos fêmures já não existe mais. Ele apenas assiste enquanto o esqueleto se reduz a cinzas, deixando na floresta apenas um trecho de grama queimada e cinzas que são logo levadas pelo vento.

Ele continua encarando a grama queimada, tentando compreender o que aconteceu. O sol queimou aquela criatura, queimou-a até as cinzas. Se for desse modo que a coisa funciona, ela não pode andar durante o dia... Se não pode andar durante o dia...

O jovem olha na direção do sol nascente. Ele precisa de um abrigo para passar a noite. E rápido. Quando a brisa da manhã sopra em seu rosto, lançando sobre ele uma folha, traz de volta uma única lembrança: Seu nome.

Steve


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Notas finais do capítulo

É só isso por enquanto, galera. Espero que tenham gostado. Não posso prometer que irei postar o próximo capítulo em menos de 15 dias, mas o postarei aqui o mais cedo que puder. Até lá!



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