Laços- Pequena Faísca escrita por A OLD ME


Capítulo 24
Vamos lá mais uma vez




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Acabei perdendo a hora do jantar e mais uma vez não fui acordada, não sei o que acontece, mas papai fica com pena de me acordar toda vez que entramos nesse trem até a hora que chegamos a casa, as vezes, penso que isso é uma tentativa de me manter fora dos olhos da capital por mais tempo possível.

Pela claridade que vem da pequena janela do meu quarto ainda não são nem seis horas. Tento voltar a dormir, mas minha barriga começa a roncar e fazer barulhos engraçados.

Ontem à noite acabei dormindo com a roupa da colheita e nem um banho se quer tomei e é isso que faço. Pego uma toalha e vou para o banheiro, tomo uma ducha rápida embora eu prefira a banheira, mas a fome fala mais alto. Coloco um short Jens verde que é um dos meus preferidos, uma blusa de alças branca e um suéter gelo cujas mangas são mais compridas que meus braços e a abertura da gola é grande fazendo com que fique quase caindo dos meus ombros.

Saio do quarto apressada em direção ao vagão cozinha, não há ninguém no corredor e começo a pensar se realmente é a hora que eu imaginei ser. Chego à cozinha e um homem de uniforme vem em minha direção.

– Senhorita Albernath, em que posso ajuda - lá?

– Primeiro só me chama de Lindsey, por favor. - ele me encara estranhando mas logo sorri – Você sabe que hora é?

– São três horas da manhã. - Estalo os olhos para ele que parece se divertir com minha expressão. - a senhorita dormiu muito cedo ontem por isso deve ter acordado agora, está com fome?

– Sim, estou morrendo de fome, pode preparar algo para mim? Qualquer coisa... – eu peço passando a mão na barriga.

– Vou preparar algo leve, pois já muito tarde, você pode esperar no vagão com TV eu levo para você. – ele fala gentilmente.

– Obrigado. – digo saindo como ele sugeriu.

Vou até o vagão de sala de estar onde fica a TV e a ligo, me sento no sofá e fico assistindo, um programa com Ceasar está passando no qual ele está entrevistando os estilistas dessa edição, até hoje não entendo porque Cinna ainda não é estilista dos tributos, afinal esse é o maior prestigio para um estilista da capital, ainda mais se seu tributo ganhar, então me lembro de uma conversa que tivemos há alguns meses atrás.

Flash back on

O telefone toca, mas não dou bola esperando que papai atenda, entre tanto ele não o faz e quando ele toca pela ultima vez eu consigo atender antes de ir para secretaria eletrônica.

– Alô?

– Oi, Lindsey?- um homem pergunta do outro lado – Aqui é o Cinna.

– Oi Cinna, sou eu sim. Que surpresa, como você está?- pergunto animada, faz tempo que não falo com ele.

– Ah estou bem, bom eu liguei para avisar que esses dias estive muito inspirado e acabei desenhando para você toda uma coleção de roupas de verão... - ele fala então eu o interrompo.

– Oh meu Deus Cinna... É sério?- pergunto surpresa.

– Sim e fiz novas tiaras para você umas bem diferentes, vou mandar as tiaras pra você e os desenhos da sua coleção de roupas. – Ele segue, mas eu o interrompo novamente.

– Nossa que incrível uma coleção de roupas feitas para mim. – Eu praticamente grito e consigo o ouvir rir do outro lado.

– Não só para você, mas inspirada em você. Bom se você aprovar... – ele para por um segundo, mas logo continua. - eu pensei... Será que seu pai me daria permissão para que eu fizesse um ensaio fotográfico com você na próxima edição dos jogos? – ele parece receoso ao perguntar.

– Ai que incrível, é sério? Eu vou amar fazer isso ainda mais com suas roupas, amo tudo que você cria.

– Muito obrigada querida, mas antes tenho que pedir permissão para seu pai.

Terminamos nossa conversa e uma semana se passou. Quando a caixa de Cinna foi entregue não tinha como eu ficar mais ansiosa, peguei o caderno que ele mandou a capa era vermelha e meu nome estava cuidadosamente escrito na capa, na verdade estava bordado, com uma linha branca brilhosa. Assim que eu vi os desenhos, eram vestidos, blusas, shorts, sapatos, todos eram os mais lindos e perfeitos que eu já havia visto. Corri para o escritório do papai sem saber que ele estava la fui logo pegando o celular para ligar para Cinna.

– Alô!

– Oi Cinna é a Lindsey.

– Oi querida, recebeu as coisas?

– Sim acabei de pegar, nossa são incríveis, eu amei tudo, estou louca para usar todas as roupas.

– Ah que ótimo se está aprovado então começarei logo a produzi-las. E seu pai já aprovou?

– Eu comentei, mas ele ta aqui fala com ele. – antes que ele possa responder entre o telefone para ele.

– Oi Cinna.

Cinna fala algo pra ele e os dois riem.

– Pois é eu nem vi ainda, mas ela está numa animação só. – ele para de fala, obviamente porque Cinna fala algo do outro lado, mas logo papai continua – Então se é só isso acho que tudo bem, eu sei que ela já chama atenção demais isso não vai fazer muita diferença, confio em você. Tudo bem até mais ver Cinna.

Ele me entrega o telefone.

– Então, Quando você vir à capital eu te encontro e fazemos o ensaio, seu pai deixou. – ele fala.

– Cinna, posso fazer uma pergunta?- ele afirma e eu continuo – Porque você está fazendo roupas incríveis para mim ao invés de fazer roupas para os tributos?

– Tudo que eu faço meu trabalho, eu faço com um motivo e um propósito, faço por amor. Eu não quero fama, por mais difícil que possa ser acreditar. Só quero ajudar as pessoas, desenhar para você me da essa gratificação. Você me inspira querida, o dia que eu desenhar para algum tributo, não vai ser por fama, tem que ter um motivo oculto, algo que desperte minha paixão.

Flash Back Off

Logo que terminam as entrevistas com os estilistas começa uma reprise da colheita.

O distrito 1 começa logo com uma garota se voluntariando Cashmere Leigh e assim como eu o acompanhante do distrito 1 a reconhece tanto pelo sobre nome quanto pela aparência, ela é irmão gêmea do vitorioso do ano passado, Gloss Leigh. Seus cabelos louros e sua fisionomia idêntica a de seu irmão, entre tanto, no seu olhar eu vejo superioridade, raiva, como se estivesse pronta para matar sem piedade, diferente do irmão que ano passado foi sorteado, Gloss por sua vez tem um sorriso convidativo e embora seja muito fechado é uma pessoa agradável.

Já o garoto que é sorteado aparenta ter 16 anos e não há voluntários masculinos esse ano, diferente da maioria do distrito um ele é magro demais e seus cabelos ruivos se destacam em meio a tantos outros louros.

No distrito dois esse ano não há voluntários, mas ambos os tributos assumem seus postos com frieza tentando parecer corajosos.

No Distrito três, a garota escolhida começa a chorar e alguém intercede por ela, talvez o irmão ou amigo mas ele é afastado pelos pacificadores que só tiveram o trabalho de tira-lo dali pois antes do nome do menino ser chamado ele se voluntária.

Quando chega vez do distrito quatro posso ver Finnick ao lado de Mags no fundo do palco. Percebo que ele está mexendo suas mãos freneticamente até que então finalmente consigo entender ela está dando nós em um pequeno cordão, segundo ele isso é como terapia anti nervosismo. Os tributos do seu distrito são escolhidos como de costume, sem voluntários, os dois já parece ter mais de 16 anos.

Os outros distritos passam, os tributos tentam não chorar, se manter firmes. Quando chega a Vez do 12, vejo que Emily tentou se manter firme, mas uma lagrima escorreu pelo seus olhos. Emily é uma das garotas mais bonitas do distrito, em qualquer outro distrito teria sido facilmente adotada, mas no distrito 12, é mais fácil ver alguém largar uma criança no orfanato do que adotar uma.

Eu tive sorte, se não fosse por Haymitch, se eu não tivesse ido parar na porta dele, eu também teria crescido no orfanato, Emily não se lembra da família depois do que ela me disse na escola Jonnathan me contou que ela foi deixada no orfanato recém nascida, ninguém sabe quem são os pais dela, só se fazem especulações.

Assim que a reprise acaba o homem que me atendeu entra com um carrinho de comida, ele coloca na mesinha que está a minha frente.

– Bom apetite. Precisa de mais alguma coisa? – Ele pergunta, mas antes que eu consiga responder outro atendente entra na sala correndo.

– Preciso de ajuda, Haymitch está desmaiado no vagão bar em uma poça de vomito- ele diz fazendo careta.

– Meu pai o que? – eu grito pulando do sofá.

O outro sai resmungando enquanto o homem que estava comigo o segue. Eu vou à direção que eles estão indo, mas quando percebe ele me para.

– Não precisa, cuidamos dele!

– Não eu vou ver como meu pai está! Eu como depois! – Eu falo passando na frente dele.

Quando chego ao vagão bar meu pai está lutando com o atendente que tenta levantá-lo sem sucesso. Sigo na direção dele e vejo que a uma faca na mão dele. Ele bebeu por causa dos jogos de novo.

– Sai de perto dele – eu grito assustando o atendente.

– Só estou ajudando. – ele me olha. Mas quando toca novamente no meu pai que está dormindo no chão, ele é atingido por uma faca no braço.

– Pai não! – tento gritar, quando ele dá um pulo para trás despertando tentando acertar o que o estava segurando, mas simplesmente esfaqueando o ar. – Pai para! Para, ta tudo bem!- então ele abre os olhos dizendo meu nome.

– Lindsey. Minha filha não!

– Pai eu to aqui. Está tudo bem! – eu digo me aproximando dele que parece voltar à realidade.

– Querida, desculpa. Me desculpa.

– Ta tudo bem pai.

– Eu... Eu preciso de um banho. O que você faz acordada essa hora?

– Pai vai tomar banho. Vou esperar no vagão principal, ta? – Eu falo cuidadosamente, ele concorda e sai então volto minha atenção para os atendentes. – Por favor, me desculpem. Ele fica assim às vezes por causa dos pesadelos. Se você puder preparar um café bem forte, por favor – peço para o homem que estava me ajudando e ele sai. Aproximo-me do atendente que tentou ajudar o papai – Se você tiver uma caixa de primeiros socorros posso limpar e fazer um curativo, foi superficial.

– Ali – ele diz apontando para um armário. Eu pego e volto até ele que está sentado em uma poltrona. – Deixa eu faço.

– Porque ta com medo que eu piore a situação? – pergunto rindo – Eu faço, aprendi muito com a curandeira do distrito.

Ele sede e eu cuido do seu braço. Ele não expressa nenhuma emoção, nem cara de dor enquanto limpo o ferimento. Quando termino, ele se levanta e agradece com um sorriso sincero, pergunto se preciso de algo e eu nego então ele se vai. Volto para o vagão principal e me sento no sofá e começo a comer uns pães e tomar leite com canela. Em seguida papai aparece e se senta ao meu lado.

– Então... Você sonhou com o que que te fez beber? – vou logo perguntando.

– Sonhei que você tinha ido para os jogos... – ele fala sem medir as palavras – Desculpa querida não queria que você visse aquilo...

– Pai... para não tem que se desculpar. Eu sei tudo que você suporta e te entendo, não te culpo por sentir medo e por se preocupar comigo. Eu te amo pai. Obrigada. – eu digo abraçando ele que retribui o abraço como se como se esse fosse nosso ultimo abraço e eu estivesse evaporando de seus braços.

Continuamos um tempo conversando e comendo até que eu adormeço. Quando acordo estou no meu quarto e alguém bate na porta. É Effie.

– Lindsey querida estamos quase na capital. – ela fala então pulo da cama e abro a porta – Anda! Anda! Anda! – ela grita animada – Cinna enviou isso para você, mas como você não saiu para jantar ontem não consegui lhe mostrar – ela larga um embrulho em cima da cama – Ele quer que você usa para chegar a capital. Agora banho e vem tomar café. Vou ver se os tributos já acordaram. – ela fala e vai saido no momento em que meu pai passa na porta do meu quarto me assustando e fazendo cocegas.

– Emily e Gregor já estão no banho...

– Então mais alguém tem que ir pro banho – ela fala virando-se para mim.

– A chefe mandou – diz meu pai implicando com Effie.

Tomo um banho de banheira bem demorado depois penso que Effie já deve estar em panico com minha memoria. Abro o embrulho de Cinna e uma tiara de flores vermelhas semelhante as minhas coroas mas que se ajustara perfeitamente a minha cabeça escorrega para o lado. Levanto o vestido vermelho com renda preta e ele é maginifico. Eu visto o Vestido e o sapato.

A renda preta é uma faixa bem grossa que marca minha cintura, ela é toda desenhada com flores. O vestido se alarga depois da cintura indo até um pouco acima dos meus joelhos. A mesma renda é bordada da faixa até a bainha do vestido formando uma ramificação preta linda com pequenas flores brancas presas em seus galhos. O sapato lindo é todo preto exceto pelo salto que é bordado com a mesma renda do vestido e as florzinhas miudas brancas no salto que é um pouco mais alto do que eu estou acostumada.

Effie entra pela porta do meu quarto gritando algo mas para assim que me ve.

– Oh meu deus querida- ela fica com a mão na boca – Você está absolutamente linda. Cinna fez um trabalho incrivel realssando sua beleza natural. Mas falta a tiara – ela diz apontando para cama.

– Você pode me ajudar com o cabelo ? – peço a ela. Geralmente eu mesma arrumo meu cabelo, as vezes meu pai seca para mim, mas ainda me lembro de quando minha mãe fazia isso antes dela morrer. É uma das poucas coisas que lembro dela.

– Oh claro querida, será um prazer. – ela diz então vamos até o banheiro onde estão os produtos e aparelhos para o cabelo.

Ela seca meu cabelo e penteia. Em seguida passa dois ou três tipos de produtos sempre tagarelando sobre o que fazer, como aplicar e pra que serve. Então ela prende meu cabelo para trás em um coque trançado deixando alguns fios além dos da franja solto e cachiados na frente, coloca a tiara logo depois da franja e me encaminha para frente do espelho do quarto parando dois passos atrás de mim.

– Tam- tam- rám-raám – diz ela abrindo as mãos.- Vamos, Vamos estamos atrasadas.

Caminhamos rapido até o vagão principal e todos já estão na mesa.

– Meu Deus por que demoraram ...- papai começa a falar mas para quando me olha.

– Eu sei, eu sei ela está magnifica não é? Cinna Fez uma coleção toda para ela.

– Você está...- ele continua tentando completar sem sucesso.

– Fabulosa! – Grita Effie.

– Você está linda mesmo Lindsey – Confirma Gregor.

Emily simplesmente vira a cara. Me sento a mesa com eles e tomo café, logo chegamos a capital e os dois correm para a janela.

Mais uma vez lá vamos nós de novo.


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