Faltava só um dia para o baile. Ninguém mais via os "convidados misteriosos" andando pelo castelo. Era quase como se tivesses se escondendo....

Todos não viam a hora de chegar o dia seguinte, tanto para que pudessem se divertir, pegar alguém ou só apreciar a decoração e a animação que corria pelo castelo. Apenas um pequeno grupo de alunos sabia como a decoração estava indo... Tudo era mantido no mais absoluto segredo.

Na Sala Precisa, Theo, Angie e Rapha estavam treinando. Enquanto os mais velhos ensaiavam a dança, dando passos largos e contando em voz altao andamento da música, Theo estava tirando algumas notas em seu violino. Tinham apenas mais esse dia para ensaiar, e tudo teria que sair perfeito.

–-Ok, vamso dar uma pausa! --disse Rapha, sentando de repente no chão, assustando os outros.

–-Ok... Quer água Theo? --perguntou Angie, estendendo uma garrafa para o outro, que negou com a cabeça.

–-Theeeoo... Toca um pouca para a gente? --pediu o outro rapaz. Theo negou, mas Rapha insistiu tanto que o outro cedeu. Angie e Rapha sentaram-se aos pés de Theo, que posicionou o violino e perguntou.

–-Que tipo de música?

–-A que você preferir. --disse Angie, fechando os olhos e apoiando a cabeça no ombro do outro. Mesmo depois de tanto ensaio, mesmo com os dois cansados e ofegantes, nenhum deles suava, graças à sua biologia. Logo, não tinha porque sentir nojo de se apoiar no outro.

Theo arrumou o violino embaixo do queixo, respirou fundo e começou a tocar.

Uma melodia suave, porém marcante, ecoou na Sala. Imediatamente todos relaxaram.

O arco passando pelas cordas do violino transmitiam pesar, medo, melancolia, apreensão e necessidade de esperança... A música era tristemente bela, mas a história por trás daquela suave composição era sombria e traumatizante.

Duas lágimas solitárias caíram dos olhos fechados de Theo, que expurgava sua inspiração e tristeza a medida que as notas fluíam para fora do instrumento de madeira.

Quando a música acabou, Angie e Rapha ficaram um tempo para reabrirem os olhos e voltarem à realidade. Nesse meio tempo, Theo foi embora. Os irmãos restantes suspiraram, juntaram suas coisas e foram embora também.

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Will estava no jardim do castelo, pensando no baile. Já havia recebido diversos convites de várias meninas, que almejavam o garoto como seu par. Porém, o único convite que queria ainda não tinha sido feito. Cris chegou e disse:

–-Cara, ela não vai te convidar. --ao ouvir isso, Will virou-se irritado.

–-Por que não?

–-Ela vai com os irmãos. Ninguém fará par com ninguém.

–-Droga! Por que nada do que eu planejo dá certo!? --esbravejou o loiro, bagunçando o cabelo.

–-Cara, bola pra frente! --disse Cris, tentando animar o colega. --Quem você vai chamar agora?

–-Vou aceitar o convite de uma menina qualquer... --falou dando de ombros.

–-Que tal a Hanna da Corvinal?

–-Verdade, ela é bem gostosa...

–-Vai ser essa então?

–-Vai. Avisa ela pra mim?

–-Claro. --disse Cris, saindo e deixando Will sozinho, imerso em pensamentos.

"Nesse baile, eu vou conseguir conquistá-la! Ou não me chamo William!" pensou decidido.

Nessa hora, Will viu o pequeno Theodor passar por ali, esfregando a mão nos olhos como se estivesse... enxugando lágrimas? O loiro deu um sorrisinho. Para que Angie gostasse dele, ele deveria ser gentil. Qual o melhor modo de passar essa aparência: confortando o pequeno e indefeso irmão ou deixá-lo para lá?

Logo o maior foi atrás do outro, e o encontrou no lago. Então Will disse:

–-Hey, está tudo bem? --Theo virou assustado, viu quem era, virou-se novamente de costas e falou, com a voz embargada.

–-Não está, mas eu me viro.

–-Quer conversar?

–-Não, quero ficar sozinho.

–-Cara, às vezes é om desabafar... --disse o maior, chegando perto.

–-Não, me deixa sozinho! --esbravejou Theo, que começou a correr para longe.

Will corria atrás de Theodor, mas era praticamente impossível acompanhar o menor, que se afastava cada vez mais. Logo o loiro desisitiu, dexando o menor sumir de sua vista.

Theo não iria ajudá-lo a conquistar a menina... Então de que adiantaria ser gentil com ele? Sua única preocupação e meta era ficar com a garota, e conseguiria a todo custo.

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Theo já tinha percebido que Will não o seguia mais. Porém, devia admitir: era bom correr desse jeito. O vento batendo em seu rosto, a sensação das folhas e galhos da Floresta Poribida passando por si... Não pôde mais segurar-se, deixou suas orelhas felinas e uma cauda aparecerem em si.

Ele conseguia sentir a presença de outros eres, mas sabia que não iriam atacá-lo. Não eram suicidas, e reconheciam que o garoto era bem superior à eles, principalmente com as orelhas e cauda tão evidentes.

Ele resolveu voltar. Se esforçou, fazendo as orelhas e cauda voltarem a desapareceu, e voltou rápido para o castelo. Subiu as escadas com cuidado, já que o toque de recolher fora dado faz tempo, e não queria chamar atenção.

Entrou no dormitório e deu de cara com seus irmão. Angie estava comendo uma maçã e Rapha estava assoprando fogo nas brasas da fogueira.

–-Foi aonde hoje, Theo? --perguntou Rapha, soltando um ar mais quente do que o ar normal humano.

–-Corri do lago até a beira da floresta... --disse simplesmente, colocando a bolsa com seu violino em cima da pequena mesa de centro da enorme saa.

–-Estávamos esperando você chegar para ir dormir. --disse Angie, levantando-se --Vamos?

–-Ok, vamos --rebateu o mais novo, bocejando logo em seguida.

Então, todos foram dormir, cada um em seu quarto, esperando que o dia seguinte chegasse sem grandes problemas.