Bésame escrita por Verônica Souza
Notas iniciais do capítulo
Meninas, só percebi agora que em um cap eu troquei o nome do Fernando por Jaime (HHAHAHAHAHA) acontece né? Se algo assim acontecer, por favor, ignorem, porque eu fico confusa e louca as vezes KKKKK. Boa leitura!
O consultório não estava muito cheio, mas já haviam se passado quase vinte minutos que Lety esperava chamarem o seu nome. Fernando parecia tranquilo aparentemente, mas o conhecendo tão bem, Lety percebeu nos pequenos gestos que ele estava tão tenso quanto ela. Sua perna não parava de balançar e sua mão batia com leveza, carinhosamente escorada no joelho de Lety, como se ele ouvisse uma música mentalmente.
Lety preferiu não fazer perguntas, até porque ela mesma estava ansiosa o bastante para tentar entretê-lo. A espera parecia prolongada mentalmente, e vinte minutos que se passavam na vida real, em sua cabeça completava uma hora. Finalmente o médico abriu a porta olhando em sua prancheta.
– Letícia Padilla de Mendiola.
Fernando se levantou tão rápido quanto Lety. Os dois entrelaçaram suas mãos e seguiram para perto do médico.
– Como estão? – Ele sorriu amigavelmente.
– Muito bem, obrigada. – Lety respondeu pelos dois.
– Podem entrar e se sentar, por favor.
Os três entraram na sala e Fernando puxou a cadeira para Lety sentar.
– Muito bem... Então, estou vendo que é a sua primeira consulta.
– É sim. – Lety sorriu nervosa.
– Não precisam ficar tensos. Sei que é normal para a primeira consulta, mas eu só irei pedir alguns exames para ver a saúde da mamãe e do bebê.
O médico sentou-se em sua cadeira e olhou para os dois.
– Mas também estou aqui para tirar suas dúvidas, falar um pouco sobre a gravidez. Tudo o que precisar. – Ele sorriu.
Lety mal esperou o médico terminar de falar e o encheu de perguntas. Fernando demorou um pouco para se sentir a vontade para perguntar, mas logo se empolgou com o assunto. Passaram a maior parte do dia dentro do consultório, tirando dúvidas e aprendendo um pouco sobre a gestação.
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No fim da consulta e com os exames prontos, os dois seguiram para a Conceitos. Durante o caminho não conseguiam falar em outra coisa a não ser do bebê. Juntos, os dois discutiram sobre nomes, sobre enxoval, sobre o quarto do bebe. Virou um vício para os dois falarem sobre aquilo, e mal poderiam esperar para finalmente terem o pequeno (ou a pequena) nos braços.
– É claro que será uma menina. – Fernando dizia saindo do elevador de mãos dadas com Lety.
– Como tem tanta certeza? – Ela perguntou divertida.
– Intuição de pai.
Lety riu.
– Claro.
Assim que passaram pela mesa de Cármen, Lety parou.
– O que foi? – Fernando a olhou.
– Preciso fazer uma coisa.
Antes de perguntar, Fernando percebeu os olhares de Lety para Cármen. Ele apenas apertou a mão dela carinhosamente e a deixou para trás, indo em direção à sua sala.
– Bom dia. – Lety se aproximou da mesa de Cármen.
– Bom dia. – Ela sorriu.
– Podemos conversar na sala de reuniões?
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Cármen parecia à vontade com aquela situação. Sentou-se à ponta da mesa e cruzou as pernas. Lety sentou-se em uma cadeira ao lado e olhou com frieza para a mulher.
– Acho que já imagina porque a chamei aqui, não é? – Lety perguntou sem rodeios.
– Sinceramente, não. Eu fiz algo errado?
Lety teve que usar toda a sua paciência para não voar no pescoço daquela mulher. Ela era mais audaciosa do que Lety imaginara.
– Sei que foi até a sala do Fernando ontem à noite.
Cármen continuou com a mesma feição despreocupada.
– Tenho certeza que você já é bem madura para entender as regras de uma empresa, e principalmente, os bons modos e respeitos com outras pessoas. Não estou aqui para debater sobre isso, até porque isso é função de quem a educou, e não minha. – Lety cruzou as pernas imitando-a. – Creio que não preciso ressaltar que isso pode ser uma boa justificativa para sua demissão, não é?
– Vai me demitir por isso? – Cármen perguntou com um tom de diversão.
– Não, não irei. – Lety dizia séria. – Mas quero que entenda Cármen, que por mais que suas qualificações sejam boas, isso não lhe dá o direito de fazer o que bem entender.
– Então se não vai me demitir eu não entendo o motivo dessa conversa.
– Eu apenas quero ter uma conversa civilizada com você, sei que você é esperta o bastante para entendê-la.
– Peço desculpas se se sentiu ofendida.
Mas que broaca! – Pensou Lety.
– Isso não irá se repetir.
– Eu espero que não.
– Posso ir?
– Sim.
– Com licença. – Cármen se levantou e saiu da sala, com toda a normalidade do mundo. Tudo o que Lety queria naquele momento era demiti-la e tirá-la da empresa arrastando-a pelos cabelos. Mas Lety precisava dela, e teria que engolir o seu ciúme e a sua raiva.
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Luigi demorou um tempo para entender o que Lety havia sugerido à ele. Durante vários dias suas ideias martelaram em sua cabeça, e de uma hora para outra seus planos teriam que ser mudados. Mas ele entendia quando uma causa estava perdida, e Lety não faria aquele comercial naquelas circunstâncias.
– Então você acha que a Senhorita Melãozinho seria uma modelo melhor do que você para o comercial? – Luigi perguntou com as mãos na cintura. – Bem... Não posso negar que ela tem uma certa ousadia sim. Mas farei isso sob protestos.
– Obrigada, Luigi. Eu sabia que você entenderia. – Lety sorriu empolgada. – Tenho certeza que será brilhante, como todos os seus trabalhos.
– Sim, claro. Mas eu precisarei de um tempo para mudar todas as minhas ideias.
– Não se preocupe com isso.
– E o que te levou a sugeri-la como modelo?
Lety preferiu não citar o acontecimento da noite anterior.
– Nada, nada... Apenas imaginei que ela seria uma boa modelo nesse tipo de situação.
– Bem... Se é assim. Irei confiar em você. Mas antes preciso ter uma conversa com ela. Para tornar o meu trabalho mais fácil.
– Está bem.
Lety sentiu-se aliviada por Luigi ter concordado com sua ideia. Agora restava apenas Lety manter Fernando o mais longe possível das gravações do comercial. Não gostaria que a cena na sala da presidência se repetisse.
Os dois seguiram até o saguão para que Luigi pudesse conversar com Cármen sobre o comercial. Quando soube da notícia, a satisfação que ficou estampada em seu rosto deixava Lety com ainda mais raiva daquela mulher, afinal, Lety praticamente a entregou o jogo em suas mãos.
– Ai Senhor Luigi, eu mal posso acreditar. Finalmente meu sonho de aparecer na televisão vai se realizar. – Cármen disse animada. As mulheres do quartel a olhavam com desdém enquanto ela pulava de felicidade.
– Sim minha filha, mas não fique tão animada. Você só irá participar porque a minha musa preferida infelizmente não pôde fazê-lo.
O sorriso de Cármen diminuiu quando Luigi segurou a mão de Lety. Sara e Paula Maria seguraram o riso e a vontade de zombar de Cármen. Lety não demonstrou em seu rosto, mas a satisfação que sentiu em vê-la envergonhada depois do comentário de Luigi foi grande.
– Então, quando podemos começar? – Cármen perguntou tentando despistar a vergonha.
– Precisamos ter uma conversa em particular para eu saber quais pontos devo dar prioridade... Mas... Acho que já sabemos qual é. – Luigi baixou os olhos para o decote dela. – Espero que não tenha vergonha de aparecer apenas de lingerie em frente às câmeras.
Nem em frente às câmeras, nem em frente ao marido das outras. – Pensou Lety.
– É claro que não, pelo contrário. Me sinto bem a vontade. Algumas pessoas tem esse dom.
Lety sentiu que ela a alfinetou, mas preferiu não responde-la.
– É, estou vendo. – Luigi virou os olhos. – Bem, então podemos ir até a minha sala?
– É claro... Mas... E quem irá ficar no meu lugar?
– Eu resolvo isso. Podem ir. – Lety disse rapidamente. Quanto menos tempo passasse ao lado daquela mulher, melhor. Cármen acompanhou Luigi com animação e satisfação. Lety se aproximou das amigas, e antes que pudesse dizer algo, todas se juntaram ao redor dela para entender o que tinha acontecido.
– Eu apenas a indiquei para o comercial do Luigi, meninas.
– Agora a Senhorita Turbinada irá se sentir como a Aurora. – Paula Maria disse com raiva.
– Mas isso é uma coisa que ela nunca será, amiga. – Marta disse. – Porque apenas a Lety consegue ser a Aurora. – Marta imitou uma pose de modelo e todas riram.
– Eu espero que ela não fique se gabando por causa desse comercial. Porque eu não irei mais suportar desaforos. Não me acabo! Não me acabo! – Lola disse batendo na mesa.
– Calma, Lola. Não se preocupe. Lety sabe coloca-la no lugar, não é mesmo Lety? – Joana olhou para a amiga.
– Isso não vai ser preciso, Joana. – Lety riu. – É melhor nos preocuparmos com outras coisas.
– Lety tem razão meninas. Temos muito trabalho à fazer. – Irminha disse.
– Paula Maria, pode ficar no lugar da Cármen enquanto ela está com o Luigi?
– É claro, amiga.
Lety se despediu das amigas e foi para a presidência para ajudar Fernando com o trabalho. Ficaram tão entretidos durante o dia inteiro, que só conseguiram parar um pouco depois do horário de almoço. Fernando olhou as horas e percebeu que já passava das 13h.
– Olha só que horas são, Lety! – Ele disse juntando alguns papéis em sua mesa. – Melhor irmos almoçar.
– Eu prefiro terminar isso primeiro e...
– Não, não. Não Senhora. – Fernando segurou a mão dela e se levantou. – Vamos almoçar agora. O Doutor Sérgio deixou claro que você tem que se alimentar direito.
Lety riu da preocupação de Fernando e se levantou.
– Está bem, Senhor Mendiola. Vou pegar minha bolsa e já vamos, está bem?
– Irei te esperar lá fora. – Fernando deu um rápido beijo em Lety.
Enquanto Lety pegava sua bolsa, ele saiu da sala da presidência para espera-la. As mulheres do quartel como sempre, estavam reunidas em apenas uma mesa, fofocando. Fernando se aproximou sorrateiramente e sem elas perceberem, ele bateu palma, assustando todas.
– Que bonito! Fofocando na hora do trabalho.
– Desculpe Seu Fernando. – Marta disse voltando para o seu lugar no mesmo instante.
– Do que tanto fofocam? Como conseguem ter tanto assunto assim? – Fernando perguntou indignado.
– Quer mesmo saber? – Sara perguntou empolgada.
Fernando a olhou sério por um tempo, mas a curiosidade foi maior. Quando perceberam que ele não se zangou, todas se aproximaram dele, formando uma pequena rodinha ao lado da mesa de Marta.
– Acontece que o Seu Luigi está conversando com a Turbi... Quero dizer... Com a Cármen em sua sala já tem algum tempo.
– E qual é o problema? – Fernando perguntou.
– Ouvimos dizer que ela irá fazer um comercial. Um comercial de lingerie.
– Não me diga! – Fernando fingiu estar abismado.
– Eu juro! – Lola disse. – Veja bem... É bem a cara dela fazer um comercial desses não é mesmo?
– O que quer dizer? – Ele perguntou tenso.
– Oras Seu Fernando... Aquela mulher é uma oferecida, e todos já perceberam isso! – Paula Maria disse e as outras concordaram.
– Está bem... Vou dizer uma coisa para vocês. Sabem o que é melhor do que fofocar sobre a vida dos outros? – Ele sorriu e todas se aproximaram curiosas. – Tra-ba-lhar! – Completou com animação. – O que acham?
Cada uma voltou para seu lugar em silencio. Fernando cruzou os braços até que Lety saiu da sala, pronta para irem almoçar.
– O que foi? – Lety perguntou se aproximando dele.
– Eu só espero que Luigi faça esse comercial como os clientes pediram. São clientes importantes, não podemos perdê-los.
– Confio em Luigi, ele irá fazer um bom trabalho. – Lety sorriu. – Podemos ir?
Os dois deram as mãos e seguiram para o elevador.
– Não sei se isso é uma boa ideia. – Fernando disse enquanto esperavam o elevador. – Não sei com que cara irei olhar para essa mulher na empresa, depois de ontem.
– Não se preocupe. Depois da conversa que tive com ela, ela provavelmente irá pensar antes de fazer algo assim. Principalmente porque ela conseguiu o que queria.
– Tem certeza que ela é uma boa opção para o comercial?
– Se não for ela, quem será?
Quando o elevador chegou e as portas se abriram, os dois pararam e olharam para a pessoa que sorria diante deles, com uma mistura de susto e desânimo.
– Olá Pavel. – Pilar sorriu.
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O capítulo ficou pequeno e um pouco sem graça, mas foi só para dar uma empurrada nos próximos capítulos que virão. A fic vai ficar mais animada e pegar fogo (hehe).