A Âncora escrita por Nice Chick


Capítulo 5
Receita para uma boa vida: Amor e saúde




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Algumas horas depois, minha mãe chegou. Parecia cansada, como se não tivesse dormido á dias. Antes mesmo de poder falar comigo, uma médica apressada veio me preparar para cirurgia.

– Oi – disse rapidamente. Minha mãe apenas sorriu para mim enquanto íamos para a sala de cirurgia. Depois de muitas voltas finalmente chegamos.

A sala de cirurgia não era confortável, mas me deitei e relaxei mesmo assim.

– Vamos colocar a anestesia agora, tudo bem? – disse uma medica simpática enquanto sorria para mim.

– Tudo bem...

O medico que estava sentado atrás de mim se levantou e colocou a mascara de gás no meu rosto. Ele parecia cansado, como minha mãe.

O tempo passou. Não conseguia dizer quanto, mas muito tempo havia passado. De repente comecei a ouvir vozes.

– Pinça – dizia a mesma voz doce da médica, ela me acalmava. Sentia uma dor constante na região do abdômen.

– Ai – gritei quando ela começou a mexer em meus órgãos.

– Ela esta acordada? – disse a médica brava. Ela olhou para o lado, o anestesista estava cochilando no banco ao lado da mesa cirúrgica – José! Acorde e saia já da minha sala de operação!

Depois disso só me lembro de uma enfermeira nova entrando na sala e colocando a mascara de gás novamente sobre minha face e o cheiro forte do gás.

Acordei algumas horas depois. Minha mãe estava ao meu lado acariciando meu cabelo e me olhando com um olhar de dó.

– Mãe? – disse abrindo meus olhos e sentando na cama.

– Estou aqui filha – ela não me parecia bem – a cirurgia foi bem, mas houve algumas complicações, já que você acordou no meio do procedimento.

– Onde esta Mathew?

– Filha – respondeu ela com a cara fechada – ele foi levado pela policia.

– Como assim? O que aconteceu?

– Depois que você foi para a cirurgia a policia veio ao hospital pedir um depoimento e eles sentiram cheiro de cerveja em sua camisa. Fizeram o teste do bafômetro e ele estava acima do nível permitido. Me desculpe.

– Mãe – não podia acreditar no que ela havia me dito – você pode me trazer um lanche, por favor? Preciso ficar sozinha por um tempo.

– Tudo bem – disse ela saindo da sala – vou pegar um hambúrguer com batatas fritas para você.

Assim que a vi entrando no elevador, peguei meu celular. Precisava falar com Sophia. Disquei seu número muito rápido e esperei ansiosa até que ela atendesse.

– Alô? – disse a voz do outro lado da ligação.

– SOPHIA! Mathew foi preso, mas não posso fazer nada porque estou presa nessa merda de hospital!

– Preso? Por quê?

– A policia pegou ele dirigindo bêbado!

– Aonde? O que esta acontecendo? E por que você esta no hospital?

– Desculpa, vou explicar. Estávamos voltando da praia e claro que bebemos um pouco, ai batemos de frente em um caminhão!

– Ai Meu Deus! Estou indo pra ai.

Sophia chegou uma hora depois. Estava suando tanto que parecia que tinha vindo correndo de New York.

– Oi – disse ela ofegante – Meu Deus, o que aconteceu com você?

– Eu falei, acidente – disse apontando para meus ferimentos.

– É você falou sobre o acidente, mas não falou nada de cirurgia! Você esta bem?

– Eu estou, mas Mathew não! – já estava no meu limite com essa historia toda.

– Ele foi preso, né? – Sophia parecia confusa – estou indo para lá, mas ele já deve ter pagado a fiança.

Ela saiu apressada e fiquei pensando no que ela havia dito. Realmente, Mathew não estava precisando de dinheiro e tinha muita grana para pagar a fiança. Mas não tinha voltado para me ver.

Os dias seguintes à cirurgia foram calmos e chatos. Alguns remédios e dores no corpo, mas fora isso tudo estava ótimo. Minha mãe estava fazendo tudo que eu queria. Comprava-me todos os tipos de comida, roupas e tudo que se possa imaginar. O tempo passou e mesmo assim Mathew não foi me visitar. Sophia havia me dito que ao chegar na delegacia ele não estava mais lá.

Três dias depois da cirurgia, Laura chegou ao hospital de surpresa. Estava preocupada como já esperava e trazia consigo uma bolsa gigante.

– Oi - disse Laura animada.

– O que é isso? - disse apontando para a bolsa.

– É sua passagem para bem longe desse hospital - disse ela abrindo e tirando as coisas da sacola. Roupas, maquiagem, acessórios, etc.

– Mas como vamos sair daqui?

– Tem um carro nos esperando na porta do hospital e eu já falsifiquei sua alta. De agora em diante sua médica é Dr. Miranda Smith - disse ela rindo e escrevendo ao mesmo tempo.

Em vinte minutos já estava pronta para dar o fora dali. Vestida, limpa e maquiada. Nada podia me impedir.

– Onde você pensa que vai? - minha mãe estava na porta do quarto com os braços cruzados.

– Embora!

– Você não vai a lugar nenhum menina!

– Você não manda em mim!

Quando terminei a frase senti algo em minha garganta. Subitamente tudo veio a tona, eu vomitei, mas não tinha vomitado comida semi-digerida e sim sangue. De repente comecei a me sentir meio tonta e no segundo seguinte estava no chão. Desmaiada.

Acordei minutos depois. Estava na maca, sendo levada para a sala de cirurgia. As luzes falhas no teto passavam rapidamente por mim. No final só me lembro de daquela sala fria e a mascara de gás sobre minha face pálida.

Horas depois abri meus olhos. Estava deitada na mesma cama novamente, no mesmo quarto de hospital, mas desta vez estava pior. Meu corpo doía mais e estava com uma dor de cabeça muito forte. Minha mãe estava dormindo ao meu lado, quando sentei na cama ela acordou.

– Oi, amor - disse ela espreguiçando.

– Oi mãe.

– A médica já está vindo conversar com a gente sobre sua cirurgia e seus exames.

Quinze minutos depois uma médica nova veio ao meu quarto para falar da cirurgia. Ela não parecia trazer boas noticias.

– Como você esta, Joanne?

– Bem - respondi pouco esperançosa - como foi a cirurgia?

– O vomito com sangue foi causado por uma hemorragia na área do intestino.

– Mas vocês arrumaram certo - disse minha mãe estressada.

– Sim, conseguimos conter a hemorragia - mesmo nos acalmando, ela ainda parecia transbordar más noticias - mas infelizmente quando estávamos resolvendo o sangramento, achamos um tumor.

– O que? - isso não estava acontecendo.

– Me desculpe, mas Joanne foi diagnosticada com câncer no fígado que se encontra no estágio 4 e se espalhou para os rins, o intestino e o baço.


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