Castanho Avermelhado escrita por Miss Hope


Capítulo 4
Capítulo 04 — Um Problema A Menos, Dois A Mais


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores da minha vida.

Eu sei, eu mereço ser apedrejada, judiei de vocês por demorar tanto e etc. Eu sinto muitíssimo, mas eu tive meus motivos.
— Novembro (o mês mais demorado do ano!): Fechamento de notas. PAS (vestibular seriado para entrar na UEM). Vestibular daqui duas semanas. Motivos o suficiente?
— 2° Motivo: Eu sou SUPER perfeccionista com minha escrita. Nunca acho que está boa o suficiente, portanto eu sempre refaço os capítulos umas três ou quatro vezes (de cabo a rabo) antes de achar que está quase bom, daí eu refaço alguns parágrafos novamente e daí que eu, finalmente, penso em postá-lo. É um processo lento a minha escrita, porque eu quero fazer do bom o melhor, eu quero que vocês gostem, então eu demoro mesmo.
Enfim.

Eu acabei de terminar esse capítulo, há mais ou menos uma hora, então vocês percebam como o meu nível de criatividade está ruim! Eu não gostei muito do final, mas a parte da Lucy está realmente muito boa, pois vou começar a mostrar os sentimentos dela em relação a tudo - focar de vez nela agora que esse capítulo finalmente foi escrito.

Espero que gostem do capítulo, pois ele é o capítulo que dá um verdadeiro início para a estória. A partir do próximo capítulo, eles serão mais longos e mais detalhados, focando ou na Lucy ou no Rogue (pelo menos é o que eu pretendo fazer).

Sem mais delongas, boa leitura!



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CASTANHO AVERMELHADO

Um Problema A Menos, Dois A Mais

by Miss Hope

.

Calma. Pensamentos positivos.

Ela estava, pela terceira vez naquela noite, na cozinha pegando mais algumas bolachas de morango, dentro de um potinho de porcelana decorado com desenhos de flores de cerejeiras.

Suspirava enquanto repetia aquelas palavras mentalmente.

Fazia quase uma hora que Levy havia aparecido em sua porta com a pequena criaturinha, desde então, as duas o colocaram no sofá e Lucy o enxia de bolachas, somente para distraí-lo enquanto Levy explicava-lhe o que aconteceu, como ela havia encontrado Frosch e por que tivera a ideia de leva-lo até sua casa ao invés de leva-lo para Makarov.

Segundo a maga azulada, ela estava saindo da guilda quando trombou em Frosch. Ele estava perdido e procurando alguma coisa, então Levy resolveu constatar Lucy antes de fazer qualquer coisa. O por que dessa decisão, Lucy ainda não havia entendido. Desde então, a maga loira tentava se acalmar e pensar numa provável possibilidade para o repentino aparecimento de Frosch em Magnólia.

Levy estava na sala, arrumando um cobertor no sofá, para que pudesse passar a noite ali. Ao lado dela, sentado no braço do sofá e observando tudo atentamente e calado, estava o pequenino exceed que a maga azulada havia trazido consigo uma hora atrás.

― Fro – chamou o pequenino, recebendo um olhar de canto da azulada, por conta do jeito que a loira chamou o exceed. – Suas bolachas, Frosch. – corrigiu-se.

O pequenino sorriu e atacou as bolachas, fazendo uma carinha de satisfação que deixava as duas magas com o coração derretido, tamanha a fofura.

Eles estavam daquela maneira há um bom tempo, Frosch comendo o que lhe era oferecido, Levy arrumava a cama e esperava que Lucy tomasse uma atitude e a maga loira tentava acalmar os pensamentos, pensando no que fazer diante aquela situação e tentando fingir que estava tudo bem.

O pequenino bocejou e chamou a atenção das duas magas, que haviam se sentado na cama, olhando-o e perdida nos pensamentos, que eram similares em relação ao que fazer com o exceed, mas completamente distintos em relação ao porque dele ter aparecido em frente a porta da maga.

Essa era a parte que Levy não havia dito a Lucy.

Ela não havia “trombado” com Frosch por mero acaso. Não. Ela estava indo até a casa da loira no mesmo momento em que avistou o pequenino e resolveu segui-lo. No começo era somente para ter certeza de que ele chegaria ao seu destino sã e salvo, mas quando reconheceu o caminho tomado por ele, ficou curiosa em entender o que estava acontecendo, mas é claro que não deixaria ele chegar ali sem mais nem menos e arriscar que outra pessoa o visse.

Achou a situação quase engraçada perante a reação da loira. Concluiu que ela não sabia da possível visita, mas tinha certeza que ela o reconhecia somente com uma olhada rápida. Levy tinha levado minutos para reconhecer o “membro” da Sabertooth, ao contrário de Lucy. Absoluta fora a certeza quando Lucy o chamou de “Fro”, mesmo que ele seja um neko – um exceed –, era demasiada “intimidade”.

Lucy somente observava atentamente o pequenino deitar-se lentamente, fechando os olhinhos sem ao menos qualquer comentário a noite toda. Quando ia suspirar, fora interrompida por um fraco sussurro do pequeno:

― Fro está muito feliz em ver a fada-san novamente.

Com isso, ele caiu no sono.

Sem ao menos notar a atmosfera tensa que ficara após o comentário.

Lucy fechou os olhos e esperou pela pergunta.

Pergunta, a qual, não veio.

Levy ergueu as sobrancelhas e levantou-se, pegando um travesseiro e colocando-o apoiado no braço do sofá. Acomodou-se embaixo do cobertor e arrumou Frosch ao seu lado, fazendo com que ele ficasse confortável como ela.

Imaginava a cara que Lucy deveria estar fazendo, seria algo com um sorriso nervoso e os olhos levemente arregalados de surpresa e uma certa preocupação estampada em sua face, mas não estava muito afim de conferir. Seria melhor assim.

― Lu-chan, vá dormir. – disse calmamente. – Amanhã decidimos o que fazer com ele, ok?

O comentário do exceed repetia-se na cabeça da azulada e milhões de perguntas formaram-se em seguida, somente Kami-sama sabia tamanha a vontade de soltá-las simultaneamente, mas ela sabia que não deveria fazer isso, mesmo que explodisse de curiosidade.

Ela era uma das pessoas que havia notado uma repentina mudança em Lucy desde o dia em que voltaram de Crocus. Lucy geralmente tinha uma energia invejável e um espirito de positivismo, todos sempre repararam nisso, era como sua marca registrada, junto com o sorriso carinhoso que portava desde o primeiro dia em que entrara pelas portas da Fairy Tail com Natsu.

Desde que voltaram, parecia que aquele brilho de Lucy havia ficado para trás.

Por mais que ela ainda sorrisse constantemente, isso somente acontecia na presença de alguém, qualquer um que fosse, como se ela precisasse de alguma distração de pensamentos que impediam que um sorriso se forma-se em seu rosto e que enxia seus olhos de tristeza e uma ponta de arrependimento, ou talvez fosse saudade. Ela não sabia. Somente tinha certeza de que, seja o que quer que tenha acontecido em Crocus, era algo que ainda machucava um pouco a amiga e ela sabia que Lucy ainda não estava pronta para se abrir com ela.

Aa. – respondeu a loira num sussurro.

A loira sabia das dúvidas da amiga e sabia que ela estava somente preocupada.

Elas eram amigas há tempo e Levy somete estava preocupada, não julgaria Lucy por qualquer coisa que ela tivesse feito.

Lucy também havia ficado surpresa com o comentário e sua expressão demonstrava que tinha certeza das dúvidas dela, mas Levy sabia que quando a amiga loira estivesse pronta, ela responderia todas as perguntas sem que a azulada necessitasse verbaliza-las.

Somente por isso, a única coisa que Levy disse foi:

― Quando estiver pronta, sou toda ouvidos.

Revirou-se na cama mais uma vez.

Não adiantava. Mal conseguia fechar os olhos.

Olhou para a amiga azulada do outro lado do cômodo, dormindo tranquilamente e toda estabanada no sofá com Frosch em cima de seu estômago. Era a primeira vez que tinha inveja de Levy. Queria simplesmente entregar-se ao mundo dos sonhos e tirar todos aqueles pensamentos da cabeça por, pelo menos, algumas horas de inconsciência.

Sentou e se espreguiçou. Pensou no que podia fazer até o sono chegar. Poderia especular o que fazer em relação a Frosch, já que não poderia deixa-lo em seu apartamento e, muito menos, aparecer com ele na guilda sem mais nem menos, sabe-se lá o que aconteceria.

Suspirou frustrada.

Não tinha ideia do que poderia fazer. Pelo menos não antes de descobrir o que ele estava fazendo em Magnólia, para começo de conversa. Claro que infinitas possibilidades de explicações passavam-se em sua mente, mas nenhuma delas agradava-a completamente, todas tinham seus prós e contras – claro que os contras eram o que preocupavam-na.

Olhou pela janela, vendo o céu noturno sendo iluminado apenas pelas estrelas.

Sempre adorou observar o céu a noite. A forma como as estrelas iam aparecendo lentamente, iluminando a escuridão, tornando a paisagem cada vez mais bonita.

Isso lhe acalmava, pois era algo que lembrava-a de sua mãe, ela sempre dizia-lhe para observar o céu quando tivesse pesadelos, nunca entendeu realmente a finalidade de tal feito, mas, mesmo assim, atendia o pedido de sua amada mãe; da mesma forma que acatou escrever cartas quando estivesse com pensamentos demais na cabeça – justamente pelo fato de não enviá-las a ninguém, assim poderia desabafar sem medo.

Para Lucy, o céu sempre representou as infinitas possibilidades existentes na vida.

O céu é o limite.”

As pessoas sempre usaram essa expressão para animar umas às outras ou até a si mesmas, principalmente ao listarem seus desejos e sonhos. Assim, elas poderiam desprender-se a realidade ou ao pensamento da possível impossibilidade de realiza-los.

“Impossível. É uma palavra engraçada.”

Realmente, é uma palavra engraçada.

É cotidiano ver as pessoas fazendo uso dessa palavra quando as coisas ficam difíceis, portanto ela torna-se apenas uma desculpa para a, real, falta de vontade das pessoas.

Quem quer, faz acontecer. Quem não quer, acha uma desculpa.

“Por que?”

“Nada é realmente impossível.”

“Como pode ter tanta certeza?”

“Porque tenho provas disso.”

“Que seriam?”

“Bem... Estamos conversando, não estamos?”

Nada no mundo se comparava ao sorriso que surgiu em seu rosto a primeira vez que lembrou-se daquela conversa. Era um sorriso genuíno, de orelha a orelha. Era um sorriso de uma garota sonhadora, iludida por um coração saltitando em seu peito. Era um sorriso cheio de promessas para si mesma, cheio de ilusões criadas pela simples ideia de apaixonar-se.

Naquela época, ela não preocupava-se com o que aconteceria dali ‘pra frente, somente queria aproveitar o momento, jogando-se de cabeça naquilo, sem nem ao menos saber o que lhe aguardava no fundo do poço – água ou pedras.

“Nossas vidas são feitas de pequenos momentos. Acredito que a melhor forma de viver é aproveitá-los, não?”

Ela lembrava-se de ter respondido um baita d’um “sim” mentalmente, mas agora sabia que a melhor resposta era “não”, pois a negação nos leva a pensar antes de correr riscos e arrepender-se de ter colecionado momentos que agora são apenas lembranças.

Algumas pessoas dizem que as lembranças são a ruína dos corações partidos.

Talvez realmente sejam. Talvez não.

O verdadeiro problema é que elas são apenas lembranças. Elas ficam ali, gravadas na sua cabeça e, quando você menos espera, elas vêm à tona, tirando seu sono e bagunçando seus pensamentos. E, apesar disso, você não quer deixa-las de lado, pois elas são tudo o que você tem daquilo que uma vez lhe deixava feliz.

Lucy sentiu os olhos lacrimejarem e suspirou.

Agora, o “não” caia bem porque ela sabia que os pequenos momentos passam e as pessoas mudam. Agora ela sabia que, quando tudo acaba, o que fica são somente as tortuosas lembranças do que uma vez fora belo, suficiente e que alegrava o coração.

Sentiu um aperto no peito ao constatar que ela sabia de tudo isso pelo simples fato de que, ao invés de um sorriso de garota apaixonada, ela adormecia sempre com as lembranças desses pequenos momentos, na companhia de alguma lágrimas insistentes e uma sensação de vazio no coração.

CRACK

Todos nós passamos pela situação desesperadora de acordar de um sonho repentinamente, caindo da cama e não entendendo absolutamente nada...

― AAAAH!!

... do que está acontecendo.

A loira levantou e correu para a cozinha depois do barulho de coisas quebrando e do grito agudo que chegou a seus ouvidos, ao mesmo tempo Levy fez a mesma coisa.

As duas surpreenderam-se com a cena.

O pequeno exceed cosplay, que atente pelo nome “Frosch”, estava sentado em cima da geladeira, comendo as mesmas bolachas que Lucy havia lhe dado na noite anterior, mas no meio do processo para alcança-las, ele acabou quebrando dois potes de vidro, derrubou a toalha que estava em cima da geladeira e quebrou a tampa do pote.

― Frosch!

Mesmo que elas tivesse o repreendido, não conseguiram evitar rir da situação, pois ele estava de boca cheia e com os cantos da boca sujos de bolacha, a feição satisfeita dele tornou-se assustada quando reparou nas duas magas e olhou ao redor.

Gomen Fada-san... – disse tristonho, para logo depois levantar o pote e se justificar. – Fro queria as bolachas da Fada-san. – colocou outra na boca. – Quer uma?

Naquele momento, as duas concluíram que era simplesmente impossível zangar-se com ele. Era muita fofura para um corpinho tão pequeno.

― Não, Fro. Arigatō.

Elas duas bocejaram e Levy sentiu o colo pesar quando Frosch pulou em seus braços.

― Bom dia, Fada-san! Bom dia, amiga da Fada-san! – disse ele sorridente.

― Bom dia, Fro. – responderam juntas.

Levy sentou-se na mesa enquanto Lucy pegava duas xícaras e colocava o chá para ferver, pegando os pires, sentiu seu estômago roncar, não havia jantado devido ao cansaço e ao acontecimento da noite anterior.

Lembrando-se daquilo, virou-se para os dois sentados na mesa, posicionando as xícaras nos pires.

― Temos que decidir o que fazer com você, Fro. – disse calmamente, esperando a reação dos espectadores da sua perguntas. Levy assentiu e ela pode ver um ponto de interrogação acima da cabeça de Frosch.

― Como veio parar aqui, Frosch? – perguntou Levy, olhando o pequenino.

O pequenino parou de fazer tudo o que estava fazendo, Lucy tinha a impressão de que ele não estava nem mesmo respirando. Ficou assim por meio minuto e depois olhou para as duas com uma carinha pensativa.

Lucy e Levy entreolharam-se, esperando a resposta do pequenino. Só não esperavam que ela fosse sair num tom desesperador para os corações de manteiga que elas tinham.

― Fr-Fro não sabe! – o exceed começou a deixar algumas lágrimas caírem e Levy crucificou-se por perguntar, pegando-o no colo no mesmo instante, tentando acalmá-lo, acariciando-o. Aos poucos, o choro diminuía e as duas tranquilizavam-se enquanto ouviam pequenas fungadinhas do esverdeado.

― Mas você não se lembra do que estava fazendo, digo, antes de vir até aqui? – perguntou a loira com cautela. – Não se lembra de nada? Nadinha de nada?

― Fro estava com Lector-kun, fazendo compras, mas daí Fro se separou de Lector-kun porque Fro viu uma borboleta muito linda e Fro foi atrás da borboleta. – ele gesticulava igual uma criança, uma criança fofa e a ponto de chorar. – Mas daí... Fro se perdeu!

― Foi quando você veio ‘pra cá, certo?

Hai. Fro queria ver a Fada-san, mas daí a amiga da Fada-san achou o Fro.

― Daí eu trouxe ele aqui. Não sabia o que fazer com ele. – disse Levy dando de ombros.

Não era muito difícil notar a falta de atenção vinda da maga celestial.

Desde que a palavra “Lector-kun” fora pronunciado, Lucy havia se perdido numa linha de pensamentos muito peculiar. A primeira coisa em sua cabeça fora o raciocínio logico de que, se Lector estava em Magnólia, ele estava na companhia de ninguém menos que Sting Eucliffe.

Depois ela cogitou todas as possíveis explicações para que o mais novo mestre da Sabertooth houvesse deixado o conforto de sua guilda para dar o ar de sua graça à Magnólia. Então ela deduziu as possíveis companhias do “Grande” Dragon Slayer da Luz, claro que as outras companhias além da mais óbvia de todas.

Por fim, ela começou a pensar aonde poderia encontrar “vossa senhoria”, afinal, quando encontrassem o loiro com o maior ego de Fiore, facilitaria muito as coisas para ajudar Frosch.

Não era como se ela não estivesse prestando atenção na história do pequenino e não estivesse preocupada em ajuda-lo, somente não era o principal pensamento em sua cabeça.

― Vamos, Lu-chan.

Claro que no meio tempo em que formou sua linha de raciocínio, Levy já tinha criado uma própria, pois nesse momento ela estava de pé, segurando a porta de sua casa aberta com uma das mãos e com Frosch na outra.

― Claro. – disse a loira tentando lembrar-se do momento em que falaram que eles iriam a algum lugar.

Depois de saírem da casa da maga celestial – e Frosch pular no colo da maga, aconchegando-se –, as duas caminharam calma e silenciosamente até a guilda, afinal, já que não tinham nenhuma ideia do que fazer com o pequenino, era melhor simplesmente deixar que Makarov desse-lhes alguma ideia ou resolver o “problema” por si próprio.

Lucy não processou muito bem como aconteceu, mas, assim que abriu a porta da guilda – que estava praticamente vazia àquela hora da manhã –, sentiu Frosch deixar seus braços em menos de um segundo e sair correndo para dentro da guilda, com os bracinhos abertos.

― Frosch!! – ouviu alguém chamando o exceed, numa voz chorosa mas com uma ponta de felicidade.

― Lector-kun!

A cena seguinte era simplesmente... Fofa.

Os dois exceeds correram na direção um do outro e se abraçaram, Lector chorava um pouco e logo começou a dar uma bronca em Frosch, dizendo que ele não deveria sair por aí se ele não souber como voltar aonde estava e que, também, havia deixando o amigo muito preocupado.

Um problema a menos.

Concluiu a maga, suspirando. Haviam achado Lector, então, seria muito mais fácil devolver Frosch a seu devido dono.

― Vejo que não precisamos mais nos preocupar. Frosch está sã e salvo. – ouviu a voz do mestre vir do andar de cima, atraindo sua atenção.

― Oe. Viu?! Eu disse que íamos acha-lo. – ouviu uma voz um tanto quanto estridente e sabia que Sting Eucliffe estava presente naquele cômodo e, com certeza, não estava falando sozinho.

Cumprimentou Mirajane com um aceno de cabeça assim que a albina veio para perto delas.

― O que eles estão fazendo aqui, Mira-san? – ouviu Levy questionar.

― Vocês perderam o anunciamento do mestre noite passada. – disse com um sorriso, enquanto enxugava um copo e olhava as três figuras no andar de cima. Podia-se ouvir alguns murmúrios e a conversa parecia nada mais que algumas palavras trocadas formalmente entre Sting e Makarov.

Inquietude. Nervosismo. Tensão.

Não sabia se sentia um pouco de cada ou uma mistura dos três, mas no final das contas, dá tudo na mesma, já que as três sensações são, praticamente, as mesmas. Só sabia que era essa sensação maluca que teve quando ouviu o grito de Frosch ecoar pela guilda.

― Rogue-kun!

Não conseguiu mais se segurar e procurou pela silhueta familiar.

Estava tenso, os braços cruzados na frente do peito e a face inexpressiva, prestava atenção em cada palavra que Makarov ou Sting falavam, mas não reproduzia qualquer som – ela só não duvidava que ele estava respirando por conta do movimento calmo e ritmado do tórax dele. As sobrancelhas ergueram-se assim que escutou seu nome e ela teve o vislumbre de um pequeno sorriso formar-se em seus lábios quando Frosch chocou-se contra ele, agarrando-o pelo pescoço e dizendo o quanto sentira a falta dele.

Era estranho o ver sorrir depois de tanto tempo, mas não para Frosch, ele era o único que o Dragon Slayer achava digno de receber sorrisos de sua pessoa. Às vezes, Lucy duvidava se alguém além de Frosch, Sting e Lector já viram o moreno sorrir, nem que fosse um repuxar de lábios.

Não demorou nada para que a mesmas palavras que Lector proferiu a Frosch, minutos antes, saíssem da boca do rapaz, repreendendo Frosch pela falta de cuidado. O pequenino desesperou-se e logo se desculpou, chorando baixinho. Logo, tentando acalmar o amigo, contou-lhe o quão bem a “Fada-san” e a “amiga da Fada-san” cuidaram dele.

Pensou ter visto os olhos do moreno arregalarem-se minimamente, mas a leve expressão de surpresa desfez-se tão rápido quanto apareceu.

O comentário inoportuno de Frosch fora o suficiente para ver as orbes vermelhas vasculharem a guilda toda, até encontrarem as suas. Reconhecia aquele olhar. Era duro e analítico, passeou pelo corpo dela e prendeu-se aos olhos rapidamente. Lucy tinha a impressão que ele conseguia enxergar através da máscara de calma que ela estava usando e ler seus pensamentos mais profundos. Sentia-se desconfortável sendo analisada daquela maneira tão fria.

Mas antes que ela pudesse desviar o olhar dele, o mesmo suavizou o olhar, como se percebesse o que ela estava prestes a fazer. Lucy deixou um pequeno sorriso brotar em seus olhos quando ele acenou brevemente, mesmo que não soubesse se ele estava cumprimentando-a ou agradecendo-a por ter cuidado de Frosch. Não que se importasse muito, afinal, era melhor do que ele ter fingido que ela não estava ali ou não demonstrar importar-se com a presença dela.

Sentiu as bochechas esquentarem quando viu-o repuxar o canto direito dos lábios e desviou o olhar rapidamente, prestando atenção na conversa de Mirajane e Levy.

Controle-se, Lucy, pelo amor de Deus!

― Então foi isso...

― Foi isso o quê? – perguntou a maga celestial, perdida no assunto.

― Estava explicando ‘pra Levy o porque dos Dragões Gêmeos estarem aqui.

― Que seria?

― Ontem, o mestre havia dito que os membros da Sabertooth já haviam chego em Magnólia e hoje anunciaria quais seriam os membros que ficaram aqui, na Fairy Tail, no lugar de Laxus e o Raijinshuu.

Inconscientemente, nesse exato momento, foi quando Lucy começou a pedir – implorar – para Kami-sama ou quem quer que seja, para que as próximas palavras de Mirajane não fossem as que ela estava imaginando que seriam.

― Sting está aqui desde cedo conversando com o mestre sobre como será a troca dos membros, já que agora ele é o mestre da Sabertooth e tem que assumir essas responsabilidades “triviais”. – disse a albina calmamente.

― Você quer dizer que...

― Sting Eucliffe e Rogue Cheney vão ficar, por tempo indeterminado, aqui na Fairy Tail.


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Notas finais do capítulo

Glossário:
♠ Aa → Sim
♠ Kami-sama → Deus
♠ Gomen → Desculpa
♠ Arigatō → Obrigado (a)

Bom, como puderam ver, as pessoas já notam a mudança de comportamento da Lucy, mas o motivo, ninguém além da própria Lucy sabe. A parte dela, eu me inspirei na música "Little Wonders' (Rob Thomas), por isso da frase "“Nossas vidas são feitas de pequenos momentos", quem conhece a letra da música sabe que essa frase é a mesma frase do refrão.

Me digam nos comentários o que acharam!
Até o próximo capítulo.