Mais que o sol escrita por Ys Wanderer


Capítulo 16
Olhos negros


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a todos os maravilhosos leitores, obrigada pela atenção.
Vamos saber o que se passa no coraçaõzinho do alien mais fofo do planeta? kkkk
Boa leitura!



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Cal

Nem mil anos seria tempo suficiente para que eu pudesse entender tudo o que estava acontecendo comigo.

Depois do acidente com os espelhos eu e Sam começamos a nos falar com mais frequência, não havia mais mágoas aparentes. No entanto, eu não conseguia esquecer sua pergunta. Ela questionou o porquê de eu tê-la salvado e sinceramente não sabia o que responder. Por que eu a salvei, sendo que ela tentou me matar? Por que arrisquei minha vida por ela se eu mal a conhecia?

“Você parece ser especial... para o seu irmão. Eu não gostaria que você morresse” respondi. Uma explicação completamente boba e que pareceu ser suficiente para ela, no entanto não para mim.

Por que o jeito como Aaron a olhava me incomodava tanto? Quando ele tentou agarrá-la no corredor senti um ódio que jamais havia sentido me dominar, algo que jamais havia experimentando sequer quando sofri as piores privações. Imediatamente me compeli a enfrentar Aaron e tirá-la dali, mas somente depois me dei conta que fora completamente desnecessário, Sam sabia se defender muito bem sozinha. Mesmo assim ela agradeceu o fato de eu tê-la “defendido”. Me senti feliz com isso, mas também assustado.

Sam era violenta e impulsiva, a personificação do que as almas mais temiam e temem em um humano. Eu sabia que em algum momento da vida ela havia machucado almas, mesmo que por autodefesa, mas ainda assim a violência parecia ser inerente para ela. E apesar de um pouco mais sociável Sam ainda se mostrava bastante hostil com algumas pessoas.

O momento em que ela agrediu Sheron na sala de jogos foi algo difícil de assistir, a quantidade de violência desconcertante. Porém, Sam surpreendeu a  todos ao dizer que os humanos haviam perdido o mundo por culpa do egoísmo e da maldade de pessoas como Sheron e que nós almas não éramos o grande mal.

Sua afirmação me fez prestar atenção em um outro lado seu onde havia uma doçura escondida bem dentro dos seus olhos, doçura essa que somente poderia ser percebida com muita paciência. Sam era protetora, decidida, auxiliadora e vez ou outra deixava escapar um sorriso que demonstrava que não era tão emburrada como queria parecer. Nós agora nos dávamos bem e sempre conversávamos trivialidades.

"Por que estou pensando nela novamente?" perguntei para mim mesmo enquanto seguia em direção à cozinha. Isso estava me inquietando, mas no momento em que a vi à mesa sentei-me ao seu lado.

— Sam, você está aqui há semanas, não gostaria de compartilhar nada conosco? — a voz de Jeb chamou a atenção de todos. Fiquei curioso, pois não sabíamos muito sobre ela. Torci para que aceitasse falar.

Ela aceitou. E colocou para fora toda a sua dor.

Quando Lily perguntou se Sam havia perdoado as almas ela respondeu com palavras duras, mas infelizmente verdadeiras, enfatizando o temor que sentia de não poder pertencer mais a si própria. Contudo eu agora também dividia os mesmos temores que os humanos, pois se fosse pego seria mandando para algum planeta distante e teria meu corpo tomado de mim. Se alguém fosse capturado eu jamais perdoaria meus semelhantes. Não consegui olhar Sam nos olhos e por isso baixei a cabeça.

Porém, depois de um silêncio doloroso Sam mostrou ter perdoado pelos menos as almas que viviam na caverna dizendo que todos nós merecíamos ter uma segunda chance. Suas palavras aqueceram o meu coração e ergui a cabeça lhe lançando um sorriso mais do que feliz. A partir daí a conversa fluiu e, como nunca antes, as cavernas de Jeb pareceram tanto com um lar.

Após o jantar todos foram para os seus respectivos quartos e o silêncio predominou. Eu geralmente nunca dormia na mesma hora que os outros, pois preferira ficar vagando na escuridão e por isso caminhei a esmo pela caverna. O barulho das fontes que escorriam me deixava tranquilo e pensativo, acalmando completamente o meu interior.

Nem percebi quando cheguei a um dos campos de trigo e me assustei ao ver a luz de uma lanterna piscar em meio às plantas. Resolvi conferir, mas no meio do caminho estanquei. E se fosse algum casal aproveitando a escuridão para a intimidade? Não querendo ser indiscreto e ver uma cena constrangedora dei meia volta rapidamente. Porém, se fossem buscadores? E se tivéssemos sido encontrados? Me senti exatamente como um humano deveria se sentir, a paranoia e o medo constante da captura. Mas se buscadores tivessem nos encontrado já teríamos sido capturados, então não me preocupei.

— Quem está ai? — Alguém perguntou quando eu já estava de saída. A pessoa se levantou e focou a lanterna em meu rosto me ofuscando. — Ah, é você — Sam disse quando me reconheceu. Ela parecia triste e sua voz estava diferente, bem mais suave.

— Desculpe, eu não queria incomodar. Apenas vim conferir quem estava aqui — respondi e ela respirou profundamente. — Já estou indo embora.

— Não, Cal, espere. Você pode ficar se quiser... Desde que fique calado — ela sorriu e me surpreendi com o convite.

Nós nos deitamos no solo lado a lado, com os espelhos bem acima de nossos rostos. Sam direcionava a luz da lanterna para os espelhos, criando reflexos dançantes ao ligá-la e desligá-la, completamente alheia a minha presença. O silêncio perdurou por vários minutos até ela quebrá-lo.

— A nossa vida é igual a esses espelhos: é linda, mas também é muito frágil. Nós refletimos tudo aquilo que a vida nos proporciona, mas uma hora embaçamos e paramos de nos importar. Sabe, Cal, eu nunca tive medo de morrer. Na verdade o meu maior medo é esquecer como viver. Perder o mundo... perder o corpo...perder a alma. Isso é cruel.

Percebi nesse instante que por mais que convivêssemos em paz com os humanos eles jamais esqueceriam toda a dor e sofrimento que nós almas ocasionamos quando pisamos neste planeta. Eles poderiam até perdoar, mas isso é totalmente diferente de esquecer.

— Eu sinto muito, Samantha, eu realmente lamento profundamente tudo isso. Se de alguma forma eu soubesse que você seria tão infeliz, jamais teria vindo para esse mundo — disse sinceramente.

— É, pode ser — ela respondeu. — Mas se não fosse você seria outra alma, então não há como voltar atrás. Pelo menos você está do nosso lado. Não é?

— Claro que estou — respondi tentando não me sentir ofendido. — Por que a pergunta?

— Porque eu penso, às vezes, que caso fosse dada a oportunidade a você de voltar para o mundo lá fora se você não iria. E Peg e Sunny também. Tipo, em troca de permanecerem vivos.

— Sam, você ainda não acredita em nós?

— Eu tento, mas parece surreal. Vocês poderiam agora estar lá fora, vivendo livremente e usando tudo como se lhes pertencessem, e não aqui em uma caverna quente e escura com um bando de humanos selvagens.

— Por isso mesmo quero estar aqui e não lá. O mundo lá fora não me pertence, tampouco faço mais parte da comunidade. Meu lugar agora aqui. E se eu for capturado perderei meu corpo, assim como vocês. Serei enviado para algum planeta distante e quando abrir os olhos vocês todos estarão mortos há décadas, até mesmo milênios. E isso seria pior do que morrer. Acho que nós compartilhamos os mesmos medos agora — eu disse e ela pareceu satisfeita.

— É... — Sam aquiesceu suspirando. — Pensando dessa maneira você agora está tão ferrado quanto nós.

Nós sorrimos juntos e ela virou o corpo ficando de bruços e frente a mim. Esse gesto me deixou sem ar, pois desde o dia e que a carregara no colo nunca a tinha visto tão vulnerável. Os cabelos castanhos escorreram pelo seu rosto e os seios se comprimiram, subindo e descendo de acordo com a sua respiração. A camiseta curta que ela vestia subiu, deixando sua cintura a mostra e senti vontade de tocá-la naquele ponto. Meu corpo imediatamente reagiu de uma forma que me surpreendeu, me deixando chocado com tais reações jamais sentidas. Voltei a olhar para o teto rapidamente.

— Como é? Estar dentro de outra pessoa e depois outra e mais outra sem nunca cansar? Como é que você se sente sabendo que está tomando não só uma vida, mas uma pessoa dela própria? — Sam perguntou sem rodeios e me pegando desprevenido. Esse era um comportamento típico dela, ser direta e objetiva em seus questionamentos.

Culpa.

Culpa foi a primeira palavra que veio a minha mente. Medi minhas palavras por um longo tempo, até conseguir respondê-la.

— Nunca havia sido horrível quanto agora. Antes nós não sentíamos que estávamos fazendo algo errado. Era natural, sabe? Alguns hospedeiros até nos aceitavam de bom grado. Mas com os humanos... Bom, com os humanos experimentamos o céu e o inferno, como vocês mesmo dizem. Vocês lutam até o fim e isso é algo difícil de lidar. Vocês foram os únicos a nos fazerem sentir tamanha culpa por sermos quem somos.

Sam pareceu gostar do que falei, principalmente sobre a parte sobre lutar até o fim. A vingança fazia parte de sua natureza e, como não era possível fazer nada para reverter a situação do mundo, ela pareceu contente em saber que pelo menos a vida na terra não estava sendo nada fácil para algumas almas.

— Então, como foi com o seu hospedeiro? — ela perguntou. Não havia mágoas em sua pergunta, apenas curiosidade.

— Ele não lutou. Na verdade, nem sabia o que estava acontecendo. Ele tinha uma vida vazia e desprovida de memórias e sentimentos, então não foi difícil. Pelo menos nesse aspecto. Mas eu não herdar nenhuma carga sentimental de meu hospedeiro não me fez uma alma livre, pelo contrário, viver sem sentir e saber o que é amizade, saudade e esperança pode ser muito pior do que simplesmente não sentir nada.

— Pode ser que sim, pode ser que não — Sam devolveu. — Às vezes sinto que daria tudo para esquecer todo o sofrimento pelo qual já passei. Porém cada um carrega sua própria cruz, então não sei se esquecer de tudo realmente é a melhor solução. A vida é tão confusa...

— Você tem razão. Essa é a vida mais estranha que eu já tive.

— Cal, você sabe que é um ser inexplicável — Sam continuou a falar. — Não tem um corpo e é algo... — ela pareceu analisar as palavras — ...apenas alma mesmo se encaixa na descrição. Por isso demos esse nome. Eu não consigo entender que tipo de entidade louca criou vocês: criaturas frágeis, pequenas e ao mesmo tempo tão fortes. Conquistaram e tomaram tantos mundos... Tão diferente de nós — ela me olhou tristemente. — Nós humanos somos almas que já nascem com o seu próprio corpo, intransferível e amalgamados como uma entidade só. Nossa alma é invisível e não pode ser removida. É justiça. Cada alma com o seu próprio corpo, não precisamos roubar para viver...

Pela primeira vez vi Sam chorar. Não um choro forte e aparente, apenas dolorosas e silenciosas lágrimas. Tive que resistir fortemente ao impulso de me aproximar e consolá-la, apesar de suas palavras terem me magoado.

— Entretanto — ela olhou para o vazio e continuou a falar como se eu não estivesse lá —, da mesma forma que nascemos assim, já completos, vocês não tem culpa de precisarem de outrem para se completarem. Agora eu vejo. Mas isso também não muda o fato de que vocês cometeram inúmeros assassinatos aqui na terra. É um paradoxo... Então, a pergunta que não sai da minha cabeça é: por que não se contentaram com o seu mundo? Por que vocês têm sempre que tomar o que não lhe pertencem? Depois ainda nos julgam, nos chamam de ladrões e gananciosos? Quanta hipocrisia...

Suas palavras pairaram no ar até ela se dar conta novamente da minha presença. Ela franziu a boca e respirou fundo antes de baixar o olhar.

— Me desculpe, não devia ter dito isso. Foi mal.

— Não, Sam, tudo bem — ponderei, mesmo que ferido. — Eu sei de todas as causas e consequências de nossa vinda para esse mundo. Os humanos fizeram muita coisa errada, mas nós também não fomos em nada melhores. Eu penso nisso todos os dias. Mas... — disse na tentativa de fazê-la se sentir melhor — pelo menos você tenta de algum modo compreender, apesar de tudo. E isso é muito mais do que eu podia esperar.

— Vocês foram e são melhores do que nós, esse é o problema — ela devolveu e isso me surpreendeu. — Vocês conseguiram deixar o mundo da maneira que sempre sonhamos que ele fosse. Acabaram com as guerras, com a fome, com a pobreza. São bons uns com os outros... Acho que por isso temos tanta raiva das almas. É difícil perder para um adversário melhor do que você — Samantha riu, triste, e baixou o olhar.

Fiquei comovido com suas palavras e principalmente com suas lágrimas. Ela então sentou e a acompanhei. Sam ficou de cabeça baixa por muito tempo e fiquei sem saber o que fazer ou dizer. Criei coragem e coloquei a mão em seu ombro e então ela voltou a me olhar. Sam então estendeu a mão e tentou tocar em meu rosto, mas desistiu no meio do caminho.

— Eu sinto muito por ter tentado matar você — ela disse me olhando nos olhos. — Mas eu estava com medo de perder tudo outra vez. Eu fiz por Adam.

— Tudo bem, você só estava se defendendo. Faz parte da sua natureza.

— Assim como faz parte da sua ter salvado a minha vida? Você quase morreu, Cal. E por mim. Ninguém jamais fez algo parecido por mim... Você é maluco — Sam disse e sorriu.

Fiquei sem palavras. O que dizer? Nem seu mesmo sabia por que a havia salvado.

— Eu te salvei e não me arrependo disso, afinal isso é uma comunidade, não é?

— É... — ela respondeu. — Uma comunidade muito excêntrica.

Nesse momento me senti feliz. Sam era uma boa pessoa, estava apenas cansada e amargura pela vida dura imposta pelas almas. Se houvesse alguma maneira de devolver seu mundo eu o faria. No entanto me entristeci no momento que percebi que se não tivesse vindo para esse mundo jamais a conheceria.

— Nossa, está muito tarde, melhor irmos dormir — ela sugeriu levantando e limpando as mãos sujas de terra na calça. — Estou morrendo de sono e amanha é dia de trabalho. Jeb não perdoa ninguém.

— Você quer que eu te acompanhe? — me ofereci.

— Não é necessário. Preciso de um tempo comigo mesma. Boa noite então.

— Boa noite — respondi enquanto ela se afastava de mim. Seus passos a levaram rapidamente em direção ao corredor. E então ela parou.

— Cal — Sam olhou para trás e me chamou.

— Sim? — respondi me aproximando dela.

— Você até que é legal... para uma alma — ela falou e ficando na ponta dos pés me deu um beijo no rosto. Dito isso ela desapareceu na escuridão. Meu coração bateu tão descompassadamente que toda a caverna poderia ouvir.

Mal pude acreditar no que tinha acontecendo, que ela tinha me tocado dessa forma tão intensa e encantadora. Toquei o local para ter certeza de que não havia sido uma ilusão, mas eu ainda podia sentir o calor dos lábios dela quase tão perto dos meus que meu coração acelerava só de imaginar como seria sentir o gosto deles.

Quando cheguei ao meu quarto a cama me pareceu tão convidativa que nem tive tempo de pensar em mais nada. Apenas os olhos negros de Samantha pairaram até o sono me atingir.

 

*

Levantei da cama e percebi que era muito cedo, pois a caverna ainda descansava pacificamente. Nate estava no lado oposto do quarto, dormindo profundamente, e não quis incomodá-lo com minha inquietação. Peguei uma toalha e saí do cômodo sem fazer barulho.

A sala de banhos estava vazia, então pude aproveitar um tempo meditando na piscina quente. Eu jamais havia experimentar nada parecido em todas as minhas vidas. O que poderia ser isso? Nada se comparava as sensações que agora dominavam meu corpo humano. Mas... lá no fundo, eu sentia que ele não era o todo responsável por isso. Seja lá o que fosse que tivesse me acometendo provinha em grande de parte também de mim, a pequena alma prateada.

Resolvi conversar com o meu melhor amigo, Nate. Talvez ele soubesse o que estava acontecendo comigo.

Quando retornei ao quarto, encontrei Nate se preparando para o café. Ele parecia bastante sonolento e só percebeu minha presença quando já eu já estava do seu lado.

— Bom dia — ele cumprimentou. — Algum problema? Você não parece nada bem.

O que eu perguntaria? Eu nem sequer sabia o que queria saber.

— Nate, você pode me tirar uma dúvida? Na verdade é mais uma curiosidade.

— Pode contar comigo. Se eu puder responder.

— Bom — comecei meio tímido. — Quando um homem sente certas coisas por uma mulher... uma mulher específica, o que pode ser?

— Exemplifique — Nate questionou com um meio sorriso.

— É... quando ele tem vontade de vê-la constantemente e fica sempre pensando nela, com as mãos suadas e o coração acelerado. E, claro, quando começar a imaginar coisas confusas, sobre como seria... Não sei explicar.

Nate gargalhou com nunca o vi gargalhar em todos esses anos que o conheço.

— Esse “homem” — Nate fez aspas com as mãos — está sentindo por essa garota o mesmo que eu senti quando vi a minha Regina há vinte anos. Isso parece ser paixão, Cal. E das boas.

— Paixão? — repeti assustado. — Como isso é possível? Eu sou uma alma!

— Então esse homem é você? Eu sabia! Você anda meio aéreo mesmo e parece bem mais feliz, pode apostar. E você pode até ser uma alma, mas mais do que isso você agora também é humano. Não amigo, você é um homem e homens não resistem a garotas bonitas — Nate continuou rindo. — E isso é perfeitamente normal.

— Não, você está exagerando. Meu corpo não tem lembranças de como é estar apaixonado, então é impossível. Veja bem, Peg sucumbiu as lembranças e emoções de Melanie, e Sunny as de Jodi. Meu hospedeiro não me deixou nada, então não posso me apaixonar. As almas estão presas ao sentimento de seus hospedeiros.

— É, isso é verdade — Nate concordou. No entanto, Sunny escolheu ficar aqui e Peg se apaixonou por Ian ainda dentro de Melanie. Acho que as almas podem sim ter sentimentos independentes. Isso significa que o que você está sentindo por ela é inteiramente seu. Pertence somente a alma prateada aqui dentro dessa cabeça — ele tocou a minha testa.

Incredulidade, medo, alegria, angústia, surpresa. Um mundo de emoções e sentimentos me invadiu. Não, isso era impossível. Eu não podia estar apaixonado. Será?

— Você ainda não está acreditando, não é? — Nate continuou. — Desde o início eu percebi que você e Samantha tinham algo em comum.

— Eu nunca disse que era ela.

— E eu não sou idiota. Eu já percebi que quando ela fala com você seus olhos brilham, e esse brilho não é o usual das almas, é bem diferente. Eu já olhei para uma garota assim, Cal, e depois de um ano estávamos nos casando — Nate se lembrou da esposa falecida e seus olhos se encheram de lágrimas tristes. — Minha Regina me deixava igual você está agora. Um completo idiota. E isso é bom, muito bom.

“Um completo idiota. Isso é bom, muito bom” — Nate disse. Mas isso não era nada bom.

Eu havia me apaixonado pela primeira vez em minhas vidas e justamente por uma humana.

Mas não qualquer humana.

A mais difícil de todas.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoal? O que acharam? Não se esqueçam de comentar, recomendar, convidar a tia, o cachorro, o vizinho e todo mundo pra ler hhahaha. Bjos e até a próxima.