POV. James Potter

Eu não havia recebido nenhuma carta dos meus pais. Talvez Maya tivesse recebido e não me entregado. Eu cheguei pontualmente as oito na sala do professor Kligohn. Ele já estava lá. E não estava nada contente.

— Ora... O senhor Potter chegou na hora para a detenção.

Eu quis muito dar uma má resposta, mas foi por isso que estava aqui e não com meus amigos. Sério, qual o problema dessa escola?

Eu ajudei a catalogar as poções e coloca-las em ordem alfabética nas estantes. Tinha uma garota de cabelos negros me ajudando. Era só nós dois que estávamos de detenção, então tentei saber o que ela fez.

— Por que está de detenção?

Ela me olhou com olhos azuis um pouco cobertos pela franja e bocejou.

— Cheguei atrasada e dormi na aula dele.

—E ele deixou você de detenção só por isso?

Ela observou onde o professor estava lendo o Profeta Diário e se inclinou sobre mim para pegar um pote enquanto sussurrava.

— Perguntei a ele se não dormiria também sendo sua aula tão entediante.

Eu suprimi meu riso e a observei guardar o pote na estante. Ela era mais alta que eu e conseguia alcançar os lugares altos. Eu estava intrigado como uma garota da Corvinal chegou atrasada, dormiu na aula e respondeu o professor. Eu achava que todos os corvos eram calmos e inteligentes. Essa chamava minha atenção.

— Senhor Potter, devo colocá-lo novamente de detenção para cumprir está?

Eu respirei fundo peguei um pote e voltei a estante. Ela riu baixo e me tirou um sorriso.

— Eu não sei seu nome...

Ela se inclinou para guardar um pote e me olhou rindo.

— Luana Hearts... Eu estou no segundo ano, Potter.

Eu enruguei o nariz e neguei até a raiz como me chamou.

— James Siruis.

— Não gosta de seu sobrenome.

— Se não fosse este sobrenome, não estaria de detenção.

Ela sorriu acabando de arrumar a parte de cima da primeira estante. Faltavam umas quatro estantes para arrumarmos. Quando finalmente acabamos, pelo horário, tive que ir direto para meu quarto.

POV. Ivy Weasly

Eu sou uma pessoa realmente paciente, inclusive para ouvir as reclamações de Maya. Ela ficou apenas falando como os pais não mandaram uma carta a parabenizando, apenas James recebeu. Ela ficou xingando e praguejando, aliás quando recebeu uma nova carta endereçada a ele a abriu.

— Maya, não pode abrir. — Tentei tirar de suas mãos, mas ela foi mais hábil. — Isso é errado...

— Eu quero saber a bronca que ele levou por ficar de detenção. — Ela tirou o papel do envelope e começou a ler. — Querido James, sua mãe ficou um pouco irritada por sua detenção. Eu o entendo, afinal já estive muitas vezes de detenção. Ainda lembro de como Snape pegava em meu pé. Não estou chateado com você e espero que não crie problemas de novo. Ps.: Pelo menos até a poeira baixar.

Ela jogou o papel longe e eu sai de perto. Maya parecia que ia explodir, seu rosto estava vermelho até a raiz do cabelo. Ela respirou fundo e começou a gritar rapidamente. As palavras estavam se embolando eu apenas entendi algumas “mato”, “James”, “não acredito” e um palavrão que não irei repetir.

— Por favor, se acalma Maya.

— Ele sempre encobre as marotices dele! Isso é inacreditável! — Ela jogou um livro do outro lado do quarto. — Quando sou eu... É um sermão sobre como eu deveria fazer algo assim.... Ou que eu sou uma menina e como tal não deveria agir assim!

Eu decidi não falar nada. Não adiantaria dizer que ela estava errada em se exaltar. Segui até o final do quarto e achei o livro que ela havia jogado, e eu percebi que era o meu de Herbologia. Ele estava com as folhas amassadas e praticamente despencando. O coloquei em cima da minha cama e encarei a Maya. Ela parecia ter se acalmado um pouco.

— Eu tenho que ir a biblioteca...

— Vá sozinha! Odeio livros!

Eu sentei sozinha em uma mesa com um exemplar de Poções e outro de Ervas Medicinais. Eu estava tentando entender o que estudamos hoje. Eu me atrapalhei nas aulas e não tive muito progresso.

— Posso sentar aqui?

— Claro.

Um rapaz lindo loiro se sentou na minha frente com um livro de transfiguração do terceiro ano. Ele era da Corvinal pelo uniforme. Eu fiquei um tanto confusa com sua aparência, claro que era mais velho que eu, entretanto não parecia do terceiro ano.

— Meu nome é Ivy...

— O meu é Norman... — Ele voltou ao livro que lia e eu fiquei corada de vergonha. — Então Ivy, em que ano está?

— Primeiro...

— Sério. Eu também, mas nunca te vi. — Eu fiquei pasma e ele sorriu. — Eu gosto de estudar... Eu já sei toda a matéria do primeiro e segundo ano.

Eu fiquei tímida e sorri sem jeito. Os alunos da Corvinal realmente tinham gênios.

— Eu não entendi algumas poções e....

Ele deu um largo sorriso e pegou na minha mão sobre o livro de Poções.

— Eu adoraria te ajudar... Estudar está em primeiro lugar em coisas que amo. E em segundo ensinar. Transmitir conhecimento é fantástico!

Alguns alunos jogando xadrez na outra mesa pediram silencio. Nós dois nos entreolhamos e rimos baixo. Eu não achava que conhecimento era fantástico, mas se eu pudesse olha-lo o quanto quiser. Seus olhos azuis eram uma piscina que eu queria mergulhar. Só de ter esse pensamento eu corei.

— O que você não entendeu?

— Bem, eu fico sem jeito...

Depois dele me incentivar e eu apontar no livro o que não conseguia fazer. Ele saiu do lugar dele e ficou do meu lado me explicando. Parecia um professor, não era melhor que um professor. Era lindo, simpático, inteligente e paciente. Um combo perfeito!

— Eu sempre estudo aqui a essa hora... — Ele estava me acompanhando para o meu dormitório. — Pode vir estudar comigo e tirar suas dúvidas.

— Eu o farei. Estudar é muito melhor acompanhada.

Ele sorriu e beijou minha bochecha. Eu fiquei parada lá o vendo acenar e ir embora. Devia estar extremante vermelha quando entrei no meu quarto e me joguei na minha cama. O bom era que ninguém estava lá para me ver sorrindo como uma boba.