Finalmente. Finalmente estava desperto. O sono foi profundo, sem sonhos. Levantou. Sem consciência, os movimentos de Cebola naquele momento eram mecânicos, automáticos, sem vida. Havia uma rosa branca na janela, em cima do sal. Magali, Cascão e Mônica foram para um festival da cidade, Cebola quis ficar sozinho num quarto da casa que lhes foi oferecida. O rapaz mentiu, dizendo que ficaria ali pesquisando para um documentário da cidade com a internet que de alguma forma conseguira para o celular.

Desbloqueou a tela, na mesma podia-se ler o que realmente havia sido pesquisado: um feitiço para invocar mortos. Uma especificamente. A imagem de uma garota loira de longo vestido pertubava a mente de Cebola desde sua chegada. A jumenta voadora? Quem saberia? Estava sozinho, continuou o ritual. Quem havia colocado o sal ao seu redor e a flor na janela? Não lembrava, espíritos, talvez.

Havia mais sal no bolso esquerdo e um isqueiro no direito. Retirou o isqueiro, queimou a flor, e reuniu todo o sal que havia na janela. Depois, jogou o pó em cima da rosa. O fogo aumentou. Depois, foi diminuido até ficar brando. O odor também mudava no cômodo.
Primeiramente, era um odor de Flores mesmo, depois algo semelhante a um arroz extremamente salgado. Quando o fogo abrandou-se, o quarto passou a feder como enxofre. Cebola foi até a gaveta, abriu-a e pegou um estilete novo. Ele mesmo comprara. Pegou o estilete e fez cortes no seu braço formando um símbolo. Mais tarde ficaria sabendo que o símbolo era da chave de ossos cruzados.

Depois de se cortar, o adolescente sentiu que odor se intensifcou, mas após alguns segundos, sumiu. O rapaz então sentiu uma mão atravessando-lhe o peito. Havia tido sucesso na invocação. Iria pegar a câmera. Aquele era seu objetivo. Cebola foi quem sugeriu a ida para aquela cidade. Queria se tornar famoso, por filmar os espíritos que eram lendas do lugar. Mas o fantasma não deixou.

Ela, sua mão era fria, mas delicada, de alguma forma, a garota o guiou para fora da casa, onde havia um portão. Mal sabia que um herói foragido estava indo lhe impedir. Mesmo sem saber o que fazia e sem ver a fantasma ( apenas via a mão dela). Atravessando o portão, Cebola desmaiou. Quando acordou, estava de pé, com uma lanterna na mão direita e uma chave na esquerda. Ouviu uma voz:
" Vá atrás deles, por favor. As crianças más que roubaram meu rosto."

O tom era de súplica. Cebola já costumava ficar nervoso perto de garotas normais. Garotas fantasmas suplicando-lhe um favor então...
Colocou a chave na porta. Jurava que estava ouvindo Madame Creuzodete gritando algo como: " O pente está voando" ignorou, infelizmente. Quem sabe se soubesse que era " A serpente está voltando!"....

Abrindo a porta, seu corpo caiu no chão, sem vida.

Levantando, notou que várias imagens e sons se misturavam, os sentidos do rapaz se confundiam. Seu corpo literalmente flutuava e girava. Repentinamente, caiu de rosto no chão. Então, o cenário mudou ao redor do ex-trocador de letras. Estava em um Show, Denise, Mônica, Cascão e Magali faziam parte do público. Bruscamente, a música foi interrompida.

Um garoto com violino e mascára disse:
" O castigo pela desobediência é a morte" . Então, ele tocou uma música lenta e dramática. Um corpo materializou-se flutuando acima do violinista. Era o corpo do Cebola! Depois, o cadáver sumiu, juntamente com o filho de Umbra. Cebola olhou pra trás e viu Cascão, Magali e Mônica chorando. Iria gritar que estava vivo, mas tudo ao seu redor se desfez em névoa. Ao olhar para frente viu sete espíritos:
" Os filhos de Umbra! "