Thalia entrou na grande varanda da mansão di Ângelo. Ela odiava festas de gala, mas era obrigada por seu pai a participar delas, principalmente se fossem na casa de Poseidon ou Hades, grandes clientes de Zeus.

Ela usava um vestido preto, ele era esvoaçante e tinha várias camadas finas de panos transparentes, com uma capa embutida atrás. Ah, aquele vestido, ela até que gostava dele. Ele brilhava enquanto ela andava pelas luzes e fazia parecer que ela estava flutuando, que seus pés, na verdade, não existiam e ela era uma sombra. Fazia tempo desde que ela se sentira bonita assim.

O vestido tinha sido presente de Nico, um amigo e filho do dono dessa festa. Ele também não gostava muito de festas assim. Thalia sentou-se no muro que dava a proteção para que ninguém caísse, ela olhou para a grande cidade, Los Angeles era maravilhosa de noite.

Ouviu passos e virou sua cabeça para frente, apesar de já saber quem era. Nico. Ele usava uma calça social preta, um terno também preto e por baixo uma camisa branca. Se sentou ao lado de Thalia e tirou o terno, colocando-o no ombro. Então sorriu para ela.

– Você está linda. - Ele disse sorrindo.

– Obrigada, esse vestido é tão leve! - Thalia disse.

– Ele era de minha mãe, o encontrei e pedi para que uma costureira limpasse e fizesse ajustes para que coubesse em você. - Nico disse. - Ela estava usando quando conheceu meu pai.

– Ah Nico, se eu soubesse que era tão importante nunca teria aceitado! - Thalia disse brava.

– Está tudo bem, meu pai disse que estava pela parte dele. - Nico disse. - Fica melhor em você do que nela.

– Seu idiota. - Thalia disse dando um soco de leve no ombro do garoto, ele riu.

– Sabe, Thalia, quando encontrei esse vestido meu pai disse para eu da-lo para a moça mais bela que eu conheço. - Nico disse olhando para as estrelas. - Eu eu o olhei com uma cara tipo "e eu lá tenho cara de príncipe de conto de fadas?"...

Thalia gargalhou alto, era do feitio de Nico fazer isso mesmo.

– ...E então, ele me disse para pensar. - Nico continuou com uma risadinha. - O problema era que eu não conseguia pensar, porque a única coisa que me vinha na cabeça quando eu olhava o vestido eram seus olhos, e eu imaginava como ele parecia ser feito para você. Eu descobri, Thalia, que a mais bela que conheço é você.

Thalia olhou para o garoto de olhos e cabelos negros sem reação, ela não sabia o que fazer, então ficou quieta. Ficaram em silencio por algum tempo, Nico não tinha desviado seus olhos das estrelas até agora.

– Sabe quem é a única pessoa que eu amo nessa vida além de mim mesmo, Thalia? - Nico perguntou. Thalia balbuciou um "não". - Você. Nos conhecemos á quanto tempo? Uns dez anos já, não? Se lembra de como nos conhecemos? "Não derrube suco de uva em mim, fantasminha!"; "Foi você que bateu no copo idiota!". Essas foram as primeiras frases que falamos um para o outro, então, de um jeito estranho, nos tornamos amigos. Quando minha mãe e minha irmã morreram naquele acidente de avião, você estava lá para mim, Thalia. Me lembro que você foi a única que não me perguntou como eu estava ou disse sinto muito, apenas me abraçou e deixou que eu chorasse.

"Depois de dois meses, sua mãe morreu também, e eu estava na Itália, eu te juro, eu dei um show para conseguir convencer meu pai a voltar. Quando cheguei, você tinha acabado de receber a notícia, e correu diretamente para mim, me abraçando e me pedindo para tirar você daquela casa. Corremos, já que éramos pequenos na época, e você passou aproximadamente uma semana na minha casa, sem voltar para a sua. Depois disso, até fizemos um quarto para você aqui, e, igualmente, eu ganhei um quarto na mansão Grace. Temos duas casas.

Você acompanhou os momentos mais marcantes na minha vida. Primeiro dia no primário, me lembro com você se enturmou rapidamente e eu fiquei em um canto sem falar com ninguém, eu nunca fui a pessoa mais sociável que existe, mas você conseguiu vários amigos. Annabeth, Percy, Travis e Connor, Katie... você poderia ter me deixado, esquecido que eu existia e parar de gastar seu tempo com o garoto estranho do fundo da sala, mas ao invés disso você me puxou para sua roda de amigos, me apresentando eles e dizendo silenciosamente para mim que não me deixaria. Você se tornou mais importante para mim do que já era naquele dia. No primeiro dia do colegial, já tínhamos nossa "rodinha" e de novo, você conseguiu novos amigos. Leo, Piper, Silena, Charles... e eu consegui fazer alguns amigos dessa vez, Jason, Will e Reyna. No começo, você ficou com um pouco de ciúmes pelos meus novos amigos, e no meu íntimo eu fiquei feliz com isso porque você mostrava que se importava. Mas mesmo assim Thalia, eu nunca te deixaria.

E naquele ano, o nosso primeiro ano no colegial, eu descobri que amava você Thalia. Quando você saia com aqueles garotos, por dentro uma raiva subia em mim e me dava vontade de socá-los, mas eu não fazia isso, não queria te perder. Minhas namoradas, a única que gostei até hoje foi Reyna, mas somos só amigos, eu a amo como amiga. Quando conversei com ela, ela entendeu."

Nico parou de falar e não olhou para Thalia, ainda olhava para as estrelas. Se antes Thalia não sabia o que fazer, agora muito menos. Ele sorriu de canto.

– Sabe porque ainda estou olhando para cima? - Ele perguntou. - Estou morrendo de vergonha agora, e se eu olhar para você vou corar.

Thalia riu, uma das risadas mais sinceras que ela já tinha dado, então, ela virou a cabeça do moreno em sua direção e o beijou, não dando tempo para deixá-lo corar. Nico retribuiu o beijo. Os dois confessam que aquele não é o melhor beijo que poderiam ter dado, já que Thalia estava virada de costas para a cidade e Nico estava o oposto dela. Mesmo assim, o beijo foi maravilhoso. Quando se separaram ofegantes, Nico se virou e se levantou, ficando na frente de Thalia.

– O que isso significa? - Ele perguntou para ela com um sorriso divertido.

– Significa que eu também te amo, idiota. - Ela disse e o puxou para mais um beijo.

Se separaram quando o ar faltou e, de alguma maneira, Thalia perdeu o equilíbrio. Nico conseguiu segurar o braço dela, mas ela estava pendurada na varanda. Thalia olhou para baixo, se Nico não tivesse segurado-a, teria caído três metros. Olhou para o rosto de Nico, ele estava com pequenas gotas de suor na testa, mesmo assim, segurou o braço de Thalia com as duas mãos e a puxou para cima. Depois de dois longos minutos, ele finalmente conseguiu, fazendo-a ficar de pé na sua frente. Ele segurou a cintura dela e a puxou para perto, como se quisesse realmente se certificar de que ela não cairia novamente. Thalia encostou sua cabeça no peito do garoto e conseguia ouvir seu coração acelerado. Nico suspirou e enterrou a cabeça no pescoço dela, regulando sua respiração.

– Você me assustou. - Ele disse por fim.

Thalia não respondeu, apenas puxou o garoto para mais perto, não queria nem um milímetro entre eles. Ficaram assim pelo que pareceram décadas. Thalia estava se sentindo segura ali, nos braços de Nico, e ele queria protegê-la de qualquer jeito, nem que isso custasse sua própria vida.

– Nico eu... - Thalia começou. - Você sabe, tenho medo de altura e... ah essa experiencia foi horrível!

Nico riu. A risada dele fez cocegas no pescoço de Thalia.

– E você acha que foi como para mim? - Ele perguntou. - Se você caísse acho que eu pularia atrás de você.

– Idiota. - Ela disse.

– Idiota que você ama. - Ele disse.

– Isso é detalhe. - Ela disse divertida.

– Ah, é? - Ele perguntou e se separou delicadamente dela. - Então, okay, vou indo tá?

Nico se virou fingindo que ia voltar para dentro da casa, mas Thalia o puou pelo braço fazendo-o virar e deu outro beijo nele. Nico passou seus braços para a cintura dela e a puxou para mais perto. Agora sim, isso era um beijo perfeito.

Se separaram e riram da idiotice. Voltaram para dentro da festa de mãos dadas e sorrindo como os dois idiotas apaixonados que eram. Nico virou Thalia para frente dele e a fez dançar no ritmo da música lenta que tocava.