Irmandade Feérica: O Encontro escrita por Joy


Capítulo 4
Wandryelle – 45 dias antes


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (:



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Wandryelle – 45 dias antes

Eram seis horas da de uma segunda-feira quando meu despertador tocou. Na verdade só percebi que era o meu despertador poucos minutos depois. Acontecia algumas vezes de eu estar sonhando e, de repente, começar a tocar uma música de fundo no sonho, mas só após um tempo despertar lentamente e perceber que, na verdade, a música vinha do despertador. O toque com o qual eu acordava era Flores – Sophia Abrahão. Gostava dos tons suaves da música, dessa forma poderia começar o meu dia tranquilamente. Uma vez estava na casa de uma minha amiga, e vi em um desses informativos que passam nos comerciais da Discovery Home and Health que não faz bem acordar com sons estridentes, pois assim já levantamos assustados e com pressa, logo, a música da Sophia era perfeita para iniciar o meu dia bem.

Levantei com calma, ainda meio sonolenta, peguei meu uniforme e fui direto para o banheiro. Sempre ligava o chuveiro assim que entrava já que os primeiros jatos de água eram frios. Tomei um longo banho e aquilo me fez despertar de vez. Depois de me secar e vestir minha roupa, o próximo passo era pentear meu cabelo, ele dava muito trabalho pois batiam quase na minha cintura, mas eu amava minhas madeixas. Saí do banheiro 40 minutos depois, se eu não saísse naquela hora chegaria atrasada, mas minha mãe, que já estava acordada, não me deixaria sair ser comer. Retornei ao meu quarto, peguei minha mochila, que já tinha deixado arrumada um dia antes, e fui para a cozinha comer o mais rápido que eu conseguisse. Por sorte minha mãe já tinha posto meu café antes de começar a se arrumar. Comi um pedaço de bolo de rolo, típico de Pernambuco, estado onde eu morava, e tomei um copo de achocolatado. Logo após corri para o ponto de ônibus.

Outra sorte que eu tinha era de estudar na Beira Mar, bairro de Olinda não muito longe do qual eu morava, a maioria dos ônibus que passavam poderiam me deixar em frente ao meu colégio. Entrei no primeiro que parou no ponto e em quinze minutos havia chegado atrasada, porém, como já era de costume. Infelizmente tinha o azar de estudar em uma escola que eu não gostava. Não era pela direção, estrutura ou algo do tipo, mas eu não conseguia me dar muito bem com meus colegas de classe, se eu falava com umas 10 pessoas da turma já era muito. Arrependia-me de ter pedido para minha mãe me transferir, eu era feliz no meu antigo colégio e não sabia.

Passei pelo portão, entreguei minha carteirinha ao porteiro e caminhei pelos corredores até chegar à minha sala. Antes mesmo de entrar já ouvia o barulhinho típico da minha turma. Parei em frente à porta, respirei fundo e entrei. Começava mais uma longa manhã de aula.

– Eu não sei o que ela vai dizer só me pediu pra avisar pra turma que na aula vaga que tem depois da minha não é para nenhum de vocês saírem da sala. – Quem estava falando era Milena, professora de português. Adorava essa matéria e a professora era maravilhosa, o que ajudava bastante. Não entendi muito bem o que se passava, por isso só entrei de mansinho e sentei perto das minhas poucas amizades que havia feito ali, mesmo não me considerando completamente por dentro do grupo de amizades.

– Bom dia, o que que tá acontecendo? – Perguntei super baixo para a Amanda, que estava sentado ao meu lado.

– A Milena disse que depois da aula dela não é pra ninguém sair da sala, a diretora quer conversar com a turma.

Não gostei muito de ouvir àquilo. A diretora sempre tinha o dom de me irritar, principalmente depois que ela contou para a minha mãe que eu estava de paquera com um menino da minha turma. Nós já tínhamos ficado algumas vezes, porém, ainda bem, disso ela não sabia. Não gostei nem um pouco pois não acho que ela deveria ter ido fazer fofoca. Quer dizer, eu já tenho 15 anos, a última coisa que eu quero é uma diretora no meu pé e me deixando sem graça na frente da minha mãe.

– Af! Tomara que não venha nenhuma bomba.

– A turma não gostou porque vamos perder o horário vago que a gente tem depois de português.

– Ah, é mesmo.

Saber que passaríamos todo o horário livre que tínhamos conversando com a diretora não era a coisa mais empolgante que poderia acontecer, mas eu nunca saio da sala então nem faria diferença, mas que seria mais agradável passar aquele tempo ouvindo música ao invés dos assuntos da diretora, ah, isso seria. Me virei, peguei meu caderno na mochila e me concentrei na aula. A capa era personalizada com fotos da Sophia Abrahão e da fada mais linda Carolina Munhóz, desse jeito eu me sentia melhor, era como se eu tivesse uma parte delas junto à mim e me concentrava bem.

A aula terminou e, como havia sido pedido, nenhum aluno saiu da sala, porém as reclamações continuaram. Um grupo de meninos reclamava por não poder ir para a quadra jogar bola, um grupo de meninas, das quais eu não gostava nem um pouco, reclamava por não poder ir ver os meninos jogarem bola - eles sempre começavam a suar durante o jogo e acabavam tirando a camisa, ainda que escondido da direção-, outro grupo reclamava, pois não teria tempo de ir até a biblioteca devolver e pegar mais livros, o grupo do qual eu era mais próxima não estava reclamando, apenas conversava normalmente e eu apenas coloquei o meu fone de ouvido, liguei a função aleatória do player e apertei o play. A música que tocou foi Carta de Fã – Fly.

No momento exato em que os últimos acordes tocaram a Renata, diretora da escola, entrou na sala. Instantaneamente todos se calaram. Ela era uma daquelas diretoras que todos respeitavam bastante, por isso era sempre assim toda vez que ela chegava.

– Oi classe, tô aqui pra falar sobre a viagem de final de ano do ensino médio. Os alunos do terceiro ano desistiram da viagem para poder fazer uma festa de formatura, a maior parte dos alunos do segundo ano vai representar a escola em uma feira de ciência e tecnologia em Florianópolis com o projeto de robótica e, por isso, a viagem anual do ensino médio será apenas com vocês, alunos do primeiro ano.

Tomei um susto naquele momento pois a sala inteira começou a gritar e bater palma de felicidade, acho que fui a única que não vi muito motivo para comemorar, até porque eu já havia decidido que não iria na viagem do final de ano.

– Porééééém – Renata voltou a falar e pode-se perceber o desânimo da turma com a interjeição. – Vocês terão que fazer uma viagem cultural e educacional.

– Aaaaaah nããão. – respondeu a sala em coro.

– Ahhh sim! Nos outros anos deixamos os alunos escolherem o destino pois vocês bancavam totalmente com os custos da viagem, porém, dessa vez, a escola ajudar com metade do valor, por isso decidimos que terá de ter algum aproveitamento acadêmico. Vocês terão 5 dias para trazerem sugestões de um destino, na sexta-feira faremos uma votação para decidir. Escolham ir à cidades com roteiros históricos ou eventos como bienais, feiras de livros, festivais tecnológicos e outros.

Nenhuma das pessoas presentes na minha turma pareceu feliz com as novidades, nem mesmo os CDF’s da classe, que pareciam muito querer uma viagem mais divertida e descontraída. Ouve um pouco de resistência no começo, mas a diretora não voltou atrás da decisão, no final a turma acabou concordando, sendo viagem cultural ou não, ainda assim seria uma viagem. Porém mesmo aceitando foi só a Renata sair da sala que já voltaram a se queixar.

– Pô, se eu tivesse querendo mais cultura eu ia pra FLIPORTO que é aqui perto e não pra outro estado só pra isso. Só vou mesmo porque quero conhecer outro estado, mas já sei que vai ser mó chata essa viagem.

A sala inteiro pareceu concordar com o comentário de Thailane, uma das meninas que eu não ia muito com a cara.

– Mas a gente podia escolher ir pra alguma feira de tecnologia né? Ia ser bem mais legal. – Disse Túlio, um dos nerds da turma.

– Os planos dessa viagem ficam cada vez melhores... – Ouvi Ricardo falar com certa ironia.

– Boa Túlio, gostei! – Amanda concordou, desconfiei ter sido apenas por ela ter uma queda por ele. – Inclusive ouvi falar de uma que vai ter em São Paulo, daqui a um mês e meio. O ruim é que será só um dia, não vale a pena a gente ir pra ficar só um dia lá.

Meu celular vibrou e olhei para ver o que era. Apareceu uma notificação da Irmandade Feérica. Foi aí que comecei a ver essa viagem de outra forma, tinha esquecido completamente do evento da Carol em Campinas, se eu convencesse a turma poderia rever a Carol e ainda conhecer a Ari e a Bia, que já havia confirmado que estariam lá. Não resisti e falei para a turma:

– Acabei de lembrar de uma feira literária em Campinas, é perto de São Paulo e também vai ser daqui a um mês e meio, ainda não liberaram as datas, mas pode ser que bata com a data dessa feira de tecnologia e aí podíamos ir pra esses dois eventos, de quebra a gente ia conhecer duas cidades.

– Uhul, fiquei super animada, vou sair de Olinda pra ver um cosplay de FLIPORTO em Campinas... – comentou Thailane, com o dobro de irônia que Ricardo tinha usado anteriormente. Ela não perdia uma oportunidade sequer de tentar me atingir de alguma forma, eu sempre tentava ignorar, mas daquela vez não consegui.

– Uma dúvida, você tirou habilitação pra me dirigir à palavra?

– Nossa Wandryelle, como você me dá sono...

– Uma aula de geografia pra você encontrar seu lugar, se situa, fofa.

– Parem vocês duas, gostei da ideia da Wandry, e já que ninguém tá fazendo muita questão dessa viagem acho que vai ficar assim mesmo né? Feira de tecnologia em Sampa e depois de Literatura em Campinas? – Comentou Gabriela, uma das minhas colegas.

– Que seja... – ouvi a turma responder em coro.

Eu mal conseguia acreditar que eu poderia ir ver a Carol, agora era só esperar a sexta-feira para ver se a diretora concordaria. Fiquei feliz, pelo menos algo de bom àquela turma, da qual eu não gostava nem um pouco, poderia me proporcionar.


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