O local era agradável e aqueles que passassem do outro lado da rua seriam capazes de ouvir as nossas gargalhadas, que era contagiante. Estávamos sentadas na mesa em frente à sorveteria do tio João e ríamos de tudo o que havíamos passado para chegar até ali.

– Gente! Eu ainda não tô acreditando que nós conseguimos, imagina a cara da Carol quando chegar todo mundo no evento amanhã? Ela vai pirar! - Eu estava tão animada quanto as outras meninas, e nenhuma delas parecia crer no que estava finalmente acontecendo.

– Verdade! Eu até sonhava em ver todas nós juntas, mas não achei que ia acontecer dessa vez, principalmente eu que sou de Cuiabá né?! - disse Mika, que tinha sido a ultima a chegar

– Ai eu sempre achei que ia dar certo e tô amando, vocês são meus amorzinhos.

– Awn, Ari sempre fofa! - eu falei apertando a bochecha dela pela milésima vez.

– Só em pensar que até ontem não tava garantido que as nove iam conseguir se ver... - Foi a vez da Mari, que já estava em sua segunda taça de sorvete.

– Pra mim o mais impressionante é que a gente não ta precisando de um tradutor para entender o que a Mari fala! Achei que não ia conseguir acompanhar as conversas dela. - O sotaque da Wan era o mais gostoso e todas nós rimos com o comentário, a Mari sempre foi alvo de bullying no grupo do whatsapp pois ninguém entendia o que ela falava, tornando-se mil vezes pior quando ela mandava áudios enormes, que todas nós já nem ouvíamos mais pois nunca entendiamos.

– Parem de me zoar, vou contar tudo pra Carol amanhã!

– A gente te ama Maroca - disse a Wan, passando a mão em sua cabeça.

– Sim, a gente te ama mas lembrando que todo mundo me ama mais porque eu sou rainha e o resto nadinha. - Eu olhei pra Vih e ri com o comentário, pessoalmente ela conseguia se achar ainda mais. - E se não gostar a Joy processa!

– Eu não processo mais ninguém pra você little sistah, se eu for processar todo mundo que você pede vou processar deus e a torcida do flamengo!

– Agora vocês sabem o que eu aguento desde sempre. - falou Vic - E olha que hoje ela tá até boazinha.

– Af, me amem menos. Vocês sabem que sou a rainha do fandom mesmo e acabou, aceitem!

– Eu sempre achei que a rainha do fandom era a Carol e não você. - Disse Bia, que não era de falar muito, mas tava sempre rindo das outras meninas.

– E eu também, Bia. - Comentou Mika, rindo do que a Bia tinha dito.

– Nossa, Vih, depois dessa eu voltava para São Paulo. - Falei enquanto a Vitória fazia uma cara de insatisfação pra gente.

– Até você, Joy? Achei que cê tava do meu lado, nossa.

– Ôh Ana, não vai sair desse celular não? - Mari, que estava ao seu lado, puxou o celular da mão dela e passou para Mika

– Mika me devolveeee

– Olha gente, ela tá conversando com aquele menino que ela sempre falava no grupo. - Mika passou o celular para Ari e eu estirei o pescoço para ver também.

– A mesa já é pequena, tá apertada e vocês ainda ficam passando meu celular de mão em mão, af - Ana se jogou por cima da mesa e tentou pegar o celular da mão da Ari, que passou para a Vih por debaixo da mesa.

Todas nós estávamos distraídas e nos divertindo com a Ana tentando pegar o celular de volta. A mesa era redonda e realmente pequena, feita para em média seis pessoas e no momento tinham nove o que deixava a nossa bagunça ainda maior. Tínhamos optado por sentar do lado de fora da sorveteria para não atrapalhar os clientes que estavam dentro com a nossa zoada, sem falar que o dia estava lindo, o sol brilhava porém não fazia calor, parecia que as fadas tinham nos abençoado. A rua era bastante tranquila e havia uma árvore que dava um toque especial, a mesma era responsável pela sombra na qual estávamos sentadas. Escolhi sentar em uma cadeira que permitia ver todo o começo da rua, e todas as pessoas que viravam a esquina. Ari sentou ao meu lado direito e Bia estava ao lado dela. Depois vinha a Ana, a Mari, a Wan, a Mika, a Vic e a Vih que estava ao meu lado esquerdo, fechando o círculo.

Do nada resolvi olhar para frente e gelei, fiquei boquiaberta, meu olhos se arregalaram. Eu realmente não esperava por aquilo, tentei gritar, mas a voz não saía. Percebendo minha reação repentina Wan logo se assustou.

– Joy, o que você tem? - Todas me olharam e se preocuparam instantaneamente. Vih olhou para mim e decidiu seguir o meu olhar para ver do que se tratava.

– AI. MEU. DEUS! - A reação da Vih foi a mesma e aquela frase foi tudo o que ela conseguiu dizer. Foi então que todas as outras resolveram procurar o que nós duas tínhamos visto.

O surto foi geral, os gritos começaram.