A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 3
O Sonho de Davi Monteiro


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, eles me animaram muito. Coloco mais um capítulo, dessa vez narrado por Davi. Espero que gostem, até por que a sua história está um pouco diferente...



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Por Davi

A morte do meu pai mexeu muito comigo. Ele não era o meu pai biológico, na verdade, eu não sabia de onde viera, ou se já tivera outro pai, pois não possuía nenhuma memória antes dos 7-8 anos de idade. Mas a primeira coisa que me lembrava era dele, preocupado comigo, cuidando de mim, me dando apoio. Ele sempre estivera ao meu lado. Me acolheu, me adotou, me ensinou tantas coisas e valores, ele fora um verdadeiro pai.

A sua partida repentina, a minha volta para uma casa vazia, me fizeram pensar na solidão, na minha família e em quanto o tempo era precioso. A vida podia dar uma rasteira na gente a qualquer momento. Eu ainda era jovem, mas não podia ficar parado, tinha que correr atrás dos meus sonhos.

Eu havia me formado em Ciência da Computação há alguns meses. Era o melhor aluno da turma, tinha um bom currículo em projetos e estágios na área, a fama de ser um estudante brilhante, expert na computação e programação. Assim não foi difícil, conseguir um bom emprego numa empresa conceituada. Até porque o mercado de trabalho na minha aérea era bom, em muitos nichos sobravam vagas e faltavam profissionais.

Entretanto meu maior sonho era construir um computador, o Júnior, um projeto muito especial para mim já que era relacionado a minha trajetória e passado. Pois era um computador para crianças, que as ensinaria a programar, da mesma maneira que eu, ainda aos 8 anos (a primeira vez que me comuniquei foi através da programação) digitei o meu primeiro código.

Tinha começado a esboçar o Júnior ao desenvolvê-lo como meu projeto final de curso. Eu ainda dava umas aulas para as crianças na ONG Plugar do meu mentor, Herval Domingues, que me ensinou e sempre me estimulou muito. E pensava que quando me estabilizasse no emprego, ganhasse experiência e tivesse uma boa situação financeira, poderia investir nesse meu sonho.

Só que agora achava que não tinha muito tempo a perder. Pensei no meu pai, ele não ia querer que eu ficasse num emprego que não me agradava, também pensei na atitude da minha irmã, Verônica, que finalmente resolvera largar o trabalho que não gostava para seguir a sua vocação como jornalista. Fiz o mesmo, fui até meu trabalho e pedi demissão.

Eu havia herdado algum dinheiro do meu pai, e com ele conseguiria me manter por um tempo, investir em alguns materiais e finalizar o Junior. A minha ideia era conseguir investidores para o projeto de forma que eu pudesse produzi-lo em uma escala maior depois que ele estivesse completo.

Falei com Herval e consegui o apoio do meu mentor. Eu poderia ficar na Plugar, em contato com ele e as crianças para terminar e testar o Junior. Aquilo me estimulava de uma maneira... Eu estava prosseguindo com o meu sonho, e fazia o que sempre quis, criava um computador, programava e ajudava crianças carentes a ter uma alternativa de vida longe do crime ou do ócio, com o Júnior, aprendendo a programar, elas poderiam ter carreiras brilhantes e produtivas na computação.

Só que de certa forma, quando voltava para casa sentia um vazio. Meu pai a havia deixado para mim e Verônica, só que ela, já morava na Taquara há algum tempo, e eu não tinha ninguém que me fizesse companhia na maioria dos dias. Às vezes, levava uma moça ou outra que eu ficava para lá. Mas não tinha nada sério com nenhuma delas, nem queria, pois meu foco atual era o meu projeto. Eu sentia falta da minha família, que depois da morte do meu pai, se restringia a Verônica, e meu sobrinho (um companheiro, meio irmão), Vicente.

Um dia, estava fazendo uma visita a minha irmã, que não entendia nada de computadores, e tentava ajudá-la:

– Davi, minha chefe me mandou um e-mail, com um documento em anexo... Como eu acesso meu o e-mail mesmo?

– É o e-mail que eu fiz para você, não é? – perguntei e ela respondeu afirmativamente com a cabeça – Vai em seu navegador? Sabe o que é o navegador, né?

– Sim, é esse círculo colorido, azul, verde, amarelo e vermelho?

– Sim, o Google Chrome, Verônica. Já coloquei como página inicial o MarraMail, daí é só digitar seu login e senha.

– E quais são? - ela me olhou com a sua cara engraçada de desentendida.

Eu me aproximei dela, e digitei, “veronica.monteiro” no login e fui na senha:

– Sua senha é vicenteneto... – depois de falar brinquei com ela – Tem certeza que trabalha mesmo para um S-I-T-E de notícias?

– Eu sou repórter, não preciso saber tudo de tecnologia só por que trabalho num site.

– Acessar o e-mail é uma das coisas mais básicas, Verônica.

Ela me olhou com a sua cara de irritada, mas logo a desfez:

– Antes eu acessava o e-mail com outro programa, não precisava de senha ou login, não precisava disso de bolinha chrome também... Ahh, sou uma analfabytes mesmo... E em relação ao anexo, como que eu o vejo?

Eu ri, e pensei, não tinha jeito. Já tinha explicado isso para ela antes, mas calmamente expliquei novamente, e depois que ela finalmente conseguiu baixar e abrir o documento em anexo, Verônica se levantou empolgada e me deu um beijo no rosto:

– Obrigada, irmãozinho. Você é um anjo! Podia sempre estar aqui nesse horário que o Vicente vai para a aula, não sei o que faria sem a sua ajuda ... – deu uma pausa – ou a ajuda dele – riu e voltou empenhada para o seu notebook (que aliás era uma carroça).

– Eu também sinto muita falta de companhia lá em casa- comentei.

– Então vem mais para cá. Até pode ficar para dormir, tem um quarto sobrando.

– Você está falando sério? – eu tive uma ideia.

– Claro que tô.

– E se eu viesse pra cá para valer?

– Eu adoraria.

– Verônica, estou falando de vir morar com você e o Vicente e deixar a casa na Gambiarra!

– Estou achando essa ideia cada vez melhor, Davi.

– Eu ajudaria com as despesas.

– Isso ajudaria nós dois, pois ambos faríamos uma economia.

– Com certeza, e podemos colocar a casa da Gambiarra a venda.

– Ahh, Davi, não precisa se desfazer dela. É a sua casa.

– É a nossa casa. Se você não se importar, eu gostaria de fazer isso... Um dinheiro extra viria a calhar para nós dois.

No dia seguinte, eu coloquei a casa a venda e comecei a arrumar a minha mudança para o apartamento da Verônica. Levar as minhas ficantes para lá seria mais complicado, mas eu não me importava, daria o meu jeito. Diminuir um pouco as minhas despesas seria providencial , e o mais importante, eu ficaria mais perto da minha família.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado... E quem estiver lendo não deixe de comentar ou participar aqui. Isso sempre me estimula a escrever.



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