Pov Bella

Abri meus olhos devagar, não querendo acordar.Parecia que eu tinha dormido por mil anos, do jeito como meus olhos estavam cerrados, e como meu corpo estava relaxado, satisfeito. Me espriguicei calmamante, e só então abri os olhos.

Permaneci deitada, observando. Edward Cullen estava deitado ao meu lado, profundamente adormecido. Seu rosto estava calmo, sereno, tranqüilo. Ele estava perfeito, mais bonito do que qualquer memória que eu tivesse em minha mente. Mais bonito do que nunca.

Eu não queria levantar, mas era preciso. Não queria deixa-lo, mas tinha que ser feito. Eu mal podia acreditar em tudo que havia feito, não só na noite passada, mas durante todo esse tempo. Tudo que pensei sentir pelo James, todo ódio que alimentei em meu coração contra Edward, tudo isso eram apenas tentativas de tapar a dor que sentia no peito, a dor que jamais iria passar.

Edward me achava uma vadia agora, uma garota comum como qualquer outra das que já haviam sido dele. Ao invés de nos aproximar, com minha decisão da noite anterior eu havia apenas nos afastado, me tornado igual ás outras. Não havia mais nenhum motivo para que ele quisesse ficar comigo agora.

Me sentei ao seu lado, admirando seu rosto. E então derramei uma lágrima, uma pequenina lágrima que significou muito mais do que todas as outras que já havia derramado por ele. Com aquela lágrima, eu perdoei ao James, perdoei ao Edward, e mais do que tudo, perdoei a mim mesma. Eu amava Edward Cullen, e por isso eu precisava deixá-lo partir.

“Eu te amo, Edward Cullen.” – Sussurei perto de seu rosto, e lhe dei um selinho – “Eu sempre vou amar você.”

Música: Kesha - Dancing With Tears in my Eyes (tradução)

Dançando Com Lágrimas Em Meus Olhos

Aqui vamos nós, bem-vindo ao meu funeral

Sem você, eu nem sequer tenho um pulso

Sozinho, é escuro e frio

Eu morro a cada movimento

Aqui vou eu, este é o meu confessionário

Uma causa perdida, ninguém pode salvar minha alma

Estou tão delirante

Eu morro a cada movimento

Tenho destruído nosso amor

Se foi

Dar o troco é doentio

É tudo culpa minha

Estou dançando com lágrimas nos olhos

Apenas lutando para passar a noite

Estou o perdendo, o perdendo, o perdendo

A cada movimento eu morro

Eu estou desaparecendo, estou quebrada por dentro

Eu desperdicei o amor da minha vida

Estou o perdendo, o perdendo, o perdendo

A Cada movimento eu morro

Quando eu me tornei tão hipócrita?

Vida dupla, mentiras que fizeram com que você me pegasse

Confie em mim, eu estou pagando por isso

Eu morro a cada movimento

No chão, eu sou apenas um zumbi

Quem eu sou não é quem eu quero ser

Eu sou uma tragédia

Eu morro a cada movimento

Eu destruí o nosso amor

Ele se foi

Dar o troco é doentio

É tudo culpa minha

É isso

E agora você realmente se foi

Nunca pensei que estaria em pedaços deixados para trás

Levantei-me rapidamente da cama, e só então percebi meu estado: Estava praticamente nua. De relance, vi uma camisa preta do Edward, com a foto do Bon Jovi , pendurada na cadeira do computador. Era grande, iria servir. Vesti-a, e ela ficou parecendo um vestido, curto e largo. Dei um sorriso sem humor, recolhi minhas peças de roupa que estavam jogadas pelo chão, e sai do quarto.

A casa ainda estava silenciosa. O dia começava a amanhecer, todos ainda estavam dormindo. Sentei no sofá e liguei a TV bem baixinho, enquanto dobrava minhas roupas e as colocava em minha bolsa.

“Bella.” – Ouvi Esme sussurar, alguns minutos depois. Minha cabeça estava encostada em uma das almofadas, e eu estava deitada no sofá. Eu devia ter cochilado.

“Desculpe. Acordei você?” – Ela perguntou, sorrindo.

“Não, eu... eu já estava acordada antes disso.” – improvisei.

“Você dormiu aqui na sala?”

Não,dormi no quarto do seu filho.

“Dormi sim.”

“Por que?”  - Ela sabia que eu sempre dormia na cama auxiliar, no quarto de Alice.

“Eu estava muito cansada, e vim pra cá antes da festa acabar. Não quis entrar no quarto de Alice sozinha.” – Menti. Alice e Esme sempre me deram a liberdade que eu quisesse para entrar, sair e bagunçar quando me desse na telha, mas eu sempre fui bem comportada e discreta, então acho que colou.

“Ah.” – Ela percorreu rapidamente os olhos por meu corpo – “E por que você está usando a camisa do Edward?”

AI CARAMBA!

“É que eu esqueci minha camisola, e como essa camisa estava aqui no sofá eu resolvi vesti-la. Tem algum problema?” – Peguntei, rapidamente e disfarçando. Esme pareceu acreditar.

“Tudo bem, é isso que dá o Edward deixar suas coisas espalhadas.” – Ela riu – “Quer tomar café ou vai esperar a Alice acordar?”

“Não, eu vou embora agora.” – respondi, rapidamente.

“Tudo bem, então. Diga a sua mãe que mandei um abraço.”

Recolhi minhas coisas e sai, sem olhar pra trás.

Pov Edward

Bella não estava mais ao meu lado quando acordei. Não parecia ser um sonho, mas não era possível que tenha sido real. O cheiro dela ainda estava entranhado em meu corpo, então tinha sido verdade.

Bella tinha estado aqui ao meu lado, e meu corpo já sentia falta dela. No entanto, não me arrependia nem um pouco do que tinha feito, ou melhor, não feito. Bella era minha princesa, e continuaria sendo, independentemente de quantos James bobocas aparececem.

Levantei e sai do quarto. Ainda era cedo, e minha mãe estava deitada na sala, cochilando, com a TV ligada.

“Gastando energia à toa, né?” – brinquei, quando ela começou a abrir os olhos.

“Ô, meu filho,bom dia.”

“Quer ajuda pro café, mãe?” – perguntei. Eu estava radiantemente de bom humor.

“Tudo bem. Ponha a água pra ferver que eu já vou lá fazer o café.” -  Ela disse, vendo o jornal da manhã que passava na TV. Antes de fazer isso, dei uma passadinha no quarto para vestir uma blusa.

“Mãe,” – disse, voltando à sala – “Você viu minha blusa do Bon Jovi?”

Pov Alice

“Você vai ficar brincando de cabeleireira ou o quê?” – Alice brincou, sentada no meu sofá outra vez, e mexendo em meu novo cabelo.

“Valeu por dizer que gostou.” – brinquei, sorrindo.

“Não, ficou bom sim.” – Ela disse, rindo – “Muito melhor do que aquele seu loiro-vadia.” – sério, amo a sinceridade dela – “Mas como você conseguiu pintar o cabelo em pleno sábado de carnaval?”

“Culpa da Tina!” – respondi, rindo. Tina era nossa cabeleireira e de nossas mães, e se prontificou a mudar meu cabelo assim que eu lhe telefonei – “Aliás, ela disse que achou que eu me arrependeria mais rápido.”

Bella: http://img18.imageshack.us/img18/72/bella0.jpg

“Mas por que você resolveu mudar?” – Alice perguntou, abraçada a uma das minhas almofadas.

“Cansei de tentar ser algo que não sou.”- respondi, sinceramente.

Alice me bateu com a almofada.

“Até que enfim a ficha caiu!” – brincou – “Mas não pense que vai escapar da pergunta, Isabella Swan.”

Revirei os olhos.

“Ok, o que você quer saber?”

“Por que não dormiu com o James?”

Direta ela, em?

“Porque eu estava bêbada demais para raciocinar.” – menti, descaradamente.

“Por isso mesmo! Alias, o que deu em você ontem, em?”

“Resumindo a ópera, o James não me quis bêbada, ai ele me levou para a sua casa e eu dormi no sofá. Fim de papo.” – disse, sentada com os pés na cama.

“Bom, pelo menos ele é menos canalha do que eu pensei.” – Alice disse, levantando – “Mas agora eu tenho que ir antes que o Jasper pense que lhe dei bolo.” – Ela levantou, e nós nos abraçamos. Levei-a até a porta da minha casa.

“Aliás” – ela disse, fingindo se lembrar – “O meu irmão quer a blusa do Bom Jovi dele de volta. Sabe, aquela favorita dele que ele nunca deixa jogada no sofá por acaso, e que eu tinha colocado em cima da cadeira do computador dele antes de sair pra festa. Tchau Bella!” – ela disse, e fechou a porta com uma piscadela suspeita.

Pov Edward

Jamais pensei que diria isso, mas... Carnaval é uma droga! Antes, eu já estaria lá fora pegando todas, mas agora, eu estava em casa sozinho, sentado em frente ao sofá com o controle na mão e mudando de canal feito um velho.

A campainha tocou e eu fui atender. Era Bella, morena outra vez. Ela me olhou por alguns segundos, e ficou imediatamente vermelha.

“Blusa!” – Ela exclamou, com a minha blusa do Bon Jovi na mão.

“Obrigada.” – Estendi a mão e a peguei. Permanecemos os dois parados, olhando um para o outro.

“Quer entrar?” – perguntei.

“NÃO!” – Bella gritou, parecendo assustada – “ér, quer dizer, não posso, tenho que ir.” – respondeu rápido, nervosa. Essa era a minha Bella, que eu conhecia e amava.

Pov Bella

Eu não queria, não queria! Todo o meu corpo chamava por Edward, e eu tentava disfarçar. Eu tinha decidido esquecê-lo, certo, mas ninguém disse que seria fácil.

Ele sorriu e se aproximou, como se fosse me dar um abraço. E eu, como boa covarde que sou, simplesmente bati a porta da casa dele na cara dele. Saí correndo e entrei em casa rindo, para a minha surpresa.

“Feliz, Bells?” – Minha mãe disse, com uma espátula nas mãos. Corri até ela, e lhe dei um beijo.

“Eu te amo, mãe!” – disse a ela, que pareceu não entender. Depois, fui para o meu quarto e entrei na internet.

O telefone tocou.

“Bells, é o James.” – Minha mãe disse, da cozinha.

“Diz que eu não estou.” – gritei, sem nem ao menos sair do lugar.

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O resto dos dias de carnaval foi relativamente normal. James ficou me enchendo o saco um monte de vezes, e na maioria delas pedi a minha mãe que disesse que eu não estava. Quando atendia a seus telefonemas, era fria e rápida, e geralmente só pronunciava três palavras: sim, não e uhum.

Eu não agüentava mais James, não agüentava nem lembrar de tudo o que fui quando estava com ele. Só a lembrança de sua voz, de seus beijos, me dava vontade de vomitar. Terminar com ele parecia o mais sensato a fazer, mas eu não sabia se conseguiria.

Antes de James, nenhum garoto havia me valorizado, nenhum garoto havia querido algo comigo. Eu sabia que James me amava de verdade, mas nós não tínhamos absolutamente nada haver, e eu não sentia nada por ele. Seria difícil dizer-lhe adeus porque isso significaria dizer adeus ás palavras que faziam bem ao meu ego. E principalmente, dizer-lhe adeus significava que eu teria que agüentar a dor sozinha. Eu sabia que tinha que terminar com James, mas infelizmente, eu não era capaz de fazê-lo.

Decidi ir até a cozinha comer alguma coisa. Minha mãe ouviu batidas na porta, e foi abrir, enquanto eu comia meus biscoitos, com a cabeça enfiada na geladeira procurando um pote de iogurte.

“Bells, o James veio te visitar.” – ouvi a voz de minha mãe.

“Diz que eu não estou.” – disse minha resposta habitual, finalmente achando o pote de iogurte. Só quando já estava com a cabeça fora da geladeira e me virei foi que percebi que James estava parado bem atrás de mim. Ele me olhou com o rosto um pouco enfurecido, se virou e foi embora.

Não gostei de ter magoado James, mas não porque eu sintia alguma coisa por ele. Não gostei de fazer isso simplesmente porque não gosto de magoar ninguém. Mesmo tendo visto o rosto dele e o jeito como ele ficou, não senti absolutamente nada, nem mesmo pena. Talvez tenha sido essa percepção que me deu coragem, mas deixei o pote de iogurte na pia e sai, pronta para fazer o que tinha que fazer.

Música: Pussycat Dolls – I Hate This Part (tradução)

Eu Odeio Essa Parte

Estamos dirigindo devagar através da neve pela 5ª avenida

E agora o rádio é tudo o que podemos ouvir

Não nos falamos desde que saímos, esta tão ultrapassado

Está frio lá fora, mas entre nós está ainda pior

O mundo desacelera

Mas meu coração bate depressa agora

Eu sei que essa é a parte

Onde o fim começa

Eu não aguento mais

Pensei que fôssemos mais fortes

Tudo o que fazemos é nos prolongar

Escorregando por entre nossos dedos

Eu não quero tentar agora

Tudo o que resta é um adeus

E achar um jeito de te dizer:

Odeio essa parte aqui

Odeio essa parte aqui

Não consigo aguentar suas lágrimas

Odeio essa parte aqui

Todo dia, sete vezes a mesma velha cena

Parece que estamos presos pelo fracasso da mesma rotina

Preciso falar com você agora antes de irmos dormir

Mas será que você dormirá assim que eu te contar o que está me machucando?

O mundo desacelera

Mas meu coração bate depressa agora

Eu sei (Eu sei) que essa (que essa) é a parte

Onde o fim começa

Eu não aguento mais

Pensei que fôssemos mais fortes

Tudo o que fazemos é nos prolongar

Escorregando por entre nossos dedos

Eu não quero tentar agora

Tudo o que resta é um adeus

E achar um jeito de te dizer:

Odeio essa parte aqui

Odeio essa parte aqui

E não consigo aguentar suas lagrimas

Odeio essa parte aqui

Sei que você me pedirá para aguentar

E continuar como se nada estivesse errado

Mas não há mais tempo para mentiras

Porque vejo o pôr-do-sol em seus olhos

Eu não aguento mais

Pensei que fôssemos mais fortes

Tudo o que fazemos é nos prolongar

Escorregando por entre nossos dedos

Eu não quero tentar agora

Dizer adeus a tudo que restou

E achar um jeito de te dizer:

Mas eu tenho que fazer isso

Mas eu tenho que fazer isso

Mas eu tenho que fazer isso

Odeio essa parte

Mas eu tenho que fazer isso

Mas eu tenho que fazer isso

Mas eu tenho que fazer isso

Odeio essa parte aqui

Odeio essa parte aqui

E não consigo aguentar nossas lagrimas

Odeio essa parte aqui

James estava parado perto da minha porta quando eu saí, encostado na parede ao lado dela. Bati a porta devagar e me aproximei, ele não moveu nenhum músculo.

“Precisamos conversar.” – disse, baixinho

“É, precisamos mesmo.” – respondeu, olhando pra baixo.

Eu poderia dizer que não estava me sentindo bem, eu poderia lhe pedir desculpas, eu poderia mentir. Tudo isso, por sua vez, só me faria perder mais tempo, arrastar mais uma coisa que não ia dar certo. Eu não amava James, e isso tinha que acabar.

“Olha James, acho que não dá mais pra gente.” – disso, indo direto ao ponto.

“É, eu também acho que não dá mais.” – respondeu apenas, olhando para baixo.

Estranhei. Pelo que James dizia sentir, ele estava quieto demais.

“Sério? Só isso? Acabou? Você não vai falar nada?” – perguntei, como a boa idiota que sou.

James levantou a cabeça pela primeira vez, e me olhou.

“E o que eu poderia fazer, Bella? Chorar? Pedir pra você ficar comigo?” – Isso, concordei mentalmente, mas obvio que não disse nada – “Não sou desse tipo, Bella. Não posso te forçar a nada.”

Fiquei quieta, de boca aberta. Jura que foi tão fácil assim? Jura que fiquei uma semana inteira pensando no que dizer pro James pra ISSO?

James se aproximou de mim, e me deu um beijo na testa.

“Seja feliz, minha Bella.”- ele disse, e então entrou em casa.

“SUA UMA ÓVA!” – disse, assim que ele não podia mais me escutar, e entrei em casa.

Finalmente, eu estava livre, de tudo e de todos. Livre de James, de meus medos, de minha consciência, de mim mesma.

Eu estava livre, completamente livre.