Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 20
Filhos da Fuligem




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Do pouco que eu conheço o Riku e sei que ele não teria coragem de fugir. Alguma coisa aconteceu com ele. Mas eu não estava preocupada. Ninguém seria maluco de fazer mal a um dobrador de fogo certo?

— Isso é estranho, mas eu não o conheço tão bem para ele confiar em mim.

— Ah, eu achei que vocês já eram amigos. Ele faz parte do seu time, não é?

— Sim, mas ele é bem fechado.

— Ele é discreto, como uma pessoa como ele deve ser.

Não entendi o que ele quis dizer com isso, mas eu queria sair logo dali, o frio já estava me consumindo.

— Posso ir agora?

— Sim, minha querida, e não se surpreenda se nos esbarrarmos por ai.

O que eu mais quero evitar. Sai rapidamente da sala do diretor.

Ao andar pelo corredor, eu fiquei tentada a entrar na sala de dobra d’água, mas como eu estava dispensada até a lua cheia eu achei melhor não fazer isso. Kiha era muito irritante e ficava irritada por qualquer coisa. Eu também não queria ir para casa, meu pai estava nervoso e eu gostaria de evitar isso. Então eu resolvi andar pela cidade e praticar um pouco de dobra.

Andar na cidade de dia era fácil, eu não iria me perder como eu tinha feito, apenas queria visitar o bairro que eu morava. Apesar de ter altos níveis de violência lá era onde eu me sentia em casa. Eu não tinha muito dinheiro, apenas o suficiente para comer e voltar para a minha nova casa.

Peguei o ônibus que me deixava perto do mercado. Aquele que toda a semana era assaltado. Uma das regras naquele lugar era não andar chamando atenção. Eu acho que com as roupas que eu estou eu iria chamar um pouco, mas eu não ligava, eu realmente estava procurando confusão.

O ar mudou, o cheiro de fuligem me fez tossir. Muitas pessoas do ônibus desembarcam antes de chegarem a esse ponto. E só que desce é a nata da marginalidade. Eu mesma já fui impedida pelo meu pai de descer aqui. O aconselhável e descer no ponto anterior e pegar um atalho até atrás das fábricas.

— Última parada. – E o que o motorista diz.

Eu e mais quatro pessoas descemos.

O lugar é o mesmo de sempre. O esgoto corre quase ao ar livre e todos os prédios são negros por causa da fuligem. As pessoas andam rápido. O trânsito é principalmente formado por veículos antigos que soltam muita fumaça e contribuem para esse bairro ser chamado de cidade das cinzas. Os moradores daqui são popularmente conhecidos como crianças da fuligem. Antes aqui viviam muitos dobradores de fogo que contribuíam com as fábricas. Mas com o passar do tempo, eles foram morrendo e não havia ninguém para substituí-los.

— Olha para onde anda – Um rapaz diz quando esbarra em mim.

— Olha você por onde anda!! – Eu respondo com raiva.

E assim ele segue seu caminho sem olhar para trás. Não é sábio arranjar brigas a luz do dia, mas elas nunca deixam de acontecer. Acho que ele não quer arranjar problemas.

Duas gangues controlam o bairro, muitos acham que o governo os patrocina para manter essa falsa ordem.

Ando até uma lanchonete, uma que vende a minha comida preferida, pão com creme vermelho. Um doce tão simples e barato que algumas pessoas acham nojento

— Eu quero 3! — falo apontando para vitrine.

O atendente é conhecido, ele é um rapaz que mora na mesma rua que eu morava.

— Aqui está.

— Obrigada – Falo já abocanhando um

— Vocês se mudaram não é?

— Sim – Falo de boca cheia.

— Todo mundo está curioso. Por que vocês mudaram?

— Ah, foi por que eu me descobri dobradora!

Ele me olhou desacreditado.

—Se você não quer dizer é só falar.

O ignorei. Se ele não quer acreditar, eu que não vou fazer um show para ele.

Sai de lá com a boca vermelha. Limpei na manga da minha blusa. E saboreei meus outros doces.

Só aqui tem esse doce! Eu preciso vir mais vezes!

Resolvi ir até o ponto zero, que era um lugar onde pessoas de todo o tipo se reúnem para trocar objetos. Lá era bom para se encontrar itens raros. Eu não estava procurando nada, mas eu adorava ir lá para ver os objetos e as negociações.

O único lugar em que as pessoas não tinham medo de ir. Todo mundo vem aqui com um objetivo e normalmente não a discordância entre elas. Mas o lugar estava cheio de policiais. Alguém havia sido atacado. Aproximei-me e vi que a pessoa estava com as roupas queimadas e aparentemente bem assustado.

Tive um mau pressentimento.

Eu tenho o dom de atrair problemas. Qual é a chance de ser ele? E por que ele estaria aqui?

Passei a procurá-lo, fui até os becos mais sujos e escuros. Passei por pessoas perigosas, algumas até queriam saber o que eu estava fazendo, outras não se importam com garotas de 14 anos.

Ouvi uma risada, estridente e mal intencionada, corri até um estacionamento abandonado e foi lá que eu o vi.

O brilho azul era lindo e o que ele fazia com as chamas era mágico. Mas de um jeito que eu nunca vi Riku parecia feliz, ele brincava com dois rapazes que estavam armados com canos de ferro, os rostos deles mostravam pavor.

— Vocês não queriam me atacar? Venham eu estou pronto para vocês! – Ele dizia entre gargalhadas.

Eu me escondi atrás de umas latas de lixo.

Um dos rapazes, o mais velho que estava de capuz, tentou atacar Riku com o cano.

Riku agarrou o cano e soltou uma descarga elétrica.

Eu nunca tinha visto isso! O rapaz tremeu de uma forma esquisita até cair.

O olhar dele é um misto de loucura e alegria. Acho que é verdade o que dizem sobre dobradores de fogo azul. A loucura os persegue.

— Você prefere ser eletrocutado como o seu amigo, ou virar churrasco? - Ele disse cantarolando.

Foi nesse momento que eu tive que intervir. Sem ao menos saber o que fazer depois.

— Riku?!

Ele se virou para mim rapidamente, o rapaz que ainda estava acordado saiu correndo.

— Você me distraiu! Eu realmente queria sentir o cheiro da carne dele queimando.

— O que aconteceu com você?

— Ah, isso? É assim que eu sou de verdade! HAHAHHA. Aqueles estabilizadores de humor é que me deixam tão para baixo.

—Estabilizadores de humor?

— É Mira, é verdade aquilo que dizem dos dobradores de fogo azul! Temos muita raiva no nosso interior!

E ele riu.

Fiquei tentada a rir com ele. Mas nesse momento eu era a responsável.

— Por que você está aqui? Sina está te procurando.

— Sina? Quem diria que ele ficaria preocupado, acho que ele tem gelo nas veias!

E não só sou eu que acho isso.

— Mas por que você veio aqui?

— Aqui? Acho que aqui é o melhor lugar para relaxar! Você pode arranjar briga com qualquer um e ninguém vai falar nada! E você Mira, você também está procurando confusão?

— Eu morava aqui. Eu apenas queria comer um pão com creme vermelho.

Ele se aproximou.

— Só isso? Acho que seu rosto diz outra coisa. Que tal uma pequena batalha?

— Você quer batalhar comigo? – Esse realmente é o Riku que eu queria ver?

— Sim, eu quero. Dobradores de água são peculiares, nunca lutei com um. Não se preocupe eu não vou pegar leve.


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