Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 18
Quem é você?




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— Provavelmente é uma das suas amantes! Sem ofensas Mira. – Meelo falou mudando de postura.

— Meu querido e amado filho, você é o que melhor me conhece. Mas desta vez não é isso. Talvez se eu fosse um pouco mais velho naquela época isso poderia ter sido concretizado

E o pai do Meelo ficou vermelho e começou a divagar, ficou perdido em pensamentos.

— Vamos indo Mira, quando ele voltar vai ser pior.

E Meelo me arrastou para fora do quarto.

— Seu pai é uma graça.

— Graça? Você está cega? Ele é um velho tarado!

— Mas ele tem um charme.

— Não sei o que você vê nele. Sinceramente não sei como uma só mulher poderia aguentá-lo.Mas ele teve já quatro esposas fora as amantes.

— Ele deve ser bem popular.

— Não vamos falar sobre o meu pai. Eu já não consigo mais aguentá-lo se gabando.

— Então vamos fazer o relatório!

Meelo me levou ao seu quarto. Que mais parecia uma sala de estudos. Várias prateleiras de livros adornavam o espaço, uma mesa baixa no centro dava ao lugar um clima culto. Tudo praticamente era amarelo e laranja.

— Não tem cama?

— Sim, mas ela está dobrada. Eu quis otimizar o espaço. – Ele disse em um tom orgulhoso.

— Então acho que você fez um bom trabalho.

Nos sentamos no chão próximos a mesa.

— Mira, tenho que te dizer uma coisa antes.

— Pode falar.

— Esse quarto tem um sistema que eu criei que o torna isolado acusticamente. Então podemos conversar as claras.

— Acho isso ótimo.

— Eu vou tentar esquecer tudo do seu relatório. Você não poderia pedir ajuda para fazer isso. Então para o nosso bem, essa vai ser a única vez que vou te ajudar a fazer isso.

— Tudo bem Meelo, meu único problema é que eu não sei nem como começar isso.

— Eu entendo isso, por isso estou te ajudando. E eu tenho uma condição para te ajudar.

— Pode falar, eu vou fazer quase qualquer coisa.

— Quase? -- Meelo riu

— Você não é tão distraída como eu pensei. Essa coisa que eu vou te pedir é para o seu próprio bem.

— Então isso é bom!

— Vou te ensinar a meditar e você vai conseguir se controlar.

Meditar? Eu não consigo meditar. Isso é coisa para monge!

— Eu tento me controlar, mas é uma coisa que você não entende. Quando a raiva me atinge é como se nada mais importasse.

— Essa é minha única condição. Eu estou tentando te ajudar, ajudando todos a sua volta.

— Você exagerou um pouco nisso. Mas eu vou tentar, mas não prometo nada.

Ele estendeu o braço. Parecia que ele queria um cumprimento para selar esse acordo. Eu fiz o mesmo que ele e apertamos as mãos.

— Um bom jeito de começar um relatório é meditando.

— Agora? Vamos começar a meditar agora?

— Sim, você tem que se lembrar de tudo o que aconteceu na “missão”. E a melhor maneira é meditar.

Que saco, eu pensei que eu teria mais tempo antes de fazer essa coisa tão idiota.

—Tá e como eu faço isso.

— Primeiro sente-se na posição de Lótus.

Posição de Lótus? Quem ele acha que eu sou? Uma dobradora de ar? Tentei imita-lo, mas realmente eu não tenho muita coordenação.

— Mira, preste atenção. Primeiro você coloca a perna por cima da outra.

Consegui!

— Eu consegui!!

— Sim você conseguiu. Agora feche os olhos. Tente ignorar tudo a sua volta. Se concentre apenas nos seus pensamentos.

Me concentrar nos meus pensamentos... Faço o que ele diz. Ouço apenas nossas respirações. Suspiro algumas vezes.

— Respire profundamente e deixe sua raiva fluir.

Raiva? Eu estou calma nesse momento.

Assim eu começo a me lembrar. Eu sinto raiva. Muita raiva, do Governo por me colocar nessa posição, do meu pai por tudo o que ele fez comigo e da minha mãe por me deixar.

Tudo começou naquela manhã. Eu tinha apenas 5 anos, quando ela morreu. Eu não queria ir, mas ela estava me levando para algum lugar. Estávamos fugindo?

— Mamãe para onde estamos indo?

— Não pergunte nada, temos que ir antes que...

E alguma coisa explodiu, saímos correndo. E de repente estávamos em frente ao grande rio.

— Não temos opção. Temos que chegar lá rápido, vamos pegar um barco.

E assim mamãe roubou um barco do porto e fomos em direção a um lugar desconhecido.

— Mira, se controle.

— Mamãe eu não consigo!

— Eu sei que você pode!

Mas não adiantou, o barco pegou fogo.

Mamãe morreu aquele dia, mas eu não e não entendo por quê, e por isso eu tenho raiva, depois daquele dia minha vida piorou de forma drástica. Eu preciso deixar essa raiva, eu preciso me concentrar no meu presente! Preciso esquecer o passado, mas não consigo o ódio pulsa do meu interior.

Uma luz me tira do vermelho e eu me deparo com uma floresta, um lugar irreal. As árvores são grandes e as folhas muito verdes, o céu é de diversas cores. Eu olho para as minhas mãos, eu estou transparente? Não eu ainda consigo senti-las. Aqui eu sinto tudo com muita intensidade, o perfume das flores, o som dos pássaros? Olho e vejo apenas penas. Onde eu estou?

— Você não deveria estar aqui!

Olho para trás e vejo uma criatura. Um ser que eu nunca vi antes, ela é de um tom de rosa ofuscante e muito peluda. Tento toca-la

— Não me toque com essas mãos imundas!

Aquela voz grossa veio da criatura?

— Os portais foram fechados. Esse foi o nosso acordo! Por que você voltou?

— Voltei? Eu nunca vim aqui antes.

— Sim, você veio! E está banida. Esse foi o preço.

— Preço?

Ouço um barulho muito alto.

— Tarde demais. Ele já está aqui. – A criatura diz evaporando na minha frente.

O que acabou de acontecer? Eu estou enlouquecendo?

O ar fica gelado. E involuntariamente eu começo a tremer.

— É sempre uma honra ter a sua presença.

Uma voz vem de todos os lados, uma voz seca, sibilante e maliciosa.

— Quem está ai?

— Nessa vida você ainda não me conheceu. Se vire para cá quero ver suas emoções.

Eu me viro e vejo a criatura mais horrenda, ela parece uma centopeia gigante, mas um rosto feminino humano está na cara da criatura. Eu não fico com medo, por algum motivo eu não consigo sentir nada, o medo se foi e eu fico inexpressiva.

— Ela foi muito esperta em fazer essa defesa. Só por que o seu rosto dessa vida é tão bonito, adoraria tê-lo na minha coleção.

A criatura muda, o rosto feminino da lugar a um masculino, um rosto com uma expressão dura e triste.

— Quem é você? – Pergunto friamente

—Eu sou Koh! E quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você?

Eu tento me lembrar, mas eu não consigo. Quem sou eu?

— Você quebrou o acordo. Agora eu não posso imaginar as consequências que isso terá. – Diz Koh rindo.

E assim o céu colorido fica negro as plantas escurecem e eu caio em uma escuridão profunda.

Meus olhos estão doloridos, abro os com cuidado a luz me invade e eu me lembro.

— Mira! -- Uma senhora que eu nunca vi antes está de frente para mim.

Ah é eu estou na casa do Meelo. Olho pela janela e vejo que já está escuro.

— O que aconteceu? Cadê o Meelo?

— Minha querida, você entrou em um estado profundo de meditação.

— Meditação? Eu estava meditando? Nada daquilo foi real?

— Não podemos dizer que não foi real, até saber o que você viu.

Olho para a senhora novamente. Ela é mais alto que eu, os cabelos são prateados mas ao invés de envelhecê-la ainda mais, dá um ar de sofisticação. Era possível ver a ponta se uma seta na sua testa.

— Quem é você? - Eu pergunto

As palavras ecoam na minha mente.

Quem é você? Quem é você? Quem é você?

— Meu nome é Jinora Eu sou a tia dele – E ele aponta para Meelo que estava em um canto do quarto. Ele parecia um pouco assustado.

— Ah, sim. Me perdoe por estar causando problemas.

— Problemas? Não de maneira nenhuma. Faz muitos anos que eu não encontro alguém que pode meditar tão profundamente.

Por alguma razão eu fico um pouco incomodada. Não sei se é por causa do jeito estranho que ela me olha, ou por eu achar que ela está me fazendo de boba.

— Eu acho que vocês estão enganados.

— Você ficou nesse estado por três horas. – Diz Meelo

Eu fiquei meditando por três horas?

—Eu acho que cai no sono...

— Se você tivesse caído no sono, minha tia saberia.

— Sim, Mira, você é uma iluminada.

— Senhora, eu não entendo o que você quer dizer com isso. Eu vim aqui para fazer o rela... um trabalho de escola e Meelo disse que iria me ensinar, mas ele me enganou e me fez meditar. E eu nunca fiz isso antes. Eu não sou iluminada coisíssima nenhuma.

— Meelo, você disse que ela fez coisas suspeitas. Você pode dizê-las?

Coisas suspeitas? Eu sempre faço coisas suspeitas, como bater, brigar e agora espionar. Não sei onde eles querem chegar.

— Fora a energia estranha que eu sinto dela. Como se ela fosse um vulcão prestes a entrar em erupção. Hoje de manhã quando eu entrei na classe e você estava dormindo...

— O que tem isso? Isso é suspeito por acaso?

— Me deixe terminar! – Ele disse se exaltando.

— Você estava dormindo como se estivesse meditando. E o ar não estava normal. Era como se alguém tivesse acabado de dobra-lo.

Meu coração apertou. Eu não quero mais ouvir isso.

Coloquei minhas mãos ao redor das minhas orelhas.

— Mira, você tem que escutar!

— Eu não quero ouvir mais nada sobre isso! Você disse que ia me ajudar a fazer o relatório, mas foi tudo armação!

— Mira, você não vê que pode ser ...

Acho que alguém bateu na porta, Jinora não consegue terminar de falar. E eu destampo minhas orelhas.

— O que foi Nari?

— Meelo, você não vai acreditar!

— No que eu não vou acreditar?

— O Avatar!!

— O que você sabe sobre isso?

— Vovô disse para eu vim te chamar.

— Rápido Nari. Estamos ocupados aqui.

— A União do Fogo apresentou o novo Avatar na televisão.


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