Um beco sem saída. Ela estava em um beco sem saída. Precisava contar a todos o que estava acontecendo, não se tratava apenas dela agora e sim de fazer justiça às mulheres brutalmente assassinadas. Fugira de seu passado há muito tempo, mas ele a encontrara e fugir não era mais uma opção.

A equipe estava reunida na pequena sala da delegacia de polícia, estudando as fotos da vítima mais recente; já havia se passado um semana. Reid estava em um canto, absorto na nota deixada ao lado do cadáver.

– Pessoal – Emily começou, tomando uma respiração profunda. – Eu tenho uma coisa, aliás, muitas coisas para contar a vocês.

Hotch foi o primeiro a encará-la, o rosto sem expressão, apenas esperando silenciosamente o que estava por vir.

– Eu não espero que vocês entendam, pra ser sincera, não espero nada. Essa história só está vindo à tona porque envolve todo o caso e, principalmente, o assassino.

Ninguém falou nada, a sala estava em total silêncio. Se uma gota caísse ali naquele instante, Emily tinha certeza que conseguiria ouvir.

– Meu pai foi assassinado quando eu tinha 20 anos; a influência de minha mãe abafou o caso, a morte foi relatada ao público como natural e a investigação foi mantida restrita. – Emily fez uma pausa e tomou um gole de café – eu agora posso dizer com toda certeza que o homem que assassinou meu pai está fazendo o mesmo com essas mulheres.

– E você só conta isso agora? – Morgan perguntou – Prentiss, você viu como a gente se sentiu em relação a esse caso, sem pistas, nada. E mesmo assim você não contou?

Ela não respondeu de imediato, apenas olhou para cada um naquela sala. Reid estava surpreso, nada emanava de seu rosto além de choque; Rossi estava com aquela cara de “eu entendo”; JJ olhava solidariamente para ela; Morgan estava incrédulo, quase com raiva. O que mais doeu foi o olhar de Hotch, não demonstrava emoção, mas ela sabia que ele estava ferido, um fio de sua confiança havia sido rompido, droga, o de todos haviam sidos rompidos.

– Morgan, eu não sabia. Depois da nota encontrada, associada com a posição dos corpos, eu comecei a juntar as peças e pude ter certeza. Seria coincidência demais para não ser verdade. – Ela rebateu.

– Então me explica Emily. Deus sabe que o que quer que você fale agora, poderá ajudar a salvar a vida de uma mulher essa noite. – Morgan falou.

– Ok, eu vou contar. Meu pai idolatrava Da Vinci, na verdade ele meio que me passou isso. De qualquer maneira, ele continha a imagem do Homem Vitruviano em um enorme quadro no seu escritório, eu costumava achar grotesco quando criança, mas depois comecei a sentir uma certa simpatia pela obra. O caso é que meu pai foi encontrado esfaqueado e colocado na mesma posição das nossas vítimas, ele estava em seu escritório, como o Homem Vitruviano logo acima. Eu não vi a cena real, mas depois de alguns anos consegui ter acesso às fotos da cena do crime.

– A posição eu entendi, mas onde se encaixa a citação de Dorothy? – Perguntou Rossi.

– Bem, eu recebi uma mensagem de voz com essa citação, minutos depois de meu pai ser morto. Sei disso porque chequei o horário da morte com o legista.

– E o que você sabe sobre ele, o assassino? – Perguntou Reid.

– Nada, absolutamente nada. Após muitas investigações e brigas com minha mãe, não descobri nada. Sempre soube que ela sabia mais do que dizia saber, mas nunca consegui arrancar nada dela, ninguém conseguiu.

Todos assentiram com a cabeça, Morgan parecia mais calmo agora. Emily sentiu um alívio tomar conta dela depois do desabafo; não havia sido fácil, mas também não tinha sido tão difícil como achava que ia ser. Ela sabia que ficaria tudo bem com a equipe, Hotch era um caso à parte com o qual ela teria que lidar depois. A chance de finalmente fazer justiça a seu pai depois de tantos anos, trouxe uma sensação de libertação. Não fosse a situação, ela poderia até rir.