Sacrifices escrita por Rany B


Capítulo 5
A citação de Dorothy Dix




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“Confissão é sempre um fraqueza. A alma solene guarda seus próprios segredos e suporta sua própria punição em silêncio.”

Foi preciso muito esforço da parte de Emily para não demonstrar o que estava sentindo naquele momento. A citação da jornalista Dorothy Dix ressoava em sua mente. Enquanto os outros procuravam encontrar sentido naquilo tudo, Emily se deixou levar para a fria noite de 1994.

A vida de estudante em Yale não era fácil para a filha de uma embaixadora. Muitas amizades, muitos garotos; a maioria, Emily sabia, era por interesse. Mas quando se tem 20 anos de idade, você não costuma se importar, contanto que haja companhia para festas e popularidade pelos corredores. Não era ensino médio, mas ela era a garota prodígio filha da embaixadora Elizabeth Prentiss, arraigada em um mundo de aristocráticos que não viam nada além do próprio nariz, o que para ela era a mesma coisa que ser patricinha de uma escola de elite e líder de torcida. Era tudo movido por interesse.

Emily voltara para o campus levemente alterada esse dia. Depois de uma festa na fraternidade, ela se esgueirava com sua colega de quarto em direção ao dormitório.

– Anda logo Cindy, se formos pegas por sua causa eu vou me certificar de fazer você ser o alvo de chacotas pela manhã. – sussurrou uma Emily descalça, com as sandálias na mão.

Assim que abriram a porta do dormitório, ambas respiraram fundo. Yale era muito popular em relação à educação, mas quando se tratava de regras, era encontradas muitas falhas pelos alunos, de modo que havia festinhas de madrugada nos dormitórios e entre as casas de fraternidade espalhadas pelo terreno.

Emily havia deixado seu celular no quarto, e se antes havia entrado tão cansada a ponto de apenas se jogar na cama, tudo mudou assim que ela viu as inúmeras chamadas perdidas de sua mãe, e de um número privado; além de várias mensagens e caixas postais. Não queria retornar a ligação de sua mãe àquela hora da madrugada, ela saberia o que a filha andara fazendo, por esse motivo Emily decidiu ouvir a caixa postal, com a amiga já ressonando na cama ao lado.

“Emily Prentiss, onde você está metida mocinha? Espero que em nenhuma outra festa de fraternidade. Preciso muito falar com você, me ligue assim que ouvir essa mensagem” – apesar de tentar parecer brava, Emily não pode deixar de notar que a mãe havia chorado, o que a deixou com menos coragem ainda de retornar a ligação.

A outra mensagem de voz veio de uma voz que ela não conhecia, mas a deixou arrepiada. Era uma citação da jornalista Dorothy Dix, uma das preferidas de Emily, por sinal.

Emily caiu no sono ainda com o celular na mão, para ser acordada no dia seguinte pelos coordenadores, todos com cara de pena e alguns com lágrimas nos olhos.

– O que está acontecendo? – ela perguntou.

– Sentimos dizer, querida, que seu pai faleceu. – respondeu a Sra. Hunt, uma mulher alta e corpulenta com o rosto severo.

Emily encarou todas aquelas pessoas, sem acreditar no que tinha ouvido. Seu pai havia morrido. Estava morto. Morto. Essa palavra ressoara em sua cabeça pelo que pareceu uma eternidade, até que ela ouviu vozes chamando seu nome, a puxando do estado de transe em que entrara.

– Sua mãe está passando para lhe pegar por voltas das nove. Sinto muito querida. – disse Sra. Hunt, enquanto de afastava cabisbaixa.

Emily não entendi porque aquele povo estava chorando, eles não tinham o direito de chorar por seu pai. De repente uma dor tomou o lugar do choque, e ela sentiu as lágrimas caírem, intermitentes. Ela ficou ali, com a amiga ao lado. E chorou, como nunca havia chorando antes.

De volta ao presente, Emily se perguntava o que fazer, contar à equipe sobre a misteriosa morte de seu pai e sobre a mensagem estranha na caixa postal? Ou fazer a única coisa que vinha fazendo até agora: se fechar em seu mundo e fugir para não envolver ninguém em seus problemas? É, isso era a única coisa que ela sabia fazer muito bem, depois do seu trabalho.


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