Teatrinhos escrita por Inalcanzable


Capítulo 8
Mia e Lupita saem do modo pacífico


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEY MEU POVO!
Oi, beleza? Tinha começado a escrever esse capítulo hoje de manhã durante uma aula e só terminei agora.
Bem, não tenho nada a dizer. Desculpe pela demora, é, é isso.
Boa leitura!



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Não acredito.

Como eu pude ser tão burra?

Correndo sem direção com lágrimas nublando meus olhos, me esforcei para não me concentrar aonde ia, e ignorar os chamados insistentes de Diego. Sim, ele estava atrás de mim, me seguindo, mas eu não ia parar. Não ia escutá-lo.

Vi um banheiro feminino à minha frente e entrei nele.

– Roberta! - Diego se chocou contra a porta e implorou - Me deixa explicar!

– Eu não quero ouvir nada que saia da sua boca imunda! - gritei entre soluços. Tranquei-me e me sentei com as costas apoiadas na porta.

– Roberta... por favor...

– Me deixa em paz! - berrei - Sai daqui! Você não entende que eu não quero te ouvir?!

Era mentira. Eu queria ouvi-lo. Queria descobrir que aquilo tudo não passava de um pesadelo e que nada tinha acontecido. Eu queria escutá-lo, porquê gostava da sua voz rouca. Eu queria escutá-lo... mas eu não ia.

Ouvi uma batida na porta, certa de que Diego a tinha socado. Depois disso, não ouvi mais nada por, talvez, uns 10 minutos. Mas as pessoas não conseguem me deixar em paz. Todos querem aproveitar de minha companhia.

Sequei as lágrimas com raiva.

Eu estava reclamando da companhia das pessoas? Eu estava chorando por um garoto?

Desilusões amorosas acontecem todos os dias. Eu mesma já sofri isso várias e várias vezes.

Por que tinha sido mais forte dessa vez? As coisas não são mais intensas na adolescência? Eu não era mais adolescente, era uma adulta. Maior de idade, 21 anos... eu não era mais adolescente.

Eu deveria ter ficado mais forte com o peso de 21 anos nas costas, não é mesmo? Porque estou chorando por um cara que... nem mesmo cheguei a gostar realmente? Digo, acabamos de nos conhecer. Não podemos simplesmente nos apaixonar assim, sem mais nem menos.

"Não foi sem mais nem menos." disse minha consciência. Uma vozinha fininha e irritante, que ecoava do fundo da minha mente, aparecendo nos momentos mais inoportunos. "Ele te comprou um colar e um Kinder Ovo. Ele gastou uma fortuna. Ele ficou conversando com você durante toda a noite do dia 6 de dezembro, seu aniversário. Você esquece das outras pessoas quando está com ele, e você sabe disso. Ele te levou numa praia deserta. Ele te fez desligar na cara do seu ex-namorado. Ele sentiu ciúmes. Ele disse que te amava."

"E aí, ele beijou outra, não é mesmo?" retruquei e a vozinha se calou.

Toc toc. Ouvi.

– Roberta... - escutei a voz de Mia.

– Saí daí, por favor... - essa era a voz de Lupita.

– Não. - respondi com firmeza, embora minha voz estivesse rouca de tanto berrar por causa daquele estúpido boneco de porcelana, um principezinho fútil e encantando saído dos contos de fadas mais babacas de todo o universo.

– Roberta, a culpa foi nossa. - disse Lupita. - Nós que te convencemos a dar uma chance para o amor, e você se machucou. A culpa foi toda e inteiramente nossa. - ela deu uma pausa, talvez recuperando o fôlego, talvez dando chance para eu falar, mas o silêncio pesou por alguns segundos e ela prosseguiu firme, e talvez impaciente: - Você não pode ficar aí pra sempre. Onde está aquela garota alegre, que não se importa com o que os outros pensam ou dizem dela, que nunca derramou uma lágrima por quem não merece nem um "oi", que nunca se deixou abater por nada, que nunca sofreu na mão de garoto nenhum? Onde ela está?

– Eu não sei... - respondi com a voz baixa, mas com a certeza de que ela podia me ouvir. - Se você quiser sair pra procurar, fique à vontade.

– Eu não preciso sair procurando. - Lupita respondeu - Eu sei que ela está aí. Atrás dessa porta. Agachada, com o rosto molhado, sofrendo por causa do amor. Se achando a maior otária por isso.

– Roberta... - começou Mia timidamente - E-eu estou com medo de falar alguma besteira e te deixar com raiva, ou pior do que você já está. Mas... sai daí. O Diego não merece suas lágrimas, você não merece chorar por ninguém. Você é uma mulher forte, que aguentou a morte de seus avós, que aguentou o divórcio de seus pais, que sempre nos apoiou... Você é a primeira cineasta mulher, que sabe surfar, cantar, atuar, dançar, ser grossa e engraçada ao mesmo tempo... Você sabe que eu não sou tão boa com as palavras quanto a Lupe, que sempre teve um dom pra dar notícias ruins, ou quanto você, que sempre escreveu histórias, músicas, poemas e outras tantas coisas incríveis... Por favor, conta o que aconteceu.

Sem me mover um centímetro, contei às duas o que tinha acontecido. Desde a euforia que eu senti procurando-o, como se estivesse prestes a encontrar o pote de ouro do final do arco-íris, até a parte em que me tranquei nesse banheiro. Por falar em banheiro, meu nariz já estava começando a entupir com o fedor que eu não tinha reparado até aquele momento.

– Talvez... talvez tenha sido melhor assim, não? - disse Mia

– Por que? - perguntei

– As coisas entre vocês aconteceram muito rápido... é como... - disse Lupita - Sei lá... sair com um cara pela primeira vez e no dia seguinte descobrir que está esperando um filho dele.

– Uau, como descobrir com tanta antecedência assim? - disse Mia e ouvi Lupita a repreender baixinho - Lupita tem razão Roberta. Mas, de qualquer maneira... saiba que quando você quiser sair, vamos estar aqui, ok? Neste exato lugar!

– Ok, obrigada - respondi e elas pararam de falar. Senti um leve movimento na porta e as imaginei sentadas de costas para mim, apoiadas na porta, esperando qualquer sinal de vida meu.

Ouvi uma voz. Grave, rouca, meio distante, que fez meu estômago revirar.

– Não conseguiram? - ele perguntou.

– Na verdade, dissemos a ela pra não sair - mentiu Lupita e soube que ela se levantara, juntamente com Mia.

– Porque? - Diego perguntou sem entender.

– Como pôde fazer isso com ela? - começou Mia, com a voz visivelmente (ou audivelmente, no caso) carregada de raiva. - Você dá um colar lindo dentro de um Kinder Ovo pra ela, conta sua triste historinha de vida, fazendo-a acreditar que você é um pobre coitado, diz que a ama, e aí, puf aparece praticamente engolindo outra garota?

– Você dá nojo, Diego - disse Lupita - E em pensar que nós achamos que você era um cara legal, que merecia o coração da Roberta, que, desde sempre, foi envolto numa redoma de vidro, de cimento, com cerca elétrica, arame farpado, cães de guarda, seguranças armados com bazucas, envoltos pela muralha da China. Mas parece que nos enganamos. Parece que nunca vamos achar alguém digno da Roberta, digno do amor dela, não é mesmo?

– Então ela nunca amou o Lew... - começou Diego, mas Mia o cortou.

– Não venha meter o Lewis nessa história! Ele sempre gostou muito da Roberta, mas, infelizmente, ela não sentia o mesmo. - ouvi um som estalado, como o de um tapa, e levantei-me, cobrindo a boca com a mão. A situação era cômica e assustadora ao mesmo tempo. Lupita e Mia eram criaturas pacíficas, nunca se metiam em confusão, não tinham dado um tapinha nem uma vez na vida. Quem seria a corajosa? Lupita, ou Mia?

O tapa, pelo que pareceu, foi muito forte. A mão de uma delas estaria vermelha e ardendo, já que elas não tem costume de estapear as pessoas.

– Ai - ouvi Diego arquejar de dor.

– Isso foi por ser um idiota! - disse Mia. Ela tinha dado o tapa?

Ouvi outro som, mas não tinha nada a ver com um tapa. Parecia um chute ou uma joelhada.

Não... será?

– E isso foi por todo o resto! - disse Lupita.

Destranquei a porta lentamente. Meu rosto ainda estava molhado, e meus olhos, inchados, mas ao ver Diego ajoelhado no chão, com uma mão no rosto e outra no... amiguinho dele, não pude deixar de sorrir.

– Belos golpes - murmurei e as duas se viraram. Lupita que conservava uma expressão séria, sorriu pra mim.

– Vamos - disse Mia ainda com raiva - Antes que eu o mate!

Quando passei por ele, só eu ouvi bem baixinho:

– Roberta... perdão.

Fingi que não escutei, e continuei andando, mas meu coração - que batia debilmente - deu um aperto.

"Não, você não vai perdoá-lo, nem que seja a última coisa que faça na vida!" pensei com raiva, mágoa, ressentimento, tristeza e mais um monte de sentimentos misturados.

Se eu soubesse o que estava por vir, teria ao menos o beijado. Pela primeira e quem sabe... a última vez.


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Notas finais do capítulo

E então, ficaram com pena do Diego? Eu não.
Gostei de escrever a frase final, agora vou deixar vocês MORREREM de curiosidade. Não responderei nenhuma pergunta sobre isso, vocês vão descobrir em breve o que significa.
Comentem leitores fantasmas! Leitores comentem, vamos lá! Isso me deixa feliz e me faz postar mais rápido!
Até mais!



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