Teatrinhos escrita por Inalcanzable


Capítulo 5
Um triste conto de fadas


Notas iniciais do capítulo

Hey! Como vai povo?
Eu nem ia postar hoje, mas as casquinhas do meu joelho ralado começaram a sair e percebi que o tempo tá passando :/
Bem, eu, particularmente, gostei de escrever esse capítulo. Dos cinco capítulos que já postei, esse foi o que mais gostei. Chorei escrevendo uma parte aí que vocês vão ver qual é T.T
Já to enchendo o saco né? Boa Leitura



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​As aulas passaram rápido, e eu estava ansiosa para ouvir a justificativa furada que Diego me daria.

Fui para nosso pequeno apartamento e convenci as meninas a sair para almoçar.

Nós nos arrumamos rapidamente - eu e Lupita, Mia demorou meia hora - e saímos para nosso restaurante preferido. Ele ficava perto do colégio, tinha algumas mesas espalhadas na calçada e algumas dentro de lá. Nos sentamos em uma mesa da calçada e as duas conversavam sobre o que estavam aprendendo. Eu não tinha pique pra falar nada.

– O que houve Beta? - perguntou Mia notando, finalmente, o meu silêncio

Contei o caso pra elas e elas ficaram indignadas

– Como assim uma aposta?! - Lupe disse - Ele é um idiota!

– Que tapado... - Mia disse

– E o pior... - eu disse com voz de choro e os olhos lacrimejando - é que eu realmente tinha gostado dele. Quer saber? Acho que vou virar lésbica! Aí eu paro de sofrer desse jeito!

Mia e Lupita, meio hesitantes, deram uma risadinha. Não sabiam se era sério ou piada.

– É uma piada - eu disse

​- Olha Roberta - disse Mia apontado para um cara do outro lado da rua

– Que que tem? - perguntei - É um cara bonitinho

– É o Diego - Lupita disse

– Não é bonitinho, é um cara tapado - me corrigi

Diego olhou para onde estávamos e seu rosto ficou mais preocupado do que já estava​. Ele, sem olhar pros lados, atravessou a rua. Esse garoto está querendo morrer antes de me justificar. Na remota chance dele sobreviver até amanhã, eu mesma vou matá-lo.

– Roberta - ele chamou quando estava a uns poucos metros de distância - posso... falar com você?

– Deixa eu ver se tenho tempo... - comecei - Bem, daqui a pouco eu tenho que me encontrar com o Lewis, mas pode ir

Ele ficou com uma carranca impagável, eu até riria se não estivesse me corroendo de raiva e puro ódio. Isso seria ciúmes? Com certeza! Era ciúmes! Mas aí, ele sorriu

– Vem - ele me disse ainda sorrindo

Me levantei, contraditória e revoltada pelo ciúmes dele durar tão pouco, e fui em direção a ele, que se virou e começou a andar. Eu olhei pras meninas e passei o dedo pela garganta, sinalizando a morte dele. Elas riram.

– Você vem ou não vem? - Diego perguntou por trás de mim, roçando a boca dele na minha orelha

– Se você queria me arrepiar, não conseguiu - disse me virando para ele, que estava excessivamente perto - Mas vamos acabar com isso logo

Eu o segui pelas ruas de San Diego em silêncio, até que ele me perguntou:

– Não arrepiou nem um pouco? Nem um pouquinho? Um tiquitinho de nada?

Sorri ao ver o desespero do garoto

– Não, nem um pouquinho - menti - pra onde estamos indo?

– Praia - ele disse depois de uns segundos e completou - deserta

– Qual? - perguntei - Conheço muitas

– Você vai ver

Nós caminhamos por um longo tempo, até que chegamos a uma praia, uma que eu nunca tinha visto antes. O mar estava com ondas boas pra surfar.

– Que falta da minha prancha de surf... - lamentei

​- Não me falou que surfava - Diego me disse

– Não me falou que iria fazer uma aposta pra ficar comigo. - eu disse - E sério, minha companhia vale mais que duzentos dólares

– Eu sei - ele disse - sua companhia é impagável

– Exatamente isso e...​ - comecei - espera. Se acha isso porque apostou duzentos dólares?

– Eu geralmente aposto duas rodadas de bebida, que dá mais ou menos cinquenta dólares - explicou e olhou para mim - É significativamente maior

– Não é. - eu disse - Deveria ter apostado mil. Se eu não tivesse escutado, com certeza teria ganhado um bom dinheiro

– Foi mal. Eu... fui criado assim.

– Como? - perguntei - Seus pais te ensinaram a tratar as mulheres como objetos sexuais e descartáveis?

Ele baixou o olhar e assentiu.

Fiquei sem palavras, que pais horríveis eram esses? Imagino como ele foi tratado

– Até sua mãe? - perguntei e no segundo seguinte me arrependi - Ah, vamos sentar.

Sentamo-nos na areia, de frente um para o outro, seus olhos estavam marejados.

– Não precisa contar... - eu disse

– Não tudo bem. - ele disse - Minha vida era perfeita, minha mãe era... incrível, me amava muito. Era o segundo casamento do meu pai, eu tinha dois meio-irmãos, ninguém mexia comigo quando eu era menor, se não eu ia correndo contar pra minha mãe e... ela resolvia tudo

Ele deu um pequeno sorriso

– Aí, um dia, meu pai, minha mãe, meus dois meio-irmãos e eu fomos para um parque aquático no carro que eles tinham acabado de comprar... estávamos voltando, e... um maluco drogado acertou o carro. Do lado do motorista. Onde minha mãe estava. - seu queixo tremeu e ele olhou pra suas mãos - Ela... morreu. O coração dela foi perfurado. Morreu na hora. Meu pai teve traumatismo e... ficou paraplégico. Meus dois meio-irmãos tiveram apenas arranhões.

– E você? - perguntei curiosa

– Nada. Eu... não tive nenhum arranhão. Parece um daqueles filmes, em que a criança sofre um terrível acidente, a pessoa que ela mais ama morre, e... ele fica... ótimo. Nada, nenhum arranhão, nenhum dano. Aí ela cresce e se torna um super-herói. - ele deu um risinho nervoso

– Você deve ter ficado arrasado. - eu disse

Nossa que gênio que eu sou!

– É. O pior foi o que aconteceu depois. Meu pai não ficou triste. Ele ficou tipo "E agora? Quem vai cuidar desse peste do Diego?". Ele e os meus meio-irmãos se esforçaram pra fazer da minha vida um inferno. Eu virei o mordomo deles, apanhei pra caramba. E como se não fosse o bastante, eles querem que eu seja igual.

– À eles? - perguntei. Deus, como eu sou inteligente! Hoje eu estou de parabéns!

– É - ele respondeu - Eu virei...

– Uma Cinderela? - sugeri

– Isso - ele sorriu, mas não estava alegre - Um Cinderelo, pra falar a verdade. Só que sem magia. Sem fada madrinha.

– Sinto muito - eu disse - Eu sei o quanto isso é vazio. Sei o quanto é inútil dizer isso, mas essa história enche meu coração de tristeza. Eu realmente sinto muito.

– Não foi tudo em vão - ele respondeu

– Como assim? - perguntei

– Não tenho nenhuma fada madrinha. Mas...

– Mas o que?

– Eu fui numa festa. E conheci a princesa - ele disse sorrindo para mim

Fiquei completamente sem graça

– Você... me... dá raiva garoto! ÓDIO! - gritei

– Por que? - ele perguntou sem entender

– Porque... Ah, cara, como eu posso ficar brava com você? COMO EU POSSO TE ODIAR? DEUS! VOCÊ ME DEU UMA MISSÃO IMPOSSÍVEL! EU NÃO SOU O TOM CRUISE! - disse olhando pro céu

Diego sorriu pra mim

– Você me chamou de... princesa! - eu disse sem acreditar - Eu sou a rainha má, a bruxa, eu sou a vilã do conto de fadas!

– Não pra mim - ele disse - E se você for a bruxa, ou a rainha má, você é a bruxa mais linda que eu já vi. E é a minha rainha má.

Quando ele se deu conta do que tinha dito, ficou vermelho. Ri da sua vergonha

– Você fica linda rindo - ele disse e eu corei - E fica mais linda ainda da cor do seu cabelo

Olhei para ele e sorri, do nada, ele ficou feliz. Como se a história da mãe dele fosse um filme de drama que tínhamos acabado de assistir.

Ele segurou minha mão e acariciou-a com o polegar. Sorri mais ainda.

– Sabe, eu queria ficar com raiva de você - disse - queria te odiar e nunca mais olhar na sua cara. Mas eu simplesmente não consigo! O que é novidade, já que eu sempre consigo o que eu quero.

– Querer não é poder - ele disse

– Você é o único que exerce esse efeito sobre mim - disse dando ênfase no único

– Bom saber - ele disse - assim, não corro o risco de perder a garota mais... ruiva que eu já conheci

Ele estava de brincadeira comigo né? A garota mais ruiva?

– Espero que isso seja uma piada

– Uma tentativa falha, mas sim. Mas, sério. Você é incrível

Sorri e entrelacei meus dedos nos dele. Meu coração acelerava na medida que eu entendia o que ia acontecer, e as mãos dele suavam cada vez mais.

– Você me deixa nervoso - ele me disse - a única que consegue fazer isso

– Bom saber. Assim não corro o risco de perder o garoto mais... lindo que já conheci - o imitei. Mas é claro que o meu saiu mil vezes melhor

– Você me plagiou. Isso é perigoso pra uma futura diretora de cinema!

Eu ri e o empurrei na areia.

– Agora eu sou uma fugitiva! - disse e comecei a correr pela praia, instantes depois ele estava me seguindo.

– Parada aí Srta Reverte Rey! - ele disse - Mãos pra cima onde eu possa ver! Você está presa! Pare!

– Nunca! Eu sou uma cidadã livre!

Corremos por mais alguns minutos, até que ele me disse:

– Espera! Eu cansei! Não vai parar?

– E perder a chance de ter uma vantagem? Nunca!

Se eu estava cansada? Sim, mas eu queria ficar bem na frente dele.

Do nada, senti alguém me agarrar pela cintura. Gritei, e olhei pra trás

– Você não estava cansado? - perguntei

– Tem uma menina linda e ruiva correndo na praia. Isso me anima.

– Não foi isso que te animou. - eu disse

– Tem razão - ele disse - O que animou foi me imaginar agarrando você desse jeito. É revigorante

Ele suspirou e eu ri. Me virei e ficamos cara a cara. Nossos narizes estavam roçando um no outro, ele olhou nos meus olhos e perguntou:

– Você me perdoa?


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Notas finais do capítulo

De qual capítulo vocês mais gostaram? Não deixem de comentar!



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