Teatrinhos escrita por Inalcanzable
Notas iniciais do capítulo
Hey! Como vai povo?
Eu nem ia postar hoje, mas as casquinhas do meu joelho ralado começaram a sair e percebi que o tempo tá passando :/
Bem, eu, particularmente, gostei de escrever esse capítulo. Dos cinco capítulos que já postei, esse foi o que mais gostei. Chorei escrevendo uma parte aí que vocês vão ver qual é T.T
Já to enchendo o saco né? Boa Leitura
As aulas passaram rápido, e eu estava ansiosa para ouvir a justificativa furada que Diego me daria.
Fui para nosso pequeno apartamento e convenci as meninas a sair para almoçar.
Nós nos arrumamos rapidamente - eu e Lupita, Mia demorou meia hora - e saímos para nosso restaurante preferido. Ele ficava perto do colégio, tinha algumas mesas espalhadas na calçada e algumas dentro de lá. Nos sentamos em uma mesa da calçada e as duas conversavam sobre o que estavam aprendendo. Eu não tinha pique pra falar nada.
– O que houve Beta? - perguntou Mia notando, finalmente, o meu silêncio
Contei o caso pra elas e elas ficaram indignadas
– Como assim uma aposta?! - Lupe disse - Ele é um idiota!
– Que tapado... - Mia disse
– E o pior... - eu disse com voz de choro e os olhos lacrimejando - é que eu realmente tinha gostado dele. Quer saber? Acho que vou virar lésbica! Aí eu paro de sofrer desse jeito!
Mia e Lupita, meio hesitantes, deram uma risadinha. Não sabiam se era sério ou piada.
– É uma piada - eu disse
- Olha Roberta - disse Mia apontado para um cara do outro lado da rua
– Que que tem? - perguntei - É um cara bonitinho
– É o Diego - Lupita disse
– Não é bonitinho, é um cara tapado - me corrigi
Diego olhou para onde estávamos e seu rosto ficou mais preocupado do que já estava. Ele, sem olhar pros lados, atravessou a rua. Esse garoto está querendo morrer antes de me justificar. Na remota chance dele sobreviver até amanhã, eu mesma vou matá-lo.
– Roberta - ele chamou quando estava a uns poucos metros de distância - posso... falar com você?
– Deixa eu ver se tenho tempo... - comecei - Bem, daqui a pouco eu tenho que me encontrar com o Lewis, mas pode ir
Ele ficou com uma carranca impagável, eu até riria se não estivesse me corroendo de raiva e puro ódio. Isso seria ciúmes? Com certeza! Era ciúmes! Mas aí, ele sorriu
– Vem - ele me disse ainda sorrindo
Me levantei, contraditória e revoltada pelo ciúmes dele durar tão pouco, e fui em direção a ele, que se virou e começou a andar. Eu olhei pras meninas e passei o dedo pela garganta, sinalizando a morte dele. Elas riram.
– Você vem ou não vem? - Diego perguntou por trás de mim, roçando a boca dele na minha orelha
– Se você queria me arrepiar, não conseguiu - disse me virando para ele, que estava excessivamente perto - Mas vamos acabar com isso logo
Eu o segui pelas ruas de San Diego em silêncio, até que ele me perguntou:
– Não arrepiou nem um pouco? Nem um pouquinho? Um tiquitinho de nada?
Sorri ao ver o desespero do garoto
– Não, nem um pouquinho - menti - pra onde estamos indo?
– Praia - ele disse depois de uns segundos e completou - deserta
– Qual? - perguntei - Conheço muitas
– Você vai ver
Nós caminhamos por um longo tempo, até que chegamos a uma praia, uma que eu nunca tinha visto antes. O mar estava com ondas boas pra surfar.
– Que falta da minha prancha de surf... - lamentei
- Não me falou que surfava - Diego me disse
– Não me falou que iria fazer uma aposta pra ficar comigo. - eu disse - E sério, minha companhia vale mais que duzentos dólares
– Eu sei - ele disse - sua companhia é impagável
– Exatamente isso e... - comecei - espera. Se acha isso porque apostou duzentos dólares?
– Eu geralmente aposto duas rodadas de bebida, que dá mais ou menos cinquenta dólares - explicou e olhou para mim - É significativamente maior
– Não é. - eu disse - Deveria ter apostado mil. Se eu não tivesse escutado, com certeza teria ganhado um bom dinheiro
– Foi mal. Eu... fui criado assim.
– Como? - perguntei - Seus pais te ensinaram a tratar as mulheres como objetos sexuais e descartáveis?
Ele baixou o olhar e assentiu.
Fiquei sem palavras, que pais horríveis eram esses? Imagino como ele foi tratado
– Até sua mãe? - perguntei e no segundo seguinte me arrependi - Ah, vamos sentar.
Sentamo-nos na areia, de frente um para o outro, seus olhos estavam marejados.
– Não precisa contar... - eu disse
– Não tudo bem. - ele disse - Minha vida era perfeita, minha mãe era... incrível, me amava muito. Era o segundo casamento do meu pai, eu tinha dois meio-irmãos, ninguém mexia comigo quando eu era menor, se não eu ia correndo contar pra minha mãe e... ela resolvia tudo
Ele deu um pequeno sorriso
– Aí, um dia, meu pai, minha mãe, meus dois meio-irmãos e eu fomos para um parque aquático no carro que eles tinham acabado de comprar... estávamos voltando, e... um maluco drogado acertou o carro. Do lado do motorista. Onde minha mãe estava. - seu queixo tremeu e ele olhou pra suas mãos - Ela... morreu. O coração dela foi perfurado. Morreu na hora. Meu pai teve traumatismo e... ficou paraplégico. Meus dois meio-irmãos tiveram apenas arranhões.
– E você? - perguntei curiosa
– Nada. Eu... não tive nenhum arranhão. Parece um daqueles filmes, em que a criança sofre um terrível acidente, a pessoa que ela mais ama morre, e... ele fica... ótimo. Nada, nenhum arranhão, nenhum dano. Aí ela cresce e se torna um super-herói. - ele deu um risinho nervoso
– Você deve ter ficado arrasado. - eu disse
Nossa que gênio que eu sou!
– É. O pior foi o que aconteceu depois. Meu pai não ficou triste. Ele ficou tipo "E agora? Quem vai cuidar desse peste do Diego?". Ele e os meus meio-irmãos se esforçaram pra fazer da minha vida um inferno. Eu virei o mordomo deles, apanhei pra caramba. E como se não fosse o bastante, eles querem que eu seja igual.
– À eles? - perguntei. Deus, como eu sou inteligente! Hoje eu estou de parabéns!
– É - ele respondeu - Eu virei...
– Uma Cinderela? - sugeri
– Isso - ele sorriu, mas não estava alegre - Um Cinderelo, pra falar a verdade. Só que sem magia. Sem fada madrinha.
– Sinto muito - eu disse - Eu sei o quanto isso é vazio. Sei o quanto é inútil dizer isso, mas essa história enche meu coração de tristeza. Eu realmente sinto muito.
– Não foi tudo em vão - ele respondeu
– Como assim? - perguntei
– Não tenho nenhuma fada madrinha. Mas...
– Mas o que?
– Eu fui numa festa. E conheci a princesa - ele disse sorrindo para mim
Fiquei completamente sem graça
– Você... me... dá raiva garoto! ÓDIO! - gritei
– Por que? - ele perguntou sem entender
– Porque... Ah, cara, como eu posso ficar brava com você? COMO EU POSSO TE ODIAR? DEUS! VOCÊ ME DEU UMA MISSÃO IMPOSSÍVEL! EU NÃO SOU O TOM CRUISE! - disse olhando pro céu
Diego sorriu pra mim
– Você me chamou de... princesa! - eu disse sem acreditar - Eu sou a rainha má, a bruxa, eu sou a vilã do conto de fadas!
– Não pra mim - ele disse - E se você for a bruxa, ou a rainha má, você é a bruxa mais linda que eu já vi. E é a minha rainha má.
Quando ele se deu conta do que tinha dito, ficou vermelho. Ri da sua vergonha
– Você fica linda rindo - ele disse e eu corei - E fica mais linda ainda da cor do seu cabelo
Olhei para ele e sorri, do nada, ele ficou feliz. Como se a história da mãe dele fosse um filme de drama que tínhamos acabado de assistir.
Ele segurou minha mão e acariciou-a com o polegar. Sorri mais ainda.
– Sabe, eu queria ficar com raiva de você - disse - queria te odiar e nunca mais olhar na sua cara. Mas eu simplesmente não consigo! O que é novidade, já que eu sempre consigo o que eu quero.
– Querer não é poder - ele disse
– Você é o único que exerce esse efeito sobre mim - disse dando ênfase no único
– Bom saber - ele disse - assim, não corro o risco de perder a garota mais... ruiva que eu já conheci
Ele estava de brincadeira comigo né? A garota mais ruiva?
– Espero que isso seja uma piada
– Uma tentativa falha, mas sim. Mas, sério. Você é incrível
Sorri e entrelacei meus dedos nos dele. Meu coração acelerava na medida que eu entendia o que ia acontecer, e as mãos dele suavam cada vez mais.
– Você me deixa nervoso - ele me disse - a única que consegue fazer isso
– Bom saber. Assim não corro o risco de perder o garoto mais... lindo que já conheci - o imitei. Mas é claro que o meu saiu mil vezes melhor
– Você me plagiou. Isso é perigoso pra uma futura diretora de cinema!
Eu ri e o empurrei na areia.
– Agora eu sou uma fugitiva! - disse e comecei a correr pela praia, instantes depois ele estava me seguindo.
– Parada aí Srta Reverte Rey! - ele disse - Mãos pra cima onde eu possa ver! Você está presa! Pare!
– Nunca! Eu sou uma cidadã livre!
Corremos por mais alguns minutos, até que ele me disse:
– Espera! Eu cansei! Não vai parar?
– E perder a chance de ter uma vantagem? Nunca!
Se eu estava cansada? Sim, mas eu queria ficar bem na frente dele.
Do nada, senti alguém me agarrar pela cintura. Gritei, e olhei pra trás
– Você não estava cansado? - perguntei
– Tem uma menina linda e ruiva correndo na praia. Isso me anima.
– Não foi isso que te animou. - eu disse
– Tem razão - ele disse - O que animou foi me imaginar agarrando você desse jeito. É revigorante
Ele suspirou e eu ri. Me virei e ficamos cara a cara. Nossos narizes estavam roçando um no outro, ele olhou nos meus olhos e perguntou:
– Você me perdoa?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
De qual capítulo vocês mais gostaram? Não deixem de comentar!