O Mundo De Taylor escrita por Bellla


Capítulo 10
Adentrando O Campo Inimigo


Notas iniciais do capítulo

" A leitura engrandece a alma" -Voltaire
Boa leitura.



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" Eu não consigo parar de chorar. Estou desamparada e com muita raiva. Por que minha vida tem que ser essa merda?! Por que tiraram tudo o que eu tinha?! Por que eles me deixaram?! Por quê?!!!

– Qual o destino senhorita?

" É o motorista. Já estamos na estrada principal. Eu não tenho para onde ir... Não posso voltar para o colégio, aquele lugar só vai piorar a situação. E se eu ligar para o Marcus? Ah droga, não vai dar. Ele me disse que ia pescar com a sua família. Família... Como quero ter a minha de volta.

Paul, o motorista, ainda espera minha resposta. Quando me ocorre que... é claro!

– Me leve para a mansão Clark, por favor.

" Ainda posso ter um fiapo de esperança."

* * *

" A imponente e moderna construção em tudo tem a ver com o seu proprietário. É a cara do Will. Anuncio o meu nome para o homem que está sentado em uma cabine atrás do imenso portão. Aguardo alguns segundos e logo, com um movimento automático, o portão se abre. Desço do carro e agradeço ao Paul, apesar de não sermos muito próximos ele me foi de grande ajuda.

Pego minha bolsa e atravesso a elegante entrada. Respiro fundo. Devia ter imaginado que pedir ajuda ao inimigo não seria nada fácil. Mas somente o que me deu coragem de me dirigir até aqui, é que nos últimos tempos Will tem sido minimamente legal comigo.Espero que ele me ajude, como fez na ocasião do vestiário.

A fachada da enorme mansão é absurdamente linda. Mas de uma forma diferente da maioria das casas da região. Ela não é clássica e antiga, ao contrário é muito moderna.

Um homem se aproxima dizendo que é empregado do senhor Clark. Fico me perguntado se ele se refere ao pai ou ao filho. Ele pega minha bolsa e do modo discreto dos empregados me encara."

– A senhorita me é familiar...

– Sou Taylor Vinchestter, colega de escola do Will.

– Ah, claro. O senhor Clark se encontra na sala de visitas a sua espera.

" O homem fala de tal forma que imagino que seja o mordomo da casa. Veja só, Will com um mordomo... Nunca imaginaria isso.

Entro na casa com o homem, e tenho que me esforçar para não deixar que o meu queixo arraste no chão. Ele é maravilhosa. Ao adentrar um cômodo decorado com cores neutras, e com sofás visivelmente confortáveis, percebo que Will está de costas para mim, mexendo em um notebook sobre os joelhos.

– Senhor Clark?...

" Chama o mordomo. Will se levanta. É tão estranho vê-lo sem uniforme. Ele está usando roupas casuais, mas não do tipo que eu imaginaria ele usando. É algo simples, mas que tem sua elegancia. Will veste bermudas brancas, uma camisa polo azul-claro e está de chinelos de dedo. Quem um dia imaginaria aquele garoto com chinelos de dedo? Acho que eu o esperava encontrar com calça saruel cuecas de marca completamente á mostra."

– Taylor?...

" Ele me parece desconfiado, como se não acreditasse que me via ali."

– Will.

" Digo como cumprimento."

– O que você está fazendo aqui?

" O mordomo limpa a garganta. Dá pra perceber que ele fez isso para repreender o patrão por tal grosseria. Perai... desde quando Will deixa os outros, principalmente empregados, o repreender?"

– Desculpe-me. Anthoni, poderia pedir para a senhora Culton colocar mais um lugar a mesa?

– Sim senhor.

"Responde o mordomo com um aceno de cabeça e se retirando do aposento. Will volta sua atenção para mim."

– O que você está fazendo aqui? Sem querer ofender, é claro.

" Vou ser direta, sem rodeios. Se ele não quiser me ajudar, tomo o meu rumo e vejo o que faço. Respiro fundo, e encaro os seus olhos azuis."

–Will, preciso de um lugar pra ficar. Eu fugi da casa da minha tia, e seu eu for para a escola ela vai me encontrar.

" Ele me observa surpreso. Percebo que está cheio de dúvidas, e que provavelmente vai me encher de perguntas."

– Tá, pode ficar aqui. Gosta de bolo de carne? Juro que o da Culton é o melhor do mundo...

" Ela caminha em direção a cozinha, eu acho. Como assim? Ele vai me abrigar assim de boa? Sem nem querer saber o que houve?"

– Perai. É isso? Você não vai me perguntar nada?

" Will para de andar e me olha. Sei que será sincero, pois uma de suas sobrancelhas se arqueia. E sempre que ele fala a verdade isso acontece. Muitas pessoas pensam que é por arrogância, e se você não o conhecer parece mesmo que é. Mas é uma reação involuntária do seu corpo, como Marcus, quando está envergonhado ou nervoso e fica passando a mão pelo cabelo."

– Qual é fedo? Sim, estou cheio de dúvidas. Sim, quero saber toda a história. Mas não agora, né cara? Eu tô com fome. E seus problemas vão ter que esperar. Pois agora eu só quero saber é desse bolo de carne, porque eu amo bolo de carne.

" Esse é o Will que eu conheço. Reviro os olhos e não consigo deixar de sorrir, ele faz o mesmo. Nos sentamos em uma bancada na cozinha. Um senhora meio gorducha e muito simpática nos serve, e acabo descobrindo que ela é a tal senhora Culton.

Já terminamos de comer. E Will não havia mentido. Aquela foi a melhor refeição que eu tive em muito tempo. E não foi por ela ser chique, fresca ou cara. Mas por ter sido feita com amor.

Estamos conversando enquanto o mordomo, Anthoni, recolhe os pratos. Quando ele saí com as bandejas, Will me olha e solta:"

– Vai, desembucha fedo. O que aconteceu pra você fugir?

" Sinto-me envergonhada de ter que dizer que foi porque eu quase fui atacada pelo marido da minha tia. Mas ele está me recebendo na sua casa. Eu tenho que falar."

– Robertt, meu tutor e marido da minha tia, tentou... tentou me atacar.

" Will fica imóvel e pálido."

– É... é a primeira vez que e-ele, ele tenta...

" Sua voz está fria e sem emoção."

– Sim... não, o-olha, sempre que eu visitava tia Clarie e a minha prima Tina, ele me falava coisas nojentas. Mas nunca tentou nada.

" Will se levanta bruscamente. Se dirige até uma enorme janela e fica olhando o céu azul da cor dos seus olhos."

– Por que sua tia nunca fez nada?

– Porque eu nunca contei.

" Will se vira surpreso para mim."

– Mas por que você não contou?

– Você esperava que eu chegasse na minha tia e falasse: " Olha tia, seu marido é um porco nojento que me assedia."?! Esqueceu que eu sou a maluca-que-perdeu-a-família? Ninguém iria acreditar.

" Ele desvia o olhar, e percebo que começa a relaxar."

– Eu não vou mais voltar para lá. Vou contar tudo para minha tia, assim que puder.


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