A Novata escrita por toVictory


Capítulo 3
What?!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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A semana passada foi cheia de sentimentos. Tristeza, ansiedade, nostalgia, entre outros. Digo nostalgia pois eu fiquei relembrando tudo que eu já passei com meus vizinhos, amigos, até mesmo meus professores! Não quero me gabar, mas eu sou uma pessoa amável. Todos que se aproximam de mim sempre me adoram, e dizem que sou carismática. Por isso eu vou sentir falta desse lugar! Eu nunca nem tive uma "arqui-inimiga" como todas as garotas da minha idade têm. Na verdade, se eu tivesse uma arqui-inimiga seria minha professora de Geografia. Ela á nojenta! E eu não sou a única que acha isso.

Nas minhas mãos uma mala azul-marinho - minha favorita. Aos meus lados, malas coloridas e de tamanhos variáveis. Minha casa inteira está vazia nesse momento. Olho para todos os cantos possíveis e uma lágrima pesada descendo pelo meu rosto já é a mensagem que deixo para as lembranças que nunca deixarei levar dessa casa. Minha mãe coloca a mão no meu ombro.

– Tudo ficará bem, filha. Você devia estar feliz por estar se mudando para os Estados Unidos.

Olho para ela, sorrio enquanto assinto com a cabeça. Viro as costas para minha casa pela última vez.

Uma família muito grande está na calçada, esperando as chaves. Pelas minhas contas, são 12 filhos de um só casal. Há o gordinho, as gêmeas ruivas, o bebÊ, o menino sapeca, a chatinha, etc.

Meu pai entrega as chaves na mão do homem. Minha antiga casa agora é desse homem de cabelos pretos, rosto velho e olhos experientes. Barba muito bem feita, e postura mais do que ótima. Algo nesse homem me intriga. Caminho até ele.

– Sabe que precisa cuidar muito bem desse lugar, não sabe?

Meu pai dá risada, tentando se mostrar carismático para o homem.

– Amber, é claro que ele vai cuidar! Este homem é mais do que incrível!

E os tais olhos experientes me encaram como se fosse alguém que me conhece há muito tempo.

– Pode acreditar que sim. Prometo. - diz ele passando a mão nos meus cabelos. - Amber.

Me afasto. Enfim, vendemos nossa casa.

Depois de dirigir uns 40 quilômetros até o aeroporto, lá estamos, entrando no avião. Meu coração enche. 50% de felicidade, 50% de medo. As pessoas dos Estados Unidos são completamente diferentes das Brasileiras. Suponho que aqui temos mais alegria e harmonia do que eles. Mais zoação, mais felicidade. Porém, qualquer um sabe que lá é relativamente melhor. Não há problemas políticos como corrupção, não há tanta violência quanto aqui.

Me sinto confiante por um instante. Piso no avião, e ouço minha mãe gritar:

– Here we go, U. S. A!

+++++

A viagem inteira meus pais conversavam em inglês. Já estava enchendo o saco, mas tinha vezes que era engraçado.

– OMG! We are in United States of Africa! - exclama minha mãe.

– Querida?! - estranha meu pai.

– Ahn, quero dizer, of America! - corrige ela.

Os dois são uma peça. Estou animada para chegar na minha nova casa e entrar na minha nova escola. A minha nova escola se chamará "Kundaffdory High School". Nome estranho esse.

Meu coração acelera quando paramos no aeroporto da Califórnia. Fico insegura, mas feliz. Sempre assim. Meus sentimentos gostam de se dividir, e eu nunca vou saber realmente o que estou sentindo.

Desbloqueio meu celular, e olho o calendário. Hoje é dia 3 de janeiro. Eu só quero sair desse aeroporto logo, e ir para a minha casa. Digo, minha casa nova dos Estados Unidos. Arrumar as coisas (principalmente meu quarto), e se deitar até esperar alguma coisa acontecer.

E aqui começa uma nova vida.

– Welcome, Welcome! - diz minha mãe, animada. Nossa, uma das coisas que mais me intrigam é isso. As pessoas do Brasil quando querem falar em inglês, mudam subitamente de voz. O que quer dizer que nunca vou ouvir a voz verdadeira da minha mãe de novo.

Abaixo a cabeça, mas dou uma risadinha para não parecer chata com os meus pais.

Quando menos espero, um homem usando uniforme aparece À nossa frente, dizendo um monte de coisas em inglês extremamente rápido. Calma, não extremamente, é só modo de dizer. Mas só sei que não entendi bulhufas.

Então, pronuncio minha primeira palavra nos Estados Unidos, de forma mal-educada e estranhadora:

– WHAT?!


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