Destination escrita por Sah, Mary Kazuto


Capítulo 8
Que horas são? Hora da vingança (pt.2)


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal, por causa daquele atraso que tivemos eu e a Mey decidimos o seguinte, vamos postar esse e o próximo capítulo nesse e no próximo domingo e depois estaremos colocando um especial recheado, bom é só;
aproveitem o cap.









{capítulo reescrito, bjs da Mary ^^}



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As aulas seguintes foram calmas e, na medida do possível, normais, fora o fato de que uma vez ou outra eu percebia olhares e murmúrios relacionados ao meu novo cabelo de alface.

Mas para hater eu tenho uma receita infalível, o delicioso chá-de-banco, fica esperando sentada querida por que de mim você não arranca nem espinha.

Depois essas pessoas morrem e não sabem por que.

Felizmente, por motivos que eu ainda não sei, a coloração está aos poucos voltando ao normal, mais um motivo para eu continuar usando touca.

E finalmente, pelos poderes a mim investidos pela sociedade das ruivas em crise eu declaro aberta a hora do lanche, e ironicamente a deliciosa hora da minha vingança.

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Acho que cheguei cedo demais, então sento em um cantinho reservado e começo a desenhar em um guardanapo formas de matar Dylan e um bonequinho de palito decapitado.

— Para quê tanto ódio no coração?

Fui surpreendida por Matt que agora não parecia dar a mínima para o meu cabelo-de-grama, ele parecia mais assustado com meus desenhos.

— O que foi? Vai dizer que você nunca passou pela TPM? Nem adianta dizer que é homem, eu descobri que existe TPM masculina, vamos lá, tenha um pouco de consideração.

— Calma estressadinha – fala dando um peteleco no meu nariz – eu não estou aqui para te julgar, pode baixar a guarda quando estiver comigo.

— Foi mal, é porque não pintaram seu cabelo de...

— Verde, eu sei – ele me interrompeu.

— Como você está tão íntimo desse assunto, acho que posso passar sua primeira tarefa, ou melhor, missão. Estou com todo o plano armado.

— Nem vem, sai de mim.

— Matt – falei séria e autoritária – homem ou rato?

Ele olhou para mim abalado.

— Está bem eu me rendo, estou me oferecendo, eu, um pobre servo aos seus serviços.

Nós dois trocamos breves risos.

— Você entende as coisas muito bem, agora vamos, rumo à cozinha.

Tive que usar os meus dotes como uma boa atriz que sou e convenci a cozinheira de que éramos dois jovens apaixonados por culinária e que estávamos nos voluntariando para ajudar na distribuição dos lanches, e ela aceitou, emocionada claro.

Como toda boa e velha vingança, tivemos que nos submergir em nossa tarefa e focar no passo a passo do roteiro, o que incluía Matt vestido com um avental florido e uma touca branca que escondia os fios dourados.

Tirei boas fotos dele escondida, para obtermos sucesso, é claro.

O primeiro passo era conseguir nos infiltrar no processo de preparo e entrega dos lanches aos alunos, hoje seria creme de queijo.

Confere.

Para não levantarmos suspeitas fomos cada um para um lado.

Eu fiquei junto das panelas e Matt substituiu a cozinheira nas entregas, sem antes deixar cinco dúzias de garotas babando na fachada da cantina.

Separei uma porção do creme e me permiti adicionar umas gotas do líquido incolor que comprei de última hora em uma lojinha de conveniência do lado do campus e mexi com uma colher para que ficasse tudo uniforme.

Dei o comando secretamente para Matt e foi dado início à segunda fase: aguardar Dylan pegar sua porção e saborear o sabor da minha ira.

Depois de alguns minutos aguardando pacientemente, pude ter um vislumbre do senhor galinha-preta-de-macumba-oriental, meu plano com certeza é infalível.

Ele olhou para Matt com cara de quem achou repolho do copo de leite, mas, mesmo desconfiado pegou sua porção e caminhou até uma das mesas, todos que estavam sentados lá usavam o moletom do time de basquete, então suponho que Dylan também faça parte.

Cada vez que ele levava uma colher do creme à boca eu ficava mais ansiosa, não demorou muito para as pessoas o rodearem, elas chegavam curiosas e quando saiam de perto era uma mistura de nojo e risos estampada em cada rosto.

Em sua doce ignorância Dylan apenas se fazia de desentendido e olhava confuso, até que o menino sentado do seu lado sussurrou algo em seu ouvido e ele disparou para o banheiro mais próximo.

No primeiro momento não consegui acompanhar seus movimentos e não pude ver minha obra-prima, mas logo ouvi um urro trazendo com ele ilustríssimo pombo Ishida que estava com sua boca praticamente preta e seus dentes com uma coloração arroxeada.

— Sua curupira mal olhada.

Ele vinha em minha direção praticamente bufando, mas Matt interveio e nós escapamos são e salvos.

Status da missão: 100% completada e com sucesso!

 

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O restante da aula passou mais rápido do que um pássaro ao vento.

Estou me sentindo tão leve que nem me importo mais com os comentários sobre o meu cabelo, até tiro a touca.

Eu estava divagando sobre os mistérios do mundo e universo durante a aula de química que quase caí da cadeira quando a representante do conselho estudantil apareceu em nossa sala para um aviso de última hora.

— Atenção segundo ano, estou passando em todas as salas para avisar que as atividades extracurriculares estarão em funcionamento a partir de hoje, terça-feira, para mais informações vou anexar os horários de cada tema.

Ela fixou um papel no quadro de avisos e saiu.

Como a aula já havia terminado, os alunos começaram a se dispersar.

Aproximei-me do quadro de avisos e anotei os dias que eu participaria no caderno.

Vôlei: Segundas e Quartas às 16:00hs.

Música: Terças e Quintas às 15:00hs.

Muito bem, de acordo com essa lista hoje tem aula de música, o que me resta é voltar para meu quarto e me arrumar.

Lá estava eu, uma doce e gentil garota fazendo o caminho quase rotineiro para o dormitório quando meus olhos se cruzam com certos olhos azuis falsificados, ele me encarava com ódio puro, quase podia ver metralhadoras apontando para mim.

Ele logo mudou de expressão, algo mais sádico.

Ah é? Eu também posso ser sádica.

Consigo facilmente imaginar agora em minhas mãos uma mini espada artesanal chinesa digna dos melhores serialkillers já registrados, eu faria maravilhas com essa belezinha.

{AVISO: Se você tem estômago fraco ou é sensível a cenas com muito sangue pode pular essa parte, você será avisado quando a narrativa acabar}.

Primeiro eu me aproximaria sorrateiramente dele, seria como um abraço até eu conseguir penetrar a lâmina na área do peito, sim, eu posso até sentir a rapidez com que as primeiras camadas da pele são forçadas a ceder, quase como uma piada.

Em seguida o líquido viscoso começaria a escorrer por entre meus dedos e manchar um pouco daquela pele tão branca quanto papel.

Agora eu aprofundaria mais o objeto, ela iria ao encontro de suas costelas como uma amante desesperada por cumprir sua função, uma ou duas trincariam até quebrar, é claro que eu giraria a lâmina umas vezes e ouviria a doce melodia dos gritos desesperados de minha vítima.

E para meu último ato eu o jogaria no chão, e pressionaria o local com tanta força que o interior dele se contorceria em horror, agora eu estaria em cima dele traçando alguns desenhos com minha mão ensanguentada na tela branca e depois retornaria com a lâmina para dentro do corte até alcançar o órgão.

Exatamente, aquele órgão responsável por tanto dar esperança às pessoas quanto por destruir tudo o que já chegaram a considerar como um sonho ou o seu lugar no mundo.

Eu estraçalharia esse órgão para recompensar todas as vezes que me senti sozinha ou que fui ridicularizada por pessoas que nunca sequer se importaram em saber como eu realmente me sentia em relação a tudo o que aconteceu em minha vida, por todos eles, eu destruiria esse coração.

Que bom para Dylan que hoje é seu dia de sorte, porque não estou com vontade de fazer mais nada a não ser dormir.

{Fim da narrativa psicopata}

Entrei no meu quarto e tomei um longo banho tanto para retirar a pigmentação verde quanto para acalmar meus nervos.

Troquei de roupa e fui ler algumas páginas do conteúdo que o professor de história passou como forma de trabalho e adormeci.

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Tudo está escuro e ouço batidas ao longe.

Kate

É você pai?

Kate

Você veio me levar?

Kate

Acho que ainda não estou pronta...

— Kateri Lenior, se você não acordar agora juro que faço seu cabelo cair e sua pele ficar rosa.

Acordo sobressaltada, desde quando eu estava dormindo? Olho para o lado e vejo Matt, ele não está mais usando o uniforme.

— O que foi? Palma Palma não preemos cânico (referência, quem pegou pegou).

— Não me venha falar de calma mocinha, vai chegar atrasada em seu primeiro contra turno?

— Que horas são?

— Hora de você sair correndo porque a aula acabou de começar.

Entrei em pânico, vou levar falta logo no primeiro dia? Já basta o meu nível de azar natural.

— Como está meu cabelo? Eu troco de roupa? Tem que levar caderno? Você já comeu? Acho que estou com fome, podemos lanchar no caminho? Vamos pintar passarinhos?

Ele simplesmente me pela mão e saiu me puxando ignorando completamente minhas perguntas.

Quase voamos nesse meio tempo e conseguimos chegar na mesma hora que a professora.

— Primeiramente agradeço a todos vocês que escolheram estar na minha turma, eu sou a professora Dayana, formada em artes plásticas, estrutura e formação da música contemporânea e tenho doutorado em música clássica pela academia nacional de artes. É um prazer dividir esse conhecimento com todos.

A professora era muito bonita e elegante com seus sedosos cachos dourados e um vestido de cetim lilás que acentuava sua delicadeza, dava até pra ver a baba escorrendo da boca de pelo menos metade dos meninos ali.

— Nesse momento – continuou Dayana – vamos dividir a turma em grupos e cada grupo vai estudar um instrumento diferente, sendo que após três meses vamos ter uma troca de instrumentos até que tenham experimentado todos e nos anos seguintes possam se especializar ou descobrir suas vocações.

Olhei em volta, a sala era repleta de uma variedade até exótica com muitos instrumentos diferentes, desde flautas até tambores, violões e violinos.

Os alunos foram se dispersando para vários pontos diferentes da sala, eu ia atrás de Matt quando Dayana me chamou a atenção e veio em minha direção.

— Você deve ser a senhorita Lenior, estou certa?

Eu aceno positivamente.

— Eu e sua madrasta conversamos muito um dia desses, ela é uma ótima pessoa.

Acho que não estou gostando muito do rumo dessa conversa.

— Ela me disse que você pratica piano desde criancinha, que fofo, seu pai deve ter sido um homem de grandes virtudes e muito culto.

Ela bateu palminhas curtas e frenéticas com um pouco de nostalgia na voz.

— Já que temos um prodígio na sala, que tal mostrar um pouco do seu talento para a sala querida?

Pude ouvir alguns murmúrios e conversas de uns alunos, alguns até me incentivando a ir.

Ela me levou a um piano preto de mármore, eu presumo.

— Professora, eu acho que é melhor a Kate não fazer isso hoje, ela chegou há pouco tempo, ainda está muito tímida.

Matt fala enquanto põe um braço ao redor do meu ombro.

Tenho que me lembrar de agradecê-lo depois.

— Mas o que tem de errado? É só uma música, não precisa ser algo muito elaborado.

Logo todo mundo começou a pressionar Matt, mas eu não posso deixar que ele passe por isso sozinho.

— Matt – eu sussurro só para ele ouvir – tudo bem só uma música.

Ele me olha cuidadoso.

— Mas, e se...

— Vai ficar tudo bem, isso foi há muito tempo, eu já fiquei melhor.

Ele me olha relutante e cede retirando o braço do meu ombro.

Apesar do frio repentino pela falta do calor reconfortante de Matt eu estou mais fria ainda pelo nervosismo, tanto que consigo sentir minúsculos espasmos em minha visão, mas não recuo.

Sento-me no banco e passo os dedos levemente pelas teclas de marfim, são frias, minha mente é cruelmente atormentada com memórias que a tempos tento me livrar.

Minhas mãos tremem, meu coração parece que vai explodir e minha cabeça está girando tão forte que tenho que me concentrar para não cair.

Posiciono minhas mãos e toco a primeira tecla.

Pânico começa a se instalar no fundo do meu ser, minha visão treme e sinto as primeiras lágrimas, então eu ainda não consegui superar.

Tudo fica turvo e a escuridão se apodera de mim.

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Os médicos dizem que isso é chamado de estresse pós-traumático.

De acordo com eles é um transtorno psicológico que ocorre em resposta a um evento ou situação de excessivo estresse.

Aparentemente eu desenvolvi esse transtorno desde os 13 anos, mas nunca descobri a causa, toda vez que tento lembrar minhas memórias ficam confusas.

Mas parece que é relacionado a pianos, ou ao meu passado onde eu era mais ligada à minha mãe, foi ela que me ensinou a tocar.

Toda vez que eu tenho uma crise geralmente sinto tonturas, dor de cabeça, tenho distúrbios do sono, dificuldade de concentração, entre outras coisas, mas recentemente eu estava melhorando.

Acho que esses problemas foram o estopim.

Felizmente Matt sempre me ajudou, sempre esteve ao meu lado, então não tenho nada com que me preocupar.

Mesmo tendo acordado na enfermaria e com os protestos das enfermeiras decido voltar para o meu quarto.

Matt estava esperando do lado de fora, quando me viu correu e me deu um abraço de urso.

— Eu fiquei tão preocupado, nunca mais contrarie minhas exigências.

Soltei uma risada fraca.

— Como quiser mãe.

Ele riu e me acompanhou durante o resto do dia.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, estamos muito felizes com vocês, amamos ler os comentários, se tiver algo que vocês acham que pode ser melhorado é só falar, estamos em busca de sermos cada vez melhores,
beijos da Mary.



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