Dead Players escrita por Yellow


Capítulo 6
Capítulo 5- Motivos


Notas iniciais do capítulo

- Voltei ao cronograma normal (e assim pretendo continuar.)

—Fred e Eva tem um novo aliado! Depois de os defender contra um inimigo, Samuel se provou ser um companheiro. Enquanto isso, Alex e seu grupo vão atrás de alguma coisa.



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Alex arqueou-se para frente, e virou o rosto para o lado, afim de ver se havia mais alguém na rua. Já haviam saído daquele confortável apartamento. A energia elétrica, que era o único motivo para continuarem ali, havia acabado, e pelo jeito não iria voltar.

Sinalizou com a mão para que todos o seguissem. Jade estava atrás dele, Gabriel atrás da menina, e por ultimo, Daniella, que finalmente havia cessado com as reclamações. Rumaram por um beco esguio, e em seguida se abaixaram para passar por um buraco em um muro.

–Aí! –Daniella esbravejou. Sua voz fina fez todos levarem os dedos para o ouvido.

Ela havia rasgado a calça em uma viga de ferro, que estava no buraco do muro. O corte fora superficial, porem foi o suficiente para rasgar só não a calça, mas a perna da garota.

–Ta sangrando. –Ela disse, apavorada. –Me ajudem, acho que vou morrer!

–Isso é só um cortezinho. –Jade respondeu, tentando acalmá-la. –Daqui a pouco já cicatriza.

–Eu não estou conseguindo andar direito. –Ela tentou andar, mas mancou. Mesmo todos ali sabendo que aquilo era drama, e que a menina queria apenas atenção, Jade fora ajudar. A menina pegou Daniella, e jogou seu braço por cima do ombro. –Obrigada. –Agradeceu.

–Vamos logo. –Gabriel disse para as duas. Seu tom ríspido combinava com sua expressão séria e fechada. As sobrancelhas estavam, como sempre, franzidas, e olhar desconfiado.

–Aquilo é uma floricultura? –Alex disse, apontando para a loja do outro lado da rua.

Realmente era uma floricultura, a enorme fachada escrita “Flores” comprovava isso. Tinha uma porta de madeira, ao lado de uma vitrine enorme. Varias flores e plantas descansavam ali, diversos tamanhos e cores, eram realmente encantadoras. O quarteto atravessou a rua rapidamente, e Alex tentou abrir a porta.

–Parece estar emperrada. –Anunciou. Sua expressão caiu, assim como um vaso dentro do estabelecimento.

Eles ouviram um estrondo, seguido de um abalo sísmico.

–Não tem outro modo de entrar? –Gabriel perguntou.

–Não. Queria poder quebrar vidros, mas parece que é contra as regras do Jogo. –Alex levou uma mão ao queixo, analisou a loja. Recuou alguns passos e pode ver uma pequena janela em cima da marquise que sustentava o letreiro. –Espere, acho que sei como posso entrar. Preciso que alguém sirva de apoio. Lá dentro, poderei abrir a porta de entrada.

–E como vamos ter certeza que não vai nos deixar para fora? –Gabriel perguntou.

–Gabriel, não é hora para essas desconfianças. –Jade o advertiu. –Se não quiser levantá-lo, por deixar comigo. Só preciso que você segure a Dani.

–Eu não vou segurar ela. –Gabriel se negou, sabia que Daniella não estava sentido dor alguma, era tudo encenação. –Ela pode muito bem ficar de pé sozinha.

–Minha panturrilha está ardendo, e eu não consigo ficar de pé! –Daniella argumentou.

–Espera um pouco gente. –Alex falou, interrompendo o pequeno começo de discussão.

As plantas dentro do vitral começaram a mexer-se sozinhas. As vasos começaram a saltar, e o chão a balançar. Todos olharam para o final da rua, avistaram algo virando a esquina. Tinha o corpo completamente preto, olhos cor de âmbar e parecia estar enfurecido. Sua estrutura em geral lembrava os rinocerontes africanos, tinha até um chifre na ponta do nariz.

–Rápido! –Jade gritou. – Gabriel, faça logo.

Gabriel não respondeu nada, e devido as circunstâncias, fez o que era para fazer. Abaixou-se um pouco, entrelaçou os dedos e esperou Alex fazer algo. O menino apoiou um dos pés nas mãos de Gabriel, e não fez muito esforço para subir na marquise.

Alex olhou para o final da rua, o rinoceronte parecia estar perto. Não demoraria muito para que alcançasse eles. Se abaixou, e esticou a mão para Gabriel.

–O que? –Perguntou o menino, sem entender o que Alex fazia.

–Mudança de planos. –Disse.

Gabriel pegou na mão do menino, e ali era como se uma boa e duradoura amizade houvesse se formado. Alex puxou ele para cima, e com certa dificuldade conseguiu situá-lo de pé.

Estendeu a mão para Jade, ela deixou Daniella sozinha, e pegou na mãos dos garotos.

–Daniella? –Alex a chamou, mas Daniella estava com o olhar perdido em direção ao rinoceronte negro.

Ela se levantou do chão, e sem seguida começou a caminhar normalmente em direção a besta. Por um minuto, Gabriel se sentiu feliz em saber que estava certo, e que Daniella não estava com a perna machucada.

–Podem ir. –Ela disse. Sua voz soou baixo, estava triste. –Eu não mereço vocês. Eu desisto, minha vida não era boa, não vejo razão em jogar esse maldito Jogo.

Daniella abriu os braços, e o rinoceronte veio em sua direção. Jade soltou um grito, tentando chamar a atenção dela e voltá-la para a realidade, mas não funcionou. O rinoceronte se chocou com ela. Iria ser arremessada longe, se não fosse pelo chifre da Sombra, que a penetrou a barriga.

O sangue que voou para todos os lados fora tão inevitável quanto a certeza que iria chover em um dia nublado. Jade limpou a blusa com as mãos, mas não fora o suficiente para tirar todo o liquido escarlate.

–Vamos. –Alex murmurou.

Ele entrou pela pequena janela, que estava aberta. O cômodo depois da janela era quadrado, paredes pretas e chão de ripas de madeira. Eles estavam andando cautelosamente até a porta, cada passo era um rangido. Gabriel colocou a mão na maçaneta.

Tudo caiu.

O chão embaixo deles se desfez, sem um poof, ou um crack, apenas desapareceu.

Caíram na floricultura. Jade conseguiu aterrissar bem, conseguiu se manter de pé durante a queda. Gabriel por pouco não metera a cara no piso branco do local, conseguiu parar a queda colocando os braços na frente. Porem Alex, ao contrário dos dois, ele foi o que teve a pior queda.

Apesar de suas habilidades em saltos e queda, aquela fora tão subida que não havia lhe dado tempo de reação. Caiu de costas em cima de uma mesa de madeira, a mesa se quebrou, e um corte se abriu em seu supercílio.

Alex soltou um gemido alto. Tentou respirar, mas teve muita dificuldade. Gabriel se levantou rapidamente, e correu na direção do menino.

–Deixe-me te ajudar. –Falou. Tateou o tórax de Alex, parecia estar bem. A única coisa que precisava ser fechada, era o corte encima do olho do garoto. –Jade! –Chamou. – Fique de olho nele enquanto colho algumas plantas.

–Tudo bem. –Ela concordou, sem entender muito o que Gabriel pretendia fazer. Se aproximou de Alex e se ajoelhou ao seu lado. Pousou sua mão em sua testa, que aquela altura já estava toda enrugada. –Calma. –Tentou dizer algo que se adequasse a situação.

Alex soltou outro gemido. Conseguiu sentir o corte em cima do olho queimando, e cada vez mais, respirar estava ficando mais difícil.

Gabriel pegou um chumaço de plantas. Não havia visto o nome, mas sabia qual eram apenas pelo cheiro. Virou-se para o lado e fora até a vitrine. Pisou em um pequeno monte de terra misturado com cacos de vaso de porcelana, pegou algumas vinhas que prendiam as plantas para demonstração. As folhas eram macias e escorregadias, tinham uma espécie de muco que as faziam deslisar na mão.

Levou as duas plantas para perto de Alex, começou a espremê-las com os dedos. A mistura que se formou tinha cheiro azedo, o gosto provavelmente seria muito pior. O liquido viscoso que ficou entre os dedos de Gabriel, era o que ele realmente precisava. Passou a gosma no corte de Alex, e com seus dedos leves espalhou toda a mistura.

–O efeito não é imediato. –Avisou. –Mas vai te ajudar.

–Ai. –Alex gruiu. –Ta ardendo.

–É normal. –Gabriel disse. –Principalmente quando não está acostumado.

–Onde aprendeu isso? –Jade perguntou.

–Eu morava na cidade com minha mãe, mas de vez enquanto ia visitar a família do meu pai. –Começou a explicar, o que seria uma tarefa longa. –Eles eram indígenas. Eu não costumava ir muito para lá, mas tive que ficar lá por um tempo. Conheci uma jovem, Tauná. –Quando disse aquilo, sua voz parecia mais aveludada. Seus olhos ríspidos deram lugar a um olhar turbulento, como se estivesse lembrando de coisas. – Ela me ensinou essas coisas.

–É por ela? –Alex perguntou. –Por ela que você tem vontade de vencer o jogo?

–Talvez. –Respondeu, revirou os olhos, como se desdenhasse a garota. –Ela me deu um pé na bunda, me mandou andar quando mais precisava dela. Mas mesmo assim acho que posso perdoá-la. E você, por que luta?

–Eu quero minha vida de volta. –Alex respondeu, sua voz ainda era forçada, graças ao ardor que sentia. –Não pedi para estar aqui, mas já que ganhei uma segunda chance, não custa tentar.

–Eu quero ver meu pai novamente. –Jade falou. –E, obrigado por perguntarem para mim.

–O que aconteceu com ele? –Gabriel virou o rosto para ela quando perguntou.

–Ele sumiu quando eu tinha três anos. –Jade respondeu. –Estava procurando ele, mas de repente vim parar aqui.

–Me sinto tão inferior perto de vocês. –Alex murmurou. –Eu era só um menino comum, com uma vida medíocre, tinha uma namorada que provavelmente já havia se enjoado de mim, e país que odiavam o que eu faço. –Virou o rosto para o lado, cerrou os olhos com tristeza. –Talvez deva fazer como a Dani, não acho que vale a pena matar tanta gente por causa de uma vida daquelas.

–Não diga asneira. –Gabriel o advertiu. –Toda vida tem seu significado. Você não pode simplesmente jogar a sua fora. Tenha vontade!

–Seria bom se força de vontade vencesse tudo. –Desdenhou, continuou com o rosto virado, e com o ar de tristeza. –Eu não acho válido matar pessoas por puro capricho. Isso não faz sentido, talvez deve deixar essa chance para alguém, alguém que realmente precise....


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Notas finais do capítulo

- Acabou (ahhhhh), mas semana que vem tem mais o/ (prometo não atrapalhar o cronograma)



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