– Você pode dar uma caminhada comigo, prometo que lhe explico.

– Tudo bem, só um segundo. – ela pegou o celular do bolso e com os dedos ágeis discou vários números – Luigi, vou demorar um pouco, assim que precisar eu ligo pra você. – e desligou.

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– É meio complicado falar sobre isso – começou a professora –, mas eu sinto que preciso por que não quero que você se machuque e sofra.

– Mas, Srta. Clarke, eu não entendo o que a Petra tem haver com isso.

– Alguns anos atrás, quando ela tinha uns doze anos mais ou menos, eu estava passeando com ela no parque enquanto a sua mãe, minha irmã mais velha, estava em um almoço comemorativo da empresa onde ela trabalha. A Petra nunca foi santa, sempre arranjou confusão, e naquele dia ela bateu em um menininho no parque, pois ele destruiu seu castelo de areia. Ela ameaçou-me caso eu contasse para a mãe dela.

– E você contou?

– Claro, ela era só uma criança, o que podia fazer?! – ela engoliu em seco – Eu achava isso, mas a Petra não estava brincando. Ela gravou-me no banho e postou na internet. Todos ficaram falando de mim, eu tive que mudar de cidade, mudar de emprego, fiquei muito constrangida, mas ninguém acreditou que Petra havia armado isso.

– Sinto muito por você.

– Tudo bem, a pior parte foi quando ela e minha irmã vieram me visitar nas férias. Ela me olhava como se já fosse pular na minha garganta, longe dos outros era grossa comigo e eu exigi respeito, mandei ela parar com isso, mas ela não parou, ao contrário, fez algo muito pior. – ela enxugou as lágrimas que estavam prestes a cair – Ela convenceu o meu marido de que eu estava o traindo. Ela estava de férias mais eu não, o trabalho estava muito corrido e eu demorava a chegar em casa, mas meu marido ficou cada vez mais desconfiado de que eu tivesse outro, tudo por que Petra colocou a plantinha da curiosidade na cabeça dele. Eu tinha um colega de trabalho que era muito meu amigo, e a Petra me seguiu, tirou foto de nós dois e mostrou ao meu marido. As fotos não tinham nada demais, só que ele já estava desconfiado, então pediu o divórcio.

– Srta. Clarke, eu sinto muito mesmo. Tem certeza que foi culpa da Petra? Mas como ela seria capaz de algo assim?

– Tenho certeza! Depois ela ainda debochou da minha cara, mas novamente ninguém acreditou quando eu disse que foi armação dela. Quando isso aconteceu ela tinha quatorze anos, me pergunto o que ela será capaz de fazer agora.

– Petra beijou meu namorado a força e fez minha melhor amiga ficar contra mim – explicou Angelina –, mas ela me pediu desculpas e pareceu sincera.

– Não caia nessa! Essa garota nasceu destina a maldade, ela tem algo ruim dentro de si desde pequena. Não confie nela, não fique por perto esperando a bomba explodir, proteja seus amigos com todo o seu coração. A Petra é capaz de humilhar e acabar com a reputação de qualquer um, sem dó, sem pena, ela é capaz de magoar muita gente apenas por capricho. – ela acenou para um táxi – Eu já falei tudo o que você precisa saber, agora cuide-se sozinha. – ela entrou e o motorista arrancou rapidamente.

Angelina estava confusa.

“Mas como? A Petra não pode ser capaz de tudo isso. Ela pareceu tão sincera, não é possível que tudo não passe de uma mentira. Será que ela é tão fria, hipócrita e calculista assim? Mas se isso for mesmo verdade (o que deve ser, afinal, não há motivos para a Srta. Clarke mentir em relação a isso), o que ela está querendo? O que está planejando? Será algo contra mim ou contra meus amigos? Se essa cobra fizer alguma coisa de ruim para os meus amigos eu não conseguirei me controlar!” – pensou.

Angelina ligou para o Luigi, que veio busca-la imediatamente. Tudo aquilo que a sua ex-professora havia lhe contado entrou em sua cabeça como uma agulha, e ela só conseguia pensar nisso. Angelina estava decidida a tirar toda essa história a limpo com Petra, e se tudo fosse verdade, ela estava disposta a arriscar tudo para proteger seus amigos.

...

No dia seguinte, ela chegou na escola e a primeira coisa que fez foi procurar Petra, e logo quando entrou na sala de aula, as duas trocaram olhares e Angelina foi na direção da outra.

– Petra, eu preciso falar com você urgente, é muito importante!

– Tudo bem. – ela virou-se para Mira e Ariel, as meninas com quem ela estava conversando antes – Já volto, ok?!

Saindo da sala de aula e do campo de visão dos outros alunos, Angelina começou diretamente:

– Petra, não minta pra mim, por favor!

– Nunca! – disse a menina espontânea – Essa fase já passou.

– Eu falei com a Srta. Clarke e ela me disse coisas sobre você e....

– Não escute aquela velha louca! – gritou Petra – É mentira tudo o que ela disse, não acredite! – ao perceber que algumas garotas estavam olhando, ela acalmou-se um pouco.

– A sua tia não é louca. Você está mentindo de novo, não é?!

– Vem aqui comigo. – Petra segurou a mão de Angelina e a levou até o banheiro feminino, entrou e fechou a porta.

– Qual é a verdade?

– Aquela vadia merecia tudo o que eu fiz! – ela mostrou seu outro lado.

– Meus Deus, não pode ser! Você é louca?

– Cala a boca, garota tagarela! Quer saber?! Cansei de você! Eu tentei ser boazinha – ela se aproximou com o olhar ardente –, tentei ser educada, tentei te poupar mais um pouco, só que a sua chatice é demais para os meus ouvidos!

– Petra, o que você...

– Já não disse para calar a boca?! – Angelina andou cada vez mais pra atrás até encostar as costas na parede, e Petra aproximou-se dela – Sabe o seu namorado gatinho?! Eu vou beijá-lo novamente, primeira na bochecha, depois no pescoço...

– Cala a boca, não fale dele!

Petra silenciou e sorriu cinicamente, então deu um tapa no rosto de Angelina.

– Eu falo de quem eu quiser, patricinha medíocre! – ela saiu e fechou a porta.

Angelina colocou a mão no local da pancada e começou a chorar, não pela dor, mas sim por saber que foi enganada e que todos os seus amigos ficariam contra ela novamente.