A Questão de Delfos escrita por Emily di Angelo


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem desse capítulo. Ficou um pouco grande, mas acho que não ficou cansativo.
Estou adorando os comentários de vocês, continuem acompanhando e me dizendo do que estão gostando. Já respondi todos os comentários até agora.



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6 de Agosto – 7 dias até as Idas de Agosto.

Durante a tarde Nico treinou. Foi para a arena às duas horas e ficou lá, batendo nos bonecos de palha sob olhares atentos de Sra. O’Leary que tinha reaparecido no Acampamento aquela manhã. Isso significava que finalmente Hades e Tânatos tinham conseguido colocar tudo em ordem “lá embaixo”.

Depois de alguns golpes Nico chegou à conclusão que o termostato mágico do Acampamento estava quebrado, porque o calor estava infernal. Ele não estava nem há meia hora treinando e já estava exausto e encharcado de suor.

O semideus se jogou no chão, com a espada ao lado dele. Sra. O’Leary latiu animada quando alguém entrou na arena. Nico se virou para ver quem chegava e tomou um susto ao perceber que era Will com uma armadura de couro, segurando uma espada média.

–O Acampamento está sendo atacado? – perguntou Nico, brincando.

–Não. Eu vim treinar um pouco de luta corpo a corpo para a missão. Você sabe que essa não é uma habilidade forte do Chalé 7.

–Então tira essa armadura.

–Por quê? – perguntou surpreso.

–Porque você não estará usando uma na missão.

Ele tirou a armadura com dificuldades. Nico levou a mão ao rosto. Will estava com uma bermuda e uma camiseta do acampamento sem mangas. Ele levantou a espada e chamou Nico para lutar.

O filho de Hades se levantou, erguendo ao mesmo tempo a espada e partiu para cima de Solace. Começou devagar, para ver qual era o nível do garoto. Até que ele não era ruim, conseguia defender os golpes de Nico razoavelmente bem e até tinha conseguido dar uma ou duas estocadas. Nico começou a apertar mais os ataques, sua espada de Ferro Estígio, viajava com uma rapidez crescente. O suor escorria pelos dois rostos, Nico finalmente conseguiu acertar Will no braço, lógico que com a parte chata da espada, só que com um pouco a mais de força do que tinha planejado. Will largou a espada, com uma expressão de dor. Nico se sentiu extremamente culpado.

–Você está bem? Me desculpe eu não queria acertar tão forte.

Will ainda estava curvado, parecia estar sentindo muita dor. Nico se aproximou.

–Will, tá tudo bem? Quer sentar um pouco, colocar algum bálsamo maluco que você tem? Will, fala alguma coisa.

Will então levantou a cabeça rindo. Nico sentiu a raiva fervilhar dentro dele.

–Isso não tem graça, Solace! – gritou com o semideus, que se contorcia de rir. – Eu não acredito que eu caí nessa.

Will conseguiu se recompor e olhou para Nico.

–Foi muito engraçada a cara que você fez...

–Engraçada? Eu aqui achando que tinha machucado você seriamente na véspera da nossa missão e você rindo.

–Agradeço a preocupação. – disse ele, finalmente conseguindo ficar sério. – Agora você sabe como eu me sinto em relação a você.

Um choque elétrico percorreu toda a espinha de Nico. Ele ergueu a espada novamente e disse:

–Vamos de novo. E sem truques dessa vez, Solace!

–Prometo, Sunshine.

–Não me chame assim. – falou entre os dentes, antes de atacar.

Novamente as habilidades de Will se mostraram superiores ao que Nico imaginava. Ele não era um excelente espadachim como Percy, Jason ou Clarisse, mas tinha uma defesa segura. Somente o ataque tinha problemas, talvez faltasse criatividade nos movimentos, ou tinha medo de abrir demais a guarda.

–Solace, é melhor você melhorar este seu ataque. Usa a sua criatividade, não pensa só na espada, usa o corpo, os braços. – o filho de Apolo começou a realizar os comandos de Nico, conseguindo colocar alguma dificuldade na defesa do semideus.

–Isso, assim mesmo. Está ficando melhor. – incentivou o filho de Hades.

Então Nico foi pego de surpresa. Nunca teria esperado um golpe daqueles de um filho de Apolo. Will deu uma rasteira, derrubando Nico no chão, só que se desequilibrou e caiu em cima do semideus. Nico soltou um gemido abafado.

Will se ajeitou, mas permaneceu em cima de Nico. O olhar dele se perdeu no profundo azul dos olhos de Will, que estava com uma expressão divertida. Ficaram se olhando por alguns segundos. Nico sentia a respiração do semideus em seu rosto, eles estavam muito próximos.

–Sai de cima de mim Solace. – conseguiu dizes, após algum tempo.

–Por que você está vermelho?

Nico não respondeu, nem pode. A Sra. O’Leary saltou por cima dos dois e foi em direção aos dois semideuses que entravam na arena.

–Estamos interrompendo alguma coisa? – perguntou Percy, antes de ser derrubado pela enorme cachorra. Annabeth conseguiu desviar da enorme bola de pelos e baba que havia saltado em cima de Percy.

Nico empurrou Solace para longe e saiu marchando em direção à área dos chalés. Percy, que tinha conseguido se desvencilhar da Sra. O’Leary, olhou confuso a partida de Nico. Annabeth balançava a cabeça negativamente para o namorado, como se dissesse “que comentário inapropriado”.

–Estávamos treinando. – explicou Will. – Eu não sou muito bom com a espada.

–É mesmo? – perguntou Annabeth desconfiada – Achava que você tinha tido aulas com Luke enquanto você era indeterminado.

–Eu tive, mas o meu dom é outro. – desconversou, fazendo um gesto como se estivesse atirando uma flecha.

–Você queria conversar comigo mais cedo não?

–Sim, sim... Eu queria falar sobre a missão.

–Você acha que o Nico está forte o suficiente? – perguntou Percy. – Ele e Jason tiveram uma discussão hoje por causa disso.

–Nico está bem. Mas não vai poder usar os poderes, eu só vou deixar ele usar se for extremamente necessário. E para qualquer emergência eu estou levando o creme de unicórnio, que é o que eu usei para tratar dele esses dias.

–Nico é um amigo muito especial para mim. – continuou Percy – Trate de trazer ele vivo dessa missão, ou esqueça o seu surf porque você nunca mais vai ter uma onda se depender de mim.

Annabeth revirou os olhos quando Percy fez uma saída triunfal em direção aos chalés, com a Sra. O’Leary seguindo ele alegremente.

–Percy, onde você está indo? Não íamos treinar? – disse a loira com um olhar divertido.

–Ah! É verdade... – falou o semideus, retornando à arena encabulado.

–Ele também é muito especial para mim Jackson. Não se preocupe. – respondeu Will. Annabeth estreitou os olhos ao perceber que Will não tinha usado a palavra “amigo”.

–Então... O que você quer conversar sobre a missão?

–Queria pegar algumas dicas, sei lá. Me fale um pouco sobre a Grécia, alguns cuidados.

–Podemos começar a falar sobre o objetivo: Delfos. Você conhece a história?

–Claro que sim.

–Nós não chegamos a ir a Delfos, estávamos sem tempo. Mas eu conheço bastante o conjunto arquitetônico dos templos. Se quiser eu empresto para você um mapa dos templos, com indicação de quais ruínas ainda resistem.

–Seria ótimo.

–Eu pego mais tarde. Mas continuando, o Nico sabe todas as regras de sobrevivência, é só escutá-lo. Ele é um companheiro de viagem valioso.

–Eu sei disso.

–Eu não sei onde Poseidon vai largar vocês, mas provavelmente não vai ser em Delfos, os deuses não podem facilitar tanto assim. Eu tenho a vaga impressão que ele vai levá-los até Atenas, tenho até um palpite de onde... Mas enfim, de lá terão de arrumar um jeito de ir até Delfos, e olha que não é muito perto e vocês tem poucos dias.

–Aonde você acha que lorde Poseidon irá nos largar?

–Meu palpite é o Erecteion, um templo em louvor a ele e minha mãe.

–Um templo em louvor a Atena e Poseidon? Como é possível existir um lugar desses?

Annabeth riu.

–É de conhecimento de todos que minha mãe e lorde Poseidon tem uma rixa há muitos milênios, mas também há registros históricos de cooperação. Minha mãe permitiu que fosse construído um templo para os dois no lugar onde eles disputaram quem seria o patrono da cidade de Atenas.

–A fonte de água salgada e a oliveira?

A filha de Atena acenou positivamente com a cabeça. A palavra cooperação disparou um alarme em Annabeth.

–Cuidado quando encontrarem o tal “reforço no meio do caminho”, se for uma pessoa conhecida, certifiquem-se de que é ela mesma e não um monstro disfarçado usando a Névoa.

–E se não for uma pessoa conhecida?

–Redobrem a atenção, só confiem nela depois de ela merecer essa confiança.

Annabeth então falou de alguns lugares e coisas que poderiam ser úteis, Will anotou tudo mentalmente e depois se retirou da arena, deixando o casal treinar em paz.

–Vamos Percy, deixa de folga. Levanta e me ataca. – Will ouviu a semideusa dizer, antes de ele sair e retornar à Casa Grande, onde o dever chamava.

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Nico estava deitado em seu chalé. Ele havia tentado ir de um lado para o outro do quarto viajando pelas sombras. Não tinha ficado tão mal, estava sólido, mas tinha sentido uma tontura muito forte. Lutava contra a vontade de ir para enfermaria, ele havia prometido para Will, mas se o filho de Apolo soubesse que Nico tinha tentado viajar nas sombras ia dar um escândalo e cobrir Nico com aquele creme fedido. Era tudo o que o Nico não precisava na véspera da missão.

E também havia a cena que tinha ocorrido na arena, ele se sentiu extremamente desconfortável com o olhar de Will. A cena dos dois caindo um em cima do outro e dos profundos olhos azuis do semideus se perdendo na escuridão dos olhos negros de Nico se repetia várias vezes na mente do filho de Hades. Ele se recusava a ter aquele tipo de sentimento novamente, implorava mentalmente para Afrodite deixar ele em paz, mas nada parecia estar funcionando.

Nico afastou esses pensamentos da cabeça, tinha coisas para fazer. Ele se levantou, uma forte tontura o atingiu, fazendo-o se arrepender de ter “testado” os seus poderes. Definitivamente teria que passar a noite na enfermaria se quisesse partir com Will para a Grécia amanhã.

Depois de preparar a mochila com provisões para a missão, Nico saiu do chalé. Faltavam alguns minutos para o toque de recolher e a maioria dos semideuses ainda voltava da fogueira. Pequenos grupos conversavam nas varandas dos chalés, namorados se davam as mãos e desejavam boa noite, ou combinavam algum encontro às escondidas durante a madrugada.

Na varanda do Chalé 10, várias garotas conversavam. Uma delas era Drew Tanaka, a ex-líder do Chalé. Elas falavam sobre as últimas fofocas do Acampamento, Nico não sabia como Piper podia ser irmã daquelas garotas, elas eram muito diferentes. Claro que não eram todas as filhas de Afrodite que eram assim, mas esse grupo que conversava na varanda eram as piores delas. Quando Nico passou, Drew falou bem alto, com a intensão de fazer o semideus escutar:

–Cá entre nós garotas... Não sei por que Will escolheu aquele garoto bizarro para ser o acompanhante dele na missão. Eu teria escolhido Jason, é claro. Sinceramente acho que Solace queria escolher o Jackson, mas aquela garota sem sal que é a namorada dele não deixou.

As garotas riram olhando para Nico, que havia parado ao ouvir o nome dele. Ele se virou para ir embora, mas acabou esbarrando em Jason e Piper que iam em direção ao Chalé de Afrodite. As risadas murcharam, Drew fez uma expressão de terror no rosto ao ver a líder do Chalé se aproximando.

–Eu ouvi tudo Drew. – falou Piper – Queria que Annabeth também tivesse escutado o que você falou sobre ela. Ia ter prazer em assistir a surra que ela ia te dar. Eu sei que você tem medo dela, não precisa fingir. Como líder do Chalé 10 estou retirando todos os seus privilégios por uma semana.

–Você não pode fazer isso! – disse a garota, em desespero.

–Posso sim. Está no livro de regras do Acampamento. “O líder do Chalé tem o direito de aplicar punições em campistas do seu Chalé que apresentarem mau comportamento ou ferirem alguma das regras deste livro.”. Acho que você tem direito a um recurso na reunião dos líderes, mas aí eu teria que contar toda a conversa para todos na sala, incluindo Annabeth.

Drew viu que, mais uma vez, tinha sido encurralada por Piper e entrou no Chalé 10, seguida pelas outras garotas. Piper se aproximou de Nico.

–Não escute o Drew fala Nico. Ela tomou como missão pessoal atormentar a vida de todos aqui no Acampamento. Will escolheu você porque ele quis assim e não porque os outros não estavam disponíveis. Você é especial para muitas pessoas Nico.

–Obrigado Piper. – falou, ele olhou para Jason, que normalmente já teria falado alguma coisa para Nico. – Piper, se você não se importar eu preciso conversar com Jason...

–Claro. Vou deixar vocês à vontade. – falou, dando um beijo de boa noite no namorado e um tchau para Nico. – Boa sorte na missão.

Nico acenou para ela enquanto seguia em direção ao Chalé 1 junto com Jason. Ele queria pedir desculpas para o amigo antes de partir para a Grécia, mas o filho de Júpiter não estava facilitando as coisas. Olhava reto para frente, sem desviar o olhar do Chalé 1.

–Jason, pode parar um segundo. – pediu – Eu não sei nem por onde começar... Eu não sou muito bom em...

–Pedir desculpas? – disse o semideus ríspido.

–Sim. Jason, por favor. O que eu fiz foi errado. Você só estava preocupado comigo. Eu não estou acostumado com essas coisas e ultimamente tem tantas pessoas se preocupando comigo, querendo cuidar de mim, me protegendo... É você, o Solace, Reyna e até o Percy... Eu não sei reagir a isso, acabei explodindo. – desabafou Nico, abaixando a cabeça.

–As pessoas se preocupam com você porque elas gostam de você Nico. Elas gostam de sua companhia, da sua amizade. Mas parece que você não gosta disso, fica afastando todo mundo que tenta se aproximar de você.

Jason se aproximou e abraçou Nico.

–Mas é claro que eu desculpo você. – falou – Eu sou seu amigo... Seu melhor amigo. Mas você precisa aprender o que isso significa.

Ele soltou o filho de Hades, que ainda não se sentia muito confortável com abraços e outros contatos físicos.

–É melhor eu ir para o meu Chalé antes que Quíron venha chamar nossa atenção.

–Eu estou indo para a enfermaria. Will quer que eu passe a noite lá.

Nico se virou e foi embora e Jason entrou no Chalé. Um pensamento curioso passou pela cabeça do ex-romano, como era chamado pelos outros semideuses do Acampamento. Ele franziu a testa enquanto observava Nico subindo a colina em direção à Casa Grande, acompanhado por Quíron que havia terminado a ronda. Um movimento ao lado esquerdo chamou a atenção de Jason, Percy falava sozinho na porta do Chalé 3, ele chegou para o lado, como se estivesse deixando alguém passar por ele e depois fechou a porta com um sorriso no rosto. O filho de Júpiter franziu ainda mais a testa, até que finalmente entendeu o que tinha acontecido e voltou para a sua cama desejando que Piper também tivesse um boné da invisibilidade.

<><><><><>

Nico entrou na enfermaria, seguido de Quíron, que já estava encolhido em sua cadeira de rodas.

–Estou aqui Solace. – falou, talvez um pouco alegre demais. Porém qualquer resquício de alegria sumiu do rosto de Nico quando ele olhou para Will. O filho de Apolo estava sentado na beirada de uma cama, com a cabeça baixa e as mãos cobrindo o rosto, parecia que estava chorando. Lauren, também um pouco abatida, estava com um dos braços envolvendo os ombros do irmão.

–Eu podia ter feito mais por ele. – falou entre soluços.

–Você fez o possível Will, ele não respondeu ao tratamento. – rebateu ela, tentando acalmá-lo.

–Devia ter procurado outro mais forte... – a voz dele sumiu depois que ele enfiou o rosto nos ombros da irmã.

Quíron se aproximou.

–O que aconteceu? – perguntou.

–Rick não resistiu.

O centauro baixou a cabeça e pareceu fazer uma rápida oração. Rick era um dos irmãos de Will, eles estavam lutando juntos na batalha contra Gaia, mas se separaram quando Will foi falar com Nico sobre Octavian.

–Eu podia ter feito mais... – repetiu.

–Você precisa se acalmar Will. Você e Nico partem amanhã cedo para as Terras Antigas e você deve estar com sua cabeça no lugar. – disse Quíron, com um tom sério.

Nico sentou-se ao lado do garoto e deu tímidos tapinhas no ombro do filho de Apolo.

–Will – falou – Você não pode se culpar dessa maneira. Você está dentro dessa enfermaria há semanas, dá 100% de você para ajuda-los. Fica lendo aqueles livros enormes, procurando tratamentos mais antigos e poderosos. Não é culpa sua, não se atreva a pensar nisso.

–Eu deveria ter dado 150% por ele.

–Só se você quisesse se matar. Eu acompanho sua rotina aqui. – falou Lauren. – Você já ficou acordado três dias seguidos, só tratando dos pacientes.

–Mas não foi o suficiente.

–Se alguns não resistiram é porque nem o tratamento mais poderoso do mundo poderia salvá-los. – continuou Nico – Sabe por que eu digo isso? Porque você é o melhor curandeiro que já passou por este Acampamento.

Nico não sabia de onde tinham surgido aquelas palavras, não era comum Nico dar palestras motivacionais, nem palavras de conforto. Até Quíron parecia impressionado. Will abriu um pequeno sorriso e apertou a mão de Nico, agradecendo pelas palavras.

–Eu só acho que você deveria dormir um pouco antes da grande missão. Tem uma cama vazia, pode deitar nela e descansar até amanhã. – sugeriu o centauro.

Ele concordou. Nico e Will seguiram Lauren entre as camas dos semideuses, alguns com pernas e braços quebrados, outros enfaixados dos pés a cabeça, Connor estava acordado, sua perna continuava imobilizada e sua boca estava fechada com um pedaço de esparadrapo. Will parou e observou confuso.

–Ele não parava de falar besteira, Alex resolveu o problema. – explicou Lauren, enquanto checava Malcolm.

Mais à frente duas camas estavam vagas, ao lado de uma filha de Ares ladeada por Clarisse, que roncava alto em uma poltrona perto da cama.

–Não tem como colocar esparadrapo nela? – perguntou Nico, subindo na cama indicada pela semideusa.

–Ela tem que voltar para o chalé dela, Quíron não permite acompanhantes. – falou a irmã de Will, rindo.

–Quem é a garota?

–É uma das irmãs dela, só que Clarisse adotou a garota. Jennie é como um aprendiz dela.

Lauren se aproximou cautelosa e cutucou a garota.

–Clarisse... Clarisse... Clarisse? – sem resposta – Clarisse! – disse mais energicamente.

A filha de Ares acordou, com a mão na bainha da espada.

–Que foi? – perguntou raivosa.

–Você precisa voltar para o seu chalé.

–Quem disse? – Clarisse levantou e ficou na frente da médica, encarando.

–Quíron. – se intrometeu Will. – Vamos lá Clarisse, por favor, não crie problemas. Há pacientes muito doentes aqui, que precisam descansar.

Ela revirou os olhos e levantou, não sem antes ameaçar com o olhar os três semideuses. Will suspirou aliviado, depois virou para a irmã.

–Por favor, traz aquele chá de tulipa dourada para Nico.

–O fortalecedor? – perguntou Lauren.

–Esse mesmo. Quero ele bem preparado para amanhã.

Ela saiu para buscar o chá, deixando os dois sozinhos. Will se aproximou da cama onde Nico estava deitado.

–Muito obrigado pelas suas palavras Nico. Foram muito importantes para mim.

–Eu só falei a verdade.

Will sorriu, parecia que estava mais calmo, uma sensação morna percorreu o corpo de Nico. O filho de Apolo virou e foi para a cama dele. Ele tirou a camisa e a colocou na mesa ao lado, Nico percebeu uma mancha em um dos braços.

–O meu golpe deixou um hematoma? – perguntou. Will olhou para o braço e fez uma cara de como só tivesse descoberto agora. Ele se virou, o torso nu fez com que Nico quisesse enfiar o rosto debaixo das cobertas. Ele tinha o corpo típico de surfista, peitoral largo, ombros fortes (também por causa da prática do arco e flecha), costas bem torneadas e uma leve penugem loira cobria os arredores do umbigo.

–Oi? Nico? – falou ele, rindo. – Está tudo bem? Eu fiz uma pergunta para você e não respondeu...

–Si-sim, tá tudo bem... – disse, tentando desviar o olhar antes que Will percebesse. Mas Nico achou que era tarde demais, com certeza ele tinha percebido. – O que você falou mesmo?

–Eu respondi para você que não tinha visto o hematoma até agora e perguntei se você tinha se machucado na hora em que eu te derrubei.

–Não. Claro que não.

O filho de Apolo soltou mais um pequeno sorriso e se jogou na cama. Lauren chegou com o chá de Nico e o entregou, avisando que estava muito quente.

–Beba rápido que eu já vou apagar as luzes.

Quando terminou ela recolheu a xícara e saiu desejando boa noite. Segundos depois as luzes se apagaram. O chá tinha deixado Nico com sono, suas pálpebras estavam pesadas, as coisas estavam ficando desfocadas. Porém, quando Nico estava quase se entregando ao sono, ele ouviu um sussurro. Era Will. Nico se virou, ele conseguia enxergar muito bem no escuro e via claramente a figura do filho de Apolo olhando para ele.

–Que foi? – perguntou.

–Boa noite. – disse simplesmente. Nico respondeu e se virou para o outro lado. Ele adormeceu com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

A partir do próximo capítulo "Adventure Mode ON".

Sra O'Leary S2 S2