FILHOS DE UMBRA

Parte 6 de 7

Porta-Voz... Ah, Porta-Voz... Sua vida foi a mais difícil de todas... coitado.

Ninguém ligava para ele. Ele sempre foi uma pessoa triste, quieta em seu canto. Na hora de acordar, seus irmãos o rejeitavam. Ele dava bom dia, eles viravam as costas. Era quase um castigo do silêncio... Mas o que não dava para entender era que isso acontecia sem motivo algum.

Teve um dia até, desmaiado no chão, sem reação dos irmãos que presenciaram a cena sem fazer nada.

A mãe não tinha culpa. Ela tinha 7 filhos. E não tinha tempo para nenhum deles. E ela não sabia do que acontecia com Paulo. Perto da mãe, eles fingiam ser amigos, e deixavam claro que Paulo não queriam brincar. Mas na verdade, ele apenas respondia isso por ameaça. E a ameaça, para a surpresa de todos, não era dos irmãos. E sim da vizinha que "cuidou" deles próximo do dia da morte do Alex.

Ela que os manipulava. Que os fazia negar seu irmão. Esse que era o motivo deles. Com medo do que poderia acontecer, aceitaram, mesmo sem concordar. Mas a vizinha não tinha motivos! Ou tinha?

Certo dia, no Colégio deles, iria acontecer uma apresentação de concurso de talentos. Lá foi um aluno novato cantar uma música.

De repente, alguém tirou Paulo de dentro do Colégio, arrastou-o para fora e disse:

– Paulo, irá acontecer um incêndio na escola daqui a cinco minutos! Avise a todos! Rápido!

(Paulo) - Mas eu estou muito longe! Não tenho como chegar ao palco!

– Não será necessário.

Paulo ficou sem entender nada. Tentou pensar numa maneira de falar à todos, mesmo com vergonha. A vergonha, na verdade, era um mísero detalhe. Sua distância do palco não era nada favorável.

Paulo sentiu alguma coisa queimar dentro de si, e o apresentante da vez parou de cantar e disse o que havia no pensamento de Paulo.

"Fujam todos, todos! A escola será incendiada! Rápido! Corram!"

Mas isso deixou Paulo fraco, e enquanto todos corriam, ele caiu no chão ainda acordado. A última palavra que ele ouviu antes de sentir o fogo tocando em si e de descansar para sempre foi seu nome, que todos os seus irmãos gritavam. A partir daí, não havia mais vida no corpo dele.

A vizinha, atrás da escola, sorriu de satisfação.