Harry Potter e a Ameaça das Profundezas escrita por JMFlamel


Capítulo 13
A AMEAÇA DAS PROFUNDEZAS


Notas iniciais do capítulo

O mistério finalmente se eslareceu. Porém uma decisiva batalha aguarda por Harry Potter. Que Deus e Merlin dêem forças ao nosso heróico Bruxinho-Ninja.



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CAPÍTULO 13

A AMEAÇA DAS PROFUNDEZAS

_Como assim, “não vai despertar agora, nem nunca mais”? E o que você está fazendo aqui? É alguma espécie de fantasma? _ perguntou Harry.

_Bem, como dizia Jack, o Estripador, “vamos por partes”. Primeiramente, não sou um fantasma. Diria que sou mais é uma lembrança, uma memória. E estou prestes a existir, fisicamente.

_O que você quer dizer com isso? _ perguntou Harry.

_Quero dizer, Harry Potter, que conforme o Ki dela diminui, o meu aumenta. E assim que a vida de Gina Weasley cessar, a minha estará plena, graças à nossa ligação.

_Ligação? Espere, está falando do seu diário?

_Exatamente, Harry Potter. _ disse Tom Riddle, sorrindo, enquanto sua figura ia ficando cada vez menos diáfana. O pequeno livro, que havia desaparecido do dormitório, encontrava-se ali, perto de Gina.

_Precisamos tirá-la daqui, Tom. É muito perigoso ficarmos, a criatura que atacou os alunos pode aparecer a qualquer momento. _ disse Harry, procurando no chão a varinha que deixara cair e depois vendo que estava nas mãos de Tom Riddle _ Devolva minha varinha, para que possamos nos defender caso a criatura venha. Ela terá mais força com seu dono.

_Não se preocupe, Harry Potter. Estou certo de que a criatura não aparecerá, pelo menos por enquanto.

_Como pode afirmar com certeza?

_A criatura só aparecerá se for chamada. _ respondeu Tom.

_O que foi que aconteceu com Gina? _ perguntou Harry, cada vez mais certo de que algo errado e perigoso estava acontecendo.

_Ah, Harry Potter, essa história é longa e começa com um certo livro, que foi parar nos pertences de uma certa garotinha. Ela pensou que havia sido um presente de seu pai e resolveu escrever no diário, fornecendo sem saber a energia espiritual suficiente para que eu pudesse iniciar o meu retorno, à medida que ia drenando seu Ki e me fortalecendo, esperando o momento de ressurgir fisicamente. Eu esperava simplesmente retornar, mas houve algo que me fez modificar um pouco os meus planos.

_E o que foi? _ as suspeitas de Harry iam se revelando cada vez mais fortes.

_Ela me falou de você e do forte amor que os unia. Aquilo foi como um aditivo de energia e possibilitou que eu passasse para Gina Weasley um pouco da minha essência, possuindo-a.

_Você quer dizer que...

_... Sim, foi Gina Weasley quem abriu a Câmara Secreta, sob minha possessão. Matou os galos e utilizou seu sangue para escrever as mensagens, com um Feitiço de Retardo. Aquilo possibilitou que ela estivesse longe, com você, no Aniversário de Morte de Sir Nicholas, quando a escrita apareceu na parede. Assim ninguém suspeitaria dela e pensariam que o Herdeiro de Slytherin em pessoa houvesse aberto a Câmara.

_Então estávamos certos e não foi Hagrid quem abriu a Câmara Secreta.

_Mas claro que não foi ele. Nem agora e nem em 1943. Daquela vez fui eu, pessoalmente. Hagrid sempre foi um cara legal, mas tinha o perfil perfeito para ser o bode expiatório, graças à sua afinidade com criaturas perigosas, inclusive aquele filhote de acromântula que eu quase matei. Quando Hagrid foi expulso, recebi um prêmio por serviços prestados e me pediram para guardar segredo sobre o caso. Logo depois, me formei e saí para conhecer o mundo. Tempos depois, soube que Hagrid também corria o mundo tentando rastrear meus passos, a pedido de Dumbledore. O velho professor de Transfiguração nunca acreditou muito na minha história e achava que eu escondia algo. Ele nem imaginava o quanto estava certo. _ disse Tom Riddle, com um sorriso perverso _ Mas o melhor de tudo foi quando Gina escreveu no diário que estava namorando Harry Potter e o quanto amava você. Confesso que tive muito trabalho para continuar possuindo a mente de Gina mesmo com a energia extra, pois seu Ki ia ficando cada vez mais forte, graças aos ensinamentos de Derek Mason. Aliás, fui contemporâneo dos pais dele, quando aluno. Então Gina conseguiu, não sei como, romper temporariamente o meu domínio e jogou fora o diário. Pensei que tudo estava perdido mas, em um extremo golpe de sorte, você o encontrou.

_Por que você diz que foi sorte? _ perguntou Harry, as peças do quebra-cabeça começando a se encaixar em sua mente.

_Porque eu estava querendo conhecer você, a quem Gina descrevia com tantos detalhes no diário. Então, quando você o encontrou e escreveu se nome nele, quase pulei de alegria e tive o maior prazer em conduzi-lo pelas minhas lembranças do último ano de aluno, quando abri a Câmara e Hagrid levou a culpa. Depois daquilo, julguei ser mais seguro manter a Câmara fechada e deixar as pistas em um diário, que eu havia comprado em Londres, quando vim para Hogwarts. Nele eu preservei a minha essência do último ano, esta forma que você agora vê. A finalidade era encontrar alguém que pudesse completar o que eu iniciei e cumprir a missão do maior dos quatro Grandes, Salazar Slytherin.

_Missão de Slytherin? Quer dizer, a tal “limpeza étnica” que ele pretendia fazer, eliminando os alunos nascidos trouxas? _ perguntou Harry.

_Isso mesmo, Harry Potter. Purificar Hogwarts. _ disse Tom Riddle, com um brilho fanático nos olhos e sua figura ficando mais tangível e passando do diáfano para o translúcido.

_Mas não foram somente nascidos trouxas os atingidos. _ argumentou Harry.

_É verdade. O primeiro foi Argus Filch, o “Aborto” e sua gata pulguenta. Em seguida, Colin Creevey, Justin Finch-Fletchley, com Sir Nicholas, Hermione Granger, Nereida Snape e Penélope Clearwater. _ disse Tom Riddle, enumerando as vítimas.

_Só que nenhum deles morreu, somente foram petrificados e logo estarão recuperados, com a Poção de Mandrágora e Vagem-da-Capadócia.

_Para mim não fará a menor diferença, Harry Potter. _ disse Tom Riddle, novamente sorrindo de maneira perversa _ Indeferentemente de serem puros-sangues ou sangues-ruins, todas as vítimas da petrificação serviram ao seu propósito, que era atrair você.

_Me atrair? Mas por que?

_Quando Gina Weasley viu que você havia encontrado o diário que ela havia jogado fora, ficou com medo por você, medo de que eu fizesse com você o que fiz com ela e também de que vocês descobrissem o que ela havia sido forçada a fazer. Então ela aproveitou uma oportunidade e roubou o diário do seu dormitório, remexendo tudo para dar a impressão de que havia sido alguém de fora. De qualquer forma, eu já sabia que vocês estavam investigando os ataques, paralelamente aos professores e àquele imbecil do Gilderoy Lockhart que, não sei como, estava conseguindo chegar perto demais e teria de ser a próxima vítima. Com um grande esforço, restabeleci a possessão e fiz com que ela escrevesse uma nova mensagem com sangue de galo e descesse à Câmara, sabendo que você não deixaria de vir, se sua namorada corresse perigo. Por fim, com esta última carga de Ki, consegui deixar as páginas.

_Maldito enganador. _ disse Harry, com raiva, a idéia formando-se cada vez mais na mente do bruxinho _ Manipulou e possuiu Gina e planejou os ataques a pessoas inocentes, somente para me atrair até aqui? Mas, torno a perguntar, por que?

_Para conversar com você, antes do meu triunfal retorno, Harry Potter. Tenho tanto a lhe perguntar, tantas coisas a dizer antes de finalmente retomar o que foi interrompido. Por exemplo, me interessa muito saber como foi que você e sua mãe, grávida do seu irmão, sobreviveram ao impacto direto de uma “Avada Kedavra” e derrotaram o poderosíssimo Lorde das Trevas, destruindo seus poderes e forçando-o a fugir, semimorto? Como um bebê de um ano pôde ser capaz de humilhar o mais poderoso bruxo da atualidade e escapar vivo, somente com essa cicatriz na testa? COMO PÔDE UM MERO GAROTINHO VENCER LORD VOLDEMORT?

_Que importância tem? Voldemort e os Dias Negros são posteriores ao seu tempo. A não ser que a hipótese que estou formulando esteja certa e você... _ Harry deixou a frase pela metade, enquanto Tom Riddle sorria e sacava do bolso a varinha do garoto.

_Pela expressão do seu rosto, creio que você já encontrou a resposta, mas ainda se recusa a acreditar, Harry Potter. _ disse Tom Riddle, meneando a varinha e traçando magicamente as palavras do seu nome, com brilhantes letras de fogo _ Veja só.

TOM MARVOLO RIDDLE”.

_Bem, este é o meu nome. Tom era o nome do meu pai e Riddle era o seu nome de família. Marvolo, o meu nome do meio, era o nome do meu avô materno, uma singela homenagem de minha mãe ao seu pai, que nunca aceitou o que ela havia feito. Agora vamos resolver esta pequena charada, transpondo as letras e fazendo um anagrama com meu nome. Veja o resultado.

I AM LORD VOLDEMORT”.

_Então eu estava certo nas minhas suspeitas de agora há pouco. Tom Marvolo Riddle é Lord Voldemort. _ disse Harry, com os olhos faiscando de raiva.

_Sim, eu sou Lord Voldemort, nome que eu descobri, fazendo um anagrama com as letras do meu nome e que passei a usar, em meu círculo de seguidores. Um nome cheio de significados, “Vôo Da Morte”, “O Que Rouba A Morte”, etc. Eu, que estava destinado a ser o maior bruxo da atualidade, não iria continuar a usar o nome do meu pai, o herdeiro de um poderoso senhor de terras em Little Hangleton. Mas ele não passava de um trouxa desprezível e preconceituoso, que abandonou minha mãe à própria sorte, quando ela revelou a ele o fato de ser uma bruxa. Ela viveu apenas o bastante para me dar um nome, o qual foi mantido mesmo depois que fui adotado. Anos depois, meu pai apareceu, arrependido, querendo reparar seu erro e me levou para Little Hangleton, onde vivi ao lado dele e de minha madrasta por mais alguns anos, até que ele assistiu a uma manifestação de magia da minha parte. Apavorado, me deixou em um orfanato, onde fiquei até vir para Hogwarts e para o qual retornava, nas férias. Depois do que vi e vivi, cheguei à conclusão de que para mim quase nenhum trouxa vale a pena, Harry Potter. E estou prestes a retornar, jovem e na plenitude dos meus poderes mágicos, pois meu semicorpo atual está sendo incorporado por este que, quando estiver plenamente físico, marcará o retorno do maior bruxo da atualidade.

_Maior bruxo da atualidade?! _ questionou Harry _ Mas de forma alguma!

_Ora, Harry Potter... e quem seria esse bruxo assim tão poderoso, capaz de suplantar aquele que superou até mesmo Adolf Grindelwald e Sibelius, o Ardiloso?

_Ninguém menos do que Alvo Dumbledore. Ele é o maior e mais poderoso bruxo da atualidade. _ respondeu Harry, olhando fixamente para Tom Riddle _ Mesmo no auge do seu poder, mesmo durante os Dias Negros, apoiado pelo seu exército das Trevas, você jamais tentou nada em relação a Hogwarts, nunca empreendeu nenhuma ação contra a escola. E sabe por quê? Vou lhe responder, Tom Marvolo Riddle, Lord Voldemort, Mestre das Serpentes, Lorde das Trevas e líder dos Death Eaters... vejamos, esqueci de algum título ou adjetivo para a sua pessoa? Ah, sim. Megalomaníaco, pretensioso, iludido e covarde pois você o teme, seja lá onde esteja. Ele jamais acreditou nas suas “boas intenções” em 1943 e sempre ficou de olho em você, inclusive pedindo para que Hagrid tentasse rastreá-lo pelo mundo. Acho que no fundo Dumbledore fazia uma idéia do quanto você já era potencialmente maligno.

_Não seja tolo, Harry Potter. _ disse Tom Riddle, começando a perder a calma com as palavras do bruxinho _ Minha lembrança foi o bastante para que o Conselho o afastasse e agora sabe-se lá onde ele está.

_Apenas fisicamente, Tom. _ disse Harry _ Mas, enquanto houver alguém em Hogwarts que seja leal a ele, Alvo Dumbledore jamais terá saído de Hogwarts. E EU SOU LEAL A ALVO DUMBLEDORE!

_Então é o momento de fazer com que o número dos seguidores de Dumbledore diminua ainda mais. _ disse Tom Riddle, parando de falar quando um som se fez ouvir na Câmara Secreta. Era um canto que, mais do que sensível aos ouvidos, penetrava no coração e na alma, dando a Harry Potter um alento que jamais sentira antes.

Uma bola flamejante, tal qual um cometa, percorreu o interior da Câmara Secreta de Slytherin, começando a tomar forma. A forma de uma grande ave de plumagem vermelha e dourada, com asas de magnífica envergadura, uma longa cauda de penas douradas, como dourados também eram seu bico e garras. Os olhos passavam do negro ao flamejante, conforme o ângulo do qual se olhava e com o aumento da intensidade do canto. Nas garras, um volume que a ave deixou cair aos pés de Harry.

_FAWKES! _ exclamou o bruxinho, reconhecendo a ave de estimação de Dumbledore que vira renascer, agora em toda a magnitude do seu esplendor. A Fênix pousou no ombro de Harry, estranhamente leve para uma ave daquele tamanho.

_O quê? Dumbledore mandou aquela sua maldita galinha gigante para você? E o que foi que ela lhe trouxe... ora, é o Chapéu Seletor. _ disse Tom Riddle, rindo da situação que se apresentava _ E você vai colocá-lo na cabeça e tentar se esconder de mim? Que vã esperança, Harry Potter. Agora, responda à minha pergunta. Como foi que você e sua mãe escaparam?

_É algo que você jamais poderia compreender, Tom. Um fato que sequer passa pela sua cabeça, pois você jamais soube o que é o amor. A determinação e a convicção da minha mãe em sua decisão de nos proteger do seu feitiço, ainda que para aquilo pudesse morrer, invocaram uma magia antiquíssima que nos protegeu e fez com que nós três sobrevivêssemos, eu, ela e Algie, ainda não nascido. Sua “Avada Kedavra” retornou para você e uma faísca dela me deixou esta cicatriz na testa. Veja você, que acha que quase nenhum trouxa vale a pena, foi derrotado pelo amor de uma bruxa nascida trouxa, uma “Sangue-Ruim”, como você diz. E você está semimorto e vai continuar assim, pois farei de tudo para salvar a vida de Gina e impedir o seu retorno, Cara-de-Cobra.

_Ora, então foi isso. Mas claro que um bebê de um ano não teria poder para derrotar o Lorde das Trevas. Foi preciso o poder de uma bruxa adulta, então. Trouxa, mas ainda assim poderosa. Não se preocupe, Harry Potter. Lílian e Tiago, seus pais, estão na minha lista, logo depois de você. E depois haverá somente um Ofidioglota em Hogwarts. Eu, Tom Marvolo Riddle, Lord Voldemort. O último descendente de Salazar Slytherin, pelo lado de minha mãe, bruxa de sangue puro.

_Mestiço como eu e fanático por pureza de sangue. Mas quanta hipocrisia da sua parte, Tom. _ disse Harry.

_Lembre-se, Hary Potter, de que um dos maiores líderes, que tirou a Alemanha de uma crise e a tornou uma grande potência militar, não era alemão e sim, austríaco. Pregava a supremacia da raça ariana mas seus cabelos não eram loiros.

_Fala de Adolf Hitler?

_Sim. E ele tinha outro Adolf, Grindelwald, como conselheiro.

_Oh, sim. E também sei muito bem do destino que ele teve. Acuado em seu Bunker de Berlim, cometeu suicídio para não cair vivo nas mãos dos russos de Zukhov e teve seu corpo carbonizado para não ser um troféu. O destino dos tiranos, lançar as sementes para sua própria destruição. Com você não será diferente, Tom.

_Os... “Reforços” que Dumbledore lhe mandou não servirão de nada, Harry Potter. Agora veja do que eu sou capaz. _ disse Tom Riddle, olhando para Harry e Fawkes e começando a falar em Ofidiano _ “Venha, Aglae, atenda ao chamado deste que é o último e legítimo herdeiro de Salazar Slytherin. Aproxime-se com seus olhos fechados, pois ainda não é o momento de matarmos Harry Potter”.

_ “Aglae”? _ perguntou Harry, que entendera todo o chamado de Tom Riddle.

_Ela pode ser uma criatura mística híbrida, mas ainda é uma mulher. Você acha que eu chamaria uma dama de “BasiGorgon” ou de “GorgoLisk”? _ perguntou Tom Riddle, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, enquanto Harry pensava: “Ele não é só maligno, mas também é meio fora da casinha” _ Como ela é o resultado da implantação das características da Medusa em um ovo de basilisco, aconteceram algumas alterações. O sangue venenoso já existia em ambos. Seu olhar, diferentemente do da Medusa original, não petrifica, mas mata. As vítimas somente foram petrificadas porque não olharam diretamente para ela. Embora seu hálito não seja letal como o dos basiliscos, sua mordida inocula veneno.

Uma porta aos pés da estátua de Slytherin se abriu e deu passagem a uma criatura que Harry jamais havia imaginado ver, nem mesmo em seus pesadelos. Da cintura para cima era uma mulher. Bonita, mas de uma beleza agressiva, perigosa e fatal. Seus cabelos eram serpentes de várias espécies. Seus olhos estavam fechados e Harry não tinha a menor curiosidade de saber de que cor seriam. O rosto era belo, mas de uma beleza perigosa, com traços firmes e duros, como os de uma estátua. A boca estava fechada, mas deixava ver duas presas alvíssimas e prolongadas como as dos javalis. Ombros largos e seios firmes, modelados por uma justa armadura de couro, o mesmo material de seus braceletes, o esquerdo com uma bainha onde um punhal estava alojado. Trazia uma aljava às costas, com flechas e um arco, que certamente sabia manejar com maestria. Uma bainha contendo uma espada pendia de um cinto de couro, afivelado à sua cintura. Quando aquela legítima guerreira falou, os sibilos em Ofidiano tinham um sotaque grego.

_ “Salve, Herdeiro do Fundador. Tenho cumprido com minha missão e agora vamos completar o que ficou interrompido daquela vez”.

_ “Com certeza, Aglae. Aguarde apenas um pouco, há ainda algumas coisas a serem ditas antes do fim”. _ disse Tom Riddle, conjurando com a varinha um par de óculos de aviador com lentes espelhadas e colocando-os no rosto de Aglae _ “Agora você pode olhar para ele sem que ele veja seus olhos e morra antes da hora”.

_ “Jovem, bonito e corajoso. Veste-se como um dos Guerreiros das Montanhas do País do Sol Nascente. Seu cheiro natural é gostoso, mas está mascarado pelo odor da umidade antiga deste lugar” (Harry agradeceu por estar usando um desodorante neutro e não ter passado nenhum tipo de colônia) “Não parece ser inexperiente em combate corpo-a-corpo, mas creio que não é páreo para mim, Mestre. Creio estar na hora”.

_ “Que seja, Aglae. Pode retirar os óculos e matá-lo”. _ disse Tom, sentindo verdadeiro prazer naquele momento _ “Sem a varinha ele será uma presa fácil”.

_ “Somente nos seus sonhos, serpentes malditas”. _ disse Harry ,em Ofidiano, disposto a provar que não era um garotinho indefeso.

Sem sua varinha, que estava nas mãos de Tom Riddle, só restava a Harry se valer da adaga Tanto e do equipamento Ninja, procurando fazer o melhor uso possível dele. Lançou duas Kemuridama no chão e desapareceu dentro da densa nuvem de fumaça.

_ “Mate-o, Aglae! Não o deixe escapar”! _ exclamou Tom, no meio da nuvem, enquanto Aglae tentava localizar Harry e colocava uma flecha no arco, retesando-o. Localizando Harry pelo som, disparou.

Sentindo com seu Ki a aproximação da flecha, Harry Potter desviou-se e partiu a haste com um golpe de antebraço. Uma segunda flecha seguiu-se à primeira, também evitada. A fumaça começava a se dissipar e logo Harry teria de ficar de olhos fechados, para não ser morto pelo olhar fatal de Aglae. Mas algo aconteceu para pôr fim a tal desvantagem.

Fawkes, que havia levantado vôo no momento em que Harry lançou as Kemuridama, começou a circular à volta de Aglae. Aparentemente a Fênix era imune ao olhar fatal da criatura.

_ “Aglae, a Fênix está tentando distrair você! Não dê importância a ela e mate Harry Potter! Rápido”! _ disse Tom Riddle, enquanto Fawkes estreitava seus círculos e, em um instante de distração de Aglae, atingiu seu objetivo. As afiadíssimas garras douradas da Fênix encontraram-se, certeiras, com os mortíferos olhos de Aglae, vazando-os. O perigo do olhar mortal estava neutralizado.

_ “Mestre, a maldita ave me cegou, mas ainda posso tentar localizar Harry Potter pelo cheiro e com a minha audição”! _ exclamou Aglae, colocando mais uma flecha no arco e disparando. A criatura não mentira, a flecha vinha certeira na direção de Harry, que mal teve tempo de saltar e subir por uma coluna, utilizando o Bukujutsu.

Enquanto Harry subia, as três últimas flechas da aljava de Aglae foram disparadas em rápida seqüência, mas Harry já estava prevenido e lançou três Shuriken, as quais interceptaram as flechas, partindo-as.

Saltando de volta para o chão, Harry viu que Aglae desembainhara sua espada e vinha rapidamente em sua direção, guiando-se pelo som. O garoto lançou suas duas últimas Shuriken, tentando atingir Aglae, mas ela habilidosamente as desviou com a espada (“Realmente, é uma guerreira de respeito. Mesmo cega, ainda consegue manejar aquela espada e desviar as estrelas. Mesmo com meu nível de domínio do Ki e Bukujutsu, somente com a adaga Tanto eu estou em desvantagem. Se ao menos eu também tivesse uma espada, poderia equilibrar a situação”, pensou ele).

Um pio de Fawkes, que estava perto de Gina, trouxe Harry de volta à realidade. O Chapéu Seletor estava caído ali perto e então o rasgo que lhe servia de boca se abriu.

_Harry Potter, enfie sua mão dentro de mim, rápido! _ disse o chapéu.

O garoto enfiou a mão no Chapéu Seletor e, quando a retirou, empunhava uma reluzente espada, cuja empunhadura e guarda-mão eram decorados com faiscantes rubis. Ele não sabia a razão, mas aquela lâmina o enchia de confiança.

Aglae aproximou-se e atacou. Harry aparou seu ataque, contra-atacando e atingindo-a de raspão no ombro esquerdo. Ela atacou novamente, sentindo pela vibração do ar que Harry havia aberto a guarda. Mas era uma tática de distração, pois Harry saltou a cerca de uns dois metros de altura e aterrou por trás de Aglae, movimentando a espada e atorando cerca de três palmos da cauda da criatura, que soltou um urro de dor e surpresa.

Naquele momento de distração de Aglae, Harry Potter não hesitou e executou um arco perfeito com a espada, cuja lâmina passou pelo pescoço dela. No primeiro instante, nada aconteceu. Em seguida, a cabeça de Aglae separou-se do corpo, que caiu ao solo a se contorcer. A criatura de Salazar Slytherin estava morta.

_NÃÃÃO! MALDITO MOLEQUE! COMO VOCÊ CONSEGUIU MATAR ESSA GUERREIRA PERFEITA?! _ Tom Riddle não acreditava no que via _ Mas não viverá para aproveitar tal vitória, Gina Weasley está quase morta e eu estou quase que totalmente corpóreo. Agora vou liquidá-lo com sua própria varinha, Harry Potter.

Harry levantou a espada mas, naquele instante sentiu uma dor aguda na pantorrilha esquerda, que fez com que largasse a arma no chão.

Por Aglae ser uma criatura híbrida de Medusa e basilisco, seu corpo incorporava características comuns aos répteis tais como, por exemplo, um sistema nervoso que demorava a parar de funcionar, mesmo após sua morte. Devido a isso, o corpo ainda se contorcia, embora mais fracamente e a cabeça, em um último espasmo, dera um salto e abocanhara a perna esquerda de Harry com suas presas venenosas, caindo ao solo logo em seguida, agora irremediavelmente morta.

_Caracas, como isso dói! _ disse Harry, enquanto sentia a perna queimar como fogo e ficar entorpecida.

_Ora, então Aglae ainda teve forças para terminar de cumprir sua missão. Sinta as agonias de uma morte terrível, por um veneno sem antídoto conhecido. Creio que você irá durar somente o tempo suficiente para me ver emergir fisicamente, um Lord Voldemort jovem e no auge dos meus poderes. _ a risada de Tom Riddle ecoou sinistramente na Câmara Secreta de Slytherin.

_Ou então, maldita serpente, por tempo suficiente para que eu faça ISTO! Tome o que você merece e adeus. _ reunindo forças, Harry pegou o diário de Tom Riddle com uma das mãos e a cabeça de Aglae com a outra. Colocou o livro na boca entreaberta da criatura e forçou a mandíbula e o maxilar, de modo que as presas de Aglae penetrassem fundo, inoculando seu terrível veneno.

_NAÃÃÃÃOOOOOOO!!! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ, HARRY POTTER?!?!

Foram as últimas palavras proferidas pela manifestação quase que totalmente corpórea de Tom Marvolo Riddle. O diário, ferido pela letal mordida da cabeça amputada de Aglae, começou a verter tinta como se sangrasse, formando uma enorme poça no chão. Tom Riddle pareceu queimar-se, de dentro para fora, deixando entrever um interior incandescente que liberava fachos de luz, à medida que a pele ia rachando e partindo-se, comportando-se como papel em chamas até que, em um último e ofuscante clarão, a manifestação de Tom Riddle, que pretendia retornar e restabelecer a Ordem das Trevas como um Voldemort novamente jovem, desapareceu completamente. A varinha de Harry caiu no chão e lá ficou.

Com o diário em sua mão, depois de tê-lo tirado da boca de Aglae, Harry Potter sentia cada vez mais dificuldade para se movimentar, resultado do veneno que se espalhava por seu corpo. O gemido de Gina, que recuperava a consciência com o retorno da energia que Tom Riddle roubara dela, deu a Harry um último ânimo para que ele se aproximasse da namorada.

_Harry, o que foi que houve? Merlin, você está ferido!

_Gina, eu n-não tenho... m-muito tempo. Salve-se. Siga p-pela caverna, ao sair da... da Câmara. Chegando a um ponto onde h-houve um d-desabamento, encontrará Rony e Algie, com o Sr. Lockhart. Eles já d-devem ter reti... rado pedras suficientes p-para que você possa p-passar.

_Venha, Harry! Deve haver algum antídoto.

_Não, Gina. Veneno da criatura, mistura de b-basilisco com Me... dusa. Não há antídoto c-conhecido. Nem mesmo Snape pode f-fazer n-nada.

Naquele momento, Fawkes aproximou-se e começou a chorar sobre a perna ferida de Harry. As lágrimas peroladas da Fênix caíam sobre as marcas da mordida de Aglae, espumando e levantando fios de vapor, aquecendo o corpo de Harry de um modo diferente do queimar do veneno.

_Veja, Harry! _ exclamou Gina, apontando para a perna do garoto _ O seu ferimento!

Pelo rasgão na perna esquerda da calça de Harry Potter, os bruxinhos viram as marcas da letal mordida de Aglae fumegarem e desaparecerem, sem deixar sinal algum.

_Claro, as lágrimas de uma Fênix possuem enormes poderes de cura, capazes de neutralizar até mesmo o veneno de um basilisco ou de uma BasiGorgon. Muito obrigado, Fawkes. Sem você estaria tudo perdido. _ disse Harry, abraçando Fawkes com um braço e Gina com o outro, beijando a namorada _ Vamos, eles devem estar nos esperando.

Levantaram-se e saíram da Câmara Secreta, Harry pegou sua varinha no chão e guardou-a com o diário de Tom Riddle no bolso do traje Ninja, Fawkes pousada no seu ombro, segurando a espada com a mão esquerda e a direita segurando a esquerda de Gina, a ruiva sobraçando o Chapéu Seletor.

_Parabéns, Harry Potter. _ disse o chapéu _ Eu tinha plena confiança em você. Sua coragem, seu amor pela Srta. Weasley e sua lealdade a Dumbledore foram decisivos para sua vitória.

_Estou certo de que o Prof. Dumbledore também partilhava dessa confiança, Chapéu. E fico contente de ter correspondido à altura. _ respondeu o bruxinho.

Atravessaram a porta da Câmara Secreta e, do lado de fora, Harry deu uma ordem em Ofidiano para que a porta se fechasse. Depois seguiram pelo corredor, até chegarem ao ponto do desmoronamento. Uma abertura suficiente para dar passagem aos dois havia sido feita. Ouvindo o casal se aproximar, Rony apareceu na abertura.

_GINA!

_RONY!

Os irmãos se abraçaram, entre lágrimas.

_O que aconteceu, mana? _ perguntou Rony.

_O diário de Tom Riddle me possuiu, Rony. _ respondeu a garota _ E acho que já foi desde que eu o encontrei, no meio das minhas coisas. Pensei que havia sido um presente de papai, mas logo ele começou a dominar minha mente.

_Por isso é que você estava sempre cansada? _ perguntou Algie.

_Sim, Algie. Mas eu comecei a resistir, por causa das aulas do Prof. Mason.

_Só que ele foi mais forte. Como? _ perguntou Rony.

_Rony, Algie, vocês vão ficar espantados. _ disse Harry, sério _ Sabem quem era Tom Marvolo Riddle?

_Quem? _ perguntaram os dois bruxinhos.

_Era o aluno de Hogwarts que se formou em 1943 e que veio a ser ninguém menos que Lord Voldemort.

_OOO QUÊÊÊÊ?!?!?! _ espantaram-se Rony e Algie.

_Faz sentido. _ disse Gina _ lembrem-se de que ele estava no topo da lista dos prováveis suspeitos, aquela que o Prof. Dumbledore lhes entregou. E ele reunia todas as qualidades. Inteligente, ardiloso, poderoso e sedutor. Bem, falando de coisas mais práticas, como vamos sair daqui?

_Fawkes poderá nos ajudar. Ele pode, sendo uma Fênix, voar carregando bastante peso. _ disse Harry.

_Inclusive aquele peso morto ali. _ disse Rony, apontando para Lockhart, ainda inconsciente _ O toque no centro nervoso o nocauteou de verdade, acho melhor acordá-lo.

Rony despertou Lockhart, que abriu os olhos e sentou-se.

_Oh, olá, garotos. Acho que caí no sono. Quem é essa garota?

_O que houve com ele?_ perguntou Gina.

_Tentou usar um Feitiço de Memória muito forte em nós, com a varinha de Rony. Mas como ela estava com defeito, sobrecarregou e explodiu. _ disse Harry.

_Ele recebeu todo o impacto do feitiço revertido e a onda de choque provocou um desmoronamento. _ continuou Rony.

_E ele agora não lembra nem de quem é. _ concluiu Algie.

_Bem, vamos embora daqui, gente. _ disse Harry, segurando na cauda de Fawkes. Gina deu a mão a ele e a Rony, que segurou o braço de Algie. Este agarrou o cinto de Gilderoy Lockhart, enquanto Fawkes levantava voo, rebocando o grupo pelo encanamento, até que saíram pela abertura no meio do banheiro da Murta que Geme, que esperava por eles.

_Vocês voltaram! Que bom! _ disse Murta.

_Não será desta vez que dividirei o banheiro com você, Murta... AI, GINA! Era apenas uma brincadeira! _ exclamou Harry, massageando a perna dolorida, no local que Gina havia chutado, enquanto todos riam.

_Agora é procurar a Profª McGonnagall, para dizer a ela que está tudo bem. Vamos ao Gabinete da Direção.

Quando os cinco vivos e mais Murta chegaram à gárgula, deram de cara com Snape, que pareceu surpreso ao vê-los chegarem a salvo e trazendo Gina.

_Vocês, o que aprontaram desta vez? _ perguntou o professor _ Estão imundos, machucados e... Srta. Weasley! A senhorita está a salvo, graças a Deus e a Merlin! Vamos subir, todos estão esperando por vocês.

_Como assim “Todos”, Prof. Snape? _ perguntou Rony.

_Venham comigo. “Ambrosia”! _ a gárgula que guarnecia a entrada para o Gabinete do Diretor de Hogwarts deu passagem a todos que subiram pela escada em espiral, que se movia sozinha, levando-os para cima _ Ele continua gostando de usar nomes de doces como senha.

Ao entrarem no Gabinete do Diretor, qual não foi a surpresa ao verem, sentado à escrivaninha, Alvo Dumbledore em pessoa, com Minerva McGonnagall ao seu lado.

_Prof. Dumbledore! Que bom vê-lo de no... _ a frase de Harry ficou pela metade, ao ver quem mais estava na sala.

Tiago e Lílian. Sirius e Ayesha, com Soraya. Arthur e Molly. Nigel Lovegood, segurando a mão de Luna e Augusta Longbottom, junto a Neville (“Sujou geral”, pensaram os bruxinhos).


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