Acordei no hospital. Abri os olhos com dificuldade. Não lembro de como cheguei aqui. Viro para o lado, para ver se encontro alguém conhecido.
Miguel está sentado em uma poltrona, com as mãos na cabeça. America e Maxon estão sentados em um pequeno sofá, abraçados. Até Lucy e Aspen estão aqui. Faz tanto tempo que não os vejo. Lucy foi a primeira a perceber que eu acordei, e logo avisou a America.
Todos correram na minha direção.
–O que aconteceu?- Perguntei com a voz falha
Miguel segurou minha mão e começou a falar
–Quando eu cheguei no palácio, Maxon disse que não havia mandado me chamar, então todos voltamos o mais rápido possível, e quando chegamos... Você estava caída no chão- Ele parou por aí, não precisava dar os detalhes que eu já sabia. Eu estava cheia de sangue.
–O que aconteceu? Você caiu?- Perguntou America. Seus olhos estavam vermelhos. Aliás, os de todo mundo estava.
–Natasha...- Foi tudo que eu consegui dizer.
–O que?- America perguntou incrédula- Eu vou matar aquela...
–America- Maxon a interrompeu, apontando discretamente para mim com a cabeça.
America percebeu que eu estava assustada, então parou de falar
–O que aconteceu? E o meu bebê?- Perguntei a Miguel
Ele abaixou a cabeça e começou a chorar. Esperei que ele respondesse, mas ele não tornou a levantar os olhos para mim.
Entrei em desespero
–America? -Supliquei
–Sinto muito May- Ela disse chorando.
Eu não acredito. Não, não, não.
–Você está dizendo... que eu perdi o bebê?- Eu não consigo dizer se estava gritando, só que eu estava desesperada. Comecei a respirar com dificuldade, e o choro só piorou as coisas.
–Não, não, não. Miguel..-Apertei sua mão, e ele se aproximou mais.
–May... Por favor fica calma- Apesar de estar me pedindo para ficar calma, ele estava claramente desesperado.
America chamou o médico e ele injetou alguma coisa no meu braço. Não sei como ele conseguiu, pois eu estava muito agitada. Mas depois de alguns minutos, comecei a me sentir cansada e sonolenta, então apaguei.
***
Passei uma semana no hospital. Foi a pior semana da minha vida, mas eu tinha que continuar lá. Embora eu não me sentisse mais viva. Todos os dias recebia várias visitas, Miguel nunca saía do meu lado, mas eu não falava com ninguém. Nem mesmo com ele.
No último dia, eu tinha que fazer uma consulta para o médico me deixar ciente de tudo. Só não sabia que tudo era esse.
Estava deitada, olhando para o teto como sempre
–May... Me desculpe, foi tudo culpa minha. Eu não deveria ter deixado você sozinha- Disse Miguel com a voz trêmula.
Eu percebi o quanto estava sendo cruel com ele, embora eu estivesse despedaçada, ele também estava. O filho também era dele, e eu sei que ele já o amava tanto quanto eu.
–Não foi sua culpa- Falei chorando -Me perdoe por me comportar assim.
–Não precisa se desculpar meu amor.
Ele me abraçou e eu tive a certeza de que podia contar com ele, para tudo.
Tomei banho e troquei de roupa. Segurei a mão dele e entramos juntos na sala do médico.
Sentamos nas cadeiras, lado a lado. O médico me olhou com uma expressão de pena, que eu não gostei nada.
–Então...?- Perguntei
–May... não gosto de fazer rodeios, então vou direto ao ponto com você- Ele fez uma pausa -Você não poderá mais ter filhos.
–O que?- Perguntei assustada. Miguel apertou minha mão.
Isso não pode estar acontecendo comigo. Eu devia estar em estado de choque, porque nem consegui chorar.
–Sua última gestação já foi de risco, e a forma como você perdeu o bebê complicou sua situação. Não estou dizendo que você não pode mais engravidar. Mas estou te proibindo. Caso isso aconteça, haverá uma grande chance de perder você ou o bebê, e na pior das hipóteses, os dois.
Olhei confusa para Miguel, ele tentou me acalmar, sussurrando um "eu te amo", mas nessa hora eu só conseguia pensar em uma coisa:
–Natasha!- falei com raiva