Vampire Dreams - A Maldição escrita por DennyS


Capítulo 3
III - Perseguição




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~•*•~

Capítulo III

Perseguição

Apesar de não se importar com os comentários e os boatos que sua prima Jessica fez questão de espalhar pela escola, Cristine sentia-se desconfortável pela forma grotesca que era ignorada.

Lembrou-se das palavras de sua prima mais cedo, antes de chegarem na escola.

“Vamos deixar uma coisa bem clara, Cristine. Não quero você me seguindo na escola, não quero você conversando com os meus amigos e principalmente dando bola para o aluno estrangeiro que logo em breve será o meu namorado. Fique longe e sozinha. Não quero que a sua falta de sorte passe para mim!”

Como se fosse preciso se afastar, pensou desanimada.

Jessica já havia feito tudo sozinha. Ninguém se aproximava de Cristine.

Estava no refeitório em uma mesa separada da “civilização”. Era a única mesa vazia onde ela podia ficar sozinha com o seu almoço.

Do outro lado, a mesa de Jessica estava lotada. Havia três meninas que não se separavam de Jessica por nada, e mais dois meninos do time de futebol.

Suspirou irritada.

As primeiras aulas foram constrangedoras. Ter que se apresentar para uma turma que a olhava como se ela fosse a peste, era mais assustador. Chegava a ser pior que enfrentar vovó Charlotte.

–Cristine?

Ouviu alguém chamar por ela ao seu lado interrompendo seus devaneios.

–Lembra-se de mim?

Cristine estreitou os olhos para a garota ruiva que acabara de se sentar ao seu lado. Ela era magra e muito alta. Seu rosto era afilado e corado como seus cabelos. Lembrou-se de uma garotinha ruiva travessa que colocou um rato na sopa da escola e pôs a culpa em Cristine quando elas tinham oito anos.

–Lara Collins?

–Isso mesmo! – a ruiva sorriu satisfeita. – Você mudou bastante. Se a escola inteira não estivesse falando de você, eu jamais a reconheceria.

–A escola inteira... - Cristine estremeceu, embora já soubesse disto.

–Estão falando coisas estúpidas de você há dias! Eu não aguento mais.

Há dias? Cristine estreitou os olhos. Isso significava que Jessica havia lido sua carta, com certeza. Ela nem ao menos comentou com Charlotte. Queria que Cristine se humilhasse pessoalmente e foi o que aconteceu.

–Estavam tentando variar, entende? – Lara Collins almoçava ao lado dela sem se importar com sua reputação manchada. Cristine sentia-se bem por isso.

–Como assim?

–Você ainda não ouviu falar do novo aluno estrangeiro do último ano? – Lara fez uma expressão como se estivesse pasma.

–Ouvi uma coisa ou outra... – disse Cristine sem muita convicção. Na verdade ouvira muita coisa a respeito dele. Na aula de biologia, duas garotas tagarelavam na sua frente sobre o aluno italiano.

Uma dizia que ouviu falar que sua família era muito rica e estava em Dark Hollow para se esconder de um assassino, pois eles testemunharam um crime.

A outra dizia que ele era muito bonito para estar estudando numa escola tão estúpida como a Escola Secundária Henrique Hollow. Provavelmente ele era um policial italiano disfarçado.

–Só faz uma semana que a família dele se mudou para Dark Hollow. – disse Lara debruçando-se até Cristine como se estivesse fazendo fofoca. – Ele mora com uma tia e seus dois irmãos. Na verdade seu irmão e a noiva dele, mas eles se consideram como irmãos. Foi minha mãe quem descobriu que eles são noivos. Outro dia eles foram fazer compras na mercearia do meu pai. A Sra. Adele conversou com a minha mãe sobre as flores que não cresciam aqui e mais alguma coisa sobre salgueiros e acabou deixando escapar que Loius Santinelli na verdade é noivo da garota que estão com eles.

–Santinelli? – perguntou Cristine achando aquele nome um pouco familiar.

–Sim, eles são a família Santinelli. São italianos, mas falam muito bem o nosso idioma.

Lara parecia ansiosa em falar sobre os Santinelli. Ela mastigava seu almoço apressadamente, bebendo suco para ajudar a engolir.

–Bom, como eu disse, você foi o alvo dos boatos nos últimos dias. – continuou Lara. – Demetri Santinelli ficou alguns dias sem aparecer na escola e então Jessica começou a falar do seu retorno, na verdade estava nos alertando sobre ele...

Lara fez uma pausa para mastigar.

–Alertando? O que foi que ela disse? – perguntou Cristine depois de engolir um pouco do suco.

Lara ficou tensa de repente, voltando a fitá-la.

–Eu fico constrangida em ter que repetir o que ela falou sobre você...

–Diga então o que pareceu menos grave.

–O que pareceu uma mentira de cara lavada, eu diria. –Cristine percebeu que Lara fez uma careta quando olhou na direção da mesa popular de Jessica Haymes. Talvez elas se odiassem mais do que ela imaginava. – Ela disse que você incendiou o seu colégio na Suíça. Disse que você estava vindo para Dark Hollow para se esconder da polícia.

Cristine quase cuspiu o suco de laranja quando começou a rir.

–O que? – ela riu de novo, fitando o rosto incrédulo de Lara Collins. – Então estão todos com medo de mim? É por isso?

Lara não achava nada engraçado.

–Não foi apenas isso que ela disse sobre você, Cristine.

–Eu realmente não me importo com o que ela disser sobre mim, Lara. O que importa é que eu sei da verdade. Quanto a quem acreditar nas bobagens que ela fala e se sentir intimidado por mim, não posso fazer nada para ajudar a pobre alma. Não me importo.

–Ela está pondo todo mundo contra você. Não percebe que assim não terá nenhum amigo?

–Está tudo bem... Em algum momento talvez, ninguém mais acredite nela.

Lara ficou pensativa por um momento. Esperava que Cristine surtasse e fosse até a prima e puxasse seus belos cabelos loiros. Mas Cristine era muito pacífica.

–Eu sinto muito, Cristine...

–Pelo que? Aquele incidente com o rato já está perdoado.

–Não por isso. Eu realmente sinto muito.

Lara se levantou, pegou sua bandeja e seguiu na direção de Jessica do outro lado do refeitório.

Cristine se contraiu quando a viu sentando-se ao lado de Jessica e dizendo: “Eu tentei”, Cristine leu os lábios dela.

Lara era amiga de sua prima e estava fazendo alguma coisa que Jessica ordenou a ela.

Cristine abaixou os olhos para o copo de suco em suas mãos. Lara parecia ser tão amigável. Talvez bem no fundo ela não quisesse fazer seja lá o que Jessica pediu a ela.

Ela levantou o olhar novamente, encontrando um par de olhos azuis, intensos e profundos na sua direção.

~•*•~

Demetri sentia que iria enlouquecer a qualquer momento dentro daquela sala. Nenhuma de suas primeiras aulas ele havia visto Cristine.

Ouviu de Alan Brent na aula de trigonometria, que Cristine Haymes teria aula de história com ele no quinto período. Então o faria trocar de horário com ele forçadamente.

Quando a aula acabou, Demetri derrubou os livros de Alan Brent quando passou ao lado da carteira dele e esperou do lado de fora.

Quando todos saíram e deixaram Brent sozinho recolhendo seus livros, Demetri agiu.

Em questão de segundos, ele estava de frente para o garoto, que num pulo se assustou com o ataque repentino. Demetri segurou Alan pelo colarinho e o encarou. Seus olhos mudaram de cor, ficaram escarlates, ofuscando nos olhos castanhos de Alan Brent.

Alan não piscava seus olhos. Seu corpo estava tenso e inerte ao comando de Demetri.

As imagens da mente de Alan eram muito conturbadas. Demetri nunca imaginou que alguém tão jovem como ele tinha tantas preocupações. Cenas da sua família, de seu pai bêbado, sua mãe chorando à noite escondida da família passavam diante dos olhos de Demetri como num lampejo. Por um momento sentiu-se mal por estar sondando a mente do jovem inocente.

“Sua próxima aula será literatura.” Ordenou em sua mente para o jovem, colocando imagens novas e apagando as memórias sobre a aula de história. Não queria mais sondá-la. Terminaria com o seu plano para deixá-lo livre.

No entanto, imaginou que para estar no refeitório seria melhor estar acompanhado. Ele não almoçava no refeitório desde o primeiro dia em que pôs os pés naquela escola. Talvez se todos pensassem que ele tinha um novo amigo, ninguém o incomodaria.

“Nós somos grandes amigos.”

Os olhos de Demetri voltaram à cor normal, depois soltou o corpo rígido de Alan. Ele piscou os olhos algumas vezes, depois encontrou o rosto de Demetri.

–Demetri! Cara, o que aconteceu?

–Seus livros caíram. – disse Demetri impassível.

–É verdade! – Alan sorriu e se abaixou para pegar os livros.

–Estamos atrasados! Vamos para o refeitório.

Alan o seguia tagarelando no ouvido de Demetri sobre os jogos de computador que ele mais gostava. Agia como se o conhecesse há muito tempo.

Demetri se sentiria bem em ter um amigo humano, se Alan não estivesse sendo forçado a isso. No dia seguinte, Alan não se lembraria de mais nada. Veria Demetri do mesmo jeito que os outros o vêem, passaria por ele como se ele fosse o aluno novo estrangeiro e nada mais. O único problema seria se alguém perguntasse a Alan sobre Demetri. Ele ficaria confuso e pensaria que tudo o que acontecera foi um sonho mal terminado.

Demetri não parecia preocupado com isso, pois tinha uma nova obsessão. Sabia que enquanto sua curiosidade não se findasse, ele faria de tudo para se aproximar de Cristine.

Pararam na porta do refeitório. Demetri sentiu-se ansioso de novo quando a viu. Reparou que quase todos no refeitório pararam para vê-lo, mas ele não se importou.

–Por aqui, amigão! – Alan bateu em seu ombro e indicou uma mesa vazia.

Sentaram-se.

Alan continuava tagarelando e Demetri só assentia com um leve menear de sua cabeça. Seus olhos estavam na direção de Cristine que ainda não tinha visto-o.

Demetri se concentrou na direção dela, para ouvir apenas o que Cristine conversava com a garota ruiva. As outras vozes do salão foram diminuindo, tornando-se nada mais que sussurros aos seus ouvidos.

“Eu fico constrangida em ter que repetir o que ela falou sobre você...”

“Diga então o que pareceu menos grave.”

“O que pareceu uma mentira de cara lavada, eu diria. Ela disse que você incendiou o seu colégio na Suíça. Disse que você estava vindo para Dark Hollow para se esconder da polícia.”

Demetri sentiu vontade de rir junto com Cristine.

O som do riso dela era encantador para ele.

Porém, segundos depois ela pareceu triste. A garota ruiva se levantou e seguiu para outra mesa, enquanto Cristine fitava seu copo de suco.

Demetri desejou intensamente saber o que ela pensava. Não entendia de onde vinha toda essa curiosidade a respeito daquela criaturinha de olhos verdes, mas sabia que tinha que saciá-la.

Cristine levantou os olhos e encontrou os olhos azuis de Demetri. Ele estava bem afastado dela, mas pôde ouvir seu coração bater acelerado, bombeando o sangue doce e delicioso por suas veias.

Apenas alguns centésimos se passaram.

O sinal soou na cafeteria, avisando que o intervalo chegara ao fim.

Demetri avistou Cristine sair do refeitório e olhar para trás antes de desaparecer pela multidão de alunos.

~•*•~

Depois da aula, Cristine seguiu a direção da pequena lojinha de sua tia Lucy, onde substituiria a prima Jessica. A cidade parecia a mesma de seis anos atrás, porém Cristine não conseguia encontrar o caminho. Isso por ter confiado nas instruções de Jessica.

A rua onde estava era estreita e deserta. Não passavam das quatro da tarde e já estava ficando escuro. A falta de sol naquela cidade era muito frequente.

Cristine continuou andando pela rua cinzenta até alcançar uma viela que daria na loja onde trabalharia a troco de sua hospitalidade na casa de vovó Charlotte. O corredor estreito era ainda mais escuro que a rua. Cristine o adentrou, seus pés pisaram firmes no chão de pedra oca fazendo um barulho alto e assustador.

Ela apressou os passos, estreitando os olhos para enxergar melhor. De repente, muito inesperadamente, ela sentiu um gelo na espinha, como se estivesse sendo observada.

Seus pés pararam. O que realmente queria fazer era correr, mas algo a impedia de se mover.

O medo fluía gelado das veias dela, deixando-a em pânico.

Sabia que não estava sozinha.

Alguém estava ali.

Poderia ser alguma brincadeira estúpida dos seus primos, mas o que ela sentia era muito forte. Ela sentia que precisava sair dali.

Sem saber como, Cristine conseguiu correr. Se esforçou para não tropeçar pelo caminho, porque alguém a seguia. Ela sabia disso, mas não ousaria olhar para trás.

Ainda correndo, avistou o fim do beco e do outro lado da rua, uma placa onde dizia: Hayme’s Móveis usados – acessórios para o lar.

Quando saiu do beco escuro, um carro passou pela rua há poucos centímetros dela.

Cristine gritou juntamente com a buzina estridente do carro e parou ofegante. Suas pernas latejavam pelo esforço de segundos atrás.

–Mas que barulho foi esse?! – tia Lucy saiu da loja, avistando Cristine do outro lado da rua. – O que houve, querida?

Cristine olhou para trás, ofegando, ainda trêmula pela adrenalina que pulsava em suas veias.

Não havia nada. Apenas o beco escuro de pedra oca.

–Cristine? O que foi, querida? – Tia Lucy ainda estava parada em frente da porta olhando para a sobrinha.

–Não é nada, tia. – disse ela se aproximando.

–Você está atrasada, eu fiquei preocupada.

–Eu me perdi, desculpe. – Cristine fitou a tia e tentou sorrir para se desculpar. Tia Lucy era a única pessoa que a tratava bem, mesmo que ela não a defendesse da vovó Charlotte. Lucy tinha medo de enfrentá-la, por isso Cristine não a culpava.

–Ainda bem que você gosta de me ajudar. Eu não estava mais agüentando a Jessica reclamando.

Tia Lucy passou pelas portas altas de madeira e Cristine olhou uma última vez para a rua deserta.

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Notas finais do capítulo

Depois de muitos meses desaparecida, voltei! Essa história está cada dia mais "formigante" na minha cabeça. Espero que estejam gostando. Teremos ainda romance e mais um pouco de terror e suspense. Obrigada pelos reviews! Quem leu até aqui, deixe sua opinião! Té + =Denny