P.O.V. Emma Swan

Acordei com um raio de Sol no meu rosto, o que me fez virar para o outro lado da cama, desejando dormir novamente. Notei que havia outro travesseiro na cama, o que me chamou a atenção, já que só durmo com um. Isso me fez levantar bruscamente a procura de algo familiar.

Notei que ainda estava com o vestido rosa, que estava totalmente amassado, porém meus saltos estavam encostados no pé da cama. Levei a mão a cabeça relembrando os momentos da noite anterior, percebi que tinha bebido muito, já que minha mente fez questão de lembrar através de uma dor de cabeça um tanto quanto irritante.

Andei pelo quarto a procura de Killian, eu realmente devia um pedido de desculpas a ele, porém a única coisa de achei foi uma camisa e um bilhete com a sua letra.
“Pode usar essa camisa se quiser, qualquer coisa tem alguns comprimidos para dor de cabeça no armário.”

Confesso que fiquei um pouco envergonhada com a situação, e me senti um pouco intrometida, porém a dor de cabeça aumentou e resolvi que seria melhor tomar um banho. Fui em direção ao banheiro, onde descobri a fonte do maravilhoso aroma de Killian, já que havia no mínimo uns sete tipos de perfume.

Entrei na banheira e fechei os olhos, meus pensamentos variavam entre “Maldita ressaca” e “Onde está o Killian? Que vergonha dessa situação”. Fiquei ali por uns quinze minutos até que acordei de meus pensamentos, peguei um roupão e sai do banheiro penteando meu cabelo. Abri a porta lentamente, afinal Jones podia muito bem ter entrado no quarto, já que era dele. Depois de confirmar que estava vazio, sentei-me na cama e terminei de secar tanto meu cabelo quanto meu corpo.

Olhei para o meu vestido extremamente amassado, era impossível vesti-lo, então olhei para a camisa de Killian. Depois de muitas e muitas dúvidas, resolvi vesti-la torcendo para que você longa o suficiente para cobrir pelo menos metade da minha coxa. Olhei-me no espelho várias vezes antes de descer, por fim fiz uma trança no cabelo e tomei coragem de ir para o primeiro andar da casa.

Desci as escadas lentamente, o silêncio na casa era tão grande que era possível escutar a minha pesada respiração, que eu esforçava para controlar. Senti uma pontada de pena ao avistar Killian um tanto quanto encolhido no pequeno sofá, mas ao mesmo tempo senti admiração por ele, já que desistiu de uma noite bem dormida por mim.

Andei silenciosamente em direção à bancada da cozinha, peguei meu celular e notei que havia várias mensagens e ligações, uma de Henry e cinco de Graham. Isso me deu um certo aperto coração, afinal ele sabia que eu tinha um encontro, porém preferi pensar que as ligações eram para saber se tudo tinha ocorrido bem.

Liguei uma vez e ele não atendeu, poderia estar dormindo, porém preferi ligar mais uma vez apenas para confirmar minhas suspeitas. De repente percebi que ele tinha atendido, então um grande alívio tomou conta de mim.

– Graham? – disse baixo para não acordar Killian – Graham está tudo bem? – sorri ao dizer seu nome.
– Emma? – uma voz que com certeza não era do meu amigo surgiu do outro lado da ligação.
– Graham, é você? – aquilo estava me deixando angustiada.
– Não Emma, aqui é o Dr. Whale – disse seriamente.
– Doutor o que aconteceu com o Graham? Está tudo bem com ele? – disse angustiada.
– Emma – ele disse calmamente – eu preciso conversar com você.
– Nós estamos conversando – disse seriamente.
– Pessoalmente.
– O que aconteceu com o Graham? – aumentei um pouco o tom de voz.
– Eu prefiro que você escute isso pessoalmente.
– Eu preciso saber AGORA – aumentei mais ainda o tom de voz – o que aconteceu com o Graham? – tentei me acalmar.

– Você tem certeza?
– Sim – disse com medo da resposta.
– Se você quer assim – disse pausadamente – Graham está – ele deu uma pausa.
– Graham está o que?! – disse desesperada.
– Graham está morto.

Um vazio formou-se em meu coração. Uma mistura de dor, arrependimento, culpa e angústia inundou a minha mente como um tsunami inundando uma cidade. Graham estava morto. Meu melhor amigo tinha ido embora para sempre. Deslizei meu corpo até chegar ao chão, onde senti o frio da parede de granito da bancada em minhas costas. Estava em choque, lágrimas escorriam pelo meu rosto e soluços ecoavam pela sala.

– Swan? – sua voz rouca me fez olhar diretamente para seus olhos – Swan está tudo bem?

Killian veio em minha direção e se ajoelhou na minha frente. Apenas continuei olhando para ele, sentindo o gosto salgado das lágrimas na minha boca. Jones continuou olhando para mim por alguns segundos, porém a voz de Whale ecoou novamente pela sala e ele rapidamente pegou o celular.

– Emma! Você está aí?
– O que aconteceu?
– Killian?! – disse surpreso – O que você está fazendo com o celular da Emma?
– Longa história, agora você pode me explicar o que está acontecendo?
– Graham morreu, foi assassinato nas docas.
– O QUE?
– Isso mesmo que você escutou – disse seriamente – agora você pode me fazer um favor?
– Acho que sim – disse com a voz trêmula.
– Peça para a Emma vir aqui para as docas, ela provavelmente vai querer examinar a cena do crime.
– Ok.
– Jones?
– Sim.
– Não deixe que Emma dirija, ela está em choque, com certeza não vai conseguir se concentrar.
– Tudo bem.
– E mais uma coisa Killian.
– O que Whale?
– Essa conversa ainda não acabou.

Killian desligou o celular e novamente se ajoelhou de frente para mim. O silêncio entre nós foi quebrado pelo reconfortante abraço de Jones, que me segurou pela cintura e meu apertou, me protegendo da dor que me cercava, coloquei meu rosto no seu pescoço e deixei que as lágrimas saíssem com mais intensidade, molhando a manga da camisa dele.

– Vai ficar tudo bem, você vai ver, eu prometo que vai ficar tudo bem.

Ele repetiu essa mesma frase centenas de vezes, sempre me abraçando e passando a mão em meus cabelos com o objetivo de me acalmar. Ficamos assim por vinte minutos, até que percebi que não podia ficar ali parada e sofrendo, eu tinha que resolver aquilo. Levantei-me bruscamente e fui em direção ao meu casaco, que estava pendurado num cabide no canto da sala. Meus movimentos eram acompanhados pelo olhar atento de Jones.

Vesti o casaco, peguei minha bolsa, meu celular e fui em direção à porta, porém fui impedida por Killian, que ficou na frente da porta bloqueando minha passagem.

– Licença – disse da forma mais calma que consegui.
– Eu não vou deixar você dirigir nesse estado.
– Então eu vou andando – disse tentando colocar a mão na maçaneta.
– Não, você não vai, não sem mim – ele olhou diretamente nos meus olhos – espera um minuto que eu volto – disse correndo as escadas.

Sentei-me no sofá e esperei por Killian, porém confesso que pensei em sair correndo várias e várias vezes. Depois de dois minutos Jones surgiu no fim das escadas, dessa vez mais arrumado, com uma calça jeans escura e uma camisa branca. Além disso, segurava também seu casaco preto, um short feminino e os meus saltos.

– Aqui – disse me entregando o salto e o short – era da Milah, é melhor do que nada – disse virando-se para o outro lado.
– Obrigada – disse vestindo o short, colocando os saltos e pegando o casaco – agora vamos – disse indo em direção à porta.

Entramos no carro e Killian dirigiu até a minha casa, onde entrei correndo. Fui ao meu quarto e coloquei uma calça e uma bota, já que estava frio. Tranquei a porta de casa e entrei novamente no carro, então fomos em direção às docas, onde eu veria Graham, uma das pessoas mais importantes da minha vida pela última vez.