P.O.V. Emma Swan

Acordei com o corpo suado e a respiração ofegante, afinal eu tinha sonhado com Killian. Mas não um sonho qualquer, com um beijo romântico na praia, como em um filme inspirado nos livros do Nicholas Sparks. Muito pelo contrário, o sonho estava mais para um dos filmes de Lars von Trier ou Martin Scorsese, em que bastava apenas um olhar para que o desejo e o prazer começasse a correr pelo corpo.

Tomei um banho rápido, apenas para afastas o sono que ameaçava voltar. Coloquei uma calça de cor azul escura, uma blusa branca um pouco larga e um par de botas. Acordei Henry e desci as escadas em direção à cozinha. Fiz uma vitamina de morango e algumas torradas com manteiga para Henry, e depois disso comi a minha parte. Deixei um bilhete desejando boa aula e fui para a delegacia.

A delegacia estava extremamente calma, o que me irritava, afinal o silêncio me fazia pensar, e pensar muito na minha mente sempre me levava ao limite do pessimismo. Felizmente eu tinha conseguido prender Greg e espero que ele fique na cadeia por um bom tempo. Infelizmente eu sabia que aquele caso não estava finalizado, afinal eu podia ter prendido o distribuidor das drogas, mas eu ainda não tinha se quer ideia de onde o fornecedor estava. Pelo menos eu tinha praticamente certeza de que essa pessoa era Sidney.

Além disso, eu ainda tinha que lidar com Regina, afinal o casamento dela acabou por minha causa. Eu tinha que falar com ela urgentemente e de preferência sem nenhum copo de vidro por perto. E para piorar a situação ainda tinha Neal. Eu até entendia o lado do garoto, afinal ele só não quer que as lembranças de seus pais juntos e felizes sejam alteradas. Meu único medo era que isso fizesse com que Killian brigasse com o filho, o que já vinha acontecendo.

Fui acordada de meus pensamentos com uma batida na porta do meu escritório. Killian estava encostado na porta. Ele estava com uma jaqueta de couro preta, que o deixava ainda mais sexy, se é que isso é possível.

– Bom dia amor – disse sorrindo.
– Bom dia querido, dormiu bem?
– Na medida do possível sim – disse coçando a orelha.
– Como assim? – disse confusa.
– Neal – disse sem graça.
– Você brigou com ele de novo? – disse um pouco chateada.
– É – disse abaixando a cabeça.
– Killian! Eu já te falei.
– Eu sei, é só que ele tem que entender que está na hora de seguir em frente.
– Ele ainda é uma criança e você sabe disso.
– Mas...
– Killian – disse colocando minha mão em seu rosto – não se preocupa, ok?
– Tem certeza?
– Absoluta – disse beijando sua boca.
– Tudo bem.
– Agora que tal a gente mudar de assunto? – disse colocando minhas mãos em volta de seu pescoço.
– Excelente, até porque eu tenho um convite para te fazer.
– Sério? – disse surpresa.
– Uhum, que tal a gente ir para a festa de noivado do David e da Mary junto?
–Como um casal?
– Com certeza – disse sussurrando – e eu adoraria se você usasse vermelho.
– Por quê? – disse curiosa.
– Porque você fica ainda mais atraente – disse com um sorriso malicioso.
– Ah é?! – disse sussurrando.
– Uhum.
– Vou me lembrar disso – disse mordendo os lábios.

Depois de alguns segundos o celular de Killian tocou, e pela sua expressão o assunto não era dos melhores.

– Então? – disse depois que ele desligou.
– Problemas com um barco – disse me dando um selinho – até amanhã.
– Até – disse sorrindo.

Eu não tinha praticamente nada para fazer, afinal todos os arquivos já estavam arrumados. Sentei-me na minha mesa e fiquei observando o lugar, até que uma mancha na parede da cela me chamou a atenção. Andei até lá e tirei o travesseiro que escondia o restante da mancha. Era um aviso escrito com algo vermelho, provavelmente sangue. “Isso ainda não acabou” decorava a parede cinza da cela. Eu tinha certeza de que aquela ameaça era de Greg, afinal ele já tinha me ameaçado uma vez.

Sentei-me na cadeira e fiquei pensando em todas as possibilidades. Greg estava preso, e eu espero que fique por lá por um bom tempo. Ele não tinha “amigos” para pedir algo, ou seja, a única pessoa que sobrava era o estrupício do Sidney. Eu tinha que achar aquele desgraçado urgentemente.

O restante do dia foi bastante tranquilo, almocei no Granny’s e fiquei no meu escritório até o fim da tarde. Estava pegando minha bolsa para ir embora, quando o telefone da delegacia tocou, fazendo com que eu corresse um pouco para atendê-lo a tempo.

– Emma Swan.
– Oi Emma, é o Philip.
– Ah sim, oi!
– Eu te liguei por causa da ameaça, você tem certeza de que está tudo bem?
–É... – disse olhando para a mancha e para a foto de Sidney – provavelmente, mas acho melhor nós ficarmos de olho em Sidney Glass.
– Ok, qualquer coisa é só ligar.
– Ok.

Terminei de arrumar minhas coisas e dirigi em direção à minha casa. Abri a porta e um maravilhoso cheiro de pizza me chamou a atenção. Entrei e vi Henry arrumando a mesa, muito sorridente por sinal.

– Oi filho!
– Oi mãe! – disse sorrindo – comprei pizza!
– É, eu percebi – disse mexendo em seu cabelo – que alegria é essa hein?
– É que eu chamei a Gretel para ir à sorveteria e ela aceitou – disse sorrindo.
– Parabéns! – disse abraçando-o de lado.
– Valeu mãe! Agora vamos comer, porque eu estou morrendo de fome.
– Ok.

Depois do jantar sentamos-nos no sofá e assistimos TV. Henry não parava de sorrir nenhum minuto sequer, o que de certo modo me preocupava, porque eu sabia muito bem como era a dor de um coração partido. Além disso, eu sentia que a Grace também sentia algo pelo meu filho, apesar dele sempre negar. Preferi não tocar no assunto e resolvi prestar atenção no filme que passava na televisão.

– Mãe...
– Oi filho.
– Eu já vou dormir ok? – disse se levantando.
– Ok, boa noite – disse sorrindo.

Fiquei acordada por mais alguns minutos até que resolvi ir para cama. Coloquei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, torcendo para que sonhasse com Killian novamente.