Losing my Humanity escrita por Jae Renald


Capítulo 36
Cap. 35 ─ Torture


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, só passando mesmo para agradecer pelos comentários divos de sempre. Muito amor por vcs!



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Chegando a um ponto isolado e desconhecido da floresta, solto a garota que cai ofegando e passando os dedos furiosamente sobre as marcas deixadas por mim durante nossa corrida.

Ao que parece, o modo como agarrei sua garganta não a sufocou, mas prejudicou suas pregas vocais, já que ela tosse e tenta gritar em vão. A garota se arrasta lentamente pela terra, mas fica claro por sua expressão que ela não faz ideia de onde está.

A alcanço e viro seu corpo, de modo que seu rosto encare o meu. Sento sobre pélvis e aperto os joelhos em sua cintura tornando escapar quase impossível. Noto que a garota ainda está com sua bolsa de mão firmemente agarrada entre os dedos.

─ Vejamos o que há aqui. ─ pego a bolsa, apesar da garota se revirar abaixo de mim como um gato raivoso.

Não foi a quantidade de dinheiro o que me surpreendeu, mas sim a quantidade de preservativos e comprimidos no pequeno acessório.

─ Então, você é uma profissional... ─ guardo o bolo de notas com quantia indefinida no bolso de meu casaco ─ Desconfiei.

A garota tem o olhar fixo em meu rosto. O jeito como seus olhos escuros com íris avermelhada me encaram me surpreende, por demonstrarem raiva ao invés de medo.
─Não devia estar chorando e implorando por sua vida? ─ pergunto me aproximando de seu rosto, sentindo sua respiração quente e acelerada ─ Quer saber?! Não importa, não vou te molestar nem nada do tipo. Sou mocinha, não vilã.

***

O sinal que indica o fim da aula ressoa em meus ouvidos, me fazendo despertar.
Desde que o dia começou, sou atacada por flashbacks o tempo inteiro, que me levam de volta para a floresta e fazem minha cabeça latejar a ponto de parecer explodir.
Levanto-me, sentindo o mundo a meu redor girar bruscamente. Kira, que teve este horário junto comigo, me alcança e entrelaça seu braço esquerdo em minha cintura de modo a me oferecer apoio.
─ Está tudo bem? ─ ela indaga em seu tom doce e envergonhado costumeiro.
─ Sim, ─ me apresso em responder, afastando seu toque gentilmente - apenas acho que filosofia não é a minha matéria.
─ Bem, se quiser ajuda nos próximos testes, podemos estudar lá em casa - ela oferece apreensiva─ Malia estará lá também.
─ É muito gentil da sua parte Kira, obrigada ─ me apresso para fora da sala, onde me encontro entre dezenas de outros alunos correndo para o próximo horário. Os passos de cada pessoa me irrita. Cada riso, cada porta de armário batida, cada respiração. Tudo parece ressoar dentro de mim, como um gigante e barulhento gongo interno.
Mesmo assim, caminho forçadamente até meu armário, e depois até minha próxima sala.

***

─ Não sente frio com essas roupas? ─ toco sua perna direita com as costas da mão ─ Está um gelo por aqui.
A garota se revira menos insistentemente abaixo de mim, me levando a pensar que se sente derrotada.
─ É uma garota corajosa sabe?
Num rápido movimento, a garota acerta algo em minha cabeça, provavelmente uma pedra, fazendo minha visão falhar e lhe dando a oportunidade de fugir.
Ela não hesita ao desferir um segundo golpe, me levando ao chão e me deixando quase inconsciente.
Ouço seus passos irregulares, se afastando cada vez mais, mas meu corpo jaz quase inerte no meio da floresta.
Sinto cheiro de sangue e o sinto molhar minha testa embaçando ainda mais minha visão. O aroma delicioso me faz acordar em poucos segundos, e a perseguição se inicia.

***

Stiles aperta meu braço, chamando disfarçadamente minha atenção enquanto a Sr.ª Martin preenche o quadro negro com siglas de elementos da tabela periódica.
─ Como anda sua relação com a polícia? ─ ele sussurra em meu ouvido, fazendo meu estômago revirar e minha cabeça latejar com a pergunta.
─O que quer dizer? ─ tento manter meu tom de voz baixo e controlado, um feito praticamente impossível.
─ Você e Parrish. ─ ele explica após se certificar que a professora não está nos observando ─ Como andam as coisas entre vocês?
─ Segui seu conselho, descompliquei. ─ me limito a responder ─ Detalhes só ao sair daqui.

***

Sendo guiada por nada mais que meu olfato desejoso, e por minha audição apurada, persigo a garota que foge desesperada, as árvores parecendo nada mais que borrões em meu campo visual.
Após uma bela corrida ouço um alto estalo de galho se quebrando e, entre os sons da noite, diferencio o arfar da garota. Apresso ainda mais meus passos e a encontro tentando se reerguer, um corte superficial em seu rosto rasgando seu nariz e descendo por sua bochecha esquerda. Ela tenta andar, mas guincha ao se levantar, talvez com um tornozelo torcido.

Observar uma pequena gota rubra percorrer o caminho por seu queixo redondo e escorrer por seu pescoço violado é o suficiente para me deixar a beira da loucura. “Calma!”, obrigo meu corpo a escutar.

Tiro a jaqueta de seu corpo e a uso para amarrar a garota contra uma arvore de caule fino. Ela soluça miseravelmente, porém não tenta mais lutar.

─ Por favor. ─ a súplica sai quase em forma de sopro de seus lábios.

Por um momento, meu coração se aperta e quase sigo meus impulsos bondosos e a solto. Quase.

─ Ah querida! ─ me sento ao seu lado na terra úmida, enquanto passo meus dedos em seu cabelo completamente desgrenhado ─ Se lhe serve de consolo, já estive na mesma posição em que se encontra agora.

Ela não me encara, tendo as pálpebras fortemente pressionadas uma contra a outra, seu rosto inclinado na direção oposta, sujo com terra, sague e lágrimas.

Colo meus lábios em sua clavícula gelada, sua pele arrepiando com o toque quente. Acaricio sua cintura por sobre o tecido sujo do que outrora foi eu sedutor vestido. A garota se encolhe, me repudiando e quase se fundindo com a árvore onde está recostada.

─ Eu entendo. Ah como entendo! ─ meu tom é tão doce e confortante que me surpreende ─ O medo, a confusão. Também já me fizeram refém. Já me senti fraca e vulnerável, como provavelmente está se sentindo agora.

A garota vira o rosto lenta e rigidamente em minha direção. Suas lágrimas, lavando seu rosto corado e descendo por seu decote provocante, transparecem o terror sentido. Seus globos oculares, duas esferas de carvão polido, me encaram furiosamente.

─ Por favor... ─ ela reúne toda sua coragem e sua dignidade restante e os põe em uma única frase.

─ Desculpe querida, mas nós duas sabemos que não posso te deixar ir. ─ respondo, observando seu choro se tornar mais abafado e convulsivo.

Passo um de meus polegares gentilmente sobre seu rosto molhado, e a garota o ataca como um cão raivoso, rasgando minha pele e fazendo sangue jorrar entre seus lábios. Rio, sentindo o ferimento se curar e meu estomago rosnar com ferocidade, implorando por comida.

Beijo os cantos de seus lábios e sussurro em seu ouvido:

─ Pense em algo feliz.

Cravo meus dentes em sua jugular e sugo todo seu sangue. Só paro ao perceber seu corpo drenado tombar sobre mim. Então termino de despi-la, e um pensamento cruza minha mente ─ Jantar servido.

***

─Não acredito. ─ Stiles caminha ao meu lado, inconformado ─ O único conselho meu que resolve seguir, e termina com o cara que gosta? Você sabe que não foi o que eu quis dizer, não é?

─ É, mas eu quis descomplicar. ─respondo, minha cabeça impedindo pensamentos claros ─ Stiles, estou com muita dor de cabeça, pode me importunar depois?

─ Mas v...

─ Stiles, ─ o fuzilo com o olhar ─ depois.

Scott, Kira, Malia e Lydia se aproximam de nós para irmos juntos até o refeitório. Paro em frente a meu amigo, e encarando fundo seus olhos, peço:

─ Pode me perdoar por ser sempre um pé no saco?

─ Julie, do que está falando? ─ ele sorri, desconcertado.

─ Pode, ou não? ─ insisto.

─ Está bem... Eu te perdoo, eu acho.

─ Bom. ─ aceno rapidamente na direção das garotas. ─ Nos vemos depois.

─ Aonde vai? ─ Malia pergunta confusa.

─ Lavar roupa suja. ─ respondo já caminhando para a saída.


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Notas finais do capítulo

Se quiseram favoritar e recomendar a história, eu não vou achar ruim não viu? hhehehehehe