Losing my Humanity escrita por Jae Renald


Capítulo 35
Cap. 34 ─Desire


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores!!!!
Gente, ces não tem noção de como eu amo quando vcs saem das sombras e começam a comentar, dá uma vontade de correr pra escrever q ces não tem noção



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Amores foram criados para serem trágicos, essa é a única explicação plausível. Todas as juras, os sentimentos, toda a ilusão que inevitavelmente acaba com o tempo, ou com uma simples conversa.

É claro que minha divagação me faz quase insana. Não houve termino porque não houve namoro. Não há corações partidos porque não havia amor, pelo menos não ainda.

Mas ainda dói. Ainda incomoda, e ainda me tira o sono. Ainda faz todas as musicas deprimentes sobre términos fazerem sentido e acabarem por retratar minha vida. Claro que nenhuma falava sobre uma wendigo e seus conflitos pessoais, mas algumas realmente pareciam me entender, me descrever.

Deitada em minha cama, tentando inutilmente tentar dormir, penso na facilidade que Parrish aparentemente teve em apenas se virar e ir embora. Talvez todo o romance e carinho que ele tinha por mim fosse penas coisa da minha cabeça, afinal eu dei o primeiro beijo. Ou talvez apenas não fosse pra ser.

Eu poderia ficar deprimida, e continuar ouvindo todas as musicas já criadas sobre amores perdidos, mas meu estomago parece ser um problema mais urgente, principalmente pelo jeito brutal que ele ronca e me faz querer atacar o primeiro ser humano que aparecer em minha frente. Ou talvez eu apenas queira me concentrar em outra coisa.

Levanto-me e caminho até o espelho do quarto. Permito que os dentes em amarelo-dourado brotem na minha gengiva, e observo até que meus olhos estejam completamente brancos.

Caramba, eu sou assustadora.

Penso em tudo que sei sobre autocontrole, e após um tempo considerável consigo voltar ao normal. Mas a cama não parece ser um lugar nada atraente por enquanto, então visto um casaco de lã sobre minha camisola e calço um par de botas de camurça. Pulo pela janela do quarto e logo estou caminhando pelas ruas completamente desertas da cidade.

Minhas mãos ficam dormentes pela temperatura baixa, e jogo o cabelo sobre as orelhas numa falha tentativa de fazê-las um pouco mais aquecidas. Meus passos surdos são praticamente todo o som que há ao redor, com exceção do vento levantando algumas folhas nos quintais, e alguns pouquíssimos gatos pulando pelos telhados alheios. Em casos extremamente isolados, vejo uma fraca luz vindo de uma janela por aqui e por ali.

Eu não saí pra caçar. Apenas acabei criando uma afeição especial pelo silencio e pelo frio proporcionado pela noite. Sentir a imensidão do céu, me sentir livre como um animal noturno. A sensação de me sentir menor, de perceber o quanto minha vida é pouco importante comparado ao resto do universo me faz sentir momentaneamente tranquila. Eu não saí pra caçar.

Virando numa esquina que levaria ao centro da cidade, ouço o suave som dum motor de carro. Paro quase imediatamente ao ouvir a porta do mesmo se abrir e ouço o som de um salto de sapato se chocando contra o asfalto. Ouço uma breve conversa de despedida, e o carro se vai. Começo a ouvir passos em minha direção.

Penso por um momento em por os calcanhares pra funcionar e me por a correr, até perceber que na verdade, eu sou a perigosa por aqui.

“Uma vez na vida ao menos vou enfrentar o que vier de frente, e ser corajosa logo de primeira”, penso.

“Quanta coragem, enfrentar alguém na madrugada. Pode ser muito bem alguém apenas vindo do trabalho”, uma voz soa em resposta.

Ok, eu possivelmente estou ficando louca, mas é um pouco tarde para se incomodar em pensar nisso. O som de saltos altos se chocando contra o asfalto da estreita rua em passos despreocupados se aproximando fica mais alto, e começo a caminhar, tentando também parecer distraída.

─ Olá? ─ a moça para de se mover assim que me avista.

─ Ah, oi. ─ consigo quase parecer surpresa.

A visão não é nem de perto o que eu esperava. A garota do outro lado da rua tem os cabelos fortemente tingidos de loiro, de modo que a cor escura de sua raiz se contrasta descaradamente em seus cabelos ondulados cortados na altura do pescoço.

Ela traja um curto vestido verde escuro que combina muito bem com seu tom de pele levemente corado pelo sol. Sua jaqueta de couro preta sobre os ombros não parecem ser o suficiente para aquecer nenhum ser humano normal, mas ela não parece se importar. Nós pés, um par de scarpins pretos brilhantes denunciam seus passos.

Aguçando mais um poucos meus sentidos, percebo o preto em suas unhas, e a maquiagem bem feita em seu rosto, que realça o escuro de seus globos oculares e o vermelho de seus lábios. Ela carrega uma pequena bolsa de mão preta decorada com tachinhas douradas, e em seu rosto nenhuma expressão de medo ou preocupação se manifesta.

─ Você está bem? ─ ela caminha sedutoramente em minha direção. Suas pernas firmes e compridas a mostra seriam o desejo de quase qualquer homem.

─ É, eu estou. ─ o sorriso que vem acaba por ser sincero ─ Apenas caminhando um pouco.

─ Sei como é, ─ ela para em minha frente, um pouco perto demais, fazendo seu perfume doce e extremamente feminino revirar meu estomago carente ─ espantando os males ou procurando por aventura?

─ Apenas... Apenas caminhando. ─ respondo e mal percebo que entramos novamente em movimento, nos dirigindo para a mesma direção, os fundos de uma loja fechada.

─ Bem, você parece estar à procura de aventura. ─ me encosto involuntariamente na parede bege, enquanto a garota se aproxima deixando seu decote bem em meu campo visual, tornando quase impossível não notar seus seios fartos.

─ A aventura─ faço aspas no ar com dificuldade, já que as mãos da garota percorrem curiosamente dentro do casaco por minha cintura e braços ─ sempre me persegue, e nunca consigo me livrar dela.

─ Então deixe te encontrar. ─ ela sussurra em minha orelha esquerda me causando arrepios ─ Não quer se divertir?

É como se um milhão de buzinas de alerta tocassem em meus ouvidos ao mesmo tempo. Mas não consigo desviar o olhar dela, ou censurar seu toque indevidamente íntimo.

─ É, na verdade eu quero. ─ acabo me surpreendendo com minha própria resposta.

A garota sorri e morde o lábio inferior como se eu fosse a ultima coxa de frango de uma ilha deserta. Por um momento, me deixo ser levada pela ilusão que posso ser desejável pra alguém.

─ Você tem algum dinheiro? ─ ela pergunta, seus lábios quase tocando meu pescoço gélido.

Acordo do torpor e começo a rir. O riso é tão estranho e fora de momento que apenas me faz querer rir mais. A garota se afasta e põe as mãos na cintura, semicerrando os olhos enquanto me observa tremer e abraçar minha própria barriga numa tentativa de fazê-la doer menos.

─ Estou andando pela cidade de camisola no meio da madrugada, por que teria dinheiro comigo? ─ questiono, entre os últimos segundos de loucura que me tomam.

─ Então você estava certa. ─ sua expressão endurece rapidamente e ela volta a caminhar como se eu não existisse ─ Não está procurando aventura.

A atuação da garota me deixa abismada. É assim que o mundo funciona, não e?! Alguém te oferece conforto e uma perspectiva de alivio, mas se você não puder retribuir da maneira que esta requer então você não serve e é facilmente deixado e substituído.

Não existiria um jeito mais rápido e estranho de aprender tal lição. É tudo uma questão de saber o que se quer e saber como consegui-lo, independente de como atingirá o objetivo, ou de quem passará por cima pra obtê-lo.

Venho deixando os outros passarem por mim em suas buscas egoístas, ainda que inconscientes, e nem ao menos sei o que quero realmente. Deixei o wendigo que me capturou ter Carter e quase me ter, deixei os garotos conseguirem todo e qualquer conselho e consolo que precisassem, deixei Parrish ter o contato físico que ele quis e que pensei precisar. Mas me privei do que meu corpo mais pedia ─ comida.

E por quê? Pelo medo do que outros pensariam de mim, enquanto passamos por essa busca incansável de auto satisfação que chamamos meramente de vida. Pelo medo de uma consciência pesada, mesmo sabendo que tal mal não me atingiria. Pelo medo de rejeição.

Mas eu já não havia sido rejeitada o suficiente?!

Tenho a força e o poder para conseguir muitas coisas. Então por que não ter o que quero?

Os passos da garota soam não muito distantes e ainda distraídos. Caminho, rapidamente a alcançando e ela não parece se preocupar com minha presença. Pelo menos não até eu correr sobrenaturalmente rápido e parar em sua frente. Meu sorriso exagerado e convencido deve assusta-la, pois ouço seus batimentos acelerarem.

─ Meu bem, vamos apenas seguir nossos caminhos, ok? ─ seu tom não é mais sedutor, foi substituído por algo menos corajoso e atraente─ Sem ressentimentos, sem arrependimentos.

─ Mesmo?! ─ acaricio seu rosto levemente com as costas dos dedos ─ Mas você parece estar procura de aventura!

Agarro seu delicado pescoço com uma das mãos e observo seus olhos se abrirem e sua boca se abrir num grito frustrado, enquanto sinto seu sangue pulsar sob minha pele.

─ Não quer se divertir? ─ ignoro seus arranhões desesperados e seus chutes descontrolados.

Corro em direção à floresta, levando a garota comigo, onde sei que terei a diversão que quero pelo menos uma vez.

Eu não saí pra caçar, mas se a caça vem até mim não vou recusa-la.


“Ela disse pra mim, esqueça o que pensava,

Pois meninas boas são meninas más que não foram pegas.

Então vire as costas e esqueça o que viu,

Pois meninas boas são meninas más que não foram pegas.”


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Notas finais do capítulo

Então povin, a Julie ta deixando de ser a coitadinha.
Opiniões, eu quero suas revoltas, suas frustrações, seus pensamentos profundos u-u.
O trecho do final é dessa musica
http://www.vagalume.com.br/5-seconds-of-summer/good-girls-traducao.html
Acho q se encaixou bem...
Kisses