A Consciência de Ricky Prosper escrita por Bianca Ribeiro


Capítulo 4
Eco


Notas iniciais do capítulo

Sweet dreams are made of this, who am I to disagree?



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Eu avisei, resmungo para Prosper. É tão difícil aceitar que eu sei o que é melhor para você, Prosper?

Ele não responde. Está além de irritado. Sente-se rejeitado pela primeira vez na vida e eu definitivamente o culpo – bem, talvez parcialmente. Prosper com certeza tem problemas em se relacionar com outras pessoas, mas não tanto quanto Effy Sem Sobrenome. Assim que ela entrou em meu radar eu soube que há algo diferente nela, desde o modo como ela se veste até a maneira como pisca e fala. Suas expressões faciais são pesadas, o que é raro encontrar em rostos adolescentes. É quase como se ela fosse mais do que parece...

Mas é claro que o Prosper cabeça dura não dá o braço a torcer.

– Desculpe – diz ele, após trombar em alguém no corredor.

– Sem problemas – responde um garoto magro, alto e todo vestido de preto. Ele para e encara Prosper com espanto. – É você?

Prosper soa ríspido quando diz:

– Eu o quê?

– O novato de quem todos falam. A novidade do mês – o garoto ri. Tem cabelos num tom estranho de preto, obviamente tingidos.

Prosper suspira.

– É, sou eu. Meu nome é Prosper.

– Boris Loyal – diz o garoto. – Mas todos me chamam só de Loyal.

Eles trocam um breve aperto de mãos.

– A gente se vê por aí – diz Loyal, afastando-se preguiçosamente. Algo nele me parecia felino demais.

Garoto estranho, digo.

Todo mundo é estranho pra você agora?, rebate Prosper, mau humorado.

Não. Só esse tal de Loyal e aquela Effy Sem Sobrenome. Eles são...

Já é o suficiente, tá? Já entendi. Você acha que não sei escolher meus próprios amigos. Por que não faz melhor, então?

É para isso que eu estou aqui.

Pode cuidar da sua vida por pelo menos um minuto?, rosna ele, realmente irritado.

Você é minha vida, Prosper. E, goste ou não, eu vou cuidar de você. É a minha função.

Ele se cala, como esperei que fizesse. Também não digo mais nada e não nos falamos por bastante tempo.

Prosper encontra Liz no caminho para a última aula do dia e eles conversam bastante sobre coisas que, em minha humilde opinião, são tão fúteis quanto as três garotas que se apresentaram a Prosper antes do almoço. Liz é bonita e engraçada e está muito óbvio que gostou de Prosper assim que seus olhos o viram. Como não gostaria?

O que me irrita é a frequência com que ele pensa em Effy enquanto fala com Liz:

“Por que Effy não é legal assim?”

“O que será que fiz para que ela me achar tão repugnante?”

“Será que ela está... como é que dizem?... fazendo-se de difícil?”

“E se eu tentar falar com ela com mais calma? Bem, já tentei isso uma vez...”

“Deve haver uma maneira de fazê-la mudar de ideia a meu respeito.”

Extremamente irritante. E a pobre Liz permanece sorrindo para ele, certa de que Prosper está realmente prestando atenção enquanto ela tagarela sobre o dia em que resolveu dar um banho quente no gato gordo de estimação.

Quando os dois finalmente chegam à sala de aula, Prosper se dá conta de que se lembra apenas da metade das coisas que Liz disse. Para ela parece bastar.

Ela te acha incrível, e não digo isso como uma coisa boa, Prosper.

Lá vamos nós outra vez, reclama ele. O que diabos pode haver de errado com Liz?

O problema não é ela.

Ah, não?

É você, garoto. Mal presta atenção nas coisas que ela diz porque está com a cabeça cheia de effices*.

Prosper gargalha alto.

– O que foi? – pergunta Liz.

Ele cora.

– Não é nada. Lembrei de uma piada.

– Ah, sim.

O que você quer dizer com effices, Eco?

Você me entendeu. Fica com os pensamentos cheios de uma garota que não quer te ver nem pintado de ouro, enquanto uma menina doce e bonita está tentando atrair sua atenção.

Liz? Atrair minha atenção?, debocha ele. Qual é, Eco, ela só está sendo gentil.

Se eu tivesse olhos para revirar, estaria revirando-os nesse exato momento.

Você não sabe de nada, Ricky Prosper.


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Notas finais do capítulo

*effices = coisas sobre Effy

Espero que gostem! Beijos!



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